Paulo Hartung

46.° e 48.° governador do Estado do Espírito Santo

Paulo César Hartung Gomes GOMM (Guaçuí, 21 de abril de 1957) é um economista e político brasileiro atualmente sem partido.[2] Foi governador do estado do Espírito Santo de 1º de janeiro de 2003 até 31 de dezembro de 2010, e de 1 de janeiro de 2015 até 31 de dezembro de 2018,[3] sendo sucedido por Renato Casagrande.

Paulo Hartung
Paulo Hartung
Paulo Hartung em 2017.
46.° e 48.° Governador do
Espírito Santo
Período 1º de janeiro de 2015
a 1º de janeiro de 2019
Vice-governador César Colnago (PSDB)
Antecessor(a) Renato Casagrande
Sucessor(a) Renato Casagrande
Período 1º de janeiro de 2003
a 1º de janeiro de 2011
(2 mandatos consecutivos)
Vice-governadores
Antecessor(a) José Ignácio Ferreira
Sucessor(a) Renato Casagrande
Senador pelo Espírito Santo
Período 1º de fevereiro de 1999
a 1 de janeiro de 2003
Antecessor(a) Élcio Álvares
Sucessor(a) João Batista Mota
55.º Prefeito de Vitória
Período 1º de janeiro de 1993
a 1º de janeiro de 1997
Antecessor(a) Vitor Buaiz
Sucessor(a) Luiz Paulo Vellozo Lucas
Deputado federal pelo Espírito Santo
Período 1º de fevereiro de 1991
a 1º de janeiro de 1993[a]
Deputado estadual do Espírito Santo
Período 1º de fevereiro de 1983
a 1º de fevereiro de 1991
(2 mandatos consecutivos)
Dados pessoais
Nascimento 21 de abril de 1957 (67 anos)
Guaçuí, ES
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Prêmio(s) Ordem do Mérito Militar[1]
Primeira-dama Cristina Gomes
Partido MDB (1975-1979)
PMDB (1980-1988)
PSDB (1988-2001)
PSB (2001-2005)
MDB (2005–2019)
Sem partido (2019-presente)
Religião católico romano
Profissão economista, político
Assinatura Assinatura de Paulo Hartung

Biografia editar

Paulo Hartung é formado em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) na época da clandestinidade da legenda durante a ditadura militar, Hartung foi eleito o primeiro presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFES.[4][5]

Em 1979, participou ativamente do processo que reestruturou a União Nacional dos Estudantes (UNE), tendo atuado como organizador da bancada capixaba e na mobilização dos delegados em todo o país para o congresso de reconstrução da entidade que representa todos os estudantes brasileiros, realizado em Salvador, capital do estado da Bahia.[6]

Paulo Hartung filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em 1979, e deu assim início à sua trajetória político-partidária. Aos 25 anos de idade, elegeu-se deputado estadual para um mandato de quatro anos (1983 a 1987), destacando-se como o mais novo parlamentar da Assembleia Legislativa do Espírito Santo.[4]

Expirado o mandato, conseguiu reeleger-se em 1986 para um novo quadriênio (1987 a 1990) e participou da elaboração da Constituição Estadual.[4] Em sua passagem pela Assembleia, preocupou-se com a defesa do funcionalismo público, e tratou de temas como meio ambiente, saúde, educação, transporte público, dentre outros.

Em 1990, Paulo Hartung conquistou o mandato de deputado federal (1991 a 1995), com a maior votação dentro do Município de Vitória, capital do estado. Sua relevante atuação fez com que assumisse o cargo de vice-líder do PSDB na Câmara dos Deputados, cuja liderança era exercida por José Serra, então deputado por São Paulo.[7]

Em 1992, elegeu-se prefeito de Vitória (1993 a 1997). No início de 1997, passou o cargo ao seu sucessor eleito, Luiz Paulo Vellozo Lucas, também do PSDB, e participou, nos Estados Unidos, a convite da Embaixada daquele país, do programa intensivo sobre Administração Pública e Sistema Políticos nos Estados Unidos.

Após o retorno ao Brasil, em junho de 1997, foi nomeado pelo então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, seu correligionário de sigla partidária, a Diretoria de Desenvolvimento Regional e Social do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).[8] No primeiro ano de gestão, a pasta investiu 1,4 bilhão de reais em projetos sociais.[7]

Em 1998, candidatou-se ao Senado da República e foi eleito com 780 mil votos, a maior votação que um político já recebeu no Espírito Santo.[9]

Em 2002, filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi eleito, ainda no primeiro turno, governador do estado. Em 2005, retornou ao PMDB, se reelegendo em 2006 com a maior votação percentual do país. Após deixar o governo, voltou a trabalhar como economista, consultor e palestrante.[10] Como governador, em 2004 Hartung foi admitido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao grau de Grande-Oficial especial da Ordem do Mérito Militar.[1]

Em 2014, Paulo Hartung, ainda no PMDB, foi eleito governador pela terceira vez. Disputou o governo com o então governador Renato Casagrande (PSB).[10] Hartung tomou posse como governador do estado do Espírito Santo em 1º de janeiro de 2015.[11] Em 9 de julho de 2018, o governador anunciou a secretários que não disputaria um novo mandato e que havia “[passado] a hora de passar o bastão”.[10] Desfiliou-se do MDB em 7 de novembro de 2018, pouco antes do fim do mandato.[11]

Greve da Polícia Militar do Espírito Santo editar

Em fevereiro de 2017 foi internado no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo para uma cirurgia de ressecção de tumor de bexiga. Dois dias antes, não tendo passado o cargo de Governador do Estado do Espírito Santo ao seu vice César Colnago, uma greve dos Policiais Militares se instalava, levando a uma grave crise na Segurança Pública do Estado do Espírito Santo, sendo entregue cinco dias depois o comando da Segurança Pública do ES às Forças Armadas, antes nas mãos do Secretário André Garcia.[12][13][14][15] Em 9 de fevereiro de 2017, um panelaço foi feito por moradores de bairros de Vitória durante a entrevista do governador Paulo Hartung à Miriam Leitão, na Globonews.[16] No dia seguinte, em entrevista à Globo News o ex-secretário nacional de segurança José Vicente da Silva Filho disse que a hospitalização de Paulo Hartung sem antes ter passado o cargo ao seu vice facilitou que o movimento se espalhasse por todo o Estado sem um comando do governo estadual para interromper ou desmobilizar a greve da Polícia Militar.[carece de fontes?]

Em outubro de 2018 o Ministério Público do Estado do Espírito Santo emitiu portaria para investigar a responsabilidade do alto comando do governo do estado na paralisação da Polícia Militar. Entre os investigados estão Paulo Hartung, o então secretário de segurança pública André Garcia e o ex-comandante da PM Nylton Rodrigues Filho. Em nota, a Associação de Cabos e Soldados (ACS) disse que "espera que o MP encontre as causas da paralisação, pois um evento daquela magnitude só ocorre pela omissão Estatal".[17]

Em outubro de 2018 o então candidato a governador que veio a ser eleito, Renato Casagrande, declarou à Folha de S.Paulo que, em relação aos militares punidos em virtude do movimento paredista, o que for perseguição política será revertido.[18]

Controvérsias editar

"As masmorras de Hartung" editar

Conforme amplamente noticiado pela mídia nacional e internacional, escandalosos presídios foram criados durante a gestão de Paulo Hartung como governador do Estado do ES. Na época, o escândalo ficou conhecido como "As masmorras de Hartung", e teve repercussão até na ONU.[19]

Benefícios fiscais editar

A decisão do presidente do TJES Pedro Valls Feu Rosa, relaciona Hartung aos benefícios fiscais concedidos nos últimos 10 anos a empresas localizadas no Estado e o valor de eventual dívida da administração em decorrência dos incentivos. Segundo o texto, todas as operações realizadas, num período de 90 dias, resultaram, estimativamente, em um lucro de 50 milhões de reais para os envolvidos. Pedro Valls também pede a apuração de uma operação de compra de terrenos e incentivos fiscais dados à empresa Ferrous em sua instalação em Kennedy.[20]

Reeleição editar

Na votação realizada no dia 1º de outubro de 2006, Paulo Hartung foi reeleito governador do Espírito Santo tendo alcançado a maior votação percentual do país para o cargo. De acordo com os resultados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral, Hartung foi reeleito com 1.326.175 votos (77,27% dos votos válidos), seguido pelo candidato do PDT, Sérgio Vidigal, que obteve 373.474 votos (21,76% dos votos válidos).[21]

Acidente de Helicóptero editar

Um helicóptero da Polícia Militar do Espírito Santo com o governador do Espírito Santo caiu, na tarde de 10 de agosto de 2018, dentro dos limites de Domingos Martins, região Serrana do Espírito Santo. Paulo Hartung não se machucou e a primeira-dama, que também estava na aeronave, teve luxações leves na perna. O chefe da Seção de Segurança Operacional da Secretaria da Casa Militar, do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo (Notaer), major Paolo Quintino, explicou que a aeronave se desgovernou ao se aproximar para pouso e realizar manobra de campo. Um dos rotores, que é a parte de trás do helicóptero, colidiu com o solo. O major ainda explicou que os pilotos auxiliaram os passageiros para que todos saíssem do local o mais rápido possível. A aeronave, a princípio, teve perda total.[22]

Sobre o acidente, o deputado Sérgio Mageski criticou o uso da aeronave para, segundo ele, o governador passar o fim de semana nas montanhas. Em discurso na assembleia legislativa, Mageski afirmou que o governador Paulo Hartung não se encontrava em agenda oficial e por tanto, foi pego no pulo do gato. O deputado solicitou informações à Casa Militar sobre os planos de voos dos helicópteros que servem ao governo, para saber as origens, destinos e objetivos, porém, recebeu como reposta apenas que não existem planos de voos.[23]

Em 16 de agosto de 2018 o portal de notícias Gazeta Online exibiu reportagem com o título "Governo do Estado omite informações sobre uso de helicóptero por Hartung". Segundo a reportagem, em janeiro de 2018, a fim de saber como as aeronaves do estado são utilizadas pelo governo, o jornal Gazeta online solicitou ao executivo o detalhamento das viagens institucionais, quanto custam, quem foi transportado e quais os destinos desses traslados pagos com o dinheiro público. No entanto, mesmo tendo acionado o executivo por meio da Lei de Acesso a Informação, os dados solicitados foram omitidos, os prazos não foram respeitados. O jornal afirmou ainda que, segundo especialistas, houve um descumprimento da lei por parte do governo.[24]

Notas

  1. Renúncia em 1º de janeiro de 1993 para assumir a Prefeitura de Vitória.

Referências

  1. a b BRASIL, Decreto de 8 de abril de 2004.
  2. «O silêncio de Paulo Hartung: ex-governador não declarou voto no 2° turno | A Gazeta». www.agazeta.com.br. Consultado em 1 de abril de 2024 
  3. «Paulo Hartung, do PMDB, é eleito governador do Espírito Santo». G1. 5 de outubro de 2014. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  4. a b c «Conheça o perfil de Paulo Hartung, governador eleito do ES». G1. 5 de outubro de 2014. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  5. Ramalhoso, Wellington (10 de novembro de 2019). «Mestre de Huck é cultuado, mas criticado por monopolizar méritos coletivos». UOL. São Paulo. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  6. «ES: veja a trajetória política de Paulo Hartung». 1 de outubro de 2006. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 [ligação inativa] 
  7. a b «Leia o perfil de Paulo Hartung, governador eleito do Espírito Santo». Folha de S.Paulo. 6 de outubro de 2002. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  8. «Paulo Hartung». Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 [ligação inativa] 
  9. «Paulo Hartung é reeleito governador do Espírito Santo». Bem Paraná. 1 de outubro de 2006. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  10. «Paulo Hartung desiste de reeleição no governo do Espírito Santo». IstoÉ. 10 de julho de 2018. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  11. «Governador Paulo Hartung desliga-se do MDB nesta quarta-feira». Folha Vitória. 7 de novembro de 2018. Consultado em 17 de novembro de 2021 
  12. «Ministério da Defesa envia mais 550 militares das Forças Armadas para o ES». G1. Globo.com. 8 de fevereiro de 2017. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  13. «Forças Armadas ficarão no ES o 'tempo que for necessário', diz Raul Jungmann». IstoÉ. 11 de fevereiro de 2017. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  14. Rodrigo Rezende (10 de fevereiro de 2017). «ES anuncia mais 500 homens das Forças Armadas, totalizando 3500». G1. Globo.com. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  15. «Forças Armadas ficarão no ES o 'tempo que for necessário', diz Raul Jungmann». Uol. 11 de fevereiro de 2017. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  16. «Panelaço é registrado durante a entrevista de Paulo Hartung». G1. Globo.com. 10 de fevereiro de 2017. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  17. «Alta cúpula do governo vai ser investigada por omissão na greve da PM | Século Diário». Alta cúpula do governo vai ser investigada por omissão na greve da PM | Século Diário. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  18. «O que for perseguição política será revertido, diz candidato sobre punição da PM no Espírito Santo». Folha de S.Paulo. 3 de outubro de 2018 
  19. «Masmorras de PH podem penalizar o país». Capixabao. 4 de janeiro de 2011 
  20. «Governo explicará em 15 dias benefícios fiscais de 10 anos». Gazeta Online. Globo.com. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  21. «Paulo Hartung é eleito governador do Estado». Gazetaonline. 5 de outubro de 2014. Consultado em 11 de fevereiro de 2017 
  22. «Helicóptero com o governador do ES cai; Paulo Hartung não se feriu». G1 
  23. «Majeski critica uso de helicóptero: Hartung foi pego no 'pulo do gato' | Século Diário». Majeski critica uso de helicóptero: Hartung foi pego no 'pulo do gato' | Século Diário. Consultado em 5 de novembro de 2018 
  24. Silva, Rafael (16 de agosto de 2018). «Governo do Estado omite informações sobre uso de helicóptero por Hartung». Gazeta Online 

Ligações externas editar

Precedido por
José Ignácio Ferreira
Governador do Espírito Santo
2003–2011
Sucedido por
Renato Casagrande
Precedido por
Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
2015–2019
Sucedido por
Renato Casagrande
Precedido por
Vitor Buaiz
Prefeito de Vitória
1993–1997
Sucedido por
Luiz Paulo Vellozo Lucas