Ribeirão Cascalheira

município brasileiro do estado de Mato Grosso

Ribeirão Cascalheira é um município brasileiro do estado de Mato Grosso, localizado na latitude sul 12º56'30", longitude oeste 51º49'27", altitude 386 metros acima do nível do mar. Em 2022, a população era de 10.089 habitantes. Sua área é de 11.354,555 km² (25º maior do estado) e a sede dista 960 km da capital, Cuiabá.[5][6]

Ribeirão Cascalheira
  Município do Brasil  
Paróquia São João Batista
Paróquia São João Batista
Paróquia São João Batista
Símbolos
Bandeira de Ribeirão Cascalheira
Bandeira
Hino
Gentílico cascalheirense
Localização
Localização de Ribeirão Cascalheira em Mato Grosso
Localização de Ribeirão Cascalheira em Mato Grosso
Localização de Ribeirão Cascalheira em Mato Grosso
Ribeirão Cascalheira está localizado em: Brasil
Ribeirão Cascalheira
Localização de Ribeirão Cascalheira no Brasil
Mapa
Mapa de Ribeirão Cascalheira
Coordenadas 12° 56′ 31″ S, 51° 49′ 26″ O
País Brasil
Unidade federativa Mato Grosso
Municípios limítrofes Novo Santo Antônio, Serra Nova Dourada, Querência, Canarana e Cocalinho.
Distância até a capital 900 km
História
Fundação fim dos anos 60
Administração
Prefeito(a) Luzia Nunes Brandão (Solidariedade, 2021–2024)
Características geográficas
Área total [1] 11 356,472 km²
População total (estimativa IBGE/2017[2]) 9 796 hab.
Densidade 0,9 hab./km²
Clima Não disponível
Altitude 386 m
Fuso horário Hora do Amazonas (UTC−4)
CEP 78675-000
Indicadores
IDH (PNUD/2000 [3]) 0,694 médio
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 93 280,660 mil
PIB per capita (IBGE/2008[4]) R$ 10 357,61

História

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Sua primeira denominação foi "Ribeirão Bonito", em 1968; época em que Juca e Tintino se instalaram às margens do Córrego Suiazinho e quando foi criado o primeiro comércio: a "Pensão e Comércio Ribeirão Bonito", de Zacarias Guedes. A maioria dos pioneiros chegou à localidade com suas famílias, incluindo não só mulheres e filhos, mas também parentes e amigos. O núcleo de povoação também teve os nomes de "Alta Cascalheira", "Guedolândia" e "Divinéia".[7]

Em 9 de outubro de 1984, foi elevada a distrito, com o nome de Ribeirão Bonito. E elevado a município em 3 de maio de 1988 (Lei nº 5.267), com nome de "Ribeirão Cascalheira" e englobando áreas desmembradas de Canarana e São Félix do Araguaia.[7]

Economia

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A economia do município de Ribeirão Cascalheira é baseada na pecuária. O turismo também contribui para a economia municipal, sendo as principais atrações o Balneário Recanto do Tunicão, a Igreja dos Mártires e as praias do rio das Mortes.[7]

Santuário dos Mártires da Caminhada

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Santuário dos Mártires da Caminhada

Lá encontra-se o único Santuário no Mundo dedicado aos mártires.[8] A história do padre João Bosco Penido Burnier até hoje é lembrada pelos moradores locais como exemplo de redenção e defesa dos direitos das minorias. O fato dramático que o colocou na condição de símbolo maior do município foi descrito por um escritor local dessa forma: “Era tarde de 11 de outubro de 1976. Duas mulheres sertanejas, Margarida e Santana, estavam sendo torturadas na cadeia-delegacia de Ribeirão Bonito, Mato Grosso, lugar e hora de latifúndio prepotente, de peonagem semi-escrava e de brutalidade policial. A comunidade celebrava a novena da padroeira Nossa Senhora Aparecida. E nesse dia havia chegado ao povoado o Bispo Pedro Casaldáliga e o Padre João Bosco Penido Burnier, mineiro de Juiz de Fora, jesuíta, missionário entre os índios Bakairi. Os dois foram interceder pelas mulheres torturadas. Quatro policiais os esperavam no terreiro da delegacia e apenas foi possível um diálogo de minutos. Um soldado desfechou no rosto do Padre João Bosco um soco, uma coronhada e o tiro fatal. Em sua agonia. Padre João Bosco ofereceu a vida pelo CIMI e pelo Brasil, invocou ardentemente o nome de Jesus e recebeu a unção. Foi morrer, gloriosamente mártir, no dia seguinte, festa da Mãe Aparecida, em Goiânia, coroando assim uma vida santa.Suas últimas palavras foram as do próprio mestre: Acabamos a nossa tarefa!”. O Santuário dos Mártires da Caminhada foi erguido dez anos depois da morte do Padre João Bosco Penido Burnier.[9][10]

Povos nativos

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Por meio do decreto Nº 93.147 de 20/08/1986 foi homologado a demarcação da Terra Indígena Pimentel Barbosa do Povo Xavante onde 51% desta fica em território de Ribeirão Cascalheira.[11][12] Na centro urbano da cidade existe a Coordenação Regional (CR) da Funai que foi criada com objetivo específico de viabilizar o processo de desintrusão da TI Marãiwatsédé (concluída em 2013).[13][14][15] Muitas das pessoas que saíram da TI Marãiwatsédé foram para cidades vizinhas dentre elas para Ribeirão Cascalheira onde o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) diz que ofereceu uma área.[16]

Fundada em 2009, a Coordenação Regional Ribeirão Cascalheira tem como missão coordenar e supervisionar a execução de iniciativas voltadas à proteção e promoção dos direitos das comunidades indígenas Xavante e de outras etnias da região nordeste do estado de Mato Grosso. Sua área de atuação abrange os municípios de Água Boa (MT), Alto Boa Vista (MT), Bom Jesus do Araguaia (MT), Canarana (MT), Nova Nazaré (MT), Ribeirão Cascalheira (MT) e São Félix do Araguaia (MT), onde residem aproximadamente 6 mil indígenas.[17]

Na região da Serra do Roncador, encontram-se sítios arqueológicos indígenas pré-coloniais. Entre eles, destaca-se o sítio arqueológico Barreira, que preserva vestígios dos primeiros habitantes. Hoje, o sítio Barreiras está situado na Fazenda Campo Grande, em Ribeirão Cascalheira, propriedade da família Zopone. Outro achado relevante é o sítio rupestre Pedra Alta, conhecido localmente como Pedra do Letreiro. Essa pedra é um exemplo visual típico de sítio arqueológico, com desenhos geométricos feitos de pigmentação de óxido de ferro e sangue. A Pedra do Letreiro está a aproximadamente 5 km da rodovia e é considerada uma área de impacto indireto do empreendimento. Além disso, em 2019, foram identificados mais dois sítios pré-coloniais.[18]

No dia 17 de março de 2022 por meio da Operação Res Capta prendeu o coordenador da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Ribeirão Cascalheira, Jussielson Gonçalves Silva, o sargento da Polícia Militar Gerrard Maxmiliano Rodrigues de Souza e o ex-policial militar do Amazonas, Enoque Bento de Souza acusados de arrendarem 5 mil hectares da Terra Indígena Marãiwatsédé.[19][20][21][22]

Dentre as aldeias existentes no município estão: São Domingos, Sereuwarão Sõ´Repré, Wederã, Pimentel Barbosa, Etiretipá e Santa Vitória.[23]


Referências

  1. IBGE (10 out. 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 dez. 2010 
  2. «Estimativas da população 2017». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 30 de agosto de 2017. Consultado em 30 de agosto de 2017 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 dez. 2010 
  5. IBGE. «Ribeirão Cascalheira». cidades.ibge.gov.br. Consultado em 6 de junho de 2024 
  6. «Ribeirão Cascalheira (MT) | Cidades e Estados | IBGE». www.ibge.gov.br. Consultado em 6 de junho de 2024 
  7. a b c «Tudo sobre a cidade de Ribeirão Cascalheira Estado do Mato Grosso». Cidades do meu Brasil. Consultado em 21 de abril de 2024 
  8. «Dom Pedro Casaldaliga: "só a sua presença já é testemunho de fé" - Vatican News». www.vaticannews.va. 8 de fevereiro de 2018. Consultado em 6 de junho de 2024 
  9. Dom Pedro Casaldaliga: "só a sua presença já é testemunho de fé"
  10. «Comissão Pastoral da Terra - Romaria dos Mártires da Caminhada reafirma aliança com as pessoas excluídas». www.cptnacional.org.br. Consultado em 6 de junho de 2024 
  11. «DECRETO Nº 93.147 DE 20 DE AGOSTO DE 1986». legislacao.presidencia.gov.br. 21 de agosto de 1986. Consultado em 30 de junho de 2024 
  12. «D93147». www.planalto.gov.br. Consultado em 30 de junho de 2024 
  13. «Um giro de 360 graus | Drupal». www.terrasindigenas.org.br (em inglês). Consultado em 30 de junho de 2024 
  14. FANZERES, ANDREIA (11 de dezembro de 2012). «Invasores começam a ser retirados de Terra Indígena Marãiwatsédé». Repórter Brasil. Consultado em 30 de junho de 2024 
  15. «Terra Indígena Marãiwatsédé | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 30 de junho de 2024 
  16. MT, Dhiego MaiaDo G1 (8 de janeiro de 2013). «Famílias retiradas de área indígena em MT superlotam cidades vizinhas». Mato Grosso. Consultado em 30 de junho de 2024 
  17. «Plantio em terra indígena deve produzir mais de 1500 sacas de arroz para alimentar Xavantes na região de Canarana». gauchanews.com.br. Consultado em 30 de junho de 2024 
  18. «Asfaltando a memória indígena | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 30 de junho de 2024 
  19. «Mais de 5 mil hectares de terra indígena arrendados para fazendeiros foram degradados em MT». G1. 18 de março de 2022. Consultado em 30 de junho de 2024 
  20. «Rubens Valente - Inquérito detalha apoio de militar da Funai a arrendamento de área indígena». noticias.uol.com.br. Consultado em 30 de junho de 2024 
  21. Moura, Adriana Gonzaga de (21 de fevereiro de 2024). «Justiça bloqueia bens de acusados de arrendar terra indígena». Agência Cenarium. Consultado em 30 de junho de 2024 
  22. «A gravação comprometedora do presidente da Funai em caso de corrupção | Maquiavel». VEJA. Consultado em 30 de junho de 2024 
  23. assessoria, O. Bom da Notícia/ com (22 de outubro de 2022). «Superintendência Indígena visita seis aldeias do município de Ribeirão Cascalheira». O Bom da Notícia. Consultado em 30 de junho de 2024 

Ligações externas

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