R. G. Collingwood
Robin George Collingwood (22 de fevereiro de 1889 – 9 de janeiro de 1943) foi um filósofo, historiador e arqueólogo britânico.[1]
Robin G. Collingwood | |
---|---|
Fotografia de R. G. Collingwood, por Thoemmes Continuum. | |
Nascimento | 22 de fevereiro de 1889 Cartmel Fell, Lancashire Inglaterra |
Morte | 9 de janeiro de 1943 (53 anos) Coniston, Cumbria, Inglaterra |
Nacionalidade | inglês |
Ocupação | |
Principais interesses |
BiografiaEditar
Filho do acadêmico William Gershom Collingwood, professor de Belas Artes na Universidade de Reading,[2] ingressou na Universidade de Oxford em 1908, onde estudou Filosofia, foi apontado como "guardião" do Pembroke College em 1912. Collingwood, que realizaria todas as suas atividades na referida instituição, tornou-se conhecido por seu trabalho sobre a história antiga, devido às inúmeras escavações dirigidas entre 1911-1934. Sofreu influência de idealistas italianos como Benedetto Croce, Giovanni Gentile e Guido de Ruggiero, este último era um amigo íntimo. Outras importantes influencias foram as de Immanuel Kant, Giambattista Vico, F. H. Bradley, Alfred North Whitehead e Samuel Alexander.[3]
Durante boa parte da vida dedicou-se a estudar a relação entre História e Filosofia. O pensador Inglês defendeu com veemência a necessidade, de acordo com sua opinião, de unirmos o conceito de experiência metafísica a temas clássicos da História. Suas teorias epistemológicas, que foram descritas como "intelectuais" pela crítica, foram em grande parte incluídas nos volumes intitulados Ensaio sobre o método filosófico (1933), Ensaio sobre a metafísica (1940), Ensaio sobre a filosofia da história, A Ideia de História (1946) e Princípios da filosofia artística. Entre 1911 e 1934, Collingwood concentrou seus estudos na área da arqueologia, publicando obras como A Arqueologia da Bretanha Romana, em 1930, e Bretanha Romana e os Assentamentos Ingleses, em 1936. Simultaneamente, publicou vários estudos sobre a figura de Croce e escreveu uma Autobiografia (1939).[4]
No campo da teoria da história, Collingwood é mais conhecido por sua obra póstuma, The Idea of History. Nesse trabalho fragmentado, aleatoriamente editado e apenas parcialmente revisado pelo autor, foi agregado uma segunda parte, intitulada Epilegômenos, cujos textos são de origem diversa[5].
Uma das mais importantes contribuições de R. G. Collingwood é o conceito de imaginação histórica, associado ao que Collingwood intitula “critério da verdade histórica”, ou seja a idéia de que a história, sendo um tipo de conhecimento dedutivo daquilo que é transitório, não pode extrair certezas das fontes porque é a veracidade das afirmações da própria fonte que está em questão: “ [...] para o historiador não pode haver nunca fontes autorizadas, porque estas proferem um veredicto que só ele pode lançar”. Por isso o historiador deve transcender aquilo que as fontes lhe dizem através de um modo construtivo, procedendo a uma interpolação entre as afirmações feitas pelas fontes com outras, deduzidas das mesmas. A imaginação histórica utiliza-se de um processo re-construtivo das conexões internas entre dois eventos (a posição de um navio, em alto-mar em E1t1 e E2t2, por exemplo)[6].
"nenhum historiador, a não ser os maus, simplesmente reproduz as autoridades sem proceder a uma seleção. É o historiador que é responsável por aquilo que será inserido em sua história e não as autoridades. A autonomia do historiador é exemplificada pelo fato de que estas autoridades revelam certas fases em um processo histórico, mas podem não dar importância à fases intermediárias. O historiador deduz a partir da evidência as lacunas que as autoridades deixam de empregar seus próprios princípios metodológicos e os critérios de relevância e conveniência. Isto é o que Collingwood chamaria de história construtiva, isto é, o ato de impor sobre declarações tomadas de autoridades, outras declarações que nós emprestamos a partir delas." (Boucher,1997, p. 314).
ObraEditar
FilosofiaEditar
- 1916 - Religião e Filosofia (Religion and Philosophy)
- 1920 - Filosofia de Ruskin (Ruskin's Philosophy)
- 1924 - Speculum Mentis ou o Mapa do Conhecimento (Speculum Mentis or the Map of Knowledge)
- 1933 - Linhas Gerais de uma Filosofia da Arte (Outlines of a Philosophy of Art)
- 1933 - Um Ensaio sobre o Método Filosófico (An Essay on Philosophical Method)
- 1938 - Os Princípios da Arte (The Principles of Art)
- 1939 - Uma Autobiografia (An Autobiography, Neuauflage mit neuer Einleitung von Stephen Toulmin: 1978)
- 1940 - Um Ensaio sobre Metafísica (An Essay on Metaphysics)
- 1940 - O Registro do Primeiro Companheiro (The First Mate's Log)
- 1942 - O Novo Leviatã ou Homem, Sociedade, Civilização e Barbárie (The New Leviathan or Man, Society, Civilization, and Barbarism)
- 1944 - A Ideia de Natureza (The Idea of Nature, póstuma)
HistóriaEditar
- 1921 - Bretanha Romana (Roman Britain)
- 1936 - Natureza Humana e História Humana (Human Nature and Human History)
- 1935 - A Imaginação Histórica (The Historical Imagination)
- 1946 - A Ideia de História (The Idea of History, póstuma)
- 1999 - Os Princípios da História (The Principles of History, póstuma)
ArqueologiaEditar
Referências
- ↑ Arrais 2013, p. 310.
- ↑ Arrais 2013, p. 307.
- ↑ Arrais 2013, p. 309.
- ↑ Encyclopaedia Britannica 2018.
- ↑ Arrais, Cristiano Alencar (15 de junho de 2010). «A Filosofia da História de R.G. Collingwood: duas contribuições». Dimensões. 0 (24). ISSN 2179-8869
- ↑ Arrais, Cristiano Alencar (15 de junho de 2010). «A Filosofia da História de R.G. Collingwood: duas contribuições». Dimensões. 0 (24). ISSN 2179-8869
BibliografiaEditar
- Arrais, Cristiano (2013). «Robin George Collingwood». Lições de história: da história científica à crítica da razão metódica no limiar do século XX. Porto Alegre: Edipucrs. ISBN 9788539703203.
- BOUCHER, D. The significance of R. G. Collingwood`s Principles of History. In.: Journal of History of Ideas, v.58, n.2 (apr. 1997). Pennsylvania, UE: University of Pennsylvania Press, p.309-330.
- COLLINGWOOD, R. G. A ideia de história. Portugal: Editorial Presença, 1981.
- COLLINGWOOD, R. G. An autobiography. U.K.: Oxford University Press, 2002.
- Encyclopaedia Britannica (2018). «R. G. Collingwood». Cópia arquivada em 18 de setembro de 2017