O Prémio LeYa ou Prémio LeYa de Romance, criado em 2008 por iniciativa do grupo editorial LeYa, é um prêmio literário que tem como objetivo estimular a produção de obras inéditas de autores de língua portuguesa e galardoa, todos os anos, uma obra original de ficção literária na área do romance que não tenha sido anteriormente premiada.

Prémio LeYa
Descrição Prémio literário
Organização Grupo editorial LeYa
País Portugal Portugal
Primeira cerimónia 2008 (17 anos)
Página oficial

É um dos poucos prêmios literários que visam abranger toda a lusofonia, tal como o Prêmio Oceanos e o Prémio Internacional Pena de Ouro. Destaca-se pela sua alta recompensa em dinheiro, já chegando a conceder o valor de cem mil euros para o autor da obra vencedora[1].

Regulamento

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As obras enviadas devem ser inéditas e assinadas com o pseudónimo do autor e enviadas em suporte digital e físico - papel formato A4 - junto com outras informações acerca do escritor, clarificadas no regulamento do referido concurso. Após o prazo máximo estabelecido para o envio de originais um júri escolhido pelo grupo editorial LeYa, constituído por, pelo menos, sete destacadas figuras do mundo literário e cultural da língua portuguesa, analisará todas as obras e escolherá aquela que considerar melhor, fundamentando sempre a escolha feita. Caso o júri considere que nenhuma obra tem qualidade poderá escolher não atribuir o prémio, como aconteceu em 2010, em 2016 e em 2019.[2][3][4]

O vencedor receberá a quantia de cem mil euros (100 000 €) e a publicação do seu original, seja diretamente pelo grupo editorial LeYa, seja através de uma das suas editoras, sendo posteriormente distribuído em todos os países de língua portuguesa. Em contrapartida, o autor da obra premiada cede à LeYa o direito exclusivo de o explorar comercialmente sob todas as formas e em todas as modalidades pelo mundo inteiro.[2]

Vencedores

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As obras premiadas pelo Prémio LeYa desde 2008 foram as seguintes:

Ano Obra Autor País Referências
2008 O Rastro do Jaguar Murilo Carvalho   Brasil [5]
2009 O Olho de Hertzog João Paulo Borges Coelho   Moçambique [6]
2010 Não atribuído [3]
2011 O Teu Rosto Será o Último João Ricardo Pedro   Portugal [7]
2012 Debaixo de Algum Céu Nuno Camarneiro   Portugal [8]
2013 Uma Outra Voz Gabriela Ruivo Trindade   Portugal [9]
2014 O Meu Irmão Afonso Reis Cabral   Portugal [10]
2015 O Coro dos Defuntos António Tavares   Portugal [11]
2016 Não atribuído [4]
2017 Os Loucos da Rua Mazur João Pinto Coelho   Portugal [12]
2018 Torto Arado Itamar Vieira Junior   Brasil [13]
2019 Não atribuído [14]
2020 Adiado [15]
2021 As Pessoas Invisíveis José Carlos Barros   Portugal [16]
2022 A Arte de Driblar Destinos Celso José da Costa   Brasil [17]
2023 Não Há Pássaros Aqui Victor Vidal   Brasil [18]
2024 Pés de Barro Nuno Duarte   Portugal [19]

Seguem informações sobre cada obra vencedora[20]:

  • Prêmio LeYa 2008: o jornalista Murilo Antônio de Carvalho conta a história do também jornalista Pereira e o indígena Pierre em O Rastro do Jaguar, seu primeiro romance. Sob o contexto da Guerra do Paraguai, os dois vão para a França para revisitarem suas memórias e descobrirem suas raízes, desencadeando um choque de cultura e explicitando a relação entre os países europeus e suas antigas colônias.
  • Prêmio LeYa 2009: O Olho de Hertzog, contado pelo historiador João Paulo Borges Coelho, permeia o fim da Grande Guerra, em que um oficial alemão possui a tarefa de se juntar ao contingente de um general. Com conflitos com os exércitos inglês e português, além de doenças como a malária, o alemão se torna uma personagem enigmática, com uma missão misteriosa para ser cumprida.
  • Prêmio LeYa 2011: De João Ricardo Pedro, seu primeiro romance, O Teu Rosto Será O Último relata episódios, em princípio, independentes entre si, com o contexto da Revolução de 1974, retratando a ditadura e a repressão polícia.
  • Prêmio LeYa 2012: O físico e professor Nuno Camarneiro descreve um prédio próximo a praia onde homens, mulheres e crianças procuram paz, música ou até mesmo um deus. Retrata-se a busca por redenção de cada um.
  • Prêmio LeYa 2013: A primeira mulher a vencer tal prêmio, Gabriela Ruivo Trindade, relata histórias de cinco mulheres que se cruzam, culminando num diário que foi recuperado muitos anos depois. Ela explora uma rede de complementaridade, favorecendo diversas perspectivas em Uma Outra Voz.
  • Prêmio LeYa 2014: Atualmente, o mais jovem vencedor, Afonso Reis Cabral fala sobre uma relação entre dois irmãos, um deficiente. Com sentimento e retrato social objetivo, O Meu Irmão foi o vencedor do prêmio em 2014.
  • Prêmio LeYa 2015: António Tavares Festas retrata um mundo rural português, em que os habitantes são alheios aos avanços do mundo. Com a chegada da televisão, as personagens de O Coro dos Defuntos passam a ter conhecimento do mundo, mas não são capazes de compreendê-lo.
  • Prêmio LeYa 2017: Um livreiro cego que pede às mulheres para que leiam na cama é o protagonista de Os Loucos da Rua Mazur. A narrativa se desenrola quando o personagem de João Pinto Coelho recebe uma visita de um amigo de infância, agora um célebre escritor, de quem se separou durante a Segunda Guerra Mundial.
  • Prêmio LeYa 2018: A história das descendentes de escravos Bibiana e Belonísia, Torto Arado, tornou-se um símbolo contra a desigualdade presente no Brasil. O livro de Itamar Vieira Junior foi traduzido para 15 idiomas.
  • Prêmio LeYa 2021: José Carlos Barros revisita um dos massacres mais trágicos de Portugal, debatendo o fim legal da escravatura e a sua efetiva abolição em As Pessoas Invisíveis.
  • Prêmio LeYa 2022: Celso José da Costa exibe a educação como caminho para a liberdade, coletando episódios em que o conhecimento fomenta a construção de um sonho mais longe. A Arte de Driblar Destinos retrata um garoto que é incentivado pela professora a estudar e se tornar professor, a fim de driblar o destino que supostamente havia sido reservado a ele.
  • Prêmio LeYa 2023: A obra Não Há Pássaros Aqui utiliza de temas como as relações entre pais e filhos e a solidão, em que Vitor Vidal foi induzido a investigar esconderijos e traumas de infância, profundamente influenciado pela Casa de Anne Frank.
  • Prêmio LeYa 2024: Nuno Miguel Silva Duarte, pela obra Pés de Barro, ganhou o prêmio de 2024, com júri composto por Manuel Alegre, Ana Paula Tavares, Isabel Lucas, José Carlos Seabra Pereira, Josélia Aguiar e Lourenço do Rosário[21].

Ver também

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Referências

  1. «Prémio Leya». Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  2. a b «Regulamento prémio LeYa». Consultado em 26 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 23 de março de 2014 
  3. a b Manuel Alegre, Carlos Heitor Cony, Rita Chaves, Lourenço do Rosário, Nuno Júdice, Artur Pestana (Pepetela), José Carlos Seabra Pereira (29 de novembro de 2010). «Comunicado do Júri do Prémio LeYa 2010». Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  4. a b Lusa e Diário Digital (21 de outubro de 2016). «Júri não atribui este ano Prémio Leya de romance em língua portuguesa». Diário Digital. Consultado em 22 de outubro de 2016 
  5. Maria João Caetano (5 de abril de 2009). «Das estradas do Brasil veio o vencedor do Prémio Leya». Diário de Notícias. Consultado em 26 de dezembro de 2014 [ligação inativa]
  6. «Prémio Leya para moçambicano João Paulo Borges Coelho». LUSA. 13 de outubro de 2009. Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  7. Cláudia Carvalho (18 de outubro de 2011). «João Ricardo Pedro vence Prémio LeYa 2011». Público. Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  8. «Prémio Leya atribuído a Nuno Camarneiro». LUSA. 17 de dezembro de 2012. Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  9. Luís Miguel Queirós (15 de outubro de 2013). «Gabriela Ruivo Trindade vence Prémio Leya com um romance que junta ficção e fotografia». Público. Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  10. Luís Miguel Queirós (17 de outubro de 2014). «Afonso Reis Cabral vence Prémio Leya com O Meu Irmão». Público. Consultado em 26 de dezembro de 2014 
  11. Sara Otto Coelho (13 de outubro de 2015). «António Tavares vence Prémio Leya 2015». Observador. Consultado em 13 de outubro de 2015 
  12. DN/Lusa (20 de outubro de 2017). «"Os Loucos da Rua Mazur". Prémio Leya vai para João Pinto Coelho». DN. Consultado em 20 de outubro de 2017 
  13. sapo.pt (17 de outubro de 2018). «"Torto Arado" do escritor brasileiro Itamar Vieira Junior vence Prémio LeYa de Literatura». sapo.pt. Consultado em 18 de outubro de 2018 
  14. Rita Cipriano (29 de outubro de 2019). «Prémio Leya não será atribuído em 2019». Observador. Consultado em 7 de março de 2020 
  15. Lusa (3 de Abril de 2020). «Grupo LeYa suspende entrega do prémio de literatura deste ano». RTP. Consultado em 18 de Março de 2021 
  16. Observador jornal digital (7 de dezembro de 2021). «José Carlos Barros é o vencedor do Prémio Leya 2021». Observador. Consultado em 30 de Janeiro de 2023 
  17. LeYa (2022). «Vencedor 2022». LeYa. Consultado em 30 de Janeiro de 2023 
  18. Maria do Rosário Pedreira (2024). «O que ando a ler». Blog Horas Extraordinárias, de Maria do Rosário Pedreira. Consultado em 4 de Julho de 2024 
  19. Leya (2024). «Prémio Leya». Consultado em 7 de Novembro de 2024 
  20. O historial de vencedores e finalistas publicados Consultado em 4 de abril de 2025
  21. «Prémio LeYa». Leya (em inglês). Consultado em 4 de abril de 2025 

Ligações externas

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