Nota: Não confundir com Panteísmo.

Pandeísmo (em grego πάν) é uma corrente filosófica que surgiu da mistura do panteísmo com o deísmo.

Corrente religiosa sincrética (do grego: πάν (pan), "todo" e do latim deus, "deus") proveniente da junção do panteísmo (identidade de Deus com o Universo) com o deísmo (O Deus criador do universo não mais pode ser localizado, senão com base na razão), ou seja, a afirmação concomitante de que Deus precede o Universo, sendo o seu criador e, ao mesmo tempo, sua Totalidade.

Como o deísmo, faz uso de razão na religião, o pandeísmo usa o argumento cosmológico, o argumento teológico e outros aspectos da chamada "religião natural". Tal uso se deu entre os disseminadores de sistemas filosóficos racionais, durante o século XIX.Também foi largamente empregado para identificar a expressão simultânea de todas as religiões.

Algumas Mitologias, tais como a nórdica, sugerem que o mundo foi criado da substância corporal de uma deidade inactiva, ou ser de capacidades similares; no exemplo citado, Odin, junto de seus irmãos Ve e Vili derrotaram e mataram o gigante Ymir, e de sua carne fizeram a terra, dos cabelos, a vegetação, e assim por diante, criando o Mundo conhecido. Semelhantemente, a mitologia Chinesa propunha a mesma estrutura, atribuindo à Pan Gu a criação dos elementos físicos que compõe o Mundo.

Aristóteles, discípulo de Platão, era um pandeísta, e acreditava numa divindade chamava o Primeiro Motor (ou Primeiro Movente), que havia dado início à criação de um universo, ao qual não estava ligado e não tinha interesse.

João Escoto Erígena em De divisione naturae (862-866), sua obra mais conhecida e também a mais importante, mostrava sua visão sobre a origem e a evolução da natureza, na tentativa de conciliar a doutrina neoplatônica da emanação com o dogma cristão da criação, também um livro posteriormente condenado.

Diversos autores descreveram o teólogo italiano Giordano Bruno como sendo um tipo de pandeísta.[1][2][3][4]

Modernamente, Thomas Paine, filósofo britânico, e o naturalista holandês Franz Wilhelm Junghuhn redimensionaram os conceitos sobre deísmo e panteísmo em suas obras, introduzindo-as na mentalidade contemporânea. O termo Pandeísmo foi inventado por Moritz Lazarus e por Heymann Steinthal em 1859: "Man stelle es also den Denkern frei, ob sie Theisten, Pan-theisten, Atheisten, Deisten (und warum nicht auch Pandeisten?)" ("O homem deixa-o aos filósofos, se são Theístas, Pantheístas, Atheístas, Deístas (e porque não também Pandeístas?)".[5] O mais extenso livro sobre pandeísmo foi escrito por Max Bernhard Weinstein em 1910.

Em um artigo intitulado, "Pandeísmo em Carlos Nejar", Otávio de Faria escreveu:

Se Deus é tudo isso, envolve tudo, a palavra andorinha, a palavra poço o a palavra amor, é que Deus é muito grande, enorme, infinito; é Deus realmente e o pandeísmo de Nejar é uma das mais fortes ideias poéticas que nos têm chegado do mundo da Poesia. E o que não pode esperar desse poeta, desse criador poético, que em pouco menos de vinte anos, já chegou a essa grande iluminação poética?[6]

Em 2001, Scott Adams escreveu God's Debris (Restos do Deus), que propõe um formulário de Pandeísmo.[7]

Ver também editar

Referências

  1. Max Bernhard Weinstein, Welt- und Lebensanschauungen, Hervorgegangen aus Religion, Philosophie und Naturerkenntnis ("World and Life Views, Emerging From Religion, Philosophy and Perception of Nature") (1910), page 321.
  2. Corey S. Powell, "Defending Giordano Bruno: A Response from the Co-Writer of 'Cosmos' Arquivado em 2019-11-16 no Wayback Machine", Discover, March 13, 2014: "Bruno imagines all planets and stars having souls (part of what he means by them all having the same "composition"), and he uses his cosmology as a tool for advancing an animist or Pandeist theology."
  3. Michael Newton Keas (2019). UNbelievable: 7 Myths About the History and Future of Science and Religion. [S.l.: s.n.] pp. 149–150 
  4. David Sessions, "How 'Cosmos' Bungles the History of Religion and Science", The Daily Beast, 03.23.14: "Bruno, for instance, was a 'pandeist', which is the belief that God had transformed himself into all matter and ceased to exist as a distinct entity in himself."
  5. Moritz Lazarus and Heymann Steinthal, Zeitschrift für Völkerpsychologie und Sprachwissenschaft (1859), p. 262.
  6. Otávio de Faria, em Última Hora, Rio de Janeiro, 17 de maio de 1978.
  7. Scott Adams, God's Debris (2001) p.43 ISBN 0-7407-2190-9.
 
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