Religião na Coreia do Norte

Não há estatísticas oficias conhecidas de religiões na Coreia do Norte, mas, a partir de estimativas do fim da década de 1990[2] e dos anos 2000,[1][3] o país é majoritariamente irreligioso, com a vida religiosa sendo dominada pelas tradições do xamanismo coreano e cheondoísmo, enquanto o governo, a partir da ideologia juche, promove comportamentos de sentimento religioso próprios.[4]



Religião na Coreia do Norte[1]

  Irreligioso (64.3%)
  Cheondoísmo (13.5%)
  Budismo (4.5%)
  Cristianismo (1.7%)

Budismo editar

O budismo (em coreano: 불교) tem um longo histórico na Coreia do Norte, tendo chegado à região através da China no ano de 372 d.C., sendo disseminado por monges-emissários durante o período dos Três Reinos.[5] Hoje, budistas são representados pela Federação Budista Coreana, cujo líder desde 2009 é Yu Yong-sun,[6] Há 60 templos budistas no país, mas são mais vistos como relíquias culturais que como locais de culto ativo.[7]

Cristianismo editar

A capital da Coreia do Norte, Pyongyang, já foi conhecida como a “Jerusalém do Oriente”.[4] Antes da Segunda Guerra Mundial, muitos missionários cristãos foram autorizados pelo rei da Coreia, da dinastia Joseon, para difundirem a religião no século XIX. A cidade passou a ser o centro presbiteriano asiático. Os missionários abandonaram gradualmente a Coreia devido à Segunda Grande Guerra.[8] O quadro foi agravado com a Guerra da Coreia e com a política da dinastia Kim, que até hoje governa a nação.

Desde meados do século XIX, diversos missionários cristãos partiram dos EUA, para tentar converter os coreanos, na época em que a península da Coreia abriga somente um Estado. Até então, os habitantes da região seguiam o budismo, o confucionismo e o xamanismo. Além de levar a sua crença, os estadunidenses também influenciaram de modo marcante a educação, por meio de colégios religiosos, e a intelectualidade. Tais religiosos detiveram elevado relevância na Coreia, já que se envolveram ativamente nos movimentos de independência, depois que a península entrou sob domínio do Japão, em 1905. Dos 33 integrantes do movimento de independência Primeiro de Março, 16 eram cristãos, sendo que 10 deles eram do norte do país.[4]

Na década de 40, quando uma guerra entre os países aliados contra o Eixo (Japão, Alemanha e Itália) era iminente, os Estados Unidos da América retiraram seus missionários da Coreia dominada pelos japoneses.[4]

Hoje, há ao menos duas igrejas presbiterianas em Pyongyang, uma das quais recebeu o evangelista americano Billy Graham em 1992. Em 1988, foi reconstruída uma catedral católica, a Igreja de Changchung, na cidade, mas sem sacerdotes residentes, celebrando missas apenas segundo a disponibilidade de clero estrangeiro.[9] Em 2003, foi inaugurada em Rakrang-guyŏk pelo Arcebispo Clemente de Kaluga e Borovsk a Paróquia da Trindade Vivificante, sob a Eparquia de Vladivostok da Igreja Ortodoxa Russa, a primeira igreja ortodoxa do país. Tem clero residente e ofícios ao menos duas vezes por semana.[10]

Islamismo editar

Há ao menos uma mesquita islâmica xiita no país, localizada no complexo da embaixada do Irã em Pyongyang, perto das embaixadas romena e belga. Tendo sua existência confirmada pelo especialista em satélites Curtis Melvin, o mesmo acredita que a Coreia do Norte provavelmente seria o único país com uma mesquita xiita, mas sem mesquitas sunitas.[11]

Referências

  1. a b Alton, David (2013). Building Bridges: Is There Hope for North Korea?. [S.l.]: Lion Hudson. p. 79. ISBN 0745955983 
  2. Chryssides, George; Geaves, Ron (2007). The Study of Religion: An Introduction to Key Ideas and Methods. [S.l.]: Continuum International Publishing Group. p. 110. ISBN 0826464491 
  3. Association of Religion Data Archives: North Korea: Religious Adherents, 2010. Data from the World Christian Database.
  4. a b c d Teixeira, Duda (31 de julho de 2017). «Veja - Religião norte-coreana». Revista Veja. Consultado em 28 de março de 2018 
  5. «Korean Buddhist Sculpture (5th–9th Century)». The Metropolitan Musem (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2018 
  6. «Buddhist leader gets North's South policy spot». Korea JoongAng Daily (em inglês). 5 de janeiro de 2008. Consultado em 12 de maio de 2018. Arquivado do original em 29 de junho de 2013 
  7. Baker, Donald (2008). Korean Spirituality. [S.l.]: University of Hawaii Press. pp. 145–146. ISBN 0824832574 
  8. Grant, Jessica. «Você sabia que Pyongyang já foi a Jerusalém do Leste?». Caminhos da missão. Consultado em 21 de abril de 2018 
  9. Corfield, Justin (2014). Historical Dictionary of Pyongyang (em inglês). [S.l.]: Anthem Press. pp. 37–38. Consultado em 12 de maio de 2018 
  10. «Orthodox Church of the Live-Giving Trinity in Pyongyang». Embassy of Russia to the DPRK (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2018 
  11. O'Carroll, Chad (22 de janeiro de 2013). «Iran Build's Pyongyang's First Mosque». NK News (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2018