Partido Comunista do Peru - Comitê Base Mantaro Rojo

O Partido Comunista do Peru – Comitê Base Mantaro Rojo (PCP-BMR), ou apenas Comitê Base Mantaro Rojo, é um partido comunista marxista-leninista-maoista e organização guerriheira no Peru.[1] A organização reivindica a herança do Partido Comunista do Peru (Sendero Luminoso), e de fato mantém controle de muitos dos órgãos senderistas criados na década de 80, como o Exército Popular de Libertação.[2]

Partido Comunista do Peru – Comitê Base Mantaro Rojo
Partido Comunista de Perú – Comité Base Mantaro Rojo
Partido Comunista do Peru - Comitê Base Mantaro Rojo
Ideologia Marxismo-Leninismo-Maoismo, Pensamento Gonzalo
Espectro político Extrema-esquerda
Publicação El Maoista
Ala Feminina Movimento Feminino Popular
Braço Armado Exército Popular de Libertação (Peru)
Antecessor Sendero Luminoso
País Peru
Afiliação internacional Movimento Comunista Internacional
Aliados Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha), Partido Comunista do Equador - Sol Vermelho, dissidências das FARC
Inimigos Estado Peruano

Estados Unidos
Cisões do Sendero Luminoso

Rondas campesinas

Cores      Vermelho

     Amarelo

Slogan Guerra Popular até o Comunismo!
Bandeira do partido
Página oficial
[1]

Atualmente, as atividades do PCP-BMR são quase inteiramente limitadas ao Vale dos Rios Apurímac, Ene e Mantaro (VRAEM),[3] mas algumas ONGs afirmam que o partido também teria presença em certas universidades do país, especialmente em Ayacucho.[4][5] O partido é parte do Movimento Comunista Internacional.

História editar

O PCP-BMR é um dos descendentes diretos do Sendero Luminoso, uma organização de guerrilha maoista peruana famosa por ter protagonizado um conflito civil no Peru por várias décadas.

Com a prisão do líder do SL, Abimael Guzmán (mais conhecido pelo nome de guerra Presidente Gonzalo) durante o auge da guerrilha, o PCP-SL se dividiu em diversas correntes distintas, notavelmente em torno da questão da continuidade da guerra popular. A parcela do partido que aceitou os acordos de paz firmados por Guzmán e defendia o fim da guerrilha foi chamada de “acordista”, e posteriormente daria origem ao Movimento pela Anistia e Direitos Fundamentais (MOVADEF).[6] A parcela que defendia a continuidade da guerra foi chamada de “prosseguir” e se agrupou em torno de Florindo Eleuterio Flores Hala (conhecido pelo nome de guerra Camarada Artemio).

A parcela Prosseguir, no entanto, não era homogênea, e viria a se dividir novamente nos anos 2000, com a captura de Camarada Artemio.[7] A divisão se deu entre aqueles que consideravam Guzmán um traidor da causa comunista e buscavam se distanciar do Sendero Luminoso e de sua linha ideológica, o Pensamento Gonzalo, e aqueles que negavam a autenticidade dos acordos de paz e reafirmavam sua lealdade a Guzmán.[6] A primeira fração, majoritária, se tornou o Militarizado Partido Comunista do Peru, comandado por Camarada José (nome de guerra de Víctor Quispe Palomino).[8] A segunda posteriormente se tornaria o Comitê Base Mantaro Rojo, a única organização atual a reivindicar continuidade do Sendero Luminoso.[2]

Ideologia editar

O PCP-BMR é Marxista-Meninista-Maoista, e portanto vê o Peru como um país atrasado, com uma base estruturalmente semi-feudal, herança do período colonial, cujo capitalismo burocrático é dependente do imperialismo estadunidense. O partido defende a realização de uma revolução de Nova Democracia no país, com o objetivo de desenvolver as bases materiais para a construção do socialismo e, posteriormente, do comunismo, seguindo a teoria do desenvolvimento socialista leninista.[9] O partido também defende intensamente o Pensamento Gonzalo, vertente peruana do Marxismo-Leninismo-Maoismo que propõe a estruturação do partido em torno de uma liderança única e absoluta (a Chefatura), o uso da violência extrema durante a revolução (a Cota) e uma concepção classista de liberação feminina.

O PCP-BMR denuncia tanto o MOVADEF quanto o MPCP como sendo organizações revisionistas, e refere-se a ambas como “linhas oportunistas” (o MOVADEF como “Linha Oportunista de Direita” ou “LOD”, e o MPCP como “Linha Oportunista de Esquerda” ou “LOE”).[9] O partido também é um membro ativo do Movimento Comunista Internacional através do Movimento Popular Peru, órgão internacionalista do Sendero Luminoso, e possui ligações com o Partido Comunista do Equador - Sol Vermelho e o Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha).[10]

Ver também editar

Referências

  1. Rojo, Mantaro (8 de março de 2012). «PCP Base Mantaro Rojo: MAOÍSTAS DE ICA: ¡EN DEFENSA DEL MPP!». PCP Base Mantaro Rojo. Consultado em 4 de julho de 2022 
  2. a b «ANALISIS ESTRATEGICO DEL FOLLERO PUBLICADO POR MANTARO ROJO LINEA PROSEGUIR by Benedicto Jiménez 1509 - Issuu». issuu.com (em inglês). Consultado em 4 de julho de 2022 
  3. «Una nueva emboscada de Sendero Luminoso deja dos muertos». Madrid. El País (em espanhol). 15 de outubro de 2008. ISSN 1134-6582. Consultado em 4 de julho de 2022 
  4. Perú, ONG de derechos humanos Waynakuna. «La expansión ideológica del terrorista comité de base Mantaro rojo». ONG Waynakuna Perú (em espanhol). Consultado em 4 de julho de 2022 
  5. «SE DESMIENTE DENUNCIA DE PROPAGANDA PROSENDERISTA – UGEL – TARMA» (em espanhol). Consultado em 4 de julho de 2022 
  6. a b «Un Sendero nada luminoso». ArchivoRevista Ideele (em espanhol). Consultado em 4 de julho de 2022 
  7. «La guerra en el VRAEM: los problemas del Estado para restablecer la paz y los vacíos legales aplazados». ArchivoRevista Ideele (em espanhol). Consultado em 4 de julho de 2022 
  8. «A Glimpse into the Tactics of Peru's Shining Path Guerrillas». InSight Crime (em inglês). 27 de março de 2017. Consultado em 4 de julho de 2022 
  9. a b Coração, Servir ao Povo de todo (20 de outubro de 2021). «'Firmemente sujeitos à Chefatura do Presidente Gonzalo e a seu todo-poderoso pensamento gonzalo, lutar para culminar a RGP!' (Movimento Popular Peru, outubro 2021)». Servir ao Povo de Todo Coração. Consultado em 4 de julho de 2022 
  10. web, Redactor (20 de abril de 2018). «La peligrosa red de Sendero Luminoso en Perú y el exterior». La Razón (em espanhol). Consultado em 4 de julho de 2022