O tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) é uma espécie de ave passeriforme da família dos traupídeos pertencente ao gênero Ramphocelus, é endêmica do leste do Brasil e do extremo nordeste da Argentina (Misiones).[3][4][2] Também conhecido popularmente como sangue-de-boi, canário-baêta, xau-baêta, tapiranga, brasil, prebiquim, tiê-berne, tiê-fogo, tiê-piranga, tiê-sangue-do-centro e tiê-vermelho)[2][3][5] Na taxonomia de Sibley-Ahlquist é colocado entre os fringilídeos.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaTiê-sangue
Fotografia de um tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) macho, em Cananéia, São Paulo.
Fotografia de um tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) macho, em Cananéia, São Paulo.
Ilustração de um tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) fêmea (1841), por William Swainson.
Ilustração de um tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) fêmea (1841), por William Swainson.
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1)
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Metazoa
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Infrafilo: Gnathostomata
Superclasse: Tetrapoda
Classe: Aves
Subclasse: Neognathae
Ordem: Passeriformes
Família: Thraupidae
Género: Ramphocelus
Espécie: R. bresilius
Nome binomial
Ramphocelus bresilius
(Linnaeus, 1766)[1][2]
Fotografia de um tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) macho.
Distribuição geográfica
As florestas e áreas costeiras das regiões de Mata Atlântica, ao leste do Brasil, são o habitat do tiê-sangue (Ramphocelus bresilius).
As florestas e áreas costeiras das regiões de Mata Atlântica, ao leste do Brasil, são o habitat do tiê-sangue (Ramphocelus bresilius).
Subespécies
  • R. bresilius bresilius
  • R. bresilius dorsalis
Sinónimos
  • Tanagra bresilia (protônimo)
  • Ramphocelus bresilia (Linnaeus, 1766)

É um pássaro endêmico de florestas de Mata Atlântica, mangues, restingas e habitats moderadamente antrópicos da região oriental do Brasil, do estado do Rio Grande do Norte até Santa Catarina; mais frequente em áreas costeiras arborizadas e capoeiras até altitudes de 1.000 m.[1][6][7] Possui uma população isolada no extremo nordeste da Argentina, na província de Misiones.[2] Foi classificada em 1766, por Carolus Linnaeus, sendo considerada a ave símbolo da Mata Atlântica e uma das mais espetaculares do mundo por sua plumagem vermelha, no macho[1][2][6][7]; listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie pouco preocupante.[4] De acordo com Hilty (2016) ela mede entre 18 e 19 centímetros de comprimento e pesa entre 27.9 e 35.5 gramas. Sua denominação binomial, Ramphocelus bresilius, significa "pássaro brasileiro com bico côncavo".[1]

Descrição editar

Este pássaro apresenta grande dimorfismo sexual. No macho ocorre a predominância de penas de cor vermelha intensa, contrastando com suas asas e retrizes em negro e adquiridas no segundo ano de vida; sendo dotados de um bico pontudo e negro em sua área superior, com 2/3 em branco, em uma área que parece calosa, na base da mandíbula inferior. Olhos vermelho-escurecidos.[6][7][8]

A fêmea e o macho imaturo apresentam as penas de coloração bem mais discreta, sendo castanho-acinzentados na região da cabeça e cobertura das asas, na cauda e na garganta; com o ventre de coloração alaranjada. Macho com bico negro, não castanho como na fêmea.[6][7]

Vocalização editar

A vocalização de chamada (ou advertência) é constituída por sons como "jep", "jip", "ist", "sst-sst", ou um "tchiip" forte, ao se alimentar. O canto é um gorjear melodioso e trissilábico, "djüle-djüle-djüle", que costuma ser repetido sem pressa. Às vezes, alguns indivíduos vocalizam juntos num pairar rouco e rápido.[1][6][7]

Nidificação e reprodução editar

A fêmea coloca de 2 a 3 ovos de um tom verde-azulado e brilhoso, com algumas manchas pretas, os chocando por 13 dias. O material utilizado para a confecção do ninho em formato de um cesto é composto por fibras vegetais de palmeira, sisal, coco ou capim. A incubação é de total responsabilidade da fêmea, num período médio de 13 dias; porém, quando os filhotes nascem, o macho ajuda na sua alimentação até que tornem-se independentes, em aproximadamente 35 dias.[1] Cria frequentemente os filhotes de chupim ou vira-bosta (Molothrus bonariensis).[6] Durante o acasalamento, os machos costumam levantar a cabeça verticalmente, exibindo ao máximo a base reluzente de sua mandíbula, para assim atrair a fêmea.[1]

Alimentação editar

Nos bosques tropicais onde habita, o tiê-sangue se alimenta de frutos e invertebrados, incluindo pitangas, bananas e os frutos da embaúba e da fruta-do-sabiá ou marianeira (Acnistus arborescens).[1][7][9]

Subespécies editar

R. bresilius possui duas subespécies:

  • Ramphocelus bresilius bresilius (Linnaeus, 1766) - ocorrendo na Mata Atlântica do Nordeste, do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia e apresentando o dorso vermelho brilhante, sem estrias negras.
  • Ramphocelus bresilius dorsalis (P. L. Sclater, 1855) - ocorrendo na Mata Atlântica do Sudeste e Sul, do Rio de Janeiro até Santa Catarina e apresentando no dorso um vermelho mais escuro e estriado do que a subespécie nominal.[1]

Etimologia editar

"Tiê" e "tié" se originaram do tupi ti'ê.[10] "Baeta" é um tecido felpudo de .[11] "Tapiranga" veio do tupi tapi'rãga, "plumagem-vermelha".[12] "Tiê-piranga" veio do termo tupi para "tiê-vermelho".[13]

Referências

  1. a b c d e f g h i «Tiê-sangue». WikiAves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. 1 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  2. a b c d e «Tiê-sangue Ramphocelus bresilius (Linnaeus, 1766)» (em inglês). Avibase - The World Bird Database. 1 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  3. a b ANDRADE, Gabriel Augusto de (1985). Nomes Populares das Aves do Brasil. Belo Horizonte: Editerra Editorial. p. 232. 258 páginas 
  4. a b IUCN. «Brazilian Tanager Ramphocelus bresilius» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  5. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1545-1546. 1838 páginas 
  6. a b c d e f SICK, Helmut (1997). Ornitologia Brasileira 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 742. 912 páginas 
  7. a b c d e f RIDGELY, Robert S.; GWYNNE, John A.; TUDOR, Guy; ARGEL, Martha (2015). Aves do Brasil. Mata Atlântica do Sudeste 1ª ed. São Paulo: Editora Horizonte. p. 356-357. 418 páginas 
  8. Marcio, Claudio (18 de julho de 2011). «Tiê-sangue - Brazilian Tanager (Ramphocelus bresilius. Flickr. 1 páginas. Consultado em 29 de abril de 2019 
  9. DESCOURTILZ, J. Th. (1983). História Natural das Aves do Brasil. Ornitologia Brasileira. Col. Vis Mea In Labore, volume 4. 2ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia. p. 133. 224 páginas 
  10. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.1675.).
  11. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.218.).
  12. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.1649.).
  13. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda (Op. cit., p.1336.).