São João (galeão 1551)

galeão da Marinha Portuguesa

O São João foi um galeão grande português que naufragou ao largo da costa sul-africana(perto de Port Edward) a 24 de Junho de 1552. Foi terminada a sua construção em 1550 e nesse mesmo ano ingressou numa esquadra da Carreira das Índias comandada pelo Capitão-Mor Dom Afonso de Noronha. O galeão foi inicialmente comandado pelo filho de Vasco da Gama, Dom Álvaro de Attaíde da Gama e posteriormente comandada por Manoel de Sousa Sepúlveda depois de atracar em Cochim a 26 de dezembro de 1551.Com o naufrágio morreram 120 dos 620 passageiros(220 tripulantes e passageiros e 300 escravos) e subsequentemente morreram mais 475 na Terra do Natal, atual África do Sul.

São João
São João (galeão 1551)
Galeão Grande São João a afundar na costa Africana
   Bandeira da marinha que serviu Portugal
Proprietário Coroa Real Portuguesa
Lançamento 1550
Viagem inaugural 18 de maio de 1551
Porto de registro Ribeira das Naus, Lisboa
Período de serviço 1550–1552
Estado Naufragado perto de Port Edward, África do Sul
Características gerais
Tipo de navio Galeão
Classe Galeão grande
Tonelagem 900 t
Largura ???
Comprimento ???
Altura ???
Propulsão 4 mastros de Vela quadrada
Carga 12000 quintais

Foi nesta embarcação que se deu a história famosa de Manuel de Sousa Sepúlveda da História Trágico Marítima.

História editar

Depois da sua construção nos estaleiros navais da Ribeira das Naus em Lisboa em 1550, nesse mesmo ano é lhe designado o capitão Dom Álvaro de Attaide da Gama e é criada uma esquadra da Carreira das Índias, comandada por Dom Affonso de Noronha, também Vice-Rei das Índia. Depois da criação da esquadra, que consistia em 4 naus e 1 galeão grande capitaneadas respetivamente por Dom Affonso de Noronha, Dom Diogo de Noronha, Dom Jorge de Menezes e Dom Álvaro Attaide da Gama(capitão do S.João), partiram de Lisboa, respetivamente a 1,2 e 18 de Maio de 1550(S.João).

Depois da passagem do Cabo da Boa Esperança, o galeão grande São João chega a Pegú, onde Álvaro da Gama juntamente com os oficiais do navio julgam ser os Ilhéus Queimados a 16º de latitude, acima de Goa.

Chega a Cochim a 26 de Dezembro de 1551 onde desembarca Dom Álvaro de Attaide da Gama e alguns oficiais do navio designados para a nova Administração das províncias da Índia, para irem para a Nau São Pedro com destino a Goa. A partir deste ponto passa a ser D. Manuel Souza Sepúlveda o capitão do galeão.

Carrega o galeão em Coulão com especiarias até 4500 quintais. O Galeão fica em Cochim de 26 de dezembro de 1550 a 3 de fevereiro de 1552 para carregar o galeão com especiarias, porcelana chinesa e outras mercadorias no valor de 7500 unidades de quintal adicionais saindo de Cochim com 12000 quintais de carga.[1]

Partem a 3 de fevereiro de Cochim com destino a Lisboa.

A bordo partiram de Cochim Manoel de Souza Sepúlveda, a mulher Lianor de Sá e os filhos juntamente com os fidalgos Pantaleão de Sá, Tristão de Souza, Diogo Mendes Dourado de Setúbal e Amador de Souza.

O galeão partiu completamente carregado de Cochim e os seus mastros e velas estavam bastante velhos e degradados(o que se aponta como principal causa do naufrágio).[1]

A 13 de março avistou-se a Costa do Cabo a 32º de latitude Sul.[2] As velas apresentavam-se extremamente danificadas.

 
Manoel de Sousa Sepúlveda circa 1540

O piloto da embarcação, André Vaz contornava o Cabo pelo Cabo das Agulhas longe da costa, no entanto, Manuel de Souza Sepúlveda ordenou-lhe que viajasse perto da costa pela Terra do Natal. A partir daí, o vento foi favorável até ao Cabo das Agulhas. A 11 de abril de 1552, chega ao Cabo da Boa Esperança com vento Noroeste-Sudeste e nesse dia,perto do cair da noite,por volta das 20h00, há uma mudança brusca e muito forte de vento no sentido Oeste-Oeste noroeste.[1]

Com a mudança violenta do vento, Manoel Sepúlveda pretendeu arribar na costa devido ao galeão ser muito comprido e grande. As velas do principais foram todas danificadas e tiveram de ser deitadas fora. As únicas funcionais seriam agora as das vergas e estavam rotas e estragadas.[1]

Durante a tempestade, o galeão embate em rochedos, destruindo assim parcialmente o leme e danificando o casco. O Mestre da embarcação Cristóvão Fernandes da Cunha, o Curto omite esta informação do comandante de modo a impedir o pânico total a bordo dizendo só ao piloto André Vaz.[1]

Depois da tempestade, as velas da verga foram todas parcialmente ou completamente danificadas o que leva o comandante Sepúlveda a reparar as velas com tecidos de roupas e outros madeira do navio para reparação possível do leme. O mastro do traquete, que estava a abrir o galeão e a levá-lo ao fundo, foi ,por isso, cortado.[1]

 
Representação do naufrágio do Galeão Grande S.João(1552) - in História Trágico Marítima(1735)

A viagem prossegue até 8 de Junho de 1552 onde ocorre uma nova tempestade bastante violenta. Com as falhas já evidenciadas no galeão, este começa a meter água. Sepúlveda ordena por isso,no momento de caos, que se descesse uma mânchua à procura de local para arribar o galeão. Durante as próximas horas, 3 mânchuas afundam e toda a tripulação nelas morre afogada.

O galeão acaba, no entanto, por atracar com sucesso na região atual de Port Edward onde acaba por naufragar dia 24 de junho matando 120 passageiros e consequentemente mais 455 por fome,doença, ataques das populações locais ou animais selvagens.[1]

É uma das maiores tragédias marítimas da história Naval Portuguesa e uma tragédia muito icónica, tendo sido representada em "Os Lusíadas" de Luís Vaz de Camões em 1572 e na História Trágico-Marítima de 1735 e tendo cativado o imaginário coletivo português .

Destroços editar

Os destroços do galeão São João podem ser encontrados perto de Port Edward's na zona de KwaZulu-Natal, atual África do Sul nas coordenadas: LAT: 31º44S LON: 23º59E

Moradores da região alegam que em alturas de tempestade mais intensas, porções de porcelana ainda alcançam a costa.


 
Destroços do Galeão São João na região de KwaZulu-Natal. Coordenadas: LAT- 31º44,XXXXS LON: 23º59,XXXE

Tripulação editar

Posto Nome
Capitão Manoel De Souza Sepúlveda[1]
Mestre Cristóvão Fernandes da Cunha,o Curto[1]
Oficial de navio Pantaleão de Sá[1]
Oficial de navio Diogo Mendes Dourado de Setúbal[1]
Oficial de navio Amador de Sousa[2]
Piloto André Diaz[2]

Referências

  1. a b c d e f g h i j GOMES DE BRITO, Bernardo (1735). História Trágico Marítima. Lisboa: [s.n.] 
  2. a b c Library, British; Maldonado, Maria Hermínia (1985). Relação das náos e armadas da India, com os successos dellas que se puderam saber, para noticia e instrucção dos curiozos, e amantes da historia da India: British Library, códice add. 20902. [S.l.]: UC Biblioteca Geral 1 
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