Pashmina (do persa: پشمینه,; romaniz.: pašmina, "feito de lã" ou "ouro macio" traduzido literalmente do caxemiriano) é um tipo de tecido de . O uso do termo "pashmina" no Ocidente vem sendo empregado de forma errônea a qualquer xaile, ou echarpe, mas trata-se do tipo de tecido. A lã vem principalmente de 4 raças de cabras da família Changthangi são elas: malra de Cargil do Ladaque, chegu do Himachal Pradexe, no norte da Índia e chyangara do Nepal. A lã caxemira para a produção da pashmina tem 12 a 16 mícrones diâmetro, sendo considerada uma das fibras mais finas e macias do mundo.

Xale de pashmina tecido à mão em Serinagar, Caxemira

História

editar

Não há um consenso comum entre historiadores e pesquisadores a respeito do início da confecção e utilização da pashmina no vestuário. Textos afegãos retratam vestimentas semelhantes que datam do século III d.C., contudo foi no século XV, no reinado do sultão de Caxemira Zainul Abidin, o Grande (r. 1418–1470) que se instituiu um regime de inclusão das artes e do artesanato, investindo não somente em mão de obra local como importando especialistas e artesãos habilidosos de várias partes do Oriente como da Pérsia e Ásia Central, trazendo assim novas culturas e novas técnicas para tecelagem.

Durante séculos as pashminas foram exportadas e comercializadas em todo o Oriente, contudo entre os séculos XVII e XVIII holandeses, ingleses e portugueses dominaram as rotas comerciais marítimas ocasionando na queda das exportações e do consumo das pashminas em todo o mundo.

Sua história na Europa inicia-se no século XVII quando oficiais da Companhia Britânica das Índias Orientais trouxeram consigo produtos de teares caxemiris. Logo seus valores cresceram exorbitantemente em toda a Europa chegando a custar ‎300 libra esterlinas o que aos dias atuais ultrapassam ‎20 000 libras]. Os altos valores fomentaram a confecção do Jacquard, uma tentativa de cópia das tradicionais pashminas, utilizando-se de lã com misturas de seda e casimira em teares mecanizados. A indústria do Jacquard foi eternizada na cidade de Paisley na Escócia, onde adotou-se o nome da cidade ao símbolo emblemático da cultura hindu-árabe.

Já no século XIX altos impostos e a corrupção entre os pandits (alta casta hindu), assim como a indústria mecanizada Inglesa, proporcionaram uma queda mais de 50% em valores comerciais e transações relacionadas as atividades têxteis e em especial a pashmina. Nos dias de hoje apenas algumas empresas no mundo trabalham com as Verdadeiras pashminas da Caxemira.

Confecção

editar

A confecção das pashminas na Caxemira ainda prezam pela qualidade e a tradição, com estes sendo produtos com alto valor no mercado, e também um longo processo de fabricação.

Coleta da lã

editar

As cabras da raça Saanen (Capra Hircus) são criadas em altitudes acima de 4 000 m nos desertos da cordilheira do Himalaia em temperaturas que podem chegar até -40 ºC, os pastores retiram a lã de 1 a 2 vezes ao ano. Uma cabra pode proporcionar até 200g de cashmere a cada tosqueio.

Separando a lã

editar

Após coletada o artesão realiza a separação das lãs distinguindo suas qualidades e cores.

Produzindo o fio (fiar)

editar

As lãs após separadas vão à artesãos especiais para a produção do fio em um processo chamado fiar da lã. Esse processo consiste em pegar uma amostra da lã e passá-la na roca produzindo assim um fino fio de cashmere.

Produção do novelo

editar

A produção do novelo é realizada ao coletar o fio enrolado e esticá-lo novamente em tamanhos pré-definidos, onde após o corte, possam produzir o novelo no tamanho exato para o seu tingimento.

Tingimento

editar

O tingimento é realizado através do cozimento do novelo em água colorida com corantes naturais e assim que tingidos postos para cercar em varais.

  • Vermelho: adquirida através do inseto cochonilha, do qual é extraída a cor carmim
  • Azul: vem da planta Índigo
  • Amarelo: através do açafrão
  • Laranja: adquirida pelas pétalas e sementes da planta Rhamnus alaternus

Tecendo a pashmina

editar
 
Paisleys

Apesar das várias técnicas as mais conhecidas são a do tear horizontal e Kani. O tear manual manual horizontal é operado por habilidosos artesãos que com as mãos e pés não tecendo os fios gerando uma malha uniforme ou até mesmo com desenhos em sua trama. A técnica de Kani (do caxemiriano: "palitos de madeira") é uma das técnicas mais complexas e nobres para a produção de pashminas. Fios são esticados no tear, enquanto o artesão, através de pequenos palitos com fios de cashmere coloridos, tece desenhos impressionantes.

Desenhos e acabamentos

editar

As pashminas podem ser lisas, com trabalhos em suas tramas ou possuírem desenhos com motivos específicos assim como bordado com agulha em seda.

Bordado

editar

As pashminas bordadas seguem as tradições datadas do século XIX, onde o artesão demarca com carimbos e carvão os desenhos a serem posteriormente bordados com agulhas de costura e fios de seda.

Desenhos, formas e motivos

editar

Os desenhos e motivos bordados e confeccionados nas pashminas advém de uma combinação de culturas Árabes e Hindus. Flores e ramos encontrados em Caxemira, Pérsia e na Ásia Central são os motivos preferidos entre os artesãos.

Paisleys

editar

Um dos motivos mais utilizados são os Paisleys (em português: caxemiras), com bases arredondadas e pontas finas e curvas, os paisleys são representações de ciprestes encontrados na região da Pérsia onde seu cume extremamente fino em relação a sua base cai e curva-se. Seu nome foi batizado pela cidade de Paisley na Escócia, onde até hoje produz Jacquards e difundiu o desenho em toda a Europa e no mundo.

Produto pashmina

editar

As pashminas podem ser encontradas de várias formas, cores e trabalhos como xales, echarpes, estolas e cachecóis de variados tamanhos e formas.

Bibliografia

editar
  • Kashmir Shawl - From Jamavar to Paisley (Sherry Rehman e Neheed Jafri)


 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Pashmina
  Este artigo sobre têxtil é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.