Proatheris é um género monotípico criado para a espécie de víbora venenosa, Proatheris superciliaris. Trata-se de uma pequena espécie terrestre endémica da África Oriental.[2] Actualmente não se reconhecem subespécies.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaProatheris
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Reptilia
Ordem: Squamata
Subordem: Serpentes
Família: Viperidae
Subfamília: Viperinae
Género: Proatheris
Broadley, 1996
Espécie: P. superciliaris
Nome binomial
Proatheris superciliaris
(W. Peters, 1854)
Sinónimos
  • Proatheris Broadley, 1996[1]

  • Vipera superciliaris
    W. Peters, 1854
  • Bitis superciliaris
    Kramer, 1961
  • Atheris superciliaris
    Marx & Rabb, 1965
  • Proatheris superciliaris
    — Broadley, 1996[1]

Descrição editar

P. superciliaris é uma espécie de pequeno tamanho com comprimento total médio entre 40 e 50 cm, com comprimento máximo de 61 cm. As fêmeas são ligeiramente maiores que os machos. A cabeça é algo alongada e a sua parte mais alta encontra-se coberta com pequenas escamas exceptuando um par de grandes escamas supra-oculares, com comprimento aproximadamente igual ao dobro da sua largura.[4]

Distribuição geográfica editar

Habita na África Oriental. A parte sul da sua área de distribuição começa perto da Beira, no centro de Moçambique, estendendo-se para norte ao longo da Planície de Moçambique até Quissanga, e através do Malawi para norte até às planícies aluviais do sul da Tanzânia no extremo norte do Lago Niassa. A localidade-tipo é "Terra Querimba" (= Quissanga continental em frente à ilha de Quirimba, Moçambique).[1]

A sua área de distribuição está aparentemente centrada na secção mais baixa do rio Zambeze e estende-se pela planície costeira do centro de Moçambique e vale do Chire até ao lago Chilwa e Malawi. Contudo, têm sido encontrados outros espécimes bastante longe desta região, na província de Cabo Delgado no nordeste de Moçambique, e Mwaya no sudoeste da Tanzânia.[2]

Habitat editar

É quase sempre encontrada em pântanos, planícies aluviais e terras usadas para pastagem de gado. O solo nunca é muito seco, uma vez que isto dificultaria a escavação de tocas pelos roedores de que se alimenta. São serpentes totalmente terrestres e normalmente encontradas em ou próximo de tocas destes roedores.[4]

Comportamento editar

Uma das características distintivas do grupo Atheris (do qual Proatheris é um parente muito próximo), é terem cauda prênsil. No caso de Proatheris, os juvenis e subadultos têm esta capacidade, a qual se apresenta diminuída nos adultos.[4]

Alimentação editar

As suas presas são sobretudo pequenos sapos e rãs. Ocasionalmente, também se alimenta de pequenos roedores.[2]

Reprodução editar

Trata-se de uma espécie vivípara, tipicamente com 3 a 16 neonatos.[5]

Veneno editar

O primeiro caso conhecido de um sobrevivente de uma mordedura por esta espécie foi relatado por Els (1988), envolvendo um juvenil de 20 cm e uma vítima de 24 anos de idade penetrada por uma única presa. Os resultados foram dolorosos, mas não ocorreu nenhum dos fortes sintomas hemotóxicos que então se associavam ao veneno de Atheris.[4]

Num segundo caso em 1996, a vítima sofreu hemólise severa e destruição total de plaquetas seguida de falha renal e hepática. Quando se temia que o paciente poderia morrer de síndrome hemolítico-urémica, foi submetido a plasmaferese. Afortunadamente o paciente sobreviveu, mas é agora óbvio que o veneno de P. superciliaris é muito hemotóxico[carece de fontes?].

Taxonomia editar

Esta espécie estava anteriormente colocada no género Atheris com base em características do crânio e devido à sua cauda parcialmente prênsil.[4]

Ver também editar

Referências editar

  1. a b c Mac Diarmid, Roy W.; Campbell, Jonathan A.; Touré, TŚhaka A. (1999). Snake Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference. Volume 1. Washington, DC: The Herpetologists' League. ISBN 978-1-893777-01-9. Consultado em 29 de novembro de 2013 
  2. a b c Spawls S, Branch B. 1995. The Dangerous Snakes of Africa. Dubai: Ralph Curtis Books. Oriental Press. 192 pp. ISBN 0-88359-029-8.
  3. «Proatheris superciliaris» (em inglês). ITIS (www.itis.gov). Consultado em 31 julho de 2006 
  4. a b c d e Mallow D, Ludwig D, Nilson G. 2003. True Vipers: Natural History and Toxinology of Old World Vipers. Malabar, Florida: Krieger Publishing Company. 359 pp. ISBN 0-89464-877-2.
  5. O'Shea, Mark (2008). Venomous Snakes of the World. London, United Kingdom: New Holland Publishers Ltd. 83 páginas. ISBN 1-84773-086-8 

Leitura adicional editar

  • Boulenger, G.A. 1896. Catalogue of the Snakes in the British Museum (Natural History). Volume III., Containing the ... Viperidæ. London: Trustees of the British Museum (Natural History). (Taylor and Francis, printers). xiv + 727 pp. + Plates I.- XXV. (Vipera superciliaris, p. 491).
  • Branch, Bill. 2004. Field Guide to Snakes and Other Reptiles of Southern Africa. Third Revised edition, Second impression. Sanibel Island, Florida: Ralph Curtis Books. 399 pp. ISBN 0-88359-042-5. (Genus Proatheris, p. 119; Proatheris superciliaris, pp. 119–120 + Plate 14).
  • Broadley, D.G. 1996. A review of the tribe Atherini (Serpentes: Viperidae), with descriptions of two new genera. African Journal of Herpetology 45: 40-48. (Genus Proatheris).
  • Els R. 1988. Atheris superciliaris envenomation. J. Herpetol. Assoc. Africa 34: 52.
  • Marais J. 1992. A Complete Guide to the Snakes of Southern Africa. Malabar, Florida: Krieger Publishing. 248 pp.
  • Marx H., Rabb G.B. 1965. Phyletic analysis of fifty characters of advanced snakes. Field Zool. 63: 1-321.
  • Peters, W. 1854. Diagnosen neuer Batrachier, welche zusammen mit der früher (24. Juli und 17. August) gegebenen Übersicht der Schlangen und Eidechsen mitgelheilt werden. Bericht über die zur Bekanntmachung geeigheten Verhandlugen der Königl. Preuss. Akademie der Wissenschaften zu Berlin 1854: 614-628. (Vipera superciliaris, p. 625).
  • Stevens RA. 1973. A report on the lowland viper, Atheris superciliaris from the Lake Chilwa floodplain of Malawi. Arnoldia (Rhodesia) 22: 1-22.

Ligações externas editar

 
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