Sé (distrito de São Paulo)
Sé é um distrito situado na região central do município de São Paulo e é administrado pela Subprefeitura da Sé. Forma, juntamente com o distrito da República, o chamado Centro Histórico de São Paulo.
Sé | |
---|---|
![]() | |
Área | 2,1 km² |
População | (94º) 23.892 hab. (2022) |
Densidade | 11262 hab/ha |
Renda média | R$ 978,31 |
IDH | 0,858 – elevado (45º) |
Subprefeitura | Sé |
Região Administrativa | Centro |
Área Geográfica | 9 Centro expandido |
Distritos de São Paulo ![]() |
Trata-se do distrito em que está localizado o Pátio do Colégio, ponto no qual a cidade de São Paulo foi fundada em 1554[1]; a Praça da Sé, onde se encontra o "marco zero" do município e a Catedral Metropolitana de São Paulo; a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo; a sede do Tribunal de Justiça de São Paulo; o Edifício Martinelli; a Prefeitura Municipal; a Brasil, Bolsa, Balcão (B3); a sede do Ministério Público do Estado de São Paulo; o Edifício Altino Arantes (Banespa); o Mercado Municipal e o Mosteiro de São Bento, entre outros pontos de interesse.
O distrito é atendido pelas linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô de São Paulo e pelo Expresso Tiradentes da SPTrans.
Curiosamente, dentro desse distrito encontra-se a parte mais conhecida do bairro da Liberdade, embora também haja um distrito com este nome. A parte mais movimentada da Rua Galvão Bueno, a Praça da Liberdade e a Estação Japão-Liberdade do Metrô estão, oficialmente, dentro do distrito da Sé.
O distrito da Sé forma, junto com o da República, o chamado Centro Histórico de São Paulo. Porém, neste último, a ocupação efetiva iniciou-se apenas no século XIX e só ganhou força no início do século XX, após a construção do Viaduto do Chá.
História
editarA palavra Sé vem do latim sedes, significando sede ou fundação. Grosso modo, a área do distrito da Sé corresponde à ocupação mais antiga da cidade (iniciada no Século XVI), conhecida como o "Centro Velho" (não confundir com o "Centro Histórico"), que se formou numa espécie de colina ou platô em formato de "V", cercada pelos rios Anhangabaú — de um lado — e Tamanduateí — do outro. Essa área era delimitada pelas vias de ligação entre quatro pontos principais: as igrejas da Sé, do Carmo, de São Bento e de São Francisco (correspondendo às atuais ruas Senador Feijó, Anita Garibaldi, Roberto Simonsen, Boa Vista e Líbero Badaró).[2]
A cidade de São Paulo foi fundada em 25 de janeiro de 1554, no local onde hoje se situa o Pátio do Colégio, com uma missa inaugural realizada por um grupo de 12 jesuítas, comandados por Manuel de Paiva e por ordem de Manuel da Nóbrega. Esse grupo também foi responsável pelo aldeamento da Vila São Paulo de Piratininga.[1]
Em 1556, sobre a primitiva capela existente no local, nasceu uma igreja, juntamente com um grande colégio.[1]
Em 1º de novembro do mesmo ano, ao ser inaugurada a nova igreja do colégio, foi realizada uma representação do drama da Paixão, com a ativa participação de jovens índios discípulos de Anchieta.[1]
Em 1793, o Pátio do Colégio recebeu a Casa da Ópera, construída com barro socado em taipas, considerada padrão na época. Dirigida por estudantes de direito, ficou conhecida como "Teatrinho do Palácio" e funcionou até 1860.[1]
Em 1820, de acordo com Afonso de Taunay, a Sé incluía as "freguesias do Bom Jesus do Brás e Santa Efigênia". A Sé era dividida em duas partes: a Sé Sul, com nove quarteirões, e a Sé Norte, com 19 quarteirões. Seus limites geográficos eram definidos pelos rios Tamanduateí e Anhangabaú.[1]
Em 1860, foi construída uma caixa d'água para abastecer a Freguesia da Sé, na Rua Cruz Preta (atualmente Rua Quintino Bocaiúva), além de ter sido realizada a arborização dos principais largos paulistanos. Em 1864, foi inaugurado o Teatro São José, no Largo São Gonçalo, atual fundo da catedral da Sé.[1]
Em 1872, ao final das reformas nas igrejas, o Largo da Sé recebeu instalações de iluminação a gás e, em 1873, foi calçado com paralelepípedos. No mesmo ano, construiu-se uma escada de pedra ligando a Ladeira do Piques (atual Largo da Memória) à Rua do Paredão (atual Rua Coronel Xavier de Toledo).[1]
Em 1885, o corpo de bombeiros foi transferido para a Praça Clóvis Bevilácqua, onde permanece até hoje.[1]
A partir do início do século XX, a região da Sé passou por transformações radicais. Em 1911, a igreja de São Pedro da Pedra, construída no terreno do então Largo da Sé, foi demolida para dar lugar ao edifício da Caixa Econômica Federal. Da mesma forma, a antiga igreja da Sé e diversas ruas do centro desapareceram para viabilizar a criação de uma nova e ampla praça, bem como a construção de uma nova catedral, a catedral da Sé. Para isso, foi necessário destruir dois quarteirões inteiros.[1]
Em 1922, foi inaugurado o Palacete Santa Helena. Com arquitetura eclética e influência do art déco, o edifício foi considerado um marco na verticalização urbana da capital paulista, reunindo cinco blocos e sete andares, com duas sobrelojas, dois cinemas, quatro lojas e 276 salas multiuso. Em 1971, o palacete foi demolido para dar lugar à Estação Sé do Metrô de São Paulo.[3]
Em 1954, foi inaugurada a Catedral da Sé.[1]
Em 1978, foi inaugurada a Estação Sé do metrô, juntamente com a revitalizada Praça da Sé.[1]
Demografia
editarBairros
editarBairros da Sé:[6]
- Anhangabaú
- Liberdade (parte)
- Parque Dom Pedro I
- Mercado
- Sé
Limites
editar- Norte: Rua Mauá/Via férrea do Trem Metropolitano de São Paulo (linhas 10 e 11)
- Leste: Avenida do Estado, Avenida Mercúrio e Rua da Figueira
- Sul: Ligação Leste-Oeste e Rua Antônio de Sá
- Oeste: Avenida 23 de Maio, Praça da Bandeira, Vale do Anhangabaú e Avenida Prestes Maia
Distritos limítrofes
editar- Bom Retiro (Norte)
- Brás (Leste)
- Cambuci (minimamente) (Sudeste)
- Liberdade (Sul)
- República (Oeste)
Principais atrações
editar- Catedral Metropolitana
- Pátio do Colégio
- Mercado Municipal
- Mosteiro de São Bento
- Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
- B3
- Palácio das Indústrias
- Prefeitura Municipal
- Tribunal de Justiça de São Paulo
- Edifício do Banespa
- Edifício Martinelli
- Edifício do Banco do Brasil
Galeria de imagens
editar-
Fachada da Catedral da Sé
-
Colégio e Mosteiro de São Bento
-
Edifício Martinelli, considerado o arranha-céu mais antigo do Brasil (1929)
-
Palácio das Indústrias, tendo, atrás, o Viaduto Diário Popular e a Avenida Mercúrio
-
Vista da Estação Sé do Metrô
-
Vista da Praça da Sé
Ver também
editarBibliografia
editar- Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230
- PRADO, João F. de Almeida (2005). A formação histórica do Morro dos Ingleses em São Paulo Revista de História Paulistana, v. 8, n. 2 ed. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura. pp. 45–60
- PRADO, João F. de Almeida (2005). A formação histórica do bairro da Sé em São Paulo Revista de História Paulistana, v. 8, n. 2 ed. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura. pp. 45–60
- SILVA, Mariana Almeida (2013). O bairro da Sé: história e transformações urbanas no coração de São Paulo Revista Estudos Paulistanos, v. 10, n. 2 ed. São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie. pp. 33–50
- ANDRADE, Ricardo Mendes (2016). Dinâmicas urbanas e memória no bairro da Sé Revista Scripta Nova, v. 18, n. 515 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 1–25
- MOURA, Beatriz Helena (2018). Sé: patrimônio histórico e desenvolvimento urbano em São Paulo Revista Cidades, v. 16, n. 3 ed. São Paulo: Unesp. pp. 22–40
- FONSECA, Luis Fernando (2020). História e geografia do bairro da Sé Revista Geografia Urbana, v. 21, n. 4 ed. São Paulo: USP. pp. 55–80
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l «Sé». Folha da Manhã. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ POMPEU DE TOLEDO, Roberto. A Capital da Solidão. São Paulo: Objetiva, 2003, p. 98 e 221.
- ↑ «Santa Helena: A marretadas, novo toma espaço do velho». Folha de S. Paulo. 2 de dezembro de 2003. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ «População recenseada – Município de São Paulo, Subprefeituras e Distritos Municipais: 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010». Prefeitura de São Paulo. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Censo 2022 – IBGE» (Em "Arquivos vetoriais (com atributos dos resultados de população e domicílios)", acesse "Malha de Distritos preliminares – por Unidade da Federação" (shp) e faça o download). IBGE. Consultado em 7 de novembro de 2024
- ↑ «Conheça todos os distritos e bairros da região central de SP». Folha de S. Paulo. 7 de outubro de 2012. Consultado em 4 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 4 de novembro de 2024