Nota: Para outros significados de Sama, veja Sama (desambiguação).

A SAMA (S.A. Minerações Associadas) é uma indústria de amianto localizada em Minaçu, em Goiás, no Brasil. A empresa extrai o amianto crisotila, denominado Crisotila Canabrava.[1]

SAMA
S.A. de Capital Fechado
Slogan A melhor Crisotila do Brasil
Atividade Mineração
Fundação 10 de agosto de 1939
Pessoas-chave Rubens Rela (Diretor Geral)
Website oficial www.sama.com.br

História editar

A história da mina de Cana Brava – controlada pela SAMA Mineração de Amianto – confunde-se com o próprio processo de desenvolvimento do interior do Brasil, particularmente na região Centro-Oeste do Brasil. Na segunda metade do século XX, os primeiros desbravadores, depois de vencerem as dificuldades, inclusive percorrendo mais de 100 quilômetros a cavalo, chegaram ao local. Liderados pelo Geólogo Polonês Dr. J. Milewski, eles foram à região onde se localiza a mina de Cana Brava, procurando por indícios de estranhas "pedras cabeludas", em uma região ocupada por poucas famílias vivendo ao longo dos rios.

Cinco anos mais tarde, depois de confirmada a existência de amianto crisotila, a jazida começou a ser lavrada, contribuindo para o surgimento do município de Minaçu, localizado a 510 quilômetros de Goiânia, no norte do Estado de Goiás. Além da criação da cidade, a mineração proporcionou o início de um processo de rápido desenvolvimento econômico, com a geração de riquezas e empregos, aliada porém à destruição dos recursos naturais. Em pouco tempo, a mina de Cana Brava proporcionou, ao Brasil, a autossuficiência na produção de amianto crisotila, excedendo as necessidades do mercado nacional e permitindo a exportação da fibra para diversos países. Cana Brava é a única mina de amianto crisotila em atividade no Brasil e uma das mais produtivas do mundo, com capacidade instalada de até 240 mil toneladas/ano, detentora de um moderno parque industrial, referência para as principais mineradoras do planeta.

A mina de Cana Brava possui 2,7 quilômetros de extensão e 1 quilômetro de largura, com uma profundidade de 130 metros, características que garantem as reservas para mais 60 anos de extração a céu aberto.

Com essas dimensões, a SAMA figura entre as mais importantes companhias produtoras de amianto crisotila, fazendo frente às maiores empresas mundiais desse segmento. Essa posição de destaque foi alcançada graças a um rigoroso programa de omissões em áreas essenciais da empresa, como a segurança, a saúde dos trabalhadores e a preservação do meio ambiente.

Tida como referência mundial em mineração, a SAMA vem aumentando sua participação no mercado internacional a cada ano, em função do elevado conceito de seus produtos e serviços. Com 40% de sua produção destinada atualmente para a exportação, a fibra Crisotila Cana Brava está presente em mais de 20 países da Ásia, América Latina, África e Oriente Médio, com destaque para a Índia, Tailândia, Indonésia, Japão, México, Colômbia, Nigéria, Emirados Árabes Unidos e Irã.

A estabilidade da qualidade e a flexibilidade em desenvolver produtos e embalagens em perfeita harmonia com as especificações e necessidades dos clientes têm sido fatores decisivos para a conquista da preferência dos principais produtores de cimento amianto.

História de Vanguarda editar

A mina de Cana Brava foi descoberta em 1962 e, cinco anos depois, teve início a exploração de Crisotila na região.

O plano de desenvolvimento da indústria também proporcionou historicamente o desenvolvimento da cidade de Minaçu, no norte de Goiás, que tem cerca de 32 mil habitantes.

Na atualidade, a mineradora é reconhecida pela qualidade da fibra de Crisotila em cada fornecimento e uma excelente logística capaz de entregar seus produtos em tempo hábil, tanto para o mercado interno quanto para os clientes internacionais.

Linha do Tempo editar

1938 – Constituição da Sociedade Mineração de Amianto Ltda.

1939 – Fundação da S.A. Mineração de Amianto.

1962 – Descoberta da jazida de Cana Brava, em Minaçu.

1967 – Início da operação de Cana Brava. Grupo Eternit S.A. associa-se à empresa e detém 49,5% do capital.[2]

1978 – Implantação do sistema de filtragem de ar.

1988 – Edição do Manual do Uso Controlado do Amianto.[3]

1996 – Primeira mineração de amianto Crisotila no mundo a obter a certificação NBR ISO 9001.

1997 – Grupo Eternit S.A. torna-se detentor integral da SAMA S.A. Minerações Amianto

1998 – Pioneira mundial na sua categoria na certificação da NBR ISO 14001.[4]

1999 – Integração de processos com implantação do Enterprise Resource Planning, da SAP™. Recertificação da ISO 9001.

2001 – Recertificação da ISO 14001. Mapeamento de riscose implantação de medidas mitigadoras.

2002 – NBR ISO 9001:2000. Integração dos Sistemas de Gestão da Qualidade e Ambiental com Segurança e Saúde Ocupacional.

2004 – Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.[5]

2006 – Adesão ao Pacto Global da ONU.[6]

2007 – Recertificação da ISO 14001 e ISO 9001 e muda de razão socialː passa a ser SAMA S.A. Mineradoras Associadas e não mais S.A. Minerações Amianto.

2009 – Certificação do Programa Setorial de Qualidade Crisotila – PSQ Crisotila[7]

2010 – Cerfiticação do OHSAS 18001: 2007[8]

2017 - Decisão do STF proíbe uso do amianto por ser um produto cancerígeno[9]

O Mercado editar

A SAMA é a terceira maior produtora de Crisotila no mundo (13% do mercado mundial) e concorre com os seguintes mercados: Rússia (48%), China (20%), Cazaquistão (11%), Canadá (7%) e Zimbábue (1%).

Das vendas totais da SAMA, 40% são destinadas para o mercado nacional e 60% para exportação. Dentre os clientes nacionais, podem-se destacar: ETERNIT, INFIBRA, PERMATEX, ISDRALIT, CASALITE, CONFIBRA, DECORLIT, MULTILIT.

Hoje, a SAMA exporta para vários países, como: Angola, Argentina, Bolívia, China, Colômbia, Emirados Árabes, Equador, Estados Unidos Filipinas, Gana, Índia, Indonésia, Irã, Malásia, México, Nigéria, Sri Lanka, Tailândia, Vietnã

O Produto editar

A SAMA extrai e beneficia, na mina de Cana Brava, no município de Minaçu-Goiás, o Crisotila. Um mineral único, encontrado em forma fibrosa nos veios das rochas e que é manipulado pelo homem há séculos.

O Crisotila é um mineral de características singulares. Possui forte resistência ao fogo; tração superior à do aço; resistência a produtos químicos e micro-organismos; durabilidade e flexibilidade; boa capacidade de filtragem e um bom isolamento elétrico e acústico – o que o permite ter um custo/benefício considerável para uma maioria de nações que necessitam importar produtos com um valor acessível a suas populações.

Por isso, a mineração do Crisotila tem crescido nos últimos anos, devido à demanda dos países em desenvolvimento, principalmente da Ásia, que consome metade da produção mundial. O consumo de Crisotila é de 2,4 milhões de toneladas por ano no mundo. Somente a indústria do fibrocimento consome 98% da produção do produto no planeta.

Para a comercialização as fibras de Crisotila compactadas são acondicionadas em sacos de 50 quilogramas ou 60 quilogramas – atendendo aos padrões solicitados pelos clientes.

A SAMA desenvolveu um sistema ágil e moderno de distribuição de sua produção, vencendo as extensões continentais brasileiras e cumprindo os prazos acordados com a clientela.

A distribuição do produto para o mercado brasileiro ocorre por meio de caminhões (todos os motoristas são treinados e capacitados para o transporte seguro do amianto Crisotila) e, para dar escoamento aos produtos destinados à exportação, a empresa utiliza principalmente o Porto de Santos, localizado a 1 600 quilômetros da Mina de Cana Brava. O transporte para alguns países da América do Sul também é realizado por meio de caminhões e trens.

Apesar de ser um minério, o amianto Crisotila não é comercializado como uma commodity. Portanto, a negociação do preço é parte importante do processo comercial.

Projetos Sociais editar

Projeto Sambaíba editar

O Sambaíba, Programa de Gestão Integrada de Resíduos, é desenvolvido pela SAMA Mineração de Amianto, em parceria com o Instituto Brasileiro do Crisotila. Idealizado no ano de 2003 com foco no desenvolvimento sustentável, o Sambaíba visa a proteção ambiental e o desenvolvimento socioeconômico da população de Minaçu, cidade no interior de Goiás onde está localizada a mina de Cana Brava.

A implantação do projeto ocorre em três etapas:

Primeira, na Área Industrial da SAMA, e que teve início no primeiro semestre de 2003.

Segunda, na Vila Residencial da mineradora, a partir do segundo semestre de 2004.

Terceira, na cidade de Minaçu, terá início em breve.

O Programa de Gestão Integrada de Resíduos recebeu o nome de Sambaíba em referência a uma árvore nativa do cerrado, da qual tudo se aproveita: seus frutos servem de alimento aos pássaros e suas folhas podem ser utilizadas como lixa de madeira. Ou seja: a Sambaíba não gera resíduos e sua vida se renova a cada ciclo.

Projeto de Artesanato em Rocha Serpentinito editar

O Projeto de Artesanato em Rocha Serpentinito foi concebido pela SAMA Mineração de Amianto, dentro do Sambaíba Programa de Gestão Integrada de Resíduos, com a parceria da Superintendência de Geologia e Mineração da Secretaria da Indústria e Comércio do Estado de Goiás, Prefeitura Municipal de Minaçu e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

Inicialmente, foram desenvolvidos protótipos das peças com duas linhas diferentes: ornamental (formas da fauna e flora) e utilitária (utensílios domésticos e de escritório). Também foi feita uma pesquisa para identificação e adequação de tecnologia para produção das peças.

Para profissionalizar e inserir segmentos da comunidade de Minaçu no projeto, a Escola SENAI-SAMA, instalada dentro da empresa de mineração, desenvolve o Curso Artesão Mineral Artístico, que aborda temas como tecnologia das rochas minerais, lapidação de rochas e peças decorativas, legislação ambiental, controle de resíduos, meio ambiente, higiene e segurança do trabalho.

A primeira turma do Curso Artesão Mineral Artístico foi formada por 40 alunos selecionados junto às famílias de baixa renda. Os aprendizes concluirão o curso no mês de fevereiro de 2006.

Linhas de crédito: a fim de garantir a continuidade das atividades do processo de fabricação de artesanato em rocha serpentinito, a Prefeitura Municipal de Minaçu, em parceria com Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae fornece linhas de crédito e consultoria para a formação e a organização de cooperativas de trabalho.

Regulamentação editar

A utilização, a fabricação, a comercialização e o transporte de Crisotila no Brasil estão regulamentados pela Lei Federal nº 9.055/95, pelo Decreto 2.350/97 e pela Portaria 3.214/78 – NR15 – Anexo 12.[10]

Segundo o Anexo 12, a tolerância da fibra de Crisotila em suspensão, para que não seja prejudicial, é de 2,0 fibras/cm3. Contudo, os limites acordados entre as empresas, os profissionais e os sindicatos são de 0,2 fibras/cm3 em todos os pontos de monitoramento da indústria.

A implantação do uso controlado do amianto Crisotila no Brasil eliminou riscos à saúde humana e ao ambiente no processo de extração e transformação do mineral, impondo formas responsáveis, seguras e controladas de trabalho. Assim, as empresas do setor não registram nenhum caso de disfunção respiratória relacionada ao Crisotila entre seus colaboradores contratados desde o início da década de 1980. Além disso, não há registro na literatura médica e científica, nem mesmo na Organização Mundial da Saúde (OMS), de que a população brasileira tenha contraído qualquer doença em função do uso de produtos de fibrocimento fabricados com Crisotila.

Processos na Justiça editar

Em 2009, os Ministérios Públicos Federal (MPF/BA) e Estadual da Bahia (MPE/BA) propuseram uma ação civil pública contra a Sama, que explorou a mina de São Felix, no município de Bom Jesus da Serra, entre 1939 a 1967, onde a empresa extraiu amianto.[11] Segundo os órgãos jurídicos, a empresa mineradora não se preocupou com as condições de vida e a saúde dos trabalhadores e moradores do entorno da jazida, e tampouco adotou medidas para reduzir os prejuízos causados pela mineração ou evitou a contaminação de amianto na água e no ar.[11]

A Justiça Federal em Vitória da Conquista determinou, à Sama, a realização de uma série de medidas em defesa do meio ambiente e da segurança da população. A mineradora tentou anular a decisão no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas este manteve a decisão de primeira instância.[12]

Ligações Externas editar

Referências

  1. Revista Época, n. 588, 24 de agosto de 2009.
  2. História da Eternit http://www.eternit.com.br/corporativo/historia/index.php?
  3. http://www.sama.com.br/amianto/uca.htm
  4. O que é NBR ISO 14001 http://www.abconsultoriaegestao.com.br/certificacoes/nbr-iso-14001
  5. http://www.sama.com.br/ambiente/des_sust.htmi
  6. O que é o pacto global http://www.unicrio.org.br/Textos/pacto_01.html
  7. http://www.crisotilabrasil.org.br/site/usoControlado/pac.php
  8. Certificada pela Det Norske Veritas (DNV) com a OHSAS 18001:2007
  9. «Notícias STF :: STF - Supremo Tribunal Federal». www.stf.jus.br. Consultado em 6 de janeiro de 2020 
  10. http://www.brasil.gov.br
  11. a b «MPF e MPE/BA ajuízam ação civil pública contra empresa de mineração». Ministério Público Federal - Procuradoria da República na Bahia. 13 de março de 2014. Consultado em 23 de março de 2009 
  12. Conceição Lemes (1 de maio de 2013). «Justiça mantém decisão contra mineradora de amianto na Bahia». Viomundo. Consultado em 13 de março de 2014 
  Este artigo sobre uma empresa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.