Pedro Gonçalves Malafaia

estadista, militar e diplomata português

Pedro Gonçalves Malafaya (c. 1389 – c. 1435[1]) foi um estadista, militar e diplomata português do século XV, vedor da Fazenda desde 14.07.1421 até à data do seu falecimento. Teve um papel decisivo na negociação do Tratado de Paz entre Portugal e Castela, em 1431.

Pedro Gonçalves Malafaia
Rico-Homem e Vedor da Fazenda
Armas de Malafaia chefe por João do Cró, Livro do Armeiro-Mor (1509)
Nascimento c. 1389
Morte 1435 (46 anos)
Cônjuge Isabel Gomes da Silva, filha dos senhores de Vagos
Descendência D. Francisco de Almeida, vice-rei da Índia (neto)

Nuno Fernandes de Ataíde, alcaide de Alvor (neto)

Pai Gonçalo Peres, Regedor da Casa do Cível e senhor de Belas
Mãe Maria Anes
Ocupação Estadista, Diplomata, Militar
Filha(s)

Biografia editar

Nasceu cerca de 1389, filho de Gonçalo Peres (c. 1350 – 1424[1]), senhor do Paço de Belas[2], escrivão da chancelaria do rei D. Fernando, e depois regedor da casa do cível e vedor da Fazenda de D. João I e de sua mulher, Maria Anes.[3]

Juntamente com seu irmão, Luís Gonçalves Malafaya, esteve na conquista de Ceuta em 1415[4], sendo um dos cerca de 160 fidalgos[4] que acompanharam D. João I e os Infantes na expedição à cidade.

Permaneceu em Ceuta depois de 1415 e participou em várias missões diplomáticas e militares em território marroquino.

Pedro Gonçalves é citado por Zurara, na Crónica da Tomada de Ceuta, como companheiro de João Pereira "Agostim" (avô paterno do célebre navegador Tristão da Cunha) e de outros fidalgos que “andando nas guerras de França e Inglaterra...deixaram todas as doçuras de França e daquelas terras para vir a serviço delRey, os quais eram...João Pereira [Agostim] e Diogo Lopes de Sousa e Pedro Gonçalves, a quem diziam Malafaya, e Álvaro Mendes Cerveira[5]”.

Foi por Pedro Gonçalves Malafaia e pelo avô de Tristão da Cunha que disse a cantiga da época:[6]

Quem guardaria Ceuta, Malafaya ou João Pereira”.

Em 1431, foi enviado em outra missão diplomática, desta vez a Castela e de novo na companhia de seu irmão, para participar nas negociações que culminaram na assinatura do Tratado de Paz de Medina del Campo (30.10.1431), depois ratificado em Almeirim em 17.01.1432[7]. No início, o Rei de Castela Juan II não se mostrou interessado, alegando estar absorvido com a guerra em Granada, mas Pedro Gonçalves Malafaya insistiu, acompanhou o monarca nas campanhas contra Granada e conseguiu que ele aceitasse assinar o acordo.[8] Segundo o historiador Humberto Baquero Moreno, foi à tenacidade de Malafaya que se deveu o êxito final na ratificação do Tratado.[8]

Pedro Gonçalves foi vedor da Fazenda de D. João I desde pelo menos 14.7.1421. Manteve o cargo de vedor no reinado de D. Duarte até 1435, sendo então substituído por seu irmão Luís Gonçalves Malafaya[1].

Foi do Conselho de D. Duarte e aparece referido em documentos como rico-homem, designação já arcaica no séc. XV mas ainda usada, significando então uma pessoa com altas funções na corte[1].

Faleceu muito provavelmente cerca de 1435, sendo absolutamente certo que já tinha falecido a 29.7.1440, quando D. Afonso V confirmou uma carta de privilégio de D. Duarte, de 21.7.1436, a Isabel Gomes da Silva, "mulher que foi de Pedro Gonçalves, do Conselho, vedor da fazenda"[1].

Casamento e descendência editar

Do seu casamento com Isabel Gomes da Silva, filha de João Gomes da Silva, 2.º senhor de Vagos e de Margarida Coelho, teve as seguintes filhas:

Referências editar


  1. a b c d e Soveral, Manuel Abranches do. «Casa da Trofa - Lopo Dias de Azevedo e sua mulher D. Joana Gomes da Silva». Consultado em 17 de setembro de 2019 
  2. «Paço de Belas – Quinta do Senhor da Serra». Sintra - Câmara Municipal. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  3. Gonçalo Peres Malafaia foi um dos fidalgos que D.João I armou cavaleiro, antes da batalha de Aljubarrota. Ver Felgueiras Gayo, Nobiliário das Famílias de Portugal, Tomo I, p. 9. Acessível aqui: http://purl.pt/12151/4/hg-40102-v/hg-40102-v_item4/index.ht
  4. a b Cruz, Abel dos Santos (1995). A Nobreza portuguesa em Marrocos no século XV (1415 - 1464). Porto: [s.n.] pp. 57, 53. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  5. Zurara, Gomes Eanes de (1915). Crónica da Tomada de Ceuta por el-Rei D. Joham I. Lisboa: Academia das Ciências 
  6. Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro. Coimbra: Imprensa da Universidade. p. 170. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  7. Cardoso, Augusto-Pedro Lopes (2018). «O Bispo D. João de Azevedo, avô do Beato Inácio de Azevedo». Brotéria Cristianismo e Cultura, volume 187: 5 (787). Consultado em 17 de setembro de 2019 
  8. a b Moreno, Humberto Baquero. «O Papel da Diplomacia Portuguesa no Tratado de Tordesilhas» (PDF). Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto: 8 - 9 (142 - 143). Consultado em 19 de outubro de 2019 
  9. a b c Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Terceiro. Coimbra: Imprensa da Universidade. p. 322, 355, 349. Consultado em 17 de setembro de 2019 
  10. Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Segundo. Robarts - University of Toronto. Coimbra: Coimbra : Imprensa da Universidade. p. 252