Projeto Puma
O Projeto Puma é um projeto de pesquisa criado em 1988 para responder a ataques a rebanhos que estavam acontecendo em Santa Catarina na época. Representantes de várias cidades deste estado enviavam pedidos de ajuda à superintendência do IBAMA em Florianópolis. Dois estudantes de biologia da Universidade Federal de Santa Catarina na época se prontificaram a fazer os atendimentos e descobrir qual a espécie que estaria atacando rebanhos domésticos, iniciativa que deu início ao Projeto Puma.
A primeira viagem foi ao Alto Vale do Itajaí, para Rio dos Cedros e Alto Palmeiras. Lá determinou-se que o Puma concolor seria o responsável pelos ataques a rebanhos, e este padrão se repetiu para todo o estado de Santa Catarina, e também no Nordeste do Rio Grande do Sul e Sudeste do Paraná.[1][2]
Resultados
editarO Projeto Puma realizou inúmeras pesquisas sobre o Puma concolor e sua relação com a paisagem. No ano de 1996 o Projeto Puma foi convidado pelo Serviço Florestal da Califórnia a apresentar alguns de seus resultados em San Diego, no conhecido encontro sobre pumas realizado anualmente nos Estados Unidos (Mountain Lion Workshop).[3]
Nos anos de 1999 e 2000, o Projeto Puma instalou-se no Parque Ecológico da Klabin em Telêmaco Borba, como resultado de um aumento nas visualizações do Puma concolor na área, inclusive com a espécie fazendo incursões nas vilas residenciais. A pesquisa foi publicada em um periódico internacional comprovando que os procedimentos da empresa tornaram as florestas mistas de exóticas e nativas como habitat para o Puma concolor e suas presas.[4]
Provavelmente como resultado deste trabalho do Projeto Puma a Klabin batizou suas próximas fábricas como 'Projeto Puma'.
Uma pesquisa marcante foi aquela relacionada com a recolonização do Puma concolor no Brasil, publicado no ano de 2012.[5] Até a década de 1970 houve um corte indiscriminado das florestas Brasileiras, fazendo com que a fauna mais sensível desaparecesse. O início do Projeto Puma, em 1988, foi justamente quando o Puma concolor começou a retomar sua antiga distribuição geográfica. Agora é bem comum até a visualização da espécie, em locais onde havia desaparecido. Mesmo recentemente o Puma concolor tem sido registrado recolonizando áreas onde havia sido extinto.[6]
O ano de 2005 marcou o início de cursos de campo, que logo se transformaram em Pesquisa Cidadã, quando voluntários são treinados para fazer parte das pesquisas.
Nesta fase de trabalhar com Pesquisa Cidadã, o Projeto Puma fez parcerias com várias instituições, entre elas a Universidade do Estado de Nova Iorque (SUNNY OSWEGO) a Biosphere Expeditions, Cybelle Planète e o Instituto Marcos Daniel.
A Biosphere Expeditions tornou-se uma parceria duradoura. Esta instituição conduz expedições com Ciência Cidadã em várias partes do mundo. O Projeto Puma iniciou a parceria com a Biosphere Expeditions em um projeto no Brasil, mais especificamente na Baía de Guaratuba no Paraná.[7] Desde então vários projetos da Biosphere Expeditions foram aperfeiçoados com novas abordagens amostrais e de treinamento de equipe sugeridas pelo Projeto Puma. No ano de 2025 as duas organizações trabalham em parceria para produzir uma pesquisa realizada no Quirguistão com leopardos das neves Panthera uncia.
Referências
- ↑ Mazzolli, Marcelo (1993). «Ocorrência de Puma concolor (Linnaeus) (Felidae, Carnivora) em áreas de vegetação remanescente de Santa Catarina, Brasil». Revista Brasileira de Zoologia: 581–587. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/S0101-81751993000400002. Consultado em 8 de março de 2025
- ↑ Mazzolli, Marcelo; Graipel, Mauricio E.; Dunstone, Nigel (1 de maio de 2002). «Mountain lion depredation in southern Brazil». Biological Conservation (1): 43–51. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/S0006-3207(01)00178-1. Consultado em 8 de março de 2025
- ↑ California Department of Fish and Game (1996). «Proceedings of the 5th Mountain Lion Workshop». Yump. Consultado em 8 de março de 2025
- ↑ Mazzolli, Marcelo (agosto de 2010). «Mosaics of Exotic Forest Plantations and Native Forests as Habitat of Pumas». Environmental Management (em inglês) (2): 237–253. ISSN 0364-152X. doi:10.1007/s00267-010-9528-9. Consultado em 8 de março de 2025
- ↑ Mazzolli, Marcelo (2012). «Natural recolonization and suburban presence of pumas (Puma concolor) in Brazil». Academic Journals. Jornal of Ecology and the Natural Environment. 4: 344-362. Consultado em 8 de março de 2025
- ↑ Pontes, Jorge Antônio Lourenço; Martins, Rafael Andrada de Araújo; Regio, Luiz Eduardo Mendonça; Soares, Mário Luiz Gomes; Chaves, Filipe de Oliveira; Bergallo, Helena Godoy (28 de setembro de 2021). «The reappearance of Puma concolor (Linnaeus, 1771) (Mammalia, Carnivora, Felidae) in the city of Rio de Janeiro, Brazil». Check List (5): 1353–1358. ISSN 1809-127X. doi:10.15560/17.5.1353. Consultado em 10 de março de 2025
- ↑ Mazzolli, Marcelo; Hammer, Matthias Ludwig Alfons (1 de janeiro de 2008). «Qualidade de ambiente para a onça-pintada, puma e jaguatirica na Baía de Guaratuba, Estado do Paraná, utilizando os aplicativos Capture e Presence». Biotemas (2): 105–117. ISSN 2175-7925. doi:10.5007/2175-7925.2008v21n2p105. Consultado em 10 de março de 2025