Raimundo Girão

historiador cearense

Raimundo Girão (Morada Nova, 3 de outubro de 1900 - Fortaleza, 24 de julho de 1988) foi um advogado, historiador, escritor e político brasileiro.[1][2][3]

Raimundo Girão
Raimundo Girão
Nascimento 3 de outubro de 1900
Morada Nova
Morte 24 de julho de 1988 (87 anos)
Fortaleza
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação escritor, advogado, historiador, político
Prêmios
Religião Catolicismo
Página oficial
http://www.raimundogirao.com.br/

Biografia editar

Como homem público, desempenhou as funções de prefeito de Fortaleza, ministro do Tribunal de Contas do Estado do Ceará — de 21 de setembro de 1935 até sua aposentadoria, em 1970 — e secretário de Cultura do estado do Ceará, entre outros.[4]

Como intelectual, deixou uma obra com 54 títulos — entre livros e plaquetas —, versando principalmente sobre a história e a geografia de seu estado, além de ter organizado 12 obras de variados assuntos. Da história do Ceará, que mereceu seu maior interesse e empenho, foi um dos mais profícuos intérpretes. Seus estudos e escritos abrangem, também, o direito, a geografia, a economia, a antropologia, a literatura, a filologia, a genealogia, a memorialística e a ensaística.[5][6]

Filho de Luís Carneiro de Sousa Girão e Celina Cavalcanti, nasceu na fazenda Palestina, do Município de Morada Nova, perto três quilômetros da cidade sede municipal, no dia 3 de outubro de 1900, uma quarta feira. Aos cinco anos de idade, com os pais, mudou se para Maranguape, cidade em que permaneceu ate 1913 e teve a oportunidade de fazer os primeiros estudos frequentando a escola pública dirigida pela professora Ana de Oliveira Cabral (D. Naninha) e o colégio particular do prof. Henrique Chaves. Em novembro de 1913, transferiu-se para Fortaleza, passando a frequentar o colégio Colombo, do prof. Manuel Leiria de Andrade, e em seguida matriculou se no Liceu do Ceará, no qual tirou os necessários preparatórios (1919). No ano seguinte, matriculou se na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, cujo curso concluiu com êxito, colando grau de Bacharel no dia 8 de dezembro de 1924.

Casou-se com Maria Gaspar Brasil em 27 de novembro de 1926. Nessa mesma faculdade, doutorou se em 1936, sendo aluno laureado. Advogado nos auditórios do Estado, quando em 1932 é chamado para exercer as funções do cargo de Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (Secretaria Única) para a 14 de dezembro desse ano receber a nomeação de Prefeito Municipal interino. Efetivou se no cargo no dia 19 de abril de 1933 e o exerceu até 5 de setembro de 1934, dedicando todos os seus empenhos a experiências aos interesses administrativos da Capital cearense.[7]

Carreira política editar

No ano seguinte, por ato governamental de 21 de setembro, foi nomeado sem que o pleiteasse, Ministro do Tribunal de Contas do Estado do Ceará, criado pelo Dec. n° 124, do dia 20 de setembro de 1935, anterior, do Governador Francisco Menezes Pimentel. Nesse governo, foi distinguido com várias e importantes Comissões, inclusive a Comissão que representou o Ceará nas Conferências de Assuntos Econômicos e Fazendários, a primeira reunida no Rio de Janeiro (1940) e a segunda em Salvador (Bahia, 1940). Outra Comissão, de alta significação, de que fez parte foi a encarregada de elaborar o Projeto de Estatuto dos Funcionários do Estado (1942). Nomeado em 2 de março de 1946 Livre Docente da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará, na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas. Em 1949, como representante do Estado do Ceará e do Instituto do Ceará (para o qual entrara como Sócio Efetivo em 1941 e do qual foi Presidente de Honra e recebeu, post mortem, o título de Sócio Benemérito), participou do I Congresso Histórico do Estado da Bahia, comemorativo do 4° Centenário de Fundação da Cidade de Salvador, realizado nos dias 18 a 30 de março.[8]

Quando Prefeito Municipal (1933-34) teve a oportunidade de concorrer para a instalação do primeiro Rotary Club de Fortaleza, o qual por duas vezes presidiu. De caráter rotário, tomou parte, além de outras, da Comissão Distrital de Manaus (1951), demorando se algum tempo na Amazônia para sentir melhor as belezas da Hileia (Manaus). Duas vezes mais esteve naquela maravilhosa região. Em 1952, é nomeado presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, ao qual já servira como Conselheiro desde 1935. Foi Mordomo da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Com o prof. Mozart Soriano Aderaldo participou do congresso comemorativo do Tricentenário da Restauração Pernambucana, realizado no Recife em julho de 1954. Foi um dos fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará, hoje conhecida como Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceará. Nomeado em 9 de janeiro de 1960 Secretário Municipal de Urbanismo, de cuja Pasta foi o primeiro titular, pois foi ela criada por sugestão sua. Nomeado, por Ato de 3 de outubro desse ano, recebeu a nomeação como primeiro titular da Secretaria de Cultura do Ceará (1966-1971), pasta criada com o desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em consequência de trabalho seu, constante e cuidadoso, adotado pelo Governo do Estado. Presidiu a Academia Cearense de Letras, no biênio 1957/1958, na qual ocupava a Cadeira n° 21 de que é Patrono José de Alencar. Em 1985 foi aclamado "Presidente de Honra" e, posteriormente, eleito sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História, tendo ocupado a Cadeira de n° 22, patroneada pelo romancista Franklin Távora.[9][10][11]

Recebeu Raimundo Girão em vida, e mesmo in memoriam um grande número de honrarias, representadas por medalhas, troféus, títulos honoríficos e outras condecorações. A sua bibliografia é alentada: legou-nos 54 títulos entre livros e plaquetas, além de ter organizado 12 volumes de variados assuntos. Prefaciou 19 livros de terceiros. Sua colaboração em periódicos – jornais e revistas- alcançou a quase cinco dezenas, entre artigos, crônicas e entrevistas.[12][13][14][15][16]

Em enquete promovida pela TV Cidade, de Fortaleza, no ano de 1987, foi consagrado como um dos vinte maiores cearenses de todos os tempos.[17][18][19][20][21]

Faleceu em 24 de julho de 1988, nesta Capital. Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães, por decreto, prestou lhe expressiva homenagem, mudando a denominação da Avenida Aquidabã para Avenida Historiador Raimundo Girão. Casou se pela primeira vez com Maria Monteiro de Lima, que veio a falecer em 19 de novembro de 1925, sem filhos. Era filha de Manuel Gonçalves de Lima e Maria do Carmo Monteiro. O segundo casamento deu se em 27 de novembro de 1926 com Maria Gaspar Brasil (Marizot), nascida em 18 de março de 1910, em Fortaleza, filha de Prudente do Nascimento Brasil e Inês de Moura Gaspar. Do casal nasceram dez filhos, que se multiplicaram em trinta a um netos e quarenta e três bisnetos.

Obras[22] editar

  • História Econômica do Ceará. (1947).[23]
  • Pequena História do Ceará. (1984).[24]
  • A Abolição no Ceará. (1956).
  • Evolução Histórica Cearense. (1986),[25]
  • Geografia Estética de Fortaleza. (1959).
  • Matias Beck - Fundador de Fortaleza. (1961).
  • Municípios de Ceará e seus Distritos. (1983).
  • Palestina, uma agulha e as saudades (memórias). (1972).[26]
  • História da Faculdade de Direito do Ceará. (1960).[27]
  • Famílias de Fortaleza (apontamentos genealógicos). (1975).

Homenagens editar

  • Uma Avenida em Fortaleza recebeu o nome do político.[28]

Referências

  1. «Academia Cearense de Letras - Site oficial - A Antologia da ACL». www.ceara.pro.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  2. «Academia Cearense de Letras - Site oficial - A Antologia da ACL». www.academiacearensedeletras.org.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  3. Administrator. «Depoimentos sobre algumas obras de Raimundo Girão». www.raimundogirao.com.br (em inglês). Consultado em 23 de agosto de 2018 
  4. «Revista do Instituto do Ceará (HISTÓRICO, GEOGRÁFICO E ANTROPOLÓGICO) - PDF». docplayer.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  5. Filho, José Ernesto Pimentel. «A Aristocratição Provinciana em Fortaleza (1840 - 1890)» (PDF). UFPE - Departamento de História 
  6. Marques, Janote Pires. «FESTAS DE NEGROS EM FORTALEZA: territórios, sociabilidades e reelaborações (1871-1900)» (em inglês) 
  7. «Cronologia de Fortaleza». Arquivo Nirez. Arquivado do original em 21 de agosto de 2018 
  8. «O Estado - 1954» (PDF) 
  9. «Academia Cearense de Letras». www.fortalezaemfotos.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  10. «Sobre». ACLJUR 
  11. «História da ACL» (PDF). rl.art.br/ 
  12. Chuva, Márcia (10 de setembro de 2012). Patrimônio cultural. [S.l.]: Mauad Editora Ltda. ISBN 9788574784960 
  13. «ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS». biblioteca.link. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  14. «Revista Diversitas» (PDF). diversitas.fflch.usp.br 
  15. Girão, Raimundo (1977). Bichos cearenses na obra de Alencar. [S.l.]: Imprensa Universitária do Ceará 
  16. Girão, Raimundo (1986). A marcha do povoamento do Vale do Jaguaribe (1600-1700). [S.l.: s.n.] 
  17. «Fran Martins centenário | O POVO». www20.opovo.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 
  18. Girão, Raimundo (1950). Três gerações: ensaios. [S.l.]: Edições Revista Clã 
  19. Girão, Raimundo; Sousa, Maria da Conceição (1987). Dicionário da literatura cearense. [S.l.]: Impr. Oficial do Ceará 
  20. Girão, Raimundo (1966). Ecologia de um poema. [S.l.: s.n.] 
  21. Girão, Raimundo (1967). Vocabulário popular cearense. [S.l.]: Imprensa Universitária do Ceará 
  22. Girão, Raimundo (1984). Abolição no Ceará. Ceará: Secretaria de Cultura e Desporto. pp. 7–9 
  23. Girão, Raimundo (1947). História económica do Ceará. [S.l.]: Editora "Instituto do Ceará," 
  24. Girão, Raimundo (1984). Pequena história do Ceará. [S.l.]: Universidade Federal do Ceará 
  25. Girão, Raimundo (1986). Evolução histórica cearense. [S.l.]: Banco do Nordeste do Brasil S.A., Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste 
  26. Girão, Raimundo (1972). Palestina, uma agulha e as saudades. [S.l.: s.n.] 
  27. Girão, Raimundo (1960). História da Faculdade de Direito do Ceará. [S.l.]: Imprensa Universitária do Ceará 
  28. «Busca CEP Avenida Historiador Raimundo Girao no Ceará - CE». www.achecep.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2018 

Bibliografia editar

  • CHAVES JÚNIOR, Eurípedes. Raimundo Girão – Polígrafo e Homem Público. Fortaleza: Stylus Comunicações 1986. 184 p.
  • CHAVES JÚNIOR, Eurípedes e Valdelice Carneiro Girão. Raimundo Girão – o Homem (1900-2000). Fortaleza: Editora Gráfica LCR, 2000. 257 p.
  • GIRÃO, Célio. Meu Pai, uma Agulha e as Saudades. Fortaleza: Tipografia Minerva, 1989. 10 p.
  • GIRÃO, Célvio Brasil, (Org) Memória do Sítio Passaré. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2008 Ilustrada. 401 p.
  • MARTINS FILHO, Antônio. Raimundo Girão – As Origens do Nosso Relacionamento. Fortaleza: Imprensa Universitária da UFC, 1988. 15 p. Ilustrada.

Ligações externas editar

  Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.

Precedido por
Mário Rômulo Linhares
  6º Presidente da
Academia Cearense de Letras

1952 — 1954
Sucedido por
Andrade Furtado