Raul Carlos Briquet

médico, pesquisador e professor universitário brasileiro

Raul Carlos Briquet (Limeira, 8 de fevereiro de 1887São Paulo, 5 de setembro de 1953) foi um médico, psicólogo, pesquisador e professor universitário brasileiro.

Raul Carlos Briquet
Conhecido(a) por um dos pioneiros da Escola Nova e no ensino da Psicologia Social no Brasil
Nascimento 8 de fevereiro de 1887
Limeira, SP
Morte 5 de setembro de 1953 (66 anos)
São Paulo, SP
Residência Brasil
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Cecília da Silva Briquet
Alma mater
Instituições
Campo(s) Sociologia e ciência política
Tese Da Psychophysiologia e Pathologia Musicaes (1911)

Médico e professor, Raul foi um dos pioneiros do ensino da Psicologia Social no Brasil. Formado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, dedicou-se à Ginecologia e Obstetrícia.

Biografia editar

Raul nasceu na cidade de Limeira, no interior de São Paulo, em 1887. Era filho do engenheiro francês Edouard L. Briquet[1] e de Ana Rosa Constança Baumgart Briquet. Raul era o quarto filho do casal e seus outros três irmãos se chamavam Estela, Luis e Marinho. Sua mãe tivera uma educação bastante refinada para a época e assim Raul teve acesso a várias áreas de conhecimento enquanto crescia como medicina, psicologia, filosofia, educação e artes.[2]

Raul estudou no Instituto de Ciências e Letras de São Paulo (depois incorporado à Universidade de São Paulo) e na Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro (depois incorporada à Universidade Federal do Rio de Janeiro), diplomando-se em 1911. Ao concluir o curso, retornou a São Paulo, onde se especializou em ginecologia e obstetrícia.[2]

Carreira editar

Tornou-se médico da Maternidade de São Paulo, onde atendia mil gestantes ao ano. Dividia seu tempo entre a prática da medicina e a pesquisa científica. Interessou-se pelo estudo de diagnóstico da gravidez, o que o levou a estudar o método diagnóstico desenvolvido por Emil Abderhalden, com o próprio autor. Como resultado, publicou em 1914 “Diagnóstico da Gravidez pela Diályse-reacção de Abderhalden”.[2]

Em 1925, prestou concurso na Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, onde assumiu a cátedra de clínica obstétrica e puericultura neonatal. Pioneiro do ensino da enfermagem, interessou-se pela formação de profissionais que auxiliassem o obstetra nos partos. Assim surgiria a escola de obstetrizes a fim de melhor atender o preparo das parteiras.[2]

Com Francisco Franco da Rocha, Durval Marcondes e Lourenço Filho, participou da criação da Sociedade Brasileira de Psicanálise em 1927, primeira entidade associativa dos psicanalistas brasileiros, tendo sido seu vice-presidente. Com a criação da Universidade de São Paulo em 1934, Raul assumiu a cátedra clínica obstétrica e puericultura neonatal e também fez parte do conselho universitário. Em 1931, publicou o livro Elementos de Enfermagem e, no ano seguinte, publicou Obstetrícia Operatória. Em 1939 publicou Obstetrícia Normal, que teve várias edições em 1970, 1981 e 1987.[2][3]

Em 1943 foi diretor-geral dos cursos de enfermagem e socorros de guerra da II Região Militar, onde pode organizar a publicação do livro Manual da Socorrista de Guerra, material que definiu as atribuições de socorrista. Em 1944 publicou Lições de Anestesiologia. Raul também abriu uma escola de obstetrícia em São Paulo, onde orientou vários trabalhos e estudantes na área. Foi um dos pioneiros na assistência ao recém-nascido em berçários. Foi um ferrenho crítico ao uso de fórceps nos partos e combatia a espera prolongada sem assistência à gestante, o que poderia levar a danos cerebrais ao bebê.[2][3]

No começo dos anos 1930, Raul e outros intelectuais da época, participaram da criação da Sociedade Paulista de Filosofia e Letras. Participou também da criação da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, em 1933. Foi convidado para a aula inaugural da recém-criada cátedra de psicologia social, o primeiro curso em nível superior dessa matéria no Brasil. Seu livro Psicologia Social, publicado em 1935 e resultado de suas aulas no curso de psicologia, foi a primeira obra nessa área no país.[2][3]

Raul foi um dos pioneiros da Escola Nova, tendo sido assinante do “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” (1932), considerado um dos mais importantes documentos educacionais brasileiros. Sua atuação na área levou à sua posse na Academia Paulista de Letras, ocupando a cadeira de número 38, cujo patrono é Navarro de Andrade.[2][4]

Morte editar

Raul já estava acamado há vários dias quando faleceu em 5 de setembro de 1953, em São Paulo, aos 66 anos.[2]

Homenagem editar

Em virtude de sua contribuição à psicologia, particularmente de forma pioneira à psicologia social, Briquet foi eleito, por unanimidade, patrono da cadeira de núemro 12 da Academia Paulista de Psicologia.[2]

Referências

  1. «Raul Briquet». Psicologia: Ciência e Profissão: 168–168. Março de 2005. ISSN 1414-9893. doi:10.1590/S1414-98932005000100013. Consultado em 13 de janeiro de 2024 
  2. a b c d e f g h i j Helio Begliomini (ed.). «Biografia de Raul Carlos Briquet» (PDF). Academia de Medicina do Estado de São Paulo. Consultado em 20 de junho de 2021 
  3. a b c Marilene Proença Rebello de Souza, ed. (2005). «Raul Briquet». Psicologia: ciência e profissão. 25 (1). doi:10.1590/S1414-98932005000100013. Consultado em 20 de junho de 2021 
  4. Regina Helena de Freitas (ed.). «Raul Carlos BRIQUET (1887 - 1953)». Educativa - Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. doi:10.18224/educ.v16i1. Consultado em 20 de junho de 2021