Veadeiro-pampeano

raça de cão
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Veadeiro-pampeano é uma raça de cães de caça oficialmente originária do Brasil.[1] Mas que possuí também origem em outros dois países vizinhos: Argentina e Uruguai. No Brasil, ocorre de maneira mais distribuída, onde foi feito todo o trabalho de reconhecimento oficial da raça.[2] Sua função original, pela qual recebeu seu nome, era rastrear e capturar veados e cervos. Ainda hoje é muito utilizado como cão de caça a outros animais.

Veadeiro-pampeano
Veadeiro-pampeano
Veadeiro-pampeano
Nome original Veadeiro-pampeano
Outros nomes Veadeiro-brasileiro
Cerveiro-pampeano
Cerveiro-brasileiro
Perdigueiro-brasileiro
Perdigueiro-gaúcho
Perdigueiro-tradicional
Veadeiro
Cerveiro
Bianchini
País de origem  Brasil
Características
Altura 47-49 cm na cernelha
Pelagem curto
Cor branco, amarelo leonino(cor de leão)
Classificação e padrões
Federação Cinológica Internacional
Grupo 11 - Raças não reconhecidas pela FCI
Estalão #CBKC NR07 - 17 de Dezembro de 2009

Apesar do nome, o veadeiro pampeano trata-se de uma raça diferente do veadeiro-nacional, reconhecido pela SOBRACI.

História editar

Apesar de comprovado que o veadeiro-pampeano, originalmente conhecido como veadeiro, cerveiro ou bianchini (que significa "alvo, branco, ou claro") existe há muito tempo e que seus proprietários através do cruzamento entre os melhores cães caçadores, sempre mantiveram suas características inalteradas.[3] Só em 1950 tentou-se, sem sucesso, o registro da raça. No ano 2000, após árduo trabalho do já falecido cinófilo Carlos Lafaiete Seibert Bacelar, a raça finalmente passou a ser reconhecida oficialmente pela Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC),[4] porém ainda não é reconhecida por qualquer entidade cinófila uruguaia ou argentina. Hoje os criadores brasileiros deste cão estão buscando o reconhecimento também da Federação Cinológica Internacional.[2]

A origem do veadeiro ainda não é conclusiva, mas duas hipóteses são as mais prováveis. A primeira é de que este cão descenda do grupo dos cães primitivos, como os podengos ou ibicencos trazidos a América do Sul na época em que Brasil e Uruguai eram colônias portuguesas.[4] Posteriormente teriam chegado pela fronteira à Argentina, acompanhando caçadores, estes cães primitivos ao chegarem no novo mundo teriam sido largamente utilizados na caça de subsistência das populações rurais, e se adaptado ao novo clima, com isto teria se originado uma nova raça. A seleção feita pelos caçadores, sempre acasalando os melhores cães para a caça também teria contribuído na formação da raça. Estudos feitos por Carlos Bacelar comprovam que até a quarta geração de uma família criava veadeiros para a caça, em outras palavras até os bisavós de entrevistados criaram o veadeiro.[4]

A segunda hipótese é de que ele seria um cão nativo da América do Sul, hipótese que é apoiada no fato deste cão poder ser encontrado em várias regiões do Brasil, em especial toda a extensão das regiões sul e centro-oeste, e também nas regiões norte da Argentina e norte do Uruguai.[4] em especial a região dos pampas dos três países, inclusive, seu batismo oficial como veadeiro "pampeano" foi feito porque acreditava-se que a incidência desta raça se restringia apenas à região dos pampas gaúchos e em menor incidência nos pampas argentinos e uruguaios, porém depois foi constatado sua grande presença em outras regiões do Brasil.[4] Inclusive esta segunda hipótese de que seriam cães nativos incentivou pesquisas do Centro de Biologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - (UFRGS) e do Museu de Ciências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - (PUC-RS), a fim de comprova-la.[4]

Mesmo com as pesquisas sobre sua origem em andamento, a maioria dos exemplares que se encaixam dentro do padrão definido como ideal estão sendo identificados por meio de microchips. Espera-se com isso conseguir criar linhas de sangue formadas por casais não aparentados o que permitirá a constituição da árvore genealógica da raça e com isso o reconhecimento internacional.[2]

Uso editar

Na caça é um perseguidor implacável que não se intimida com obstáculos, começa buscando a presa farejando o solo. É um excelente farejador. Encontrado o rastro, segue a caça a galope, mesmo que sejam precisos dois dias ininterruptos para alcançá-la,[3] após encontra-lá, o veadeiro abate a presa e a traz ao caçador, ou, se não conseguir abatê-la, a acua e a põe ao alcance do caçador.[3] Sua atuação pode ser acompanhada pelos uivos que emite, faz sons diferentes para cada situação: um ao encontrar o rastro, outro ao perdê-lo e outro quando está próximo à presa.[3] Pode caçar sozinho, em dupla ou em matilha,[3] acompanhado ou não do dono. Enfrenta veado e até javali. Também caça capivara, e pela sua velocidade é exímio caçador de lebres e preás.[3]

Devido a seu uso na caça em matilhas, possui um comportamento grupal tranquilo,[1] é um excelente cão de companhia por ser bastante dócil e amistoso com crianças,[3] inclusive aceitando ser perturbado por elas sem avançar,[4] e também é muito apegado ao dono. Muito dificilmente atacaria um invasor, mas é um excelente cão de alarme, sempre late alertando sobre a presença de estranhos.[3] Sua inteligência e agilidade, em alguns casos já foi usada na lidas do campo com razoável sucesso, como auxílio no pastoreio ovino e bovino, mas seu forte certamente é a caça.

Aparência editar

É um cão de porte médio, longilíneo, com boa musculatura denotando força e rusticidade, esbelto, sem no entanto parecer muito magro, possui físico propício à velocidade.[4] A cauda é portada baixa, com comprimento que não deve ultrapassar os jarretes, alguns exemplares podem apresentar uma pequena franja na parte inferior da cauda.

A trufa pode ser preta, marrom ou cor de carne e o focinho é de comprimento igual ao do crânio, com stop (região de encontro da testa com o focinho) não muito marcado, as orelhas são pontiagudas, dobradas para trás (em rosa) e eretas quando em alerta, já os olhos são esverdeados ou cor avelã em várias tonalidades.[1]

A pelagem é simples, com pelo curto, reto, denso e áspero, sem subpêlo, por isso não possui odor,[3] as cores vão do baio leonino, passando por várias tonalidades de baio até chegar ao baio claro e o branco,[1] sendo estas ultimas cores as mais comuns, podendo ter estas cores de forma sólida ou podendo apresentar alguma marca pequena ou grande de uma destas cores. É permitida a presença de uma coleira branca e mancha branca no peito e nas patas.[1]

Ver também editar

Outras raças brasileirasː

Referências editar

  1. a b c d e «Padrão oficial da raça Veadeiro Pampeano» (PDF). CBKC. Consultado em 1 de Setembro de 2018 
  2. a b c (em português) Marcos Pennacchi (diretor editorial), Revista Cães & Cia nº 293, Editora Forix, 2003, reportagem especial Novas Raças Brasileiras.
  3. a b c d e f g h i (em português) Marcos Pennacchi (diretor editorial), Revista Cães & Cia nº 322, Editora Forix, 2006, reportagem Cães fora de série Veadeiro Pampeano.
  4. a b c d e f g h (em português) Andrea Calmon (jornalista responsável), Almanaque Cães & Raças 2009, Editora On Line, 2009