Roberto Carminati é um cineasta brasileiro.

Iniciou o curso de Administração na Unesc, mas abandonou-o em favor do cinema, formando-se bacharel no Emerson College, em Boston, Estados Unidos. Ali obteve seu mestrado em Artes, e depois iniciou uma carreira docente.[1] Ao mesmo tempo, iniciou sua produção autoral, e seu primeiro filme, A Fronteira (2003), versando sobre as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes ilegais, foi bem recebido pela crítica norte-americana, conquistando premiações: Melhor Filme no Festival Latino Americano de Nova Iorque,[2] o prêmio Best Cultural Film no NY Brazil Film Festival, e selecionado no Goldie Film Award entre os 10 melhores filmes culturais estrangeiros.[3]

A experiência propiciou-lhe novos trabalhos, atuando como um dos diretores na novela América (2005), na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (2006-2007)[1] e na novela Caminho das Índias (2009), escolhida a melhor novela no 37º Prêmio Emmy Internacional,[4] além de receber vários prêmios brasileiros.[5][6][7]

Já o filme Segurança Nacional (2010), realizado com o apoio do Ministério da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, onde segundo o diretor a ideia foi enaltecer os heróis "que dedicam suas carreiras e vidas para defender a soberania nacional", explorando a ameaça de um ataque terrorista,[8] recebeu análises em geral muito negativas, que em sua maioria criticaram o uso de clichês desgastados, seu escasso realismo e um enredo prejudicado por um patriotismo ufanista e pela excessiva propaganda pró-Forças Armadas, embora sua parte técnica tenha sido em geral considerada adequada.[9][10][11][12] Por outro lado, Bernardo Wahl, em ensaio acadêmico, apesar de reconhecer a má recepção da obra, considerou que ela tem pontos positivos por estimular um debate sobre defesa, cinema e sociedade, "em um momento no qual se discute com mais seriedade a temática defesa nacional no Brasil. [...] Trata-se de um caso atípico no cinema nacional, e que também levanta hipóteses atípicas (narcotraficantes e a posse de bombas nucleares, por exemplo) – mas possíveis, exigindo uma reflexão mais aprofundada e menos conjuntural".[13]

Seu outro filme, The Heartbreaker (O Arrasa-Corações), entrou em uma batalha judicial a respeito de direitos autorais envolvendo a produtora norte-americana e o diretor, teve pré-estreia e divulgação em streaming nos Estados Unidos, mas em 2011 sua exibição e distribuição foram proibidas pela Justiça brasileira.[14][15] Também teve problemas o filme Se a Vida Começasse Agora, sobre o Rock in Rio, do qual foi co-diretor e produtor. O filme deveria ser lançado em 2015, mas nesse intervalo Carminati sofreu um sério acidente, a produção e captação de recursos atrasaram, foram divulgadas informações conflitantes, gerou-se uma controvérsia pública, o Ministério Público denunciou irregularidades no repasse dos recursos e Carminati acabou sendo condenado pelo Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina a devolver R$ 980 mil aos cofres públicos.[15] Depois de dois anos em suspenso, sua estreia foi anunciada para setembro de 2019.[16]

Referências

  1. a b Virtuoso, Zeca. "A paixão é ingrediente para o sucesso, diz cineasta". Assessoria de Imprensa, Comunicação e Marketing da UNESC, 04/05/2007
  2. Kfuri, Letícia. "A vida do imigrante ilegal sem o romantismo da TV", Gazeta, 02/12/2005
  3. "A Fronteira abre portas para Roberto Carminati". Gazeta, 08/03/2005
  4. "Caminho das Índias ganha Emmy consagrando Roberto Carminati". Brazilian Times, 26/11/2009
  5. "Prêmio Arte Qualidade Brasil 2009". Associação Prêmio Arte Qualidade Brasil.
  6. Carauta, Nilton. "Prêmio consagra Caminho das Índias no Rio". R7, 02/12/2009
  7. "Troféu Imprensa elege os Melhores de 2009 em quinze categorias". Terra Notícias, 29/03/2010
  8. "Filme Segurança Nacional retrata trabalho de heróis anônimos". Força Aérea Brasileira.
  9. Fernandez, Alexandre Agabiti. "Grandiosidade canhestra coloca humor involuntário em filme brasileiro". Folha de S.Paulo, 07/05/2010
  10. Tomazzoni, Marco. "Filme de ação brasileiro é o maior desastre recente do cinema nacional". Último Segundo, 06/05/2010
  11. Baroni, Larissa Leiros. "Filme propõe reflexão sobre segurança nacional". Universia, 07/05/2010
  12. Oliveira, Alysson. "Segurança Nacional esbarra em ufanismo ingênuo". Rede Brasil Atual, 06/05/2010
  13. Wahl, Bernardo. "Defesa, Cinema e Sociedade: Ensaio sobre Segurança Nacional, o Filme". In: IV ENABED, Brasília, 2010
  14. "Justiça de SC proíbe lançamento de filme estrelado por Giovanna Antonelli". 'UOL, 20/04/2011
  15. a b Rodrigues, Renato. "Com mais de R$ 4 mi captados, filme sobre RiR está há 2 anos na geladeira". UOL, 03/10/2017
  16. Santos, Gabriel. "Imagem Filmes | Distribuidora divulga seus lançamentos para 2019". Trem do Hype, 03/02/2019

Ligações externas editar