Afonso Henriques

Rei de Portugal (1143–1185)
(Redirecionado de Rei D. Afonso Henriques)
 Nota: Para o nobre castelhano do século XIV, veja Afonso Henriques, conde de Gijón e Noronha.

D. Afonso Henriques, (c. 1106, 1109 ou 1111 – 6 de dezembro de 1185), cognominado de "Conquistador" e "Rei Fundador", foi o primeiro Rei de Portugal. Passa a intitular-se "Rei dos Portugueses" a partir de 1139 e reinou de jure a partir de 5 de outubro de 1143, com a celebração do Tratado de Zamora, até à sua morte.[1] O seu papel de soberano é outorgado com a Bula pontifícia Manifestis Probatum de 23 de maio de 1179.[2] Anteriormente foi Conde de Portucale, de 1112 até à sua independência do Reino de Leão. Era filho de Henrique, Conde de Portucale e sua esposa Teresa de Leão, que, à morte do conde Henrique, "ascende rapidamente ao governo do condado, o que confirma o carácter hereditário que o mesmo possuía".[3]

D. Afonso Henriques
Afonso Henriques
Conde de Portucale
Reinado 12 de maio de 1112
a 4 de outubro de 1143
Antecessor(a) Conde D. Henrique e Teresa de Leão
Rei de Portugal
Reinado 5 de outubro de 1143
a 6 de dezembro de 1185
Aclamação 5 de outubro de 1143
Sucessor(a) Sancho I
 
Nascimento c. 1106, 1109 ou 1111
  Condado Portucalense
Morte 6 de dezembro de 1185 (73–79 anos)
  Coimbra, Portugal
Sepultado em Mosteiro de Santa Cruz, Coimbra
Cônjuge Mafalda de Saboia
Descendência Henrique, herdeiro de Portugal
Urraca, Rainha de Leão
Teresa, Condessa da Flandres
Mafalda de Portugal
Sancho I de Portugal
João de Portugal
Sancha de Portugal
Casa Borgonha
Pai Henrique, conde de Portucale
Mãe Teresa de Leão
Religião catolicismo

Após a morte do pai em 1112, Afonso tomou uma posição política oposta à de sua mãe, que se aliara ao nobre galego Fernão Peres de Trava. Pretendendo assegurar o domínio do condado armou-se cavaleiro e após vencer a sua mãe na batalha de São Mamede, em 1128, assumiu o governo.[4] Concentrou então os esforços em obter o reconhecimento como reino. Em 1139, depois da vitória na batalha de Ourique contra um contingente mouro, D. Afonso Henriques proclamou-se a partir de 1140 Rei dos Portugueses, depois de aclamado[5] pelos seus seguidores, sendo reconhecida a sua independência do Reino de Leão com o Tratado de Zamora. A independência portuguesa foi outorgada em 1179 pelo papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum e atribuído o título de rex (rei).[4]

Com o apoio de cruzados do norte da Europa conquistou Lisboa em 1147. Com a pacificação interna prosseguiu as conquistas aos mouros, empurrando as fronteiras para sul, desde Leiria ao Alentejo, mais que duplicando o território que herdara. Os muçulmanos chamaram-lhe ibne Arrique ("filho de Henrique", tradução literal do patronímico Henriques)[6] ou Bortucali ("o Português").

Vida editar

Primeiros anos editar

Afonso Henriques era filho de D. Henrique de Borgonha que era neto do rei Roberto II de França e de D. Teresa, infanta de Leão, filha ilegítima do rei Afonso VI de Leão, a quem este doara o condado de Portucale pelo casamento. A data e local do seu nascimento mantém-se uma incógnita até hoje.

Nos dias de hoje, a data que reúne maior consenso aponta para o verão de 1109. Alguns autores defendem Viseu como local de nascimento de D. Afonso Henriques, dado a mãe estar documentada nessa povoação por volta desse ano,[7] e ainda a probabilidade de ter nascido em Agosto[8][9] enquanto outros autores, baseando-se em documentos que remontam ao século XIII referem a data de 25 de Julho do mesmo ano. No entanto, já foram defendidas outras datas e locais para o nascimento do primeiro rei de Portugal, como o ano de 1106 ou de 1111 (hipótese avançada por Alexandre Herculano após a sua leitura da Crónica dos Godos)[nota 1].[10] Tradicionalmente, acredita-se que terá nascido e sido criado em Guimarães, onde viveu até 1128.[nota 2] Outros autores, ainda, referem Coimbra como local provável para o seu nascimento.[12][13][14] O local de batismo também se encontra em discussão: tradicionalmente o local é apontado como sendo na Igreja de São Miguel do Castelo, em Guimarães, no entanto há duvidas por causa da datação da consagração da Igreja, feita em 1239. Há quem defenda a Sé de Braga como o local onde foi batizado pelo Arcebispo São Geraldo.[15][16]

A educação do infante editar

Afonso foi entregue pelos pais, como prova de confiança, a um poderoso magnate, Egas Moniz IV de Ribadouro, que o deveria educar. Egas Moniz acolheu Afonso nas suas quintas de Cresconhe e Britiande,[17] recebendo, por esta tarefa, o epíteto O Aio. Existe mesmo especulação sobre a possibilidade de ter sido na verdade filho deste seu aio.[18][nota 3]

O infante ia crescendo em idade e boa índole por educação de Egas Moniz. O nobiliário medieval do conde D. Pedro, quando se refere a Lourenço, filho primogénito de Egas, não deixa de mencionar que este Lourenço Viegas foi o que amou muito el-rei D. Afonso, primeiro rei de Portugal, não o chamava senão irmão, porque o criara seu pai Egas Moniz, destacando a intimidade e afeto que gozou da parte de Afonso Henriques.[20] A criação de Afonso Henriques foi também motivo provável para que Afonso, filho segundo do Aio, que cresceu também com o infante e sendo provavelmente mais novo que ele, ficasse precisamente conhecido como O Moço para o distinguir de Afonso Henriques.[21]

Contexto político do Condado Portucalense, 1112-1127 editar

 
Teresa de Leão, mãe de Afonso Henriques, condessa-rainha de Portugal, representada num manuscrito do mosteiro galego de Toxosoutos

Afonso ficara órfão de pai com apenas três anos (provavelmente pois a data de nascimento é disputada). De facto, o pai do infante faleceu em Astorga, a 12 de maio de 1112. Como sucessora natural do marido e sua co-governante desde a sua criação em 1096, Teresa comandava sozinha os destinos do Condado Portucalense. Uma das suas mais importantes ambições era ver reconhecido o seu estatuto como legítima herdeira de seu pai, Afonso VI de Leão (como aliás a sua irmã Urraca de Leão). Para isso revoltou-se várias vezes contra a sua irmã e empreendeu grandes conquistas para leste, chegando inclusive a intitular-se Rainha de Portugal, por direito próprio, a partir de 1116, sendo reconhecida como tal pelo Papa Pascoal II, pela sua irmã, Urraca de Leão e, posteriormente, por seu sobrinho Afonso VII de Leão. Assinou mesmo como Ego regina Taresia de Portugal regis Ildefonssis filia.[22][23]

Porém, por morte de Urraca de Leão em 1126, sucede-lhe no trono Afonso VII, o qual readopta o título de imperador de toda a Hispânia do avô, deste modo procurando a vassalagem dos restantes estados peninsulares, incluindo entre eles também o Condado Portucalense, que há muito demonstrava tendências autonomistas.

No Condado, a entrada de dois irmãos, magnates galegos, Bermudo Peres de Trava e Fernão Peres de Trava, viria a perturbar a já frágil estabilidade que Teresa até então tinha conseguido promover. Seriam provavelmente interventores dos dirigentes galegos Pedro Froilaz de Trava (pai dos dois magnates) e Diego Gelmírez, Arcebispo de Santiago, que estavam interessados em travar a ação da Rainha de Portugal, que, se até então se batera ferozmente, começou a deixar-se enredar no ardil.[17] De facto, a influência que os irmãos Trava exerceram na rainha de Portugal foi forte o suficiente para afastar inclusive o aio de Afonso Henriques dos seus cargos governativos em importantes cidades como Coimbra e Lamego, que são entregues aos galegos.[17]

As primeiras incitações à revolta, 1120-1128 editar

É desta forma compreensível que Egas Moniz começasse a não ver com bons olhos os dois galegos e muito menos o mau governo que Teresa começara a protagonizar: Fernão Peres de Trava chegava inclusive a surgir na documentação como príncipe consorte (o que não era). Assim, como um dos principais lesados das más decisões que a rainha começava a tomar, terá sido o responsável pelas primeiras agitações tumultuosas da nobreza. Esta submissão de Teresa levava Egas Moniz, cabeça da irrequieta nobreza portucalense e guardião do futuro de Portugal, agora ameaçado, na pessoa do infante, a colocar todas as esperanças no seu protegido.

Provavelmente por esta altura, Afonso terá possivelmente começado a notar algo diferente no seu educador, que provavelmente o ia informando dos cada vez maiores problemas que a corte condal enfrentava. Amiúde lhe deve ter pintado a sujeição em que Portugal ia recuando no caminho da libertação quase conseguida, a dependência cada vez maior dos galegos a que Portugal se sujeitava na pessoa da sua rainha. O infante que Egas criara e agora incitava à revolta, apesar da ainda curta idade, era, desta forma, também afetado pela vinda dos magnates galegos, que lhe passaram a ser apresentados como os seus inimigos e os que mais ameaçavam a sua herança.

Por volta de 1120, com cerca de onze anos, Afonso abandona os paços do seu Aio para se juntar à corte condal, onde confirma documentação com a mãe até 1127, em posição superior a Fernão Peres de Trava.[24]

Com a influência acrescida do arcebispo de Braga D. Paio Mendes, Afonso tomou, provavelmente pela primeira vez, uma posição política oposta à da mãe, cada vez mais influenciada pelos Travas, que pretendiam tomar a soberania do espaço galaico-português. O arcebispo, forçado a sair do Condado, levou consigo o infante. No dia de Pentecostes de 1125 armou-se cavaleiro na Catedral de Zamora.[25]

Afonso Henriques mostrou mais abertamente a sua rebeldia contra a mãe a partir dos inícios de dezembro de 1127, na carta de couto à ermida de S. Vicente de Fragoso; em maio do ano seguinte, Egas Moniz volta a apoiar novas rebeldias do seu pupilo (como o foral a Constantim de Panoias, e talvez a doação de Dornelas à Ordem do Hospital), tendo anteriormente, por exigência de situações delicadas dos rebeldes, levado o pupilo a reconciliações fingidas com a mãe.[17]

Este acto constituía simbolicamente o seu primeiro gesto de emancipação e de oposição aos ricos-homens que apoiavam a causa de D. Teresa, subordinada à política do bispo Gelmirez de Santiago e dos poderosos Travas.[26]

A Batalha de São Mamede, 1128 editar

 Ver também: Batalha de São Mamede
 
O Castelo de Guimarães

Entretanto, novos incidentes provocaram a invasão do Condado Portucalense por Afonso VII de Leão que, em Setembro de 1127, cercou Guimarães,[26] onde se encontrava Afonso Henriques, por este se recusar a prestar-lhe homenagem aquando da coroação.[4] Prometida a lealdade do infante pelo seu aio Egas Moniz, Afonso VII desistiu de conquistar a cidade.

A mais flagrante das investidas contra a suserania leonesa dá-se em março (ou inícios de abril) de 1128, forçada pela vinda a Portugal do Imperador Afonso VII em pessoa. Este havia preparado a sua viagem pré-nupcial a Barcelona por mar, para se casar, e desejara uma solução pacífica para o conflito português. Partiu, assim, para o seu destino, do qual não regressaria antes de novembro de 1128, uma vez que entre Barcelona e Leão-Castela se encontrava Aragão, governado pelo padrasto e um dos seus maiores adversários, Afonso O Batalhador.[17]

Os rebeldes aproveitam a ocasião: em maio, estão com o infante e o seu aio em rebeldia definitiva contra a rainha Teresa e os galegos. Egas terá mesmo levantado gentes de armas nos seus próprios domínios, com as quais interviria na batalha, que se trava junto ao Castelo de Guimarães, o foco dos revoltosos, no dia de S. João de 1128, batalha que ficaria conhecida como a célebre Batalha de São Mamede.[27] Algumas fontes referem que o infante teria sido batido, e ia fugindo dos campos quando encontra Egas Moniz à testa das suas gentes de armas: ambos vão sobre os “estrangeiros”, que dizem “indignos”, e “esmagam-nos”. Após a ação, Egas acompanha o infante, submetendo resistências a sul do Douro.[17] Esta vitória consagrou a sua autoridade no território portucalense, levando-o a assumir o governo do condado.[28][29]

A fidelidade de Egas Moniz nunca foi indiferente ao pupilo, que o terá largamente recompensado, fazendo-o senhor de vários domínios. Logo em 1128, quando Afonso Henriques confirma o foral dado a Guimarães pelos pais, Egas e, na verdade, todos os que apoiaram Afonso Henriques eram os burgueses que comigo suportaram o mal e o sacrifício em Guimarães, cujos privilégios incluíamː nunca dêem fossadeira das suas herdades e o seu haver onde quer que seja esteja a salvo e quem o tomar por mal pague-me 60 soldos e dê, além disso, o haver em dobro ao seu dono.[30]

Com esta vitória criava-se uma dinâmica que iria conduzir inexorávelmente à independência de Portugal.[31]

O período condal, 1128-1143 editar

...não usou, entre 1128 e 1139, o título de rei, mas de 'príncipe' ou 'infante', o que significa, decerto, que não podia resolver por si próprio a questão da sua categoria política; isto é, devia admitir que ela dependesse também do assentimento de Afonso VII, que era, de facto o herdeiro legítimo de Afonso VI. Mas também não usou nunca o título de 'conde' que o colocaria numa nítida posição de dependência para com o rei de Leão.[32]

Incumprimentos vassálicos editar

 
Azulejos representando o Torneio na Estação de São Bento, no Porto

Apesar de lidar com Aragão, nada impediu Afonso VII de combater Portugal: protegendo-se de Aragão, mas pretendendo uma ofensiva na frente ocidental de guerra, trava a “batalha” de Arcos de Valdevez (ou da Veiga da Matança, nome que ainda perdura), provavelmente no final de 1140 ou no início de 1141. Afonso Henriques e Egas Moniz não conseguiram conter o avanço do Imperador e retiraram-se para Guimarães com a grande nobreza: os irmãos Gonçalo Mendes de Sousa e Soeiro Mendes de Sousa; Garcia, Gonçalo, Henrique e Oveco Cendones; Mem Moniz de Riba Douro e Ermígio Moniz de Riba Douro, irmãos de Egas; Egas Gosendes de Baião; o conde Afonso (provável sogro de Egas Moniz); os filhos mais velhos do Aio (Lourenço, Ermígio e Rodrigo Viegas), e outros, como Garcia Soares, Sancho Nunes, Nuno Guterres, Nuno Soares, Mem Fernandes, Paio Pinhões, Pero Gomes, Mem Pais, Romão Romanes, Paio Ramires, Mem Viegas, e Gueda Mendes.[17]

A situação dos sitiados é precária, mas Egas deixa Afonso Henriques atuar com os seus nobres: os irmãos (Paio, Soeiro e Gonçalo Mendes da Maia); mais tarde seriam conduzidos também por Egas Moniz, que os terá levado com ele para uma negociação de paz com Afonso VII em troca da obediência do infante.

Mas contrariamente ao que se costuma relatar, Afonso Henriques nunca foi pressionado para cumprir a palavra dada ao Imperador; aliás essa promessa dos nobres é imediatamente quebrada em 1130 com uma série de invasões da Galiza, que Afonso VII não pôde conter dadas as querelas com o padrasto em Aragão.[17]

A corte conimbricense, 1131-1139 editar

 
Fachada do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

Por forma a afastar-se da grande influência que os magnates portucalenses (sobretudo das cinco linhagens fundamentais, Sousa, Maia, Ribadouro, Baião e Bragança), no momento seus apoiantes, pudessem exercer sobre ele,[7] Afonso protagoniza, em 1131, uma medida radicalː resolve afastar-se da esfera de influência destes nobres, mais intensa a norte do rio Douro, e estabelecer-se nas margens do rio Mondego, trasladando a corte condal de Guimarães para Coimbra. A escolha desta cidade parece ter-se devido a uma maior proximidade com a fronteira com o Islão, proximidade que o infante pretendia diminuir, pela conquista progressiva de território a sul desta cidade. O apoio que Afonso recebe, por esta mesma altura, de alguns aristocratas galegos mostra que o ambiente tenso que se fazia sentir antes de ascender ao poder não era totalmente anti-galego, apesar da luta que anos antes visava tão somente evitar a reintegração do Condado na Galiza.[7] Outro importante braço militar, criado por esta mesma altura, constitui-se pelos célebres cavaleiros de Coimbra.[33]

Estabelecendo Coimbra como a nova capital e simultaneamente como base militar, Afonso Henriques faria partir daí todas as suas expedições, quer a norte, quer a sul, expedições que se prolongariam durante grande parte do seu reinado, aproveitando, sobretudo a sul, o desmembramento do espaço político muçulmano registado nesse período.[7]

A fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra editar

Afonso Henriques, no mesmo ano da sua instalação em Coimbra, patrocinou a fundação do Mosteiro de Santa Cruz.[7] Foi a esta instituição que Afonso veio a recrutar vários homens de pensamento necessários à governação, sendo um deles precisamente São Teotónio, um dos fundadores do mosteiro, assim como o célebre João Peculiar,[7] que veio a ser Arcebispo de Braga a partir de 1138, depois de exercer funções episcopais no Porto,e que tentou marcar, como já o antecessor (Paio Mendes) fizera, uma "libertação" do clero bracarense da Arquidiocese de Santiago de Compostela.[7]

Política militar, 1128-1139 editar

Batalha de Cerneja (1137) editar

Esta batalha terá sido consequência da desatenção de Afonso VII de Leão, que estava naquele momento em conflito com Navarra, permitiram a ocupação, por Afonso Henriques, das regiões galegas de Limia e Toronho, tendo sido esta batalha o culminar de uma série de invasões à Galiza. Foi também o último confronto entre Afonso Henriques e o galego Fernão Peres de Trava. Vitorioso, Afonso Henriques estabelece, no entanto, um tratado de paz com o seu primo, o Imperador, na qual fica estabelecido:[34] o infante devia fidelidade e amizade ao primo; deveria ainda respeitar os territórios de Afonso VII, de tal modo a que se algum dos vassalos portucalenses o tentasse invadir, o infante prometia auxílio na sua recuperação; se os filhos de Afonso VII quisessem a manutenção da paz, Afonso Henriques ficava assim vergado a essa mesma paz.

Batalha de Ourique (1139) editar

 
Representação da Batalha de Ourique na Genealogia dos Reis de Portugal
 Ver também: Batalha de Ourique

A 25 de julho de 1139, Afonso Henriques travou contra os muçulmanos uma das mais decisivas batalhas, e obteve uma das suas mais emblemáticas vitóriasː a Batalha de Ourique, travada num local que ainda não é consensual.[35] É provável que companheiros de infância do infante, como Lourenço Viegas de Ribadouro e o respetivo cunhado Gonçalo Mendes de Sousa, tenham participado na contenda. Estes dois magnates parecem ter lutado na retaguarda da batalha.

É muito provável que Afonso tenha também sido alçado pelos seus cavaleiros sobre o seu escudo, no qual poderiam já apresentar-se as armas reais afonsinas, isto é, carregado de cinco escudetes em cruz cobertos de carbúnculos simbolizadores do granizo do Arcanjo São Miguel.[7][nota 4][36]

Ascensão à dignidade régiaː o reconhecimento do reino, 1140-1179 editar

D. Afonso Henriques cedo adota uma postura de realeza,[nota 5] e consciente da importância das forças que ameaçavam o seu poder, Afonso concentrou os seus esforços em negociações junto da Santa Sé, com o Arcebispo de Braga, D. João Peculiar, como seu embaixador. Isto teria dois objetivos: alcançar a plena autonomia da Igreja portuguesa e obter o reconhecimento do Condado Portucalense como um Reino.

 
A Bula Manifestis Probatum, que concedeu o tão desejado reconhecimento papal do Reino de Portugal no ano de 1179.

O primeiro documento autêntico onde Afonso aparece com o título de rei é de 10 de abril de 1140,[37] na carta de couto de Santa Maria de Vilarinho quando se intitula com a fórmula “Ego egregius rex Alphonsus dei vero providentia totius provincie Portugalensium princeps gloriosissimi Yspanie imperatoris nepos consulis domni Henrici et Tarasie regine filius.[38]

Portugal foi reconhecido pelo Reino de Leão e Castela através de um acordo, assinado em Zamora a 5 de outubro de 1143, conhecido como Tratado de Zamora, e deve-se provavelmente ao desejo de Afonso VII] em tomar o título de imperador de toda a Hispânia (imperador de toda a Península Ibérica) e, como tal, necessitar de reis vassalos. Apesar disso, o tratamento do Imperador ao primo parece mais igualitário, quando comparado ao Tratado de Tui, em que o então infante assumira uma posição mais submissa.

Em dezembro de 1143, Afonso Henriques iniciou o que viria a ser um longo processo. O monarca entregou ao cardeal Guido de Vico, legado papal, uma carta em latim, intitulada Chaves do Reino dos Céus, na qual prestava homenagem ao Papa e se declarava cavaleiro de São Pedro.[7] Afonso acabava de ganhar mais um motivo para prosseguir com a conquista de territórioː provar-se valoroso e digno, aos olhos do Papa, de ser reconhecido como Rei de Portugal.

Em 1179, a corte portuguesa recebeu a bula papal Manifestis Probatum, através da qual o Papa Alexandre III reconhecia, por fim, a independência de Portugal e Afonso Henriques como o seu primeiro rei, louvando a ferocidade com que o rei se batera em defesa da cristandade contra os inimigos da fé, descrevendo como intrépido destruidor dos inimigos dos cristãos, diligente propagador da fé, bom filho da Igreja e príncipe católico, exemplo digno de imitação para os vindouros.[7] Reconhecendo o facto de Afonso Henriques prestar vassalagem direta à Santa Sé teria de pagar anualmente dois marcos de oiro a Nós e aos nossos sucessores. Cuidarás. por isso, de entregar tu e os teus sucessores, ao Arcebispo de Braga pro tempore, o censo que a Nós e a nossos sucessores pertence.[39]

Política militar, 1140-1169 editar

Afonso procurou estender as suas conquistas a sul, conquistando Leiria definitivamente em 1145, dez anos depois do primeiro assédio, usando uma técnica de assalto; avança para o temível castelo de Santarém em 1146 (1147, conquista final), também utilizando a técnica de assalto; o Cerco de Lisboa, Almada e Palmela em 1147, Alcácer. Em 1160 leva a cabo diversas batalhas por todo o Alentejo, que posteriormente seria recuperado pelos mouros, pouco antes de D. Afonso morrer (em 1185).

Batalha de Santarém (1147) editar

 
Representação da conquista de Santarém
 Ver também: Conquista de Santarém

Segundo uma memória do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, Afonso Henriques passeava nos campos do Arnado, perto de Coimbra, com os seus vassalos que lhe eram mais próximos: Gonçalo Mendes de Sousa, Pedro Pais da Maia e ele, Lourenço Viegas. A fonte conta que o rei terá revelado a estes o segredo das suas intenções de conquista da vila de Santarém. Esta proposta foi encorajada por eles, que o terão provavelmente acompanhado de perto na conquista da cidade.[40]

Afonso terá partido de Coimbra com cerca de 250 dos seus melhores homens, e, na noite de 14 de março de 1147,[41] com o auxílio de escadas, quarenta e cinco cavaleiros escalaram as paredes, mataram os sentinelas mouros e forçaram o seu caminho para o portão, permitindo que o principal exército português entre na cidade. Acordados pelos gritos dos sentinelas, os mouros ainda ofereceram uma forte resistência, mas acabaram por ser derrotados,[41] e a cidade tomada, pondo assim fim às constantes invasões mouras de Coimbra e Leiria que resultavam da sua proximidade desta recém-conquistada cidade.[41]

Batalha de Sacavém (1147) editar

 Ver também: Batalha de Sacavém
 
Representação da batalha de Sacavém, na ponte romana da vila

Após a conquista de Santarém, Afonso Henriques preparou-se para tomar Lisboa e assim consolidar definitivamente a linha do Tejo.

Entretanto, espalhava-se pela Estremadura a notícia de que os cristãoscercavam Lisboa, tornando-se imperativo ajudar à defender a todo o custo o derradeiro reduto muçulmano a Norte do Tejo. Assim, nas proximidades de Sacavém, a norte deste rio, cerca de cinco mil muçulmanos oriundos não só da Estremadura (Alenquer, Lisboa e Sacavém), como também de Óbidos, Torres Vedras, Tomar e Torres Novas, sob o comando do wali (alcaide muçulmano) de Sacavém, Bezai Zaide, todos prontos a dar luta e a desbaratar as forças de Afonso Henriques.

Afonso Henriques dispunha apenas de uma força de mil e quinhentos guerreiros, e foi nessas condições que se iniciou a batalha, na margem do rio de Sacavém, entre os actuais montes de Sintra e do Convento, junto à velha ponte romana, fortemente defendida pelos mouros.

Não obstante a significativa diferença numérica entre ambos os contendores, acabaram por vencer os cristãos; muito embora a maior parte destes últimos tenha perecido, conseguiram ainda assim matar três mil muçulmanos a fio de espada, tendo os restantes mouros afogado-se no rio ou sido feito prisioneiros.

Cerco de Lisboa (1147) editar

Após a queda de Edessa, em 1144, o Papa Eugénio III convocou uma nova cruzada para 1145 e 1146, conhecida como Segunda Cruzada. O Papa ainda autorizou a cruzada na Península Ibérica, autorizando Marselha, Pisa, Génova e outras grandes cidades mediterrânicas a participar na guerra da Reconquista.

A 19 de maio zarparam os primeiros contingentes de Cruzados de Dartmouth (Inglaterra) constituídos por flamengos, normandos, ingleses, escoceses e alguns cruzados germanos,[42][43][44] perfazendo cerca 164 navios (valor provavelmente aumentado progressivamente até à chegada a Portugal). A frota, dirigida por Arnold III de Aerschot, Christian de Ghistelles, Henry Glanville (condestável de Suffolk), Simon de Dover, Andrew de Londres, e Saher de Archelle, chegou ao Porto a 16 de junho.

Ora como tivéssemos chegado ao Porto, o bispo com seus clérigos veio ao nosso encontro. O rei achava-se então ausente com o seu exército, lutando contra os mouros. Feitas a todos as saudações conforme o costume da sua gente, disse-nos o bispo que já sabia que nós havíamos de chegar, e na véspera recebera do rei uma carta, em que se dizia isto:

«Afonso, rei de Portugal, a Pedro, bispo do Porto, saúde. Se porventura arribarem aí os navios dos Francos, recebei-os diligentemente com toda a benignidade e doçura e, conforme o pacto que com eles fizerdes de ficarem comigo, vós e quantos o quiserem fazer, como garantia da combinação feita, vinde em sua companhia a ter comigo, junto de Lisboa. Adeus !»

Carta do cruzado inglês Osberno (séc. XII)

 
Representação do Cerco de Lisboa, por Alfredo Roque Gameiro (1917)

Afonso terminara a conquista de Santarém (1147), e , inteirando-se da disponibilidade dos Cruzados, convocou as suas forças para o Sul, sobre Lisboa. Ainda em junho, a frota cruzada e o exército português encontraram-se na cidade. Os violentos combates impuseram o cerco cristão à cidade, cujos muros bem defendidos dificultaram o processo.

No início de outubro, o muro foi finalmente aberto, uma brecha pela qual entraram os sitiantes. Os muçulmanos, enfraquecidos pelas escaramuças, pela fome e pelas doenças, capitularam a 20 de outubro. Os cruzados saquearam de imediato a cidade, mas Afonso e os seus homens só entraram no dia seguinte, impondo a sua autoridade cristã, que se revelaria definitiva a partir de então.

Alguns dos cruzados continuaram a jornada para a Terra Santa. Contudo, a maioria estabeleceu-se na recém-capturada Lisboa, aumentando o número de cristãos na cidade. Gilberto de Hastings foi mesmo eleito Bispo de Lisboa, marcando o início de uma relação Inglaterra-Portugal que se faria oficial séculos mais tarde, por meio do Tratado de Windsor.

As Cruzadas como veículo da política militar portuguesa editar

A criação de um território politicamente autónomo não dependeu apenas do monarca e da mera conquista de terra a sul de Coimbra. Outros agentes, como as circunstâncias que a Europa então vivia, pareciam também apoiá-lo nesta sua empresa: vivia-se a época das Cruzadas.

Aliás, três importantes marcos da reconquista do território português coincidiram com etapas deste movimento da cristandade latina do Ocidente sobre o Médio Oriente, sendo que a conquista de Lisboa (1147, por Afonso Henriques) coincidiu com a Segunda Cruzada, que veio em auxílio do Rei de Portugal; a primeira conquista de Silves (1189, por Sancho I) teve a participação da Terceira Cruzada; e em 1217, a conquista de Alcácer do Sal (1217, por Afonso II), deu-se no contexto da Quinta Cruzada.[7]

A Ordem Templária editar

 
Cruz templária
 Ver também: Ordem dos Templários

A Ordem do Templo chegara ao Condado Portucalense ainda no governo de Teresa de Leão, mãe de Afonso Henriques e condessa-rainha de Portugal, que lhes fizera, antes de 1126, a doação da vila de Fonte Arcada, atual concelho de Penafiel. Teresa patrocinara ainda a instalação da Ordem em Portugal pela importante doação, em 1127, do Castelo de Soure, na linha do rio Mondego, sob o compromisso de colaborar na conquista de terras aos Muçulmanos.

 
Castelo de Tomar, sede da Ordem a partir de 1160

No reinado de Afonso Henriques, a Ordem, cujo propósito original era, desde a sua criação em Jerusalém (1118), proteger os cristãos que faziam peregrinação àquela cidade, ganhou uma nova e não menos importante funçãoː tornaram-se importantes agentes auxiliadores na empresa conquistadora do monarca. Nesta condição, e após a doação do Castelo de Longroiva (1145), na linha do rio Côa, a Ordem apoiou Afonso na conquista de Santarém (1147) ficando sob a sua responsabilidade a defesa do território entre os rios Mondego e Tejo. Os Templários espalharam-se depois pela região a sul de Coimbra, Santarém e Vale do Zêzere, assim como por toda a Beira Baixa, com especial concentração nessa fronteira com o Reino de Leão.[7] A partir de 1160, a ordem estabeleceu a sua sede no país em Tomar.

Para além de apoio militar, a Ordem tinha também a função de defender os territórios conquistados aos mouros. De facto, o contributo da Ordem do Templo este esforço de defesa militar levou, sobretudo depois de 1160, à construção de vários fortes e castelos (muitos deles ainda de pé atualmente), com a direção do célebre Mestre Gualdim Pais.[7]

Em 1169, na sequência do desastre de Badajoz, Afonso Henriques doou à Ordem cerca de um terço das conquistas que viessem a fazer no Alentejo, mas a presença templária nessa região ter-se-á limitado à zona de Nisa e Alpalhão.[7]

Política administrativa interna editar

 
Carta de aforamento pelo Rei D. Afonso Henriques, D. Sancho e D. Teresa aos homens de Bouças, de uma herdade em jure hereditário para que plantem vinha com o foro de nos primeiros cinco anos não pagarem tributos, findos os quais deverão pagar a sexta parte do vinho das suas vinhas ao Rei e seus filhos

Afonso parece ter começado a participar mais na administração do reino a partir do Cerco de Badajoz (1169), quando se viu fisicamente incapaz de continuar a combater. Auxiliando a sua filha Teresa (a sua predileta) a regente que ficara encarregada da administração do reino, Afonso dedicou-se assim à fixação da população, à promoção do municipalismo e à entrega de cartas de foral. Contaram ainda com a ajuda da ordem religiosa dos cistercienses para o desenvolvimento da economia, predominantemente agrária.

Relação com judeus editar

O reinado de Afonso Henriques ficou marcado pela tolerância para com os judeus. Estes estavam organizados num sistema próprio, representados politicamente pelo grão-rabino nomeado pelo rei. Um destes grão-rabinos, Yahia Ben Yahia foi escolhido pelo monarca para a tarefa de coletar impostos no reino. Com esta escolha teve início uma tradição de escolher judeus para a área financeira e de manter um bom entendimento com as comunidades judaicas, que foi seguida pelos seus sucessores.

Política externa, 1146-1169 editar

Aliança com Saboia, 1146-1157 editar

Alguns historiadores sugerem que o casamento de Afonso Henriques estaria relacionado com o plano delineado pelo Papa Eugénio III, antigo monge cisterciense, e pelo seu mentor e abade, Bernardo de Claraval, de lançar a Segunda Cruzada como reacção à tomada de Edessa, na Síria (1144). Repare-se que Mafalda de Saboia, era aparentada com grandes agentes desta cruzadaː para além de filha do conde Amadeu III de Saboia, um dos barões mais empenhados nessa cruzada,[7] era também sobrinha de Luís VII de França. Mesmo que assim não fosse, a proximidade de Saboia à Borgonha, ducado de origem do pai de Afonso Henriques, poderia ter exercido uma influência adicional na opção do rei.[7]

A Divisão da Hispâniaː os reinos de Leão e Castela, 1157 editar

Até 1157, os reinos de Leão e Castela estiveram unidos sob a cetro de Afonso VII, primo de Afonso Henriques, que retomou inclusivamente o título do avô, Imperador da Hispânia, com a ambição de poder controlar toda a Península ibérica. Contudo, a morte do Imperador neste ano de 1157 viria a alterar uma vez mais a política peninsular e as circunstâncias. Os reinos foram divididos pelos dois filhos mais velhos de Afonso VIIː o infante Sancho reinaria sobre o Reino de Castela, e o Reino de Leão ficaria sob a alçada do infante Fernando.

A problemática leonesa e o Cerco de Badajoz, 1157-1169 editar

 
Representação de Fernando II de Leão

Fernando II de Leão viria a ser uma das problemáticas mais constantes ao longo do último período de reinado de Afonso Henriques. A desavença entre estes reis vizinhos começou por volta de 1161.

Afonso Henriques fora o responsável pelo povoamento da região de Ribacoa, e onde parece ter investido bastante no sentido de ali evitar influências leonesas que poderiam derivar da situação fronteiriça em que se encontrava. Pois, nesse mesmo ano de 1161, Fernando funda o burgo de Reino de Castela, com o auxílio de alguns aristocratas portugueses que naquele momento se encontravam na corte leonesa.[7] O burgo, estando perto da referida fronteira do Riba Coa, fez perigar o trabalho de Afonso na região. Além disso, na perspetiva de Afonso Henriques, Fernando parecia estar a fortificar a cidade para o atacar, e nesse sentido enviou um exército comandado pelo seu filho, o infante D. Sancho, contra aquela praça. O rei leonês foi em auxílio da cidade ameaçada e derrotou as tropas portuguesas, fazendo um grande número de prisioneiros.

A fundação desencadearia, assim, um conflito entre os dois monarcas. Em princípios de 1163, Afonso Henriques praticou actos de soberania em Salamanca, com o apoio de cavaleiros prejudicados por Fernando II e descontentes com a fundação de Ciudad Rodrigo.[7]

No entretanto, Fernando pareceu querer algum tipo de paz com o sogro, dado que, em maio ou junho de 1165, desposa uma das filhas do rei português, Urraca, de quem viria a ter um único filho, o infante Afonso.

A aliança não refreou Afonso Henriques. Entre 1166 e 1168, o monarca lançou várias incursões na Galiza, tomando Tui e vários outros castelos. Em 1169 atacou Cáceres, e por fim voltou-se contra Badajoz, então na posse dos sarracenos, mas que pertenceria a Leão, conforme o acordado no Tratado de Sahagún assinado entre aquele reino e Castela. Sem respeitar convenções ou alianças, Afonso Henriques queria conquistar Badajoz para Portugal.

Quando os muçulmanos estavam já cercados na alcáçova, o rei Fernando apresentou-se com o seu exército e atacou Afonso nas ruas da cidade. Percebendo a impossibilidade de manter a luta, Afonso terá tentado fugir a cavalo, mas ao passar pelas portas ter-se-à ferido na coxa contra um dos ferros que a guarneciam. Fernando fez o seu sogro prisioneiro durante dois meses,[7] mas não hesitou em tratá-lo com a nobreza e generosidade merecidas, chamando os seus melhores médicos para o tratar.

Esta campanha teve como resultado um tratado de paz entre ambos os reinos, assinado em Pontevedra, em virtude do qual Afonso foi libertado, com a única condição de devolver a Fernando não só as cidades estremenhas (da Estremadura espanhola) tais como Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz , Monfragüe e Montánchez, que havia conquistado a Leão, mas também as terras de Toronho e Límia, que havia conquistado anos antes.[7] Estabeleciam-se assim as fronteiras de Portugal com Leão e a Galiza. E mais tarde, quando os muçulmanos sitiaram Santarém, o leonês auxiliou imediatamente o rei português.

A aliança com Aragão, 1160-1185 editar

A 30 de janeiro de 1160, Afonso reuniu-se em Santa María del Palo, perto de Tui com o conde de Barcelona, Raimundo Berengário IV, para a negociação do casamento da filha de Afonso, a infanta Mafalda com o futuro rei Afonso II de Aragão,[45] que rondaria, naquela altura os quatro anos de idade.[45] Depois da morte do conde, no verão de 1162, Fernando II de Leão convenceu a viúva, a rainha Petronila de Aragão, a cancelar o compromisso com Mafalda e acordou-se, no seu lugar, o casamento com a infanta Sancha, meia-irmã de Fernando, filha do segundo casamento de Afonso VII de Leão.[46] O falecimento de Mafalda, nesse mesmo ano, veio gorar a esperança de uma renovação do acordo de 1160.[47]

O casamento, em 1174, do infante Sancho com uma irmã do já rei Afonso II, Dulce de Aragão, consistiu desta forma na primeira aliança firme de Portugal com Aragão.

Período finalː a regência dos filhos, 1169-1185 editar

Após o Cerco de Badajoz de 1169, na qual Afonso teria ficado gravemente afetado em resultado de uma ferida numa perna[4] é instaurado um conselho de regência para governar em nome do rei incapacitado. A regência ficou a cargo dos filhos do rei que ainda se encontravam, àquela data, no reino: os infantes Sancho e Teresa de Portugal. Também surge com bastante frequência na documentação desta altura, com eles, um bastardo, que adquiria aqui um estatuto equivalente ao de infante legítimo: Fernando Afonso. Apesar de ser Sancho a cabeça da regência, várias confirmações deste ainda em vida de Afonso Henriques denunciam a presença forte deste bastardo e o desejo, por parte da nobreza de corte, de inutilizar Fernando e consolidar a regência de Sancho.[48] Em setembro de 1172 Fernando passa a servir o regente, segundo uma doação a Monsanto nessa data, na qual Afonso I sugere pela primeira vez uma sucessão por via feminina em Teresa.[49] A partir de 1173, Afonso Henriques parece concretizar em parte esta possibilidade ao entregar a regência conjunta do reino a Sancho e Teresa, declarando-os co-herdeiros e com casa própria.[50]

Afonso Henriques dedicar-se-ia a auxiliar os seus filhos, provavelmente até mais Teresa, no ramo da administração territorial. Contudo, e apesar de a sua carreira militar ter terminado, o prestígio e a autoridade que atingira mantiveram-se incólumes.

A partir de 1174, Afonso afasta-se definitivamente dos assuntos do reino, muito provavelmente por doença, sobressaindo ainda mais a partir desta altura o papel dos corregentes. Teresa e Sancho partilhavam o governoː Teresa desempenhava funções administrativas e Sancho encarregava-se da atividade bélica. A corregência manter-se-ia até 1184, quando emissários flamengos de Filipe, Conde da Flandres, vieram obter de Sancho consentimento para o casamento de Teresa com aquele. Antes de partir, Teresa terá feito acordo com Sancho para o deixar como único sucessor.

Cerco de Santarém (1184) editar

 Ver artigo principal: Cerco de Santarém (1184)

Desta forma, foram os filhos de Afonso que assistiram a importantes eventos que ocorreram no período final do reinado daquele monarcaː o reconhecimento papal através da célebre bula Manifestis Probatum (1179) e provavelmente ainda se mantinha a co-regência dos irmãos (ou em alternativa já regia o infante Sancho sozinho) aquando da expulsão de um forte exército almóada que, chefiado pelo próprio califa Abu Iacube Iúçufe I (r. 1163–1184), chegara até Santarém (1184).

Fernando II de Leão, que até há pouco tempo se aliara a estes contra o próprio sogro, veio desta feita em auxílio do cunhado, e também de Afonso Henriques, dado que o monarca parece ter também participado na Batalha,[51] provavelmente o seu verdadeiro último ato militar. Contudo, um mal entendido nas ordens dadas pelo califa parece ter causado desordem no acampamento almóada, e o califa, numa tentativa de evitar o pior, acabou por ser ferido com uma seta de besta[52] e morreu a 29 de julho de 1184,[53] sendo provavelmente uma das principais causas da retirada dos almóadas, derrotados por esta frente portuguesa-leonesa.

Morte e legado editar

 
Túmulo de Afonso Henriques no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra

Afonso faleceu a 6 de dezembro de 1185, na sua residência, em Coimbra. Tinha 76 anos, e a causa da morte ainda não é atualmente consensual, podendo estar associada por problemas do coração, senilidade, aterosclerose ou cirrose.[54] O seu túmulo encontra-se no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, em frente ao que viria a ser o túmulo do seu filho Sancho.

Nos Livros de Linhagens editar

Afonso Henriques alimentou uma boa relação com a sua aristocracia, sobretudo com os membros das principais cinco linhagens portuguesas,[47] mas não é isso que parecem contar os Livros de Linhagens. Provavelmente como reação nobiliárquica às Inquirições Gerais de 1258, o comportamento do monarca para com a sua nobreza terá sido adulterado a ponto de parecer fraco e cobarde, nas situações descritas.

O episódio da traição editar

Segundo os Livros de Linhagens, mais precisamente Livro Velho de Linhagens, o rei visitou Gonçalo na sua quintã em Unhão, não longe de Guimarães, e, enquanto este se ocupava de receber o rei, este foi à sua esposa, Sancha, tendo-os surpreendido Gonçalo; resolvido a castigar a esposa, tê-la-á tosquiado, pôs-lhe uma pele do avesso e pô-lo em cima de um sendeiro de albarda, o rosto contra o rabo do sendeiro e um homem com ela e não mais e enviou-a para a sua terra. O rei, ofendido, terá dito que por menos de aquilo, cegara em Atei sete condes um adiantado de seu avô, retorquindo-lhe Gonçalo que nesse tempo o adiantado os cegara à traição e, apesar disto, morrera.[47]

A história de uma traição do rei face ao nobre não é nova na tradição literária, e os Sousas, sobretudo, carregavam consigo uma memória especialmente desprestigiante face ao poder régio. Egas Gomes de Sousa (confundido com Echega Guiçoi, que não fora sequer contemporâneo do avô de Afonso Henriques, Afonso VI de Leão), fora cego, juntamente com outros seis condes por um outro conde, Mem Soares, a mando de Afonso VI de Leão, no paço de Novelas, pertença dos Sousas. A ideia de que o rei trai o nobre na casa deste repete-se, assim, nas pessoas de Gonçalo e Afonso Henriques. O primeiro é vítima do segundo, que trai a sua confiança e ainda ameaça com o mesmo destino do avô daquele. Apesar de tudo não há provas documentais que comprovem a existência deste episódio.

O episódio da nata editar

Os Livros de Linhagens contam também que, a dada altura, comiam com o reiː Gonçalo, Sancho Nunes de Celanova e Fernão Mendes II de Bragança, quando pela barba deste escorria a nata que sorvia, do que todos se riram, deixando o Braganção furibundo ao ponto de se afastar de todos. Afonso, para conseguir o perdão pela honra manchada, teve de tirar o marido à irmã, e dá-la a ele. De facto a infanta Sancha Henriques foi casada com Sancho Nunes de Celanova e também com Fernão Mendes II de Bragança. O monarca teve ainda de doar a Fernão Mendes alguns bens do Sousão. Na verdade, talvez Gonçalo exercesse domínio em zonas onde o Braganção também exercia: na doação, pelo rei de Portugal, de São Pedro de Agostém (Chaves) ao Arcebispo de Braga, dá o consentimento Fernão Mendes, apesar de aí ter fronteira de propriedade com Gonçalo de Sousa. No primeiro dia de 1152, Afonso I dá carta de foral aos povoadores de Freixo de Numão, e, segundo a própria carta, dá foral por conselho de Fernão Mendes e ajuda de Gonçalo de Sousa.

Títulos, estilos, e honrarias editar

Títulos e estilos editar

  • 1109 – 24 de Abril de 1112: Dom Afonso Henriques
  • 24 de Abril de 1112 – 25 de Julho de 1139: Afonso, Conde de Portucale
  • 25 de Julho de 1139 – 6 de Dezembro de 1185: Sua Mercê, El-Rei de Portugal

O estilo oficial de D. Afonso Henriques enquanto Rei de Portugal:

Pela Graça de Deus, Afonso I, Rei dos Portugueses
(em latim: Dei Gratiae, Rex Portugalensium)

Genealogia editar

Ascendência editar

Descendência editar

Realeza Portuguesa
Casa de Borgonha
Descendência

Ver também editar

Notas

  1. A Crónica dos Godos dá a data de 1113 para o seu nascimento e de 1125 para a sua investidura como cavaleiro
  2. Conforme autores como o medievalista José Mattoso, autor de múltiplos estudos sobre esta época que conhece profundamente, e Diogo Freitas do Amaral, autor de D. Afonso Henriques - Biografia[11]
  3. A ideia é sustentada por pequenos trechos de crónicas medievais, nomeadamente a partir da de 1419, onde se refere que quando Egas Moniz viu que D. Teresa estava grávida, pediu ao conde D. Henrique para ser ele a criá-lo e que assim foi, apesar de o infante ter nascido "tolheito" (aleijado). A mais conhecida destas, porém, é a Crónica de El-Rei D. Afonso Henriques composta por Duarte Galvão em 1505.[19]
  4. Existe um documento claramente forjado que insinuava que a independência teria sido confirmaa nas míticas cortes de Lamego, quando recebeu a coroa de Portugal do arcebispo de Braga, D. João Peculiar, se bem que estudos recentes indiquem que nunca tena existido a reunião destas cortes.
  5. Uma inscrição de 1138 na capela de Santa Luzia de Campos, perto de Vila Nova de Cerveira não só lhe dá o tratamento de rei como refere que já reinava, pondo em causa a proclamação que se seguiu à Batalha de Ourique.[7]

Referências

  1. Barroca, Mário Jorge (agosto de 2017). «No tempo de D. Afonso Henriques» (PDF). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 237. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  2. «″Está claramente demonstrado.″ Portugal independente faz hoje 840 anos - DN». www.dn.pt. Consultado em 11 de setembro de 2020 
  3. Baquero Moreno 2006, p. 136.
  4. a b c d «D. Afonso Henriques». Porto Editora. Infopédia. Consultado em 24 de outubro de 2012 
  5. Desde o século XII que era a ‘aclamação’ a legitimar o Rei de Portugal. Cada uma repetia, quase como um rito, o gesto dos cavaleiros que antes da batalha de Ourique levantaram num escudo Afonso Henriques e declararam o seu príncipe como rei. Por isso, nas crónicas, os reis de Portugal são ‘levantados’, ‘alçados’ ou ‘aclamados’ e não ‘coroados’, ‘ungidos’ ou ‘entronizados.’ - Real. Real. Por El-Rei de Portugal, por Patrícia Lamas, Museu de São Roque, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (consulta em 19.4.2022)
  6. Serrão, Joel. «Arrique». Dicionário de História de Portugal. 1. Porto: Livraria Figueirinhas e Iniciativas Editoriais. p. 207. 3500 páginas 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u D. Afonso Henriques, a verdade e o mito do reinado mais longo.
  8. Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques, Almeida Fernandes, o primeiro estudo sobre o nascimento do primeiro rei de Portugal, apoiado por historiadores tais como Maria Alegria Fernandes Marques, António Matos Reis, João Silva de Sousa, Bernardo Vasconcellos e Sousa, Avelino de Jesus Costa, entre outros
  9. Obra que defende que D. Afonso Henriques nasceu em Viseu reeditada hoje, Mariana Oliveira, Público, acedido em 30 de Abril de 2007
  10. António Amares das Neves (2009). «Afonso Henriques - 1109?». Consultado em 10 de junho de 2009 
  11. "D. Afonso Henriques: 900 anos de mitos", Visão, 13 de agosto de 2009, p. 70.
  12. Sousa, Manuel, Reis e Rainhas de Portugal, Mem Martins, 2000. ISBN 972-97256-9-1
  13. Estefânio, Abel. «A data de nascimento de Afonso I». Medievalista online (em inglês). Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  14. Estefânio, Abel. «De novo a data e o local de nascimento de Afonso I». Medievalista online (em inglês) (19). ISSN 1646-740X. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  15. Álvares, Simão (2020). «Batismo de Dom Afonso Henriques por São Geraldo, Arcebispo de Braga». Museu de Alberto Sampaio. Consultado em 24 de março de 2022 
  16. Cunha, D. Rodrigo da (1634). Primeira [-segunda] parte, da historia ecclesiastica dos arcebispos de Braga, e dos Santos, e Varoes illustres, que florecerão neste arcebispado. Por dom Rodrigo da Cunha arcebispo, & senhor de Braga, primàz das Hespanhas. II. [S.l.: s.n.] pp. 2–29 
  17. a b c d e f g h GEPB 1935-57, vol.17, p. 624-629.
  18. Sanches de Baena, Miguel; Louçao, Paulo Alexandre (2009). Grandes Enigmas da História de Portugal. [S.l.]: Ésquilo. ISBN 9789898092380 
  19. "D. Afonso Henriques: 900 anos de mitos", Visão, 13 de agosto de 2009, p. 71.
  20. GEPB 1935-57, p. 285-87, vol.35.
  21. GEPB 1935-57, p. 218-19, vol.35.
  22. Las lenguas románicas estándar:historia de su formación y de su uso, p.138 [1]
  23. Pinho, António Brandão de (2017). A Cruz da Ordem de Malta nos Brasões Autárquicos Portugueses. Lisboa: Chiado Editora. 426 páginas. Consultado em 28 de agosto de 2017 
  24. Flor, Branca (9 de janeiro de 2011). «Apontamentos de História Medieval : D. Afonso Henriques "O Conquistador" - 1143 – 1185». Apontamentos de História Medieval. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  25. Baquero Moreno 2006, pp. 136-137.
  26. a b Baquero Moreno 2006, p. 137.
  27. Mattoso 2014, p. 63.
  28. Baquero Moreno 2006, pp. 137-138.
  29. Mattoso 2014, p. 66.
  30. Foral de Guimarães: O primeiro foral português
  31. Baquero Moreno 2006, p. 138.
  32. Mattoso 2014, p. 137.
  33. Mattoso 1998.
  34. Maia, Luís Filipe (5 de abril de 2009). «D.Afonso Henriques: A batalha de Cerneja e a paz de Tui». D.Afonso Henriques. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  35. Infopédia, Enciclopédia de Língua Portuguesa da Porto Editora. «Batalha de Ourique». Consultado em 7 de julho de 2014 
  36. «O Portal da História - As Actas das Cortes de Lamego (1632)». www.arqnet.pt. Consultado em 2 de fevereiro de 2021 
  37. Mattoso 2014, p. 168.
  38. Metzeltin, Michael (2004). Las lenguas románicas estándar: historia de su formación y de su uso. Oviedo: Academia de la Llingua Asturiana. p. 138 .
  39. (em castelhano)Sousa, Antonio Caetano de Sousa: Provas da Historia Genealogica da Casa Real Portugueza, MCCXXXIX
  40. GEPB 1935-57, p. 991-992, vol.19.
  41. a b c Ribeiro 1976, p. 69.
  42. Jonathan Phillips (8 de janeiro de 2008). The Second Crusade: Extending the Frontiers of Christendom. [S.l.]: Yale University Press. p. xiv. ISBN 978-0-300-16836-5 
  43. Avner Falk (2010). Franks and Saracens: Reality and Fantasy in the Crusades. [S.l.]: Karnac Books. pp. 129–. ISBN 978-1-85575-733-2 
  44. Olivia Remie Constable, Damian Zurro, eds. (2012). Medieval Iberia: Readings from Christian, Muslim, and Jewish Sources 2nd ed. [S.l.]: University of Pennsylvania Press. p. 180. ISBN 978-0-8122-2168-8 
  45. a b Mattoso 2014, p. 287.
  46. Mattoso 2014, p. 290.
  47. a b c GEPB 1935-57, vol.17, p. 887-889.
  48. Castro 1997, pp. 298-299.
  49. Castro 1997, p. 300.
  50. Castro 1997, p. 301.
  51. O'Callaghan, Joseph F., A History of Medieval Spain, (Cornell University Press, 1975), 241.
  52. E.J. Brill's first encyclopaedia of Islam, 1913-1936, Vol. 2, Ed. Martijn Theodoor Houtsma, (Brill, 1987), 153.
  53. Hirtenstein, Stephen, The unlimited mercifier: the life and thought of Ibn ʻArabī, (Anqa Publishing, 1999), 254.
  54. Revista Sábado n.º 547 (23 a 29 Outubro de 2014). Como Pôde uma Laranja matar um rei?, Vanda Marques.
  55. Rodrigues Oliveira 2010, p. 76.
  56. a b c Caetano de Souza 1735, p. 60.
  57. a b c d e Mattoso 2014, p. 226.
  58. a b c d Rodrigues Oliveira 2010, p. 79.
  59. Rodrigues Oliveira 2010, p. 80.
  60. Mattoso 2014, pp. 372-373.
  61. a b c Castro 1997, p. 297.
  62. «Congresso Histórico Internacional» 
  63. Mattoso 2014, pp. 287-288 e 290.
  64. Mattoso 2014, p. 227.
  65. Mattoso 2014, pp. 227 y 383.
  66. Rodrigues Oliveira 2010, p. 72.
  67. Calderón Medina 2008, pp. 42, n. 11.
  68. Mattoso 2014, pp. 98, 228 e 320.
  69. Rodrigues Oliveira 2010, p. 69.
  70. a b Mattoso 2014, p. 228.
  71. Calderón Medina 2008, pp. 42-43 e notas.
  72. Caetano de Souza 1735, pp. 28, 63.
  73. O conde D. Pedro diz que D. Afonso Henriques teve esta filha D. Tereza Afonso em D. Elvira Guálter e que, portanto, era irmã inteira de D. Urraca Afonso, casada com D. Pedro Afonso de Lumiares. Mas esta D. Urraca é bem mais tardia, ainda se documentando casada em 1212. D. Tereza Afonso foi certamente a primeira das filhas naturais de D. Afonso Henriques e seria irmã inteira de D. Afonso, nascido em 1135, que foi grão-mestre da Ordem de S. João de Jerusalém (1203-6).
  74. a b Caetano de Souza 1735, p. 28 e 64.
  75. "Afonso Eduardo Martins Zuquete 1989, pg. 85"
  76. Caetano de Souza 1735, p. 64.
  77. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 457, n. 9 e 10, Vol. I.

Bibliografia editar

Ligações externas editar

 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Afonso Henriques
 
Wikisource
A Wikisource contém fontes primárias relacionadas com Afonso Henriques
Afonso I de Portugal
Casa de Borgonha
Ramo da Casa de Capeto
1106, 1109 ou 1111 – 6 de dezembro de 1185
Precedido por
Teresa
 
Conde de Portucale
24 de junho de 1128 – 25 de julho de 1139
Independência
Reino de Portugal
Independência
Condado Portucalense
 
Rei dos Portugueses
26 de julho de 1139 – 6 de dezembro de 1185
(após 1169 sob regência dos filhos, Sancho e Teresa, por motivos de saúde)
Sucedido por
Sancho I