Relações entre Brasil e Japão

As relações entre Brasil e Japão são as relações diplomáticas entre ambos os países. Estas relações começaram em 1895, com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação. Em 1942 houve o rompimento das relações, devido ao início da Segunda Guerra Mundial, sendo restabelecidas em 1952. Ambos países são membros do G4, G20, da OMC e da ONU.

Relações entre Brasil e Japão
Bandeira do Brasil   Bandeira do Japão
Mapa indicando localização do Brasil e do Japão.
Mapa indicando localização do Brasil e do Japão.
  Brasil
  Japão

Uma pesquisa divulgada em 2013 pela BBC News revelou que o Brasil é um dos países mais pró-Japão do mundo, de acordo com a pesquisa 71% dos brasileiros veem a influência do Japão de forma positiva e apenas 10% de forma negativa. No Japão, os números são diferentes, 40% de seu povo vê a influência do Brasil de forma positiva e 3% de forma negativa, ou seja, a maioria do povo japonês não tem uma opinião formada sobre a influência brasileira em seu país.[1]

História editar

Era dos Descobrimentos editar

O primeiro contato entre o Brasil e o Japão foi através de exploradores portugueses que chegaram ao Japão em 1543 e fundaram a cidade de Nagasaki; 43 anos depois de Portugal fundar suas primeiras colônias no Brasil. De 1543 a 1638, Portugal negociou comércio com o Japão por meio de escalas no Brasil, conhecidas como comércio de Nanban. Muitos produtos japoneses foram vendidos no Brasil e, durante esse período, comerciantes portugueses venderam escravos japoneses no Brasil. Em 1603, o Japão entrou em um período de isolamento político-econômico, logo, laços comerciais com Portugal foram bruscamente cortados,[2] no entanto, o comércio continuou por meio da colônia portuguesa de Macau (que atualmente faz parte da China) por um curto período.

Independência do Brasil e Japão Imperial editar

 Ver artigos principais: Independência do Brasil e Império do Japão

Em setembro de 1822, o Brasil obteve sua independência de Portugal, décadas depois, em outubro de 1868, o Japão deu início ao seu Império e entrou no período Meiji e começou a promover relações diplomáticas com várias nações, após décadas de isolamento. Em 1895, Brasil e Japão estabeleceram formalmente suas relações ao assinaram um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação.[3] Em 1897, missões diplomáticas foram abertas nas capitais de cada nação, respectivamente.[3] Em junho de 1908, um navio do Japão levando 790 imigrantes japoneses chegou ao Brasil, o navio era conhecido como Kasato Maru; o primeiros de muitos navios que chegaram ao Brasil levando imigrantes japoneses.[4] Entre 1908 e 1941, mais de 190.000 japoneses imigraram para o Brasil em busca de melhores oportunidades no país sul-americano.[4]

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Japão e com as demais potências do Eixo após o ataque a Pearl Habor por parte da Marinha Imperial Japonesa aos Estados Unidos e aliou-se aos Aliados.[5] Como consequência, milhares de famílias de origem japonesa no Brasil foram presas ou deportadas como espiões ou colaboradores em potencial. O governo brasileiro também fechou centenas de escolas japonesas, apreendeu equipamentos de comunicação e forçou a realocação de japoneses que moravam perto da costa. Muitos na comunidade nipo-brasileira foram torturados e foram forçados a cuspir ou pisar na imagem do imperador Hirohito, que era então considerado uma divindade no Japão.[6] Em outubro de 2013, a Comissão Nacional da Verdade pediu desculpas pelos abusos cometidos pelo Brasil com a comunidade nipo-brasileira durante e após a Segunda Guerra Mundial.[7]

As relações diplomáticas entre ambos países foram restabelecidas em 1952.[3]

Guerra Fria editar

 Ver artigos principais: Guerra Fria e Ditadura militar brasileira

Durante a Guerra Fria, em meio a tensão entre Estados Unidos e União Soviética, o presidente brasileiro João Goulart foi deposto e foi instaurada uma ditadura militar pró-Estados Unidos no Brasil, esta durou até 1985. Durante esse período, as relações entre Brasil e Japão permaneceram estáveis, tendo o comércio entre ambos países aumentado consideravelmente.[8][3]

Em julho de 1959, o primeiro ministro Nobusuke Kishi se tornou o primeiro chefe de estado japonês a visitar o Brasil. Em setembro de 1976, o presidente brasileiro, o general Ernesto Geisel, fez uma visita de estado oficial ao Japão. O então príncipe herdeiro japonês Akihito visitou o Brasil em 1967 e em 1978.[3]

Nova República Brasileira editar

 Ver artigo principal: Nova República

Em 1990, o governo japonês autorizou a entrada legal de japoneses e seus descendentes até a terceira geração no Japão. Desde então, cerca de 300.000 nipo-brasileiros migraram para o Japão e formam o terceiro maior grupo de imigrantes no Japão, depois de chineses e coreanos.[9] Nos últimos anos, no entanto, vários retornaram ao Brasil depois de economizar dinheiro no Japão para comprar imóveis no Brasil e em 2016, a comunidade brasileiro-japonesa totalizava 180.000 membros.[10]

Em 1995, as relações entre ambos países completaram 100 anos.[11]

Comércio editar

Primeira Exposição da Indústria Japonesa no Rio de Janeiro (1952).Imagem do Fundo Documental Agência Nacional

O Brasil e o Japão têm um intercâmbio comercial relativamente forte nos dias atuais, e a bioenergia, infraestrutura e meio ambiente aparecem como alvos potenciais de integração dos dois países.[12]

Na década de 1970, foi fundada a empresa binacional mista Companhia de Promoção Agrícola (CAMPO) para o desenvolvimento agrícola no cerrado brasileiro e a coordenação do Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer), anterior à empresa. Foi formada entre a Companhia Brasileira de Participação Agroindustrial (Brasagro) e a Japan-Brazil Agricultural Development Corporation (Jadeco). Em ambas as partes há participação governamental e privada, por isso empresa mista. A distribuição das ações entre as duas partes não é igual, sendo a parte brasileira detentora de 51% das ações e a japonesa, 49%.[13][14][15]

Visitas oficiais editar

 
O primeiro-ministro japonês, Shinzō Abe, com o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, em junho de 2019.

Visitas presidenciais do Brasil ao Japão[16] editar

Visitas reais e do primeiro-ministro do Japão ao Brasil[16] editar

Ver também editar

Referências

  1. «BBC World Service» (PDF). Globescan. 22 de maio de 2013. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  2. «Período Edo». InfoEscola. Consultado em 9 de setembro de 2019 
  3. a b c d e «Japão». www.itamaraty.gov.br. Consultado em 9 de setembro de 2019 
  4. a b Nakamura, Akemi (15 de janeiro de 2008). «Japan, Brazil mark a century of settlement, family ties». The Japan Times Online (em inglês). ISSN 0447-5763 
  5. «Memorial da Democracia - Brasil segue os EUA e rompe com o Eixo». Memorial da Democracia. Consultado em 9 de setembro de 2019 
  6. https://www.theguardian.com/world/2013/oct/11/brazil-japanese-community-apology-abuse
  7. «Comissão da Verdade pede perdão a japoneses perseguidos no pós-guerra». O Globo. 10 de outubro de 2013. Consultado em 9 de setembro de 2019 
  8. «Ditadura Militar no Brasil - Brasil Escola». Monografias Brasil Escola. Consultado em 9 de setembro de 2019 
  9. https://www.nytimes.com/1999/10/16/business/japanese-exodus-reverse-brazilians-work-their-way-back-ancestral-home.html
  10. «Japan-Brazil Relations (Basic Data)». Ministry of Foreign Affairs of Japan (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2019 
  11. Ninomiya, Masato (1 de março de 1996). «O centenário do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão». Revista USP (28): 245–250. ISSN 2316-9036. doi:10.11606/issn.2316-9036.v0i28p245-250 
  12. «Após décadas perdidas, Brasil e Japão buscam ampliar relações comerciais». www1.folha.uol.com.br 
  13. ATR-2 Japan. «Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil - Câmara » Notícias da Câmara». pt.camaradojapao.org.br. Consultado em 14 de agosto de 2018 
  14. Sano, Sueli Matiko (julho de 2011). «A oferta ambiental do Cerrado e seu uso». Ciência e Cultura. 63 (3): 37–38. ISSN 0009-6725. doi:10.21800/S0009-67252011000300014 
  15. Santos, Henrique Faria dos (10 de outubro de 2017). «O PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA E DINÂMICA DO AGRONEGÓCIO NO TRIÂNGULO MINEIRO/ALTO PARANAÍBA». Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional. 0 (0). ISSN 2447-4622 
  16. a b «Japão». www.itamaraty.gov.br. Consultado em 3 de março de 2020 

Ligações externas editar

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