Projeto de MM Roberto para o Plano Piloto de Brasília

O Projeto de MM Roberto para o Plano Piloto de Brasília foi um dos projetos submetidos ao Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, tendo sido feito pelos irmãos Marcelo e Maurício, do escritório MM Roberto. Foi registrado como o projeto de número 8.[1]

O projeto dos irmãos terminou o concurso, que seria vencido pelo projeto 22 de Lúcio Costa, no terceiro lugar entre 26 propostas submetidas, empatado com a proposta de Rino Levi, Roberto Cerqueira Cesar, Luis Roberto Carvalho Franco e Paulo Fragoso. Ele ainda é estudado por entusiastas das propostas alternativas que existiram para Brasília, devido a sua ênfase social, formato polinuclear do desenho urbano e pouca monumentalidade, o que contrastou com a proposta vencedora.[2]

Antecedentes editar

A transferência da capital federal do Rio de Janeiro para uma nova cidade no Planalto Central havia se tornado a meta-síntese do governo do presidente Juscelino Kubitschek. Tendo vencido as resistências políticas e as burocracias, o presidente pediu a Oscar Niemeyer, seu arquiteto de confiança, que projetasse a nova capital. Entretando, Niemeyer não quis fazer o projeto urbanístico, ficando apenas com os edifícios. Para projetar a cidade, ele sugere a criação de um concurso nacional com a participação do Instituto de Arquitetos do Brasil, o que é aceito por Juscelino.[2]

Assim, em 1956 é anunciado o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, com o edital da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) estabelecendo as regras que incluíam, por exemplo, que a cidade fosse projetada para 500 mil habitantes e a localização da área de cinco mil quilômetros quadrados. 62 concorrentes participaram do concurso, com 26 propostas apresentadas, entre elas as dos dois irmãos Roberto - o terceiro, Milton, tinha falecido em 1953.[2]

Proposta editar

Os irmãos Roberto e sua equipe interdisciplinar de cerca de 40 pessoas projetaram uma cidade bastante detalhada, fato que foi notado pelo júri. Ela previa sete grandes áreas urbanas circulares, que poderiam com o tempo e o aumento populacional virar até catorze - cada área previa até 72 mil habitantes, o que satisfazia a meta de 500 mil pessoas do edital do concurso. Essa ideia ia contra a ideia de aglomeração e de monumentalidade da maioria das outras propostas, contrastando com a proposta que se sagrou vencedora.

O centro desses círculos, chamado pela equipe de core, era o núcleo de comércio, serviços e onde estaria uma parte da administração federal. Esses cores tornariam as áreas circulares praticamente independentes uma da outra. Cada círculo tinha um zoneamento bem definido, com áreas para habitação e comércio e quantas pessoas poderiam estar em cada área. Esse tipo de planejamento rígido era típico da arquitetura moderna, e é visto em outras propostas também.[3]

Críticas editar

Júri editar

O júri considerou o projeto para construção e financiamento da cidade do MM Roberto "prático e realista", e também a proposta mais completa no uso da terra. Porém, criticou as áreas separadas, por, justamente, a separação quebrar as relações de caráter metropolitano.[3]

Willian Holford, um dos membros do júri do concurso, chamou a proposta de "o mais completo e minucioso projeto de urbanismo que lhe fora dado estudar em toda sua vida profissional e de professor"[4]

Outros editar

Em seu livro Milton Braga considerou este "o projeto mais moderno de todos todos no sentido de ser uma cidade completamente definida". Alinhado as críticas que a arquitetura moderna recebeu na segunda metade do século XX, ele coloca que isso não era exatamente bom: "eles indicavam o número de pessoas que trabalharia em cada lugar, em cada bolsão de trabalho e por aí em diante; uma convicção de que a cidade poderia ser totalmente definida como se fosse um grande edifício".[3][5]

Referências editar

  1. «Concurso para o Plano Piloto de Brasília- Escritório MMM Roberto (3° lugar)». Cronologia do Pensamento Urbanístico. Consultado em 22 de julho de 2020 
  2. a b c Tavares, Jeferson (julho de 2007). «50 anos do concurso para Brasília – um breve histórico (1)». vitruvius. Consultado em 22 de julho de 2020 
  3. a b c «Brasília, 55 anos: conheça os projetos que pensaram a capital do país». EBC. 21 de abril de 2015. Consultado em 21 de julho de 2020 
  4. SOUZA, Luiz Felipe Machado Coelho de (2014). Irmãos Roberto Arquitetos. Rio de Janeiro: Rio Books 
  5. Braga, Milton (2010). O Concurso de Brasília. Rio de Janeiro: Cosac e Naify. ISBN 978-8575038963 
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