República de Weimar
A República de Weimar (em alemão: Weimarer Republik), oficialmente chamada República Alemã (Deutsches Reich) é a designação histórica pela qual é conhecida a república estabelecida na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial em 1919 e que durou até ao início do regime nazista em 1933,[1] tendo como sistema de governo uma democracia representativa semipresidencial. O Presidente da República nomeava um chanceler que era responsável pelo poder executivo. Quanto ao poder legislativo, era constituído pelo parlamento federal do Reichstag e pelos parlamentos estaduais do Landtag. Este período tem o nome de Weimar pois foi nesta cidade da Turíngia que reuniu desde 6 de fevereiro até 11 de Agosto de 1919, data da aprovação da nova constituição, a assembleia nacional constituinte da República.
As circunstâncias em que foi criada a República de Weimar foram muito especiais. Prestes a perder a Primeira Guerra Mundial, a liderança militar alemã, altamente autocrática e conservadora, atirou o poder para as mãos dos democratas, em particular o SPD, que acabou por ter de negociar a paz (ou seja, a derrota na guerra). Com isso, ficava no ar o saudosismo de uma nação outrora poderosa, nos tempos do imperador, em comparação com a nova realidade democrática, cheia de derrotas e humilhações. Sebastian Haffner chamou-lhe uma "república sem republicanos". Kurt Tucholwski chamou-lhe: "o negativo de uma monarquia, que só não o é porque o monarca fugiu" (o imperador Guilherme II viu-se obrigado a abdicar).
Face a essa situação política, que alguns compararam a um presente envenenado à democracia, acabou por lançar os fundamentos que permitiram mais tarde a Adolf Hitler posicionar-se com o passado imperial da Alemanha e implantar o nazismo.[2]
O ano de 1933 é o ano terminal da república, já que, embora a Constituição de 1919 não tenha sido revista até ao final da Segunda Guerra Mundial, as reformas levadas a cabo pelo Partido Nazista invalidaram-na muito antes e a taxa de desemprego chegou a 44% em 1933.[3]
HistóriaEditar
O início da República de Weimar data de 1918, quando o país começou a ser controlado pelos militares logo após a fuga do Kaiser Guilherme II. Quando se tornou evidente que a Primeira Guerra estava perdida, o Oberste Heeresleitung ("Comando Supremo do Exército") induziu a constituição de um governo civil para facilitar as negociações de paz com os aliados.
Em 28 de outubro de 1918, a nova constituição alemã estava pronta, convertendo o Reich numa república parlamentar (algo que havia sido evitado pelo Kaiser). Dessa forma, o Chanceler devia responsabilizar-se à nação perante o Reichstag (Parlamento Alemão) e não mais perante o imperador. O príncipe Maximiliano de Baden assumiu o cargo.
O plano de transformar a Alemanha veio a fracassar, sobretudo às condições impostas pelo Tratado de Versalhes, que limitavam qualquer possibilidade de ressurgimento econômico do país por causa das reparações de guerra e das restrições à indústria e ao exército alemão. As consequências econômicas da paz (1919), formuladas pelo economista John Maynard Keynes, que assistiu como observador às deliberações, expõem de maneira pormenorizada e com sagacidade qual haveria de ser o impacto das reparações sobre o frágil esquema das relações econômicas internacionais durante a década de 1920. Isso, somado ao regresso dos soldados da frente (muitos dos quais vinham feridos não apenas física mas psicologicamente), aumentou enormemente o clima de fracasso e descontentamento que assombrava a nação.
A escalada de violência entre os movimentos de direita e esquerda (carece de fontes) culminaram em 29 de Outubro de 1918, ao estalar a rebelião de parte do exército. O governo prendeu os amotinados, principalmente da divisão naval, e muitos estudantes, operários e militares solidarizaram-se com eles, agrupando-se em conselhos similares aos sovietes, que tomaram o poder militar e civil em diversas cidades. A 7 de novembro, a revolução alcançou a cidade de Munique, provocando a fuga do rei Luís III da Baviera.
O país esteve perto de se converter num Estado socialista. A 9 de novembro, o príncipe von Baden transferiu os seus poderes legais a Friedrich Ebert, líder do Partido Socialista da Alemanha (SPD, Sozialistische Partei Deutschlands), de influência operária, mas sem intenções de abandonar o sistema parlamentar. Esperava-se que esse ato bastaria para acalmar as massas, mas tal não ocorreu.
No dia seguinte, instaurou-se um governo revolucionário sob o nome de Rat der Volksbeauftragten, traduzido como "Conselho dos Encarregados do Povo", que era formado por três membros do MSPD e três membros do partido Social Democrata Independente (USPD, Unabhängige Sozialdemokraten), liderado por Ehbert e Hugo Haase, respectivamente. Esse conselho governou a Alemanha de novembro de 1918 até janeiro de 1919.
Bandeira e brasãoEditar
Após a proclamação da república, a bandeira e o brasão de armas da Alemanha foram também alterados para dar conta das mudanças políticas no país. O tricolor republicano é baseado na bandeira introduzida pela Constituição Paulskirche de 1849, a qual foi decidida que pelo Parlamento de Frankfurt, durante o movimento civil alemão, o qual pediam principalmente o parlamentarismo e a unificação dos estados germânicos.
As conquistas e sinais desse movimento foram majoritariamente feitos após a queda do antigo regime e a reação política. Apenas o pequeno Principado de Waldeck continuou sua tradição usando as cores alemãs, chamadas de Schwarz-Rot-Gold em alemão (Em português: "Preto-Vermelho-Dourado").
Esses sinais continuaram sendo símbolos do movimento Paulskirche e a República de Weimar queria expressar sua origem naquele movimento entre 1848 e 1852. Os anti-republicanos opuseram-se a essa bandeira. Enquanto a primeira frota imperial (Reichsflotte) orgulhosamente usava uma bandeira naval baseada na Schwarz-Rot-Gold, a marinha alemã (Reichsmarine) insistia em usar as cores pré-primeira guerra, similar a marinha mercantil alemã.
O brasão de armas republicano foi idealizado no movimento Paulskirche, usando a mesma ave, a águia, e as mesmas cores (preto, vermelho e dourado), mas ocorrendo uma redução de duas cabeças para uma. O político alemão, Friedrich Ebert declarou, inicialmente, que o brasão de armas poderia ser desenhado por Emil Doepler, e em 11 de novembro de 1919, foi aceito pelo governo alemão.
Em 1928, o Reichswappen (brasão de armas do Reich) desenhado por Tobias Schwab (1887-1967) passou a ser usado como emblema oficial da Equipe Olímpica da Alemanha.
O desenho de Doepler foi adotado como o Reichsschild (escudo do Reich), com uso restrito a veículos do governo.
Em 1949, a República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental) adotou todas as três insígnias da República de Weimar.
Ver tambémEditar
- Sebastian Haffner
- Hugo Preuss
- Friedrich Naumann
- Lion Feuchtwanger - autor de vários romances que ilustram a vida na República de Weimar
- Weimar Clássica
- República Soviética da Baviera
- Cultura de Weimar
- Nazismo
Referências
- ↑ «Weimar Republic | Definition, History, Constitution, Problems, Downfall, & Facts». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 8 de outubro de 2020
- ↑ «Robert Gellately». Consultado em 10 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 27 de fevereiro de 2018
- ↑ HOBSBAWN, Eric, L’âge des extrêmes, Éditions Complexe, Paris, 2003, p.132.