Raga (rāg (राग) em hindi, rāgaḥ (रागः) em sânscrito, ou ainda rāgam (ராகம்) em tâmil) é como se chamam os modos usados na música clássica indiana. Trata-se de um conjunto de sete svars; nome pelo qual as notas musicais são conhecidas na música clássica indiana. Elas são aplicadas em suas formas "natural", "bemol" ou "sustenido".[1]

O raga é um conceito central na música indiana, predominante em sua expressão. De acordo com Walter Kaufmann, embora seja uma uma característica marcante e importante da música indiana, uma definição de raga não pode ser dada em uma ou duas frases.[2] Raga pode ser descrito, aproximadamente, como uma entidade musical que utiliza entonação de notas, duração relativa e ordem — de maneira similar a como palavras formam frases — para criar uma atmosfera de expressão.[3]

Em alguns casos, certas regras são consideradas obrigatórias; em outros, opcionais. O raga permite flexibilidade: o artista pode depender da simples expressão ou adicionar ornamentações e, ainda assim, expressar a mesma mensagem essencial, evocando, porém, uma diferente intensidade de clima ou espírito.[3] Os ragas costumam ser associados a diferentes momentos do dia.[1]

Um raga não é uma melodia, pois o mesmo raga pode produzir infinitas melodias.[4] Tampouco é uma escala, pois muitos ragas podem ser utilizados na mesma escala.[4][5] Um raga, afirma Bruno Nettl e outros estudiosos da música, é um conceito similar ao de modo, algo entre os domínios da melodia e da escala, melhor concebido como uma "gama única de características melódicas, mapeadas e organizadas para um único sentimento estético no ouvinte".[4] O objetivo de um raga e de seu artista é criar rasa (essência, sentimento, atmosfera) com música, como a dança clássica indiana faz com as artes cênicas. Na tradição indiana, danças clássicas são realizadas com músicas de vários ragas.[6]

Um raga tem um conjunto determinado de notas, organizadas em melodias com temas musicais.[7] Segundo Bruno Nettl, um músico tocando um raga pode, tradicionalmente, usar apenas estas notas, mas ele é livre para enfatizar ou improvisar certos degraus da escala.[7] A tradição indiana sugere, para cada raga, uma certa sequência de notas para que a performance crie um rasa (clima, atmosfera, essência, sentimento interior) que seja único a cada raga. Um raga pode ser escrito numa escala. Teoricamente, milhares de ragas são possíveis dadas cinco ou mais notas, mas, na prática, o tradição indiana clássica se aperfeiçoou e, tipicamente, depende de várias centenas.[7] A maioria dos artistas possui, em seu repertório básico, de quarenta a cinquenta ragas.[8] Na música clássica indiana, raga está intimamente ligado a tala, ou orientação sobre a "divisão do tempo", com cada unidade sendo chamada de matra (batida, e duração entre batidas).[9]

As ragas podem ser classificadas em uma de dez thats, sendo cada that formado por um grande número de ragas e cada um contendo uma raga considerada emblemática daquele that.[1] Uma raga sempre contém uma nota principal, chamada de vadi, e uma nota secundária, chamada de samvadi e normalmente a uma quarta ou quinta de distância.[1]

Algumas ragas' podem incorporar uma nota que não faz parte dele (chamada de vivadi svar), mas sempre com grande cautela para não comprometer a estrutura geral da peça.[1]

Referências

  1. a b c d e The Larousse Encyclopedia of Music 1982, p. 35.
  2. Kaufmann 1968, p. v.
  3. a b van der Meer 2012, pp. 3–5.
  4. a b c Nettl et al. 1998, p. 67.
  5. Martinez 2001, pp. 95–96.
  6. Mehta 1995, pp. xxix, 248.
  7. a b c Nettl 2010.
  8. van der Meer 2012, p. 5.
  9. van der Meer 2012, pp. 6–8.

Bibliografia editar