Praça do Relógio (São Paulo)

Com uma área de 176 mil metros quadrados, a Praça do Relógio localiza-se na sede da Universidade de São Paulo (USP), a Cidade Universitária Armando de Salles de Oliveira

A Praça do Relógio é um espaço público na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, sede da Universidade de São Paulo (USP) localizada na capital paulista. A praça conta com os seis ecossistemas vegetais predominantes no estado de São Paulo e tem uma área de 176 mil metros quadrados.[1]

Praça do Relógio
Praça do Relógio (São Paulo)
Cidade Universitária com a Praça do Relógio ao norte
País  Brasil
Cidade São Paulo
Subprefeitura Butantã
Bairro Cidade Universitária
Área 176.000 m²
Inauguração 1971
Administração Prefeitura do campus da capital da USP
Coordenadas 23° 33' 34" S 46° 43' 26" O
Praça do Relógio está localizado em: São Paulo
Praça do Relógio
Localização em São Paulo

Próximo à praça localizam-se o Conjunto Residencial da USP (CRUSP), o edifício da Reitoria e a Raia Olímpica, assim como o Instituto de Psicologia, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

História editar

Em junho de 1935, o governador do estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, nomeou uma comissão presidida por Reinaldo Porchat, primeiro reitor da USP, para estudar uma localização que pudesse abrigar a Cidade Universitária e reunir numa única área as escolas da USP, que se encontravam em sua maioria em instalações provisórias espalhadas por diversos locais da cidade de São Paulo.[2] No entanto, a construção do campus dependia de investimentos do governo estadual, que por sua vez dependia da Programação dos Investimentos Públicos e do Apoio à Educação, o que resultou em planos desconexos para a Cidade Universitária e na demora para a transferência dos cursos.[2]

Um plano de desenvolvimento de 1954 menciona um "espaço cívico" em uma área mais ou menos correspondente à atual Praça do Relógio, contando com uma biblioteca, edifícios administrativos, e um lago, que serviria como um "core" para reunir "organicamente" as unidades universitárias,[3] Em 1960, é instituído o Fundo para Construção da Cidade Universitária, permitindo maior agilidade na construção no campus.[2] Em um plano de 1962, a área aparece como "Convivência geral"; em 1966 como "Centro cívico-cultural e de convivência geral".[3]

A praça é inaugurada em 1971,[4] quando a USP começou a fechar o campus durante os fins de semana, afetando bastante o programa da Praça, tanto que os arquitetos do projeto foram proibidos de colocar qualquer equipamento de recreação, tornando a praça apenas um espaço contemplativo,[5] com grandes áreas de pisos e gramados que pudessem ser adaptadas para usos diversos, e alguns bosques com vegetações nativas de São Paulo, como a Mata Atlântica e de Araucárias, por exemplo.[5] Entre 1988 e 1991, durante a gestão do Reitor José Goldenberg, foram realizadas obras de limpeza e recuperação da Torre do Relógio e do espelho d’água na praça.[2]

Em 1997, uma grande obra mudou o projeto paisagístico da área, ao custo de R$1,2 milhão pagos pela iniciativa privada,[6] criando bolsões que replicam os 6 ecossistemas vegetais paulistas,[4] a saber:

  1. Mata Atlântica
  2. Mata de Araucária
  3. Campos rupestres
  4. Mata caducifólia
  5. Restinga
  6. Cerrado

Entre 2013 e 2014 foi realizada uma nova reforma para a troca do pavimento e a instalação de um novo projeto de iluminação.[5] A praça abrigou, entre 28 de outubro de 2013 e 30 de junho de 2014, a Tenda Cultural Ortega y Gasset, oferecendo palestras, debates, conferências, apresentações artísticas, exposições, oficinas e workshops em vários campos do conhecimento, assim como projetos realizados pela própria USP. Ao longo dos seus dez meses de funcionamento, a Tenda Cultural recebeu 25.807 pessoas em 213 diferentes atividades, todas gratuitas.[7] O auditório da tenda contava com capacidade para 565 lugares, em uma área de 912 m² incluindo plateia, circulações e palco multifuncional com cerca de 112 m².[7]

Torre do Relógio editar

 
Detalhe da fachada oeste da torre, com os painéis dedicados à poesia, às ciências sociais e às ciências econômicas

No centro da praça, fica a torre que nomeia o espaço, projetada por Rino Levi e com a parte escultórica sendo confiada a Elisabeth Nobiling,[8] sendo composta por duas placas em concreto armado que possuem 50 metros de altura por 10 metros de largura cada uma, ligadas por escadas.[9]

No topo da torre, estão localizados os relógios, um em cada lâmina, seus mostradores tem mais de três metros de diâmetro; os ponteiros de minutos tem 1,50 m e os das horas, 1,30 m, acompanhado por um sinos.[9][10] O carrilhão é regulado por um impulso atômico vindo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da universidade, o que garante uma precisão-padrão de um centésimo de segundo em 24 horas.[10] O relógio mestre ("cérebro" do aparelho), as baterias e o motor estão localizados em uma câmara subterrânea sob a estrutura.[10]

A torre é decorada com 6 painéis em alto e baixo-relevo em cada face, medindo 5 metros de altura por 5,50 metros de largura cada,[10] projetados por Nobiling, escultora e professora de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e inspirados pelos conceitos de domínios da mente Benedetto Croce.[10] O lado voltado para o prédio da nova reitoria, a oeste, representa “o mundo da fantasia”, com painéis representando,de cima para baixo:[9][10]

  1. A poesia (os namorados com a lua);
  2. As ciências sociais (as forças agressoras emergindo do caos em contraposição às forças protetoras e, no centro, a criança);
  3. As ciências econômicas (um gráfico estatístico);
  4. A dança, a música e o teatro (lira e máscara);
  5. A arquitetura e as artes plásticas;
  6. A filosofia (Sofia).

Já a face leste, que aponta para a antiga reitoria, simboliza “o mundo da realidade”, com esculturas homenageando, de cima para baixo:[9][10]

  1. A astronomia (a lua e as estrelas);
  2. A química (instrumentos de laboratório);
  3. As ciências biológicas (vegetais e animais);
  4. A física (raios solares, magnéticos e cósmicos);
  5. As ciências geológicas (arado);
  6. A matemática (parábolas, curvas e hipérboles).

Em torno da torre há um espelho d'água circular, bordeado pela frase "No Universo da Cultura o centro está em toda parte", escrita em mosaico português. A frase é de autoria de Miguel Reale, reitor da USP entre 1949 e 1950 e de 1969 a 1973.[11]

Com a pedra inicial sendo lançada em 23 de janeiro de 1954 como parte das celebrações do IV centenário de São Paulo, a construção foi financiada pela colônia portuguesa sob os auspícios da Casa de Portugal de São Paulo,[8] mas as obras começaram apenas em 1972, com a inauguração da torre ocorrendo em 1973.[8]

Galeria editar

Veja também editar

Referências editar

  1. «USP - Praça do Relógio». Giro Cultural da USP. Consultado em 9 de junho de 2020 
  2. a b c d «História da CUASO». Prefeitura do Campus - USP Capital. Consultado em 9 de junho de 2020 
  3. a b «Plano de desenvolvimento físico para a Cidade Universitária "ASO"» (PDF). Superintendência do Espaço Físico da Universidade de São Paulo. 1998. Consultado em 9 de junho de 2020 
  4. a b Salles, Marina (8 de julho de 2014). «Na Cidade Universitária, praça reúne espécies vegetais de ecossistemas paulistas». Revista Globo Rural. Consultado em 9 de junho de 2020 
  5. a b c Rodrigues, Bruna (13 de março de 2014). «Reforma na Praça mantém exclusivismo». Jornal do Campus. Consultado em 9 de junho de 2020 
  6. «Memória do Campus: Praça do Relógio». Jornal do Campus. 8 de novembro de 2008. Consultado em 9 de junho de 2020 
  7. a b «Tenda Cultural Ortega y Gasset». Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. 14 de março de 2018. Consultado em 9 de junho de 2020 
  8. a b c Oba, Rosana (2006). Universidade de São Paulo, seus reitores e seus símbolos - Um pouco da história. São Paulo: Edusp. p. 118. OCLC 71310725 
  9. a b c d Cristina, Ane (24 de janeiro de 2018). «Você sabe o significado dos desenhos na Torre do Relógio?». Jornal da USP. Consultado em 9 de junho de 2020 
  10. a b c d e f g Lourenço, Maria Cecília França. (1997). Obras escultóricas em espaços externos da USP. São Paulo: Edusp. p. 80. OCLC 254324290 
  11. Reale, Miguel; Motoyama, Shozo (2001). Cidadania e cultura brasileira: homenagem aos 90 anos do professor Miguel Reale. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. p. 13. OCLC 50190179