Partido de Ação Popular

O Partido de Ação Popular (PAP; em inglês: People's Action Party; em chinês simplificado: 人民行动党, Rénmín Xíngdòngdǎng; em malaio: Parti Tindakan Rakyat; em tâmil: மக்கள் செயல் கட்சி, Makkaḷ Ceyal Kaṭci) é o partido político maioritário de Singapura desde sua vitória nas eleições de 1959.

Partido de Ação Popular

People's Action Party
人民行动党
Parti Tindakan Rakyat
மக்கள் செயல் கட்சி
PAP logo variation.svg
Líder Gan Kim Yong
Secretário-geral Lee Hsien Loong
Fundadores Lee Kuan Yew
Lim Chin Siong
S. Rajaratnam
Toh Chin Chye
Lim Kim San
Fundação 21 de novembro de 1954
Sede Edifício PCF, 57B New Upper Changi Road #01-1402 Singapura 463057
Ideologia Conservadorismo social[1]
Conservadorismo nacional[2]
Liberalismo econômico[3]
Nacionalismo cívico[4]
Multiculturalismo
Secularismo[5]
Espectro político Direita
Ala de juventude PAP Jovem
Afiliação internacional Internacional Socialista (1951-1976)
Parlamento
84 / 104
Cores      Branco
     Azul
     Vermelho
Página oficial
pap.org.sg

Inicialmente fundado como um partido de centro-esquerda em 1954, o PAP teve sua facção de esquerda expulsa em 1961 por Lee Kuan Yew em meio à fusão de Singapura com a Malásia, numa tentativa de mover a ideologia do partido para o centro após sua primeira vitória eleitoral, em 1959.[6] A partir da década de 1960, o partido passou a se mover para a direita.[7] Após o acordo de 1965, que levou à saída de Singapura da Malásia, quase toda a oposição, exceto o Partido dos Trabalhadores, boicotou as seguintes eleições de 1968 em resposta à sua incredulidade em relação à independência, então dando ao PAP a oportunidade de exercer monopólio sobre as instituições nacionais.[8]

Entre 1965 e 1981, o PAP foi a única força política representada no parlamento até ser derrotado pelo Partido dos Trabalhadores numa eleição suplementar. No entanto, a sigla não viu a sua hegemonia efetivamente ameaçada e sempre ultrapassou 60% dos votos e 80% dos assentos em todas as eleições subsequentes. Atualmente, é partido que está ininterruptamente no poder a mais tempo entre as democracias parlamentares multipartidárias do mundo, com 62 anos consecutivos, bem como o segundo na história depois do mexicano Partido Revolucionário Institucional, que liderou por 71 anos.[9]

O PAP chega a ser descrito como um partido de centro-direita[10], amplamente ideologicamente conservador[11] e geralmente adepto de políticas econômicas liberais, embora tenha se engajado no intervencionismo estatal, como na reforma agrária, remetendo um pouco de sua história como um partido originalmente mais à esquerda. Na política social, apoia o nacionalismo cívico e o comunitarismo com uma abordagem socialmente conservadora. Na política externa, privilegia uma forte capacidade militar, servindo como "patrocinador" da continuidade da independência do país devido à sua posição estratégica como cidade-Estado.[12][13]

IdeologiaEditar

Desde os primeiros anos do governo do PAP, a ideia de sobrevivência tem sido um tema central da política de Singapura. A maioria dos analistas discerniu quatro ideologias principais do PAP, sendo elas: pragmatismo, meritocracia, multiculturalismo, valores asiáticos ou comunitarismo.[14] Em janeiro de 1991, o partido apresentou o White Paper on Shared Values (em português: Livro Branco Sobre Valores Compartilhados), tentando criar uma ideologia nacional e institucionalizar os valores asiáticos. O partido também diz ter rejeitado o que considera ser uma "democracia liberal de estilo ocidental".

Quanto a economia, o partido sempre aceitou a necessidade de se realizar investimento no bem-estar social, bem como intervencionismo econômico e keynesianismo. No entanto, as políticas de livre mercado têm sido populares desde a década de 1980, dado a implementação mais ampla de meritocracia na sociedade civil e a posição extremamente alta de Singapura nos índices de liberdade econômica, segundo instituições internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.

Ainda que cética quanto à ideais comunistas, a sigla formou uma breve aliança conjunta com seus co-fundadores pró-trabalhismo, que foram acusados ​​de serem comunistas, contra o colonialismo em Singapura durante os seus primeiros anos. Em 2015, alguns observadores o descreveram como tendo adotado uma abordagem de centro-esquerda em certas áreas para manter-se eleitoralmente dominante.[15]

Durante as primeiras décadas no poder, o PAP praticou um "socialismo pragmático", caracterizado pela rejeição à nacionalização. De acordo com a acadêmica e diplomata singapurense Chan Heng Chee, no final da década de 1970, o credo intelectual do governo baseava-se explicitamente em uma filosofia de autossuficiência, semelhante ao individualismo visto no capitalismo estado-unidense. Apesar disso, o partido ainda afirmava ser socialista, apontando a sua regulação do sector privado, intervenção na economia e políticas sociais como prova disso.[16] Em 1976, o PAP renunciou à Internacional Socialista depois do Partido do Trabalho dos Países Baixos propor expulsá-lo, acusando-o de suprimir a liberdade de expressão.[17]

De acordo com o professor universitário honconguês Kenneth Paul Tan, o governo do PAP reformulou a Constituição sem muita obstrução graças a sua esmagadora maioria no Parlamento, conseguindo introduzir constituintes com muitos membros, parlamentares não eleitos e outras mudanças institucionais que fortaleceram seu o domínio e controle.[18] Também propagou a ideia de que o pragmatismo e as considerações econômicas triunfam sobre a responsabilidade, a transparência, os limites e contrapesos.[19] Baseando-se em uma noção de valores confucionistas e cultura asiática para construir baluartes ideológicos, o governo do PAP conseguiu justificar o seu déficit de democracia liberal e os meios autoritários.[18]

Resultados eleitoraisEditar

Eleições legislativasEditar

Data CI. Votos % +/- Deputados +/- Status
1955 4.º 13 634
8,7 / 100,0
3 / 25
Oposição
1959 1.º 281 891
54,1 / 100,0
 45,4
43 / 51
 40 Governo
1963 1.º 272 924
46,9 / 100,0
 7,2
37 / 51
 6 Governo
1968 1.º 65 812
86,7 / 100,0
 39,8
58 / 58
 21 Governo
1972 1.º 524 892
70,4 / 100,0
 16,3
65 / 65
 7 Governo
1976 1.º 590 169
74,1 / 100,0
 3,7
69 / 69
 4 Governo
1980 1.º 494 268
77,7 / 100,0
 3,6
75 / 75
 6 Governo
1984 1.º 568 310
64,8 / 100,0
 12,9
77 / 79
 2 Governo
1988 1.º 848 029
63,2 / 100,0
 1,6
80 / 81
 3 Governo
1991 1.º 477 760
61,0 / 100,0
 2,2
77 / 81
 3 Governo
1997 1.º 465 751
65,0 / 100,0
 4,0
81 / 83
 4 Governo
2001 1.º 470 765
75,3 / 100,0
 10,3
82 / 84
 1 Governo
2006 1.º 747 860
66,6 / 100,0
 8,7
82 / 84
  Governo
2011 1.º 1 212 154
60,1 / 100,0
 6,5
81 / 87
 6 Governo
2015 1.º 1 579 183
69,8 / 100,0
 9,7
83 / 89
 2 Governo
2020 1.º 1 527 491
61,2 / 100,0
 8,6
83 / 93
  Governo

Referências

  1. Tan, Kenneth Paul (2016). Governing Global-City Singapore (em inglês). [S.l.: s.n.] p. 91 
  2. Berger, Mark (2014). Rethinking the Third World (em inglês). [S.l.]: Macmillan. p. 98 
  3. Kuah-Pearce, Khun Eng (2010). Rebuilding the Ancestral Village (em inglês). [S.l.]: Hong Kong University Press. p. 37 
  4. Lim, Benny (18 de janeiro de 2017). «Nation building reboot needed» (em inglês). The Straits Times. Consultado em 19 de novembro de 2018 
  5. Singh, Bilveer (2017). Understanding Singapore Politics (em inglês). [S.l.]: World Scientific Publishing Company. p. 36 
  6. «Sistema de Cadre de Singapura». www.asiasentinel.com (em inglês). 13 de agosto de 2013. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  7. Lam, Peng Er (1999). Lee's Lieutenants: Singapore's Old Guard (em inglês). [S.l.]: Allen & Unwin. ISBN 978-1-86508-172-4 
  8. «GIGA IAS Booth A9 at ICAS 10 Conference in Chiang Mai, Thailand, 20-23 July 2017». www.journals.sagepub.com (em inglês). 1 de dezembro de 2016. ISSN 1868-1034. doi:10.1177/186810341603500312. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  9. Oliver, Steven; Oltwald, Kai (11 de julho de 2018). «Explaining Elections in Singapore: Dominant Party Resilience and Valence Politics». www.cambridge.org (em inglês). ISSN 1598-2408. doi:10.1017/jea.2018.15. Consultado em 24 de agosto de 2021 
  10. Mauzy, Diane K.; Milne, RS. Singapore Politics Under the People's Action Party (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 147. ISBN 0-415-24653-9 
  11. Goldblatt, David (2005). Governance in the Asia-Pacific (em inglês). [S.l.]: Routledge. 293 páginas 
  12. «SAF remains final guarantor of Singapore's independence». www.channelnewsasia.com (em inglês). 1 de julho de 2007. Consultado em 23 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de julho de 2007 
  13. «Lunch Talk on "Defending Singapore: Strategies for a Small State" by Minister for Defence Teo Chee Hean» (comunicado de imprensa) (em inglês). Ministro de Defesa Teo Chee Hean. 21 de abril de 2005. Consultado em 23 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 24 de outubro de 2007 
  14. Tremewan, Christopher (1996). The Political Economy of Social Control in Singapore (St. Anthony's Series) (em inglês). [S.l.]: Palgrave Macmillan. p. 105. ISBN 978-0-312-15865-1 
  15. Saeed, Azhar; Chalmers, John (6 de setembro de 2015). «Singapore's rulers hope a nudge to the left will keep voters loyal». www.reuters.com (em inglês). Consultado em 25 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 1 de dezembro de 2017 
  16. Morley, James William, ed. (1998). Driven by Growth: Political Change in the Asia-Pacific Region (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 9780765603524 
  17. «PAP bows out of Socialist International». www.wp.org.sg (em inglês). Julho de 1976. Consultado em 25 de agosto de 2021. Cópia arquivada em 17 de setembro de 2007 
  18. a b Tan, Kenneth Paul (9 de dezembro de 2011). «The Ideology of Pragmatism: Neo-liberal Globalisation and Political Authoritarianism in Singapore». www.tandfonline.com (em inglês). Journal of Contemporary Asia. doi:10.1080/00472336.2012.634644. Consultado em 25 de agosto de 2021 
  19. Tan, Kenneth Paul (3 de julho de 2007). «Singapore's National Day Rally speech: A site of ideological negotiation». www.tandfonline.com (em inglês). Journal of Contemporary Asia. Consultado em 25 de agosto de 2021