Rui Facó

jornalista comunista brasileiro (1913-1963)

Rui Facó (Beberibe, 4 de outubro de 1913Cordilheira dos Andes, 15 de março de 1963) foi um jornalista, intelectual, ativista e escritor marxista brasileiro.[1]

Rui Facó
Rui Facó
Nome completo Rui Facó
Nascimento 4 de outubro de 1913
Beberibe, Ceará, Brasil
Morte 15 de março de 1963 (49 anos)
Cordilheira dos Andes, Bolívia
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal da Bahia
Ocupação escritor, jornalista, ativista

Biografia editar

Facó nasceu em 1913, na cidade de Beberibe no interior do Ceará.[2][3] Nascido na dura realidade cearense dos anos de década de 1910, o que fez com que Facó se interessasse em pesquisar o passado dos povos subalternos da realidade brasileira.[4] Dado seu interesse, começou a buscar compreender a Guerra de Canudos, os escravos, atos de cangaceiros, os movimentos republicanos e a penetração do imperialismo no país.[5][6]

Com um certo reconhecimento de sua pesquisa em sua cidade, mudou para a capital cearense, Fortaleza, quando começou a trabalhar de jornalista e entrou para o Partido Comunista do Brasil (PCB).[4] Participa no ano de 1935 da Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento em contestação ao governo do então presidente Getúlio Vargas.[7][8] No mesmo ano, ingressou na Faculdade de Direito do Ceará vinculado a Universidade Federal do Ceará (UFC), para fazer o curso de Direito.[9][10]

No ano de 1936, muda-se para Salvador — a capital do estado da Bahia.[9][11] Migrou o curso para a Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).[9] Em 1945, migrou de Salvador para o Rio de Janeiro, onde tornou-se parte da redação jornalística do periódico de esquerda, A Classe Operária.[12][13]

Em 1952, mudou-se para a União Soviética onde continuou trabalhando e foi trabalhar na Rádio de Moscou.[14][15] No ano de 1958, retorna da União Soviética para o Brasil, mais especificamente retorna para o Rio de Janeiro, onde passa a trabalhar esquerdista Novos Rumos.[16][17][18]

Atuou em diversos cargos do Partido Comunista, dentro da burocracia partidária e também na imprensa do partido.[9][19][20]

Morte editar

No dia 5 de março de 1963, Rui Facó deixou o Rio de Janeiro para uma viagem que o levaria pela América Latina. Seu objetivo era escrever para Novos Rumos uma série de reportagens importantes sobre a realidade e os problemas sociais e políticos do Cone Sul, coletando criteriosamente um conjunto de dados e registrando fatos e depoimentos in loco. Seu destino final deveria ter sido, supõe-se, Havana; como delegado do PCB, participaria de um ato público de apoio à revolução cubana.[14] Foi então primeiro para Buenos Aires, depois para Santiago do Chile, de onde voou para La Paz, na Bolívia, com escala final em Arica, no extremo norte do Chile. Porém, o avião, tipo Douglas DC-6B, em resposta ao vôo nº 915 da empresa Lloyd Aéreo Boliviano, que havia decolado do aeroporto de Arica em 15 de março de 1963 às 13h27, se chocou contra rochas. Próximo ao vulcão chileno Tacora, um pouco além da fronteira com o Peru. No acidente, causado por péssimas condições atmosféricas — fortes turbulências são comuns na parte oeste da Cordilheira dos Andes — morreram todos os 39 ocupantes da aeronave (36 passageiros e 3 tripulantes).[9][21]

 
Símbolo do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Legado editar

O ano de 2013, tanto o centenário do nascimento do jornalista como o quinquagésimo aniversário da sua morte, foi proclamado “Ano Rui Facó” pelo deputado cearense Paulo Facó (Paulo de Tarso Facó Bezerra)[22] (PT do B).[23] Neste contexto de homenagens, decorreu um seminário dedicado à sua vida e obra, cabendo a redação da biografia de Rui Facó ao jornalista e professor da Universidade Federal do Ceará, Luís Sérgio Santos.[2][24]

Publicações editar

  • Recorte tratando da arte de Oswaldo Goeldi (1941)[25]
  • Brasil Século XX (1960)[26]
  • Cangaceiros e fanáticos: gênese e lutas (1963)[27]

Referências

  1. «Rui Facó». Marxismo 21. 1 de junho de 2014. Consultado em 26 de março de 2021 
  2. a b Santos, Sérgio (17 de outubro de 2014). «Rui Facó [uma biografia]. O homem e sua missão». Medium. Consultado em 26 de março de 2021 
  3. «Beberibe». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 26 de março de 2021 
  4. a b Pinheiro, Milton (26 de abril de 2012). «Rui Facó: um intelectual da revolução brasileira». Vermelho. Consultado em 26 de março de 2021 
  5. Alves, Vinicius (2017). «120 anos do fim da Guerra de Canudos». A Nova Democracia. Consultado em 26 de março de 2021 
  6. «Dicionário Político - Rui Facó». Marxists. Consultado em 26 de março de 2021 
  7. «Aliança Nacional Libertadora | CPDOC». CPDOC. FGV. Consultado em 26 de março de 2021 
  8. Brandão, Gildo Marçal (outubro de 1988). «Sobre a fisionomia intelectual do partido comunista (1945-1964)». Lua Nova: Revista de Cultura e Política (15): 133–149. ISSN 0102-6445. doi:10.1590/S0102-64451988000200008. Consultado em 26 de março de 2021 
  9. a b c d e «Cronologia e Conjuntura». Rui Facó. Consultado em 26 de março de 2021 
  10. Santos, Luis (20 de maio de 2003). «Biografia de Rui Facó». Observatório da Imprensa. Consultado em 26 de março de 2021 
  11. «Cidade de Salvador - Bahia». Guia Geográfico Salvador-Bahia. Consultado em 26 de março de 2021 
  12. Pinheiro, Milton. «Rui Facó: uma perspectiva marxista na explicação do Brasil» (PDF). Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 26 de março de 2021 
  13. Brasil, Bruno (23 de julho de 2014). «A CLASSE OPERÁRIA». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 26 de março de 2021 
  14. a b Arruda, Inácio (9 de outubro de 2013). «Inácio Arruda lembra centenário do escritor Rui Facó | Inácio Arruda». Inácio. Consultado em 26 de março de 2021 
  15. Xavier, Cezar (10 de outubro de 2013). «Inácio Arruda lembra centenário do escritor Rui Facó». grabois. Fundação Maurício Grabois. Consultado em 26 de março de 2021 
  16. Brasil, Bruno (29 de novembro de 2016). «Novos Rumos». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 26 de março de 2021 
  17. Brasil, CPDOC-Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «NOVOS RUMOS». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. FGV. Consultado em 26 de março de 2021 
  18. Carneiro, Emmanuel. «A interpretação de um comunista sobre o Brasil do Século XX: os escritos de Rui Facó (1958-1963).» (PDF). Universidade Estadual do Ceará. Consultado em 26 de março de 2021 
  19. Carneiro, Emmanuel. «Rui Facó: o jornalista revolucionário e escritor de combate» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 26 de março de 2021 
  20. «Inácio Arruda lembra centenário do escritor Rui Facó». Senado Federal. 8 de outubro de 2013. Consultado em 26 de março de 2021 
  21. Alcântara, Anísio; Fotografia. «Paulo Facó homenageia os 50 anos de morte do escritor Rui Facó». Assembleia Legislativa do Estado do Ceará. Consultado em 26 de março de 2021 
  22. ALECE, Assembléia Legislativa do Estado do Ceará. «Nome e Histórico de Deputados Estaduais da ALECE». ALECE. Consultado em 20 de dezembro de 2022 
  23. «Deputado lança o ano Rui Facó». Rui Facó 100 Anos. Consultado em 26 de março de 2021 
  24. Santos, Luis (2014). «Rui Facó (uma biografia) o homem e sua missão» (PDF). Universidade Federal do Ceará. Consultado em 26 de março de 2021 
  25. «Recorte tratando da arte de Oswaldo Goeldi». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 26 de março de 2021 
  26. «Brasil seculo XX / Rui Faco.». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 26 de março de 2021 
  27. «Cangaceiros e fanáticos, gênese e lutas». Biblioteca Nacional do Brasil. Consultado em 26 de março de 2021