Pampa (ave)

género de aves
Pampa
P. rufa fotografado no lago de Atitlán, na Guatemala
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Pampa

Espécie-tipo
Ornismya pampa
Lesson, 1832
Espécies

3, ver texto

Sinónimos[1]

Campylopterus Swainson, 1827 (ver texto)

Pampa é um gênero de aves apodiformes pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores.[2] O gênero possui um total de três a quatro espécies reconhecidas, anteriormente classificadas em Campylopterus, sendo reagrupadas a partir dos estudos moleculares publicados durante o final da década de 2000 e primeira metade da década de 2010; que se distribuem entre a região fronteiriça ao extremo sul do México, por sua vez ao extremo sul norte-americano, seguindo até a América Central, ao norte da Guatemala, ao oeste de El Salvador, próximo ao importante vulcão de San Salvador, na totalidade do território pertencente ao Belize e, conforme alguns registros, em Honduras, embora essa documentação seja frequentemente ignorada, habitam o interior e a parte litorânea de florestas tropicais úmidas sempre-verdes e em florestas pluviais e tropicais decíduas e nas florestas nubladas ou montanhosas, assim como bosques de pinheiros, plantações de café, bem como outras áreas urbanas e suburbanas abertas.[3][4]

A subespécie anteriormente considerada por espécie separada, no caso Pampa curvipennis excellens, seria rebaixada pelo Comitê Ornitológico Internacional e o North American Classification Committee. As outras alterações se dão na própria existência deste gênero, considerado por alguns identificadores por sinonímia do seu antigo denominador, Campylopterus. Espécies representantes deste gênero são, vernaculamente ou coloquialmente denominadas de asas-de-sabre, isso em conjunto com esse último gênero, que seria ainda mais fragmentado, originando Eupetomena.[5][1][2]

Embora as três espécies reconhecidas dentro deste gênero estejam classificadas como "espécies pouco preocupantes" conforme a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, esta mesma instituição destaca que duas espécies, sendo os asa-de-sabre-do-iucatão, asa-de-sabre-mexicano e asa-de-sabre-ruivo observaram por meio de registros mais recentes um decréscimo populacional de aves. Estas aves estão entre uma minoria que abrange os troquilídeos de distribuição a hemisfério norte, acima da linha do equador. O asa-de-sabre-do-iucatão não é acessado pela IUCN, sendo considerado pela BirdLife International como em Pampa curvipennis.[3][4]

Descrição editar

Os beija-flores representantes do gênero apresentam entre os 11.5 a 14 centímetros de comprimento, com seu peso variando entre 5.0 e 6.6 gramas. Sua cauda longa ligeiramente bifurcada caracteriza em torno de cinco centímetros do comprimento total das aves. Os machos apresentam plumagem verde-bronzeada nas partes superiores, ou ainda, verde-metálico; a coroa é violeta ou púrpura e brilhante, podendo ser um pouco azulada. As penas da cauda são, em sua maioria, em um verde-azul metálico e opaco, com as coberteiras superiores também sendo verde-azulada. O rosto dos machos é majoritariamente branco-cinzento fosco ou cinza, com a mancha branca característica atrás dos olhos. O bico retilíneo preto é característico de beija-flores típicos da tribo Trochilini. As partes inferiores são esbranquiçadas ou cinza-acastanhado, no caso do asa-de-sabre-ruivo. O dimorfismo sexual se manifesta no tamanho e na plumagem, onde machos são mais pesados e maiores; ao que as fêmeas possuem uma plumagem menos chamativa e mais pálida. Os asas-de-sabre imaturos são visualmente similares à beija-flores fêmeas. São aves sedentárias, ocasionalmente realizando migrações de elevação.[6][7][8]

Distribuição e habitat editar

Estes beija-flores se distribuem geograficamente nas regiões ao norte e central do continente americano. E exclusivamente nas encostas ocidental e oriental nas península de Yucatán, em Sierra Madre de Chiapas e, ainda, ao sul de San Luis Potosí, seguindo à estados de Veracruz e Oaxaca. A subespécie P. excellens, que anteriormente foi considerada uma espécie, distribui-se em uma pequena área pelo sudeste do México na Sierra de los Tuxtlas, e em Tabasco e Chiapas. Outra espécie, P. pampa, ocasionalmente considerada pelo eBird como parte de P. curvipennis, se encontra pelo sudeste do México, todo o território de Belize, a norte da Guatemala, existindo também documentação da espécie com distribuição em Honduras. O asa-de-sabre-ruivo, por sua vez, apresenta distribuição ainda em El Salvador, principalmente no vulcão de San Salvador. Os asas-de-sabre habitam principalmente a florestas tropicais semiárida ou úmida de folha persistente, ao seu interior e nas bordas de florestas decíduas, ainda ocasionalmente podendo se distribuir em plantações de café, bosques de pinheiros e áreas urbanas.[6][7][8]

Sistemática e taxonomia editar

Esse gênero foi introduzido primeiramente no ano de 1854, por Heinrich Gottlieb Ludwig Reichenbach, uma importante personalidade na história da ornitologia e da botânica de seu país. Em sua descrição, este seria originalmente introduzido como um monotipo para a classificação do asa-de-sabre-ruivo (Pampa rufa). Depois de algum tempo, esta última espécie seria movida ao gênero Campylopterus, intimamente relacionado com Pampa e Aphantochroa. Outras espécies descritas ao gênero Campylopterus incluem espécies curvipennis, excellens e pampa, esta última nomeada tendo como base o nome binomial da espécie-tipo. Durante esse tempo, Pampa seria considerado pela taxonomia por uma sinonímia de Campylopterus. O nome do gênero deriva da descrição original de Ornismya pampa, que seria descrita em 1832 pelo naturalista francês René Primevère Lesson, que equivocadamente acreditaria que seus holótipos se originaram da área dos pampa argentino ou pampa uruguaio.[9][10] Em 2014, um dos estudos filogenéticos moleculares que redefiniriam a sistemática dos troquilídeos seria publicado, com as descobertas de que Amazilia e Campylopterus seriam desmembrados em uma classificação revisada para a introdução de gêneros monofiléticos, visto que tais gêneros eram polifiléticos.[11] Com isso, as espécies Campylopterus rufus, Campylopterus curvipennis e, ao último, Campylopterus pampa, seriam movidas para o gênero ressurgido.[12]

A International Ornithologists' Union e, mais tarde, os North American Classification Committee e sua lista de aves do respectivo continente, rebaixaram uma de quatro espécies anteriormente reconhecidas. Com as alterações, Pampa excellens passaria a ser nomeado como Pampa curvipennis excellens, considerado pela instituição como subespécie.[2] Possivelmente sendo o identificador taxonômico mais conservador, a lista Handbook of the Birds of the World, publicado a partir da BirdLife International, que também publica a IUCN Red List of Threatened Species considera que pampa e excellens são subespécies de curvipennis; ao que o eBird, por outro lado, reconhece três espécies, porém diferentes: curvipennis, rufa e excellens.[13][6]

Espécies[2][5] editar

Referências

  1. a b Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  2. a b c d Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». International Ornithologists' Union. IOC World Bird List Version 12.2. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  3. a b BirdLife International (13 de outubro de 2020). «Rufous Sabrewing (Pampa rufa. The IUCN Red List of Threatened Species 2021. e.T22687066A152223608 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2022-1.RLTS.T22687066A152223608.en . Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  4. a b BirdLife International (13 de outubro de 2020). «Wedge-tailed Sabrewing (Pampa curvipennis)». The IUCN Red List of Threatened Species 2021. e.T22727993A167043838 (em inglês). doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T22727993A167043838.en  
  5. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 101. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  6. a b c Züchner, Thomas; Boesman, Peter F. D.; Greeney, Harold F. (2021). «Long-tailed Sabrewing (Pampa excellens), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.lotsab1.01.1. Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  7. a b Arizmendi, Marîa del Coro; Rodríguez-Flores, Claudia I.; Soberanes-González, Carlos A.; Schulenberg, Thomas S. (2021). «Rufous Sabrewing (Pampa rufa), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.rufsab1.01.1. Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  8. a b Arizmendi, Marîa del Coro; Rodríguez-Flores, Claudia I.; Soberanes-González, Carlos A.; Schulenberg, Thomas S. (2021). «Wedge-tailed Sabrewing (Pampa curvipennis), version 1.1». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.wetsab1.01.1. Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  9. Lesson, René Primevère (1832). Histoire naturelle des colibris, suivie d'un supplément à l'Histoire naturelle des oiseaux-mouches; ouvrage orné de planches dessinées et gravées par les meilleurs artistes, et dédié A.M. le Baron Cuvier (em francês) Suplemento ed. Paris: Arthus Bertrand. pp. 1–39. doi:10.5962/bhl.title.52378 
  10. González, Clementina; Ornelas, Juan Francisco; Gutiérrez-Rodríguez, Carla (dezembro de 2011). «Selection and geographic isolation influence hummingbird speciation: genetic, acoustic and morphological divergence in the wedge-tailed sabrewing (Campylopterus curvipennis)». BMC Evolutionary Biology (em inglês) (1). 38 páginas. ISSN 1471-2148. PMC 3045325 . PMID 21299905. doi:10.1186/1471-2148-11-38. Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  11. McGuire, Jimmy A.; Witt, Christopher C.; Remsen, J. V.; Corl, Ammon; Rabosky, Daniel L.; Altshuler, Douglas L.; Dudley, Robert (14 de abril de 2014). «Molecular Phylogenetics and the Diversification of Hummingbirds». Current Biology (em inglês) (8): 910–916. ISSN 0960-9822. PMID 24704078. doi:10.1016/j.cub.2014.03.016 . Consultado em 21 de novembro de 2022 
  12. Stiles, F. Gary; Remsen, J. V., Jr.; McGuire, Jimmy A. (24 de novembro de 2017). «The generic classification of the Trochilini (Aves: Trochilidae): Reconciling taxonomy with phylogeny». Zootaxa. 4353 (3). 401 páginas. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.4353.3.1. Consultado em 15 de dezembro de 2022 
  13. Chesser, R.T.; Billerman, S.M.; Burns, K.J.; Cicero, C.; Dunn, J.L.; Hernández-Baños, B.E.; Jiménez, R.A.; Kratter, A.W.; Mason, N.A.; Rasmussen, P.C.; Remsen, Jr., J.V.; Stotz, D.F.; Winker, K. (2022). «Check-list of North American Birds». American Ornithologists' Society. Consultado em 13 de dezembro de 2022 

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