O Pavão-congolês[1] ou Pavão-do-Congo ou mbulu em dialeto local(Afropavo congensis) é a única espécie do gênero Afropavo e uma das três espécies conhecidas popularmente como pavões, sendo a única nativa de África. Tem o seu habitat na República Democrática do Congo, não sendo uma ave migratória.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPavão-congolês
Um par de pavões-congoleses no Jardim Zoológico de Antuérpia
Um par de pavões-congoleses no Jardim Zoológico de Antuérpia
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Galliformes
Família: Phasianidae
Género: Afropavo
Espécie: A. congensis
Nome binomial
Afropavo congensis
Chapin, 1936

História editar

Dr. Chapin em visita ao Congo, notou que os cocares dos nativos possuíam penas marrom-avermelhadas que ele não reconhecera como pertencente a nenhuma espécie previamente conhecida. Depois, ele visitou o Museu Real da África Central e viu dois espécimes empalhados com penas semelhantes àquelas que vira anteriormente, que estavam intitulados como Pavão-azul e que ele descobriu depois que se tratava de uma espécie diferente. Depois, em 1955, Chapin conseguiu encontrar sete exemplares da espécie. O "Pavão-do-Congo" possui características que flutuam entre um pavão e uma galinha d'Angola, o que indicaria que essa espécie seria uma ligação entre as duas famílias.[3]

Descrição editar

 
Cabeaça do Macho
 
Cabeça da Fêmea

O macho da espécie é uma ave grande com entre 64–70 cm de comprimento, possuidor de plumagem azul de coloração metálica verde e violeta. Seu pescoço é nu, de pele vermelha. Suas patas são cinza e sua cauda é preta com 14 penas. Possui um penacho de penas brancas como crista. A fêmea tem entre 60–63 cm de comprimento e geralmente tem plumagem castanha, com abdome preto, costa verde-metálico e um penacho castanho como crista. Ambos os sexos se assemelham a pavões asiáticos ainda jovens, com os primeiros espécimes empalhados sendo erroneamente classificados como estes antes de serem oficialmente designados como membros de uma espécie única.[4][5]

Vocalizações do pavão-congolês

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Distribuição e habitat editar

O pavão-do-Congo habita e é endêmico das Florestas de planícies Centrais do Congo na República Democrática do Congo onde é considerado a ave nacional. Ele ocorre tanto em florestas primárias quanto secundárias do Parque Nacional de Salonga. Sinais secundários da sua presença como penas e excrementos foram encontrados com mais frequência em florestas secundárias em recuperação que em florestas primárias.[6] Na década de 1990 sua presença foi registrada no Parque Nacional Maiko, principalmente em baixas colinas e cumes entre bacias hidrográficas.[7]

Status de conservação da espécie editar

 
Fêmea no Jardim Zoológico do Condado de Milwaukee
 
Macho no zoológico da cidade de Oklahoma

O Pavão-do-Congo está ameaçado pela perda de hábitat causada pela mineração, cultivo itinerante e extração de madeira.[7]

O pavão-do-congo é listado como uma espécie vulnerável na lista vermelha da IUCN. Desde 2013 a população selvagem é estimada em 2.500 a 9.000 indivíduos adultos[8]. As florestas secundárias podem ser um habitat importante nas estratégias de conservação dado o uso de florestas em fase de regeneração no Parque Nacional de Salonga.[6] Neste parque e no Zoológico da Antuérpia, na Bélgica, programas de reprodução em cativeiro estão em atividade.[9]

Comportamento editar

O Pavão-do-Congo é Onívoro e sua dieta consiste principalmente em frutas e insetos. No Parque Nacional de Salonga, sua dieta contém frutos de Allanblackia floribunda, Anonidium mannii, Canarium schweinfurthii, Elaeis guineensis(Dendezeiro), Klainedoxa gabonensis, Treculia africana e Xylopia aethiopica(Pimenta-da-África) e um número considerável de insetos, aranhas, moluscos e vermes.[10]

Os machos tem uma exibição de cortejo similar a do Pavão-azul e do Pavão-verde-de-Java, embora este utilize das penas da cauda, enquanto os outros utilizam das penas da cauda superior. O Pavão-do-Congo é monogâmico, embora ainda se necessite de maiores informações sobre sua forma de acasalamento.

Ver também editar

Referências

  1. PAIXÃO, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 104. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  2. «Afropavo congensis». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2024 (em inglês). ISSN 2307-8235 
  3. «Congo Peafowl». Associação Mundial de Zoológicos e Aquários. Consultado em 4 de março de 2014 
  4. «BirdLife | Partnership for nature and people». Consultado em 7 de agosto de 2013. Cópia arquivada em 10 de julho de 2007 
  5. «Congo Peafowl». BirdLife International 
  6. a b MULOTWA, M.; LOUETTE, M.; DUDU, A.; UPOKI, A.; FULLER, R. A. (2010). «Congo Peafowl use both primary and old regenerating forest in Salonga National Park, Democratic Republic of The Congo». Ostrich. 81. pp. 1–6. doi:10.2989/00306525.2010.455811 
  7. a b HART, J.A.; UPOKI, A. (1997). «Distribution and conservation status of Congo peafowl Afropavo congensis in eastern Zaire». Bird Conservation International. 7. pp. 295–316. doi:10.1017/s0959270900001647 (em inglês)
  8. BirdLife International (2016). «Afropavo congensis». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22679430A92814166. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22679430A92814166.en . Consultado em 27 de maio de 2022 
  9. COLLAR, N.J.; BUTCHART, S.H.M. (2013). «Conservation breeding and avian diversity: chances and challenges». International Zoo Yearbook. 8. pp. 7–28 (em inglês)
  10. MULOTWA, M.; LOUETTE, M.; DUDU, A.; UPOKI, A. (2006). «The Congo Peafowl Afropavo congensis in Salonga National Park (Democratic Republic of Congo)». Malimbus. pp. 52–53 (em inglês)

Ligações externas editar

 
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