Sanjurge
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Freguesia portuguesa extinta | ||||
Localização | ||||
Localização de Sanjurge em Portugal Continental | ||||
Coordenadas | ||||
Concelho primitivo | Chaves | |||
Concelho (s) atual (is) | Chaves | |||
Freguesia (s) atual (is) | Santa Cruz/Trindade e Sanjurge | |||
História | ||||
Extinção | 2013 | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 12,46 km² | |||
População total (2011) | 334 hab. | |||
Densidade | 26,8 hab./km² | |||
Outras informações | ||||
Orago | Santa Clara |
Sanjurge foi uma freguesia portuguesa do concelho de Chaves e Distrito de Vila Real, durante vários séculos. Foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada à freguesia de Santa Cruz - Trindade, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Santa Cruz/Trindade e Sanjurge com a sede em Cocanha.[1]
Sanjurge localiza-se a noroeste da cidade de Chaves, de que faz parte, já que com a reorganização administrativa de 2013 passou a fazer parte de uma das freguesias urbanas, que é parte da cidade de Chaves. Sanjurge tem fronteira com as freguesias de Bustelo a nordeste, Calvão a noroeste, Soutelo a sudoeste e Valdanta a sul. A sudeste tem Santa Cruz/Trindade a outra componente da nova freguesia e que faz fronteira com as freguesias de Outeiro Seco a nordeste e Santa Maria Maior a sul.
Povoação e pontos de interesseEditar
A aldeia é composta por um conjunto característico de casas, com uma rede de ruas que inclui:
- Largo dos Serviços Florestais: é o centro da aldeia, sendo atravessado pelo Ribeiro de Sanjurge que desagua no Rio Tâmega (junto às Caldas de Chaves).
- Rua Central: rua principal que atravessa a aldeia desde o seu acesso principal pelo Seara até ao Parque Florestal (zona localizada na serra a norte de Sanjurge).
- Rua das Cerdeiras.
- Rua de Cima.
- Rua do Escudeiro.
- Canto da Fonte.
- Rua do Forno.
- Rua João Martins Junior.
- Rua Joaquim Gomes: rua de entrada na aldeia pelo lado nascente e que passa pelo Cemitério da aldeia e Igreja Paroquial.
- Rua da Pedra Alta.
- Rua da Rosenda.
- Rua de Santa Clara: rua que liga a entrada da aldeia pelo lado sudeste, desde o lugar do Seara até à Rua Central.
- Rua da Senhora Aparecida.
- Rua da Taranheira.
Alguns dos pontos de referência da aldeia são ainda:
- Parque do Santuário da Nossa Senhora Aparecida.
- Parque Florestal de Sanjurge: zona florestada (frequentemente atingida por incêndios), que inclui ainda o património edificado (em ruínas) dos antigos Serviços Florestais e o tanque redondo (reservatório de água de nascente de grande dimensão).
- Cemitério de Sanjurge (na Rua Joaquim Gomes).
- Cemitério Novo de Chaves (na Reta do Seara).
- Nó 21 da Auto-Estrada A24 (acesso principal da A24 à cidade de Chaves).
- Campo de futebol do Seara, no Seara junto ao início da Rua de Santa Clara.
- Campo de futebol da Escola Primária, na Rua Central junto à escola primária.
- Património arqueológico: arte rupestre (Penedo da Cruzes, Penedo do Vale Salgueiro, Serra do Telo), Povoado fortificado do Facho, Via Romana (ver detalhes no Portal do Arqueólogo).
Havendo ainda o seguinte património edificado público:
- Centro Social de Santa Clara de Sanjurge, no Largo dos Serviços Florestais.
- Edificio do escritório em Sanjurge da Junta da União de Freguesias de Santa Cruz/Trindade e Sanjurge, na Rua João Martins Junior.
- Escola Primária (fechada), na Rua Central junto à Pedra Alta.
- Edifício da Junta de Freguesia e antiga escola, cedido para uso da Associação Cultural e Recreativa de Sanjurge, na Rua Central junto à Pedra Alta.
- Forno Comunitário, na Rua do Forno, junto ao Largo dos Serviços Florestais.
Paróquia de Santa ClaraEditar
O orago da paróquia de Sanjurge é Santa Clara. Esta paróquia pertence à Diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922, tendo sido antes dessa data parte da Diocese de Braga. A paróquia tem o seguinte património edificado:
- Igreja Paroquial, dedicada a Santa Clara, cuja construção se estima ser do século XIII ou XIV.[2]
- Capela da Nossa Senhora do Rosário, cuja construção original se estima ser quinhentista, tendo sido melhorada no século XVII e com obras de recuperação no século XX.
- Capela da Nossa Senhora Aparecida, cuja romaria é celebrada a 15 de Agosto.
- Residência Paroquial, no Largo dos Serviços Florestais.
- Capela Mortuária, com acesso ao átrio da Igreja Paroquial.
A paróquia de Sanjurge é referida nos vários registos paroquiais desde meados do século XVII, embora existam referências histórias a esta paróquia muito anteriores. Alguns dos párocos que serviram nesta paróquia (informação incompleta) foram:
- 1676-1698: Francisco João de Barros
- 1698-1735: António Pereira
- 1736-1739: Ventura Alves (nascido em Valdanta, Chaves, em 1708)
- 1740-1756: António Rodrigues
- 1756-1782: José Rodrigues
- 1783-1820: António Machado de Queiróga (nascido em Bobadela, Boticas)
- 1820-1845: Constantino Valeriano de Morais (nascido em Sanjurge, Chaves, em 1789)
- 1852-1852: Justino Alves da Cunha e Sousa
- 1853-1879: Francisco José Teixeira Monteiro (nascido na Pastoria-Redondelo, Chaves, em 1827)
- 1880-1887: António Alves Lopes
- 1887-1903: Francisco Pires de Morais (nascido em Sanjurge, Chaves, em 1827)
- 1904-1906: José do Espirito Santo Martins Jorge (nascido em Calvão, Chaves)
- 1907-1909: Victorino Domingues dos Reis
- 1909-1910: Domingos Gonçalves Carneiro de Moura (nascido em Soutelo, Chaves)
- 1911-1925: Raimundo Angelo Peres
- 1927-1927: Manuel Rodrigues Vieira (nascido em Anelhe, Chaves)
- 1927-1954: José Ribeiro Dias
- 1954-2012: João Martins Calheno (nascido em Vila da Ponte, Montalegre)
- desde 2013: Valdemar Pereira Correia
Ao longo dos séculos houve ainda diversos padres, alguns destes ilustres, que nasceram em Sanjurge. De enumerar, em particular, os seguintes (informação incompleta, extraída a partir das Inquirições de Génere no Arquivo Distrital de Braga):
- 1676 - Francisco Garcia
- 1680 - Miguel Garcia
- 1698 - André Garcia da Cunha
- 1710 - João Gonçalves
- 1710 - João Machado Magalhães
- 1712 - António Manuel Machado
- 1712 - Domingos Álvares
- 1713 - António Gonçalves
- 1713 - Francisco Gonçalves
- 1719 - Manuel Fernandes Pires
- 1734 - João Garcia da Cunha
- 1750 - Miguel Garcia da Cunha
- 1757 - João André Alvares Vilas Boas
- 1763 - João Martins de Morais
- 1765 - Domingos Martins de Morais
- 1765 - Francisco de Paula da Cunha Mourão
- 1789 - Constantino Valeriano de Morais
- 1797 - João José de Sousa Mourão
- 1801 - José Pires Chaves de Morais
- 1827 - Francisco Pires de Morais
- 1839 - Francisco Pires de Morais (sobrinho)
- 1863 - Álvaro Pires de Morais
PopulaçãoEditar
A população tem evoluído negativamente ao longo dos últimos anos, assinalando-se uma redução significativa da população residente de forma semelhante ao que acontece com toda a região de Chaves, Vila Real e o interior em geral. Ver os gráficos abaixo para uma visão quantificada, dessa evolução entre 1864 e 2011.
Número de habitantes [3] | ||||||||||||||
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1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
295 | 289 | 320 | 306 | 292 | 261 | 340 | 368 | 458 | 498 | 440 | 600 | 267 | 373 | 334 |
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial nesta freguesia à data em que os censos se realizaram.)
Com base nos registos paroquiais para os batismos é possível estimar que nasceram mais de 2000 crianças em Sanjurge desde meados do século XVII até meados do século XX (3 séculos). Uma fração significativa destas crianças não chegaram à idade adulta (em particular nos períodos de epidemias[4] em que os registos indicam uma mortalidade de quase 100%).
História e genealogiaEditar
Sanjurge acolheu ao longo dos últimos séculos ramos de algumas das famílias ilustres da região de Chaves/Vila Real, nomeadamente,
- Coelho de Melo (XVII)
- Carneiro da Fontoura (XVIII)
- Garcia da Cunha (XVIII e XIX)
- Monteiro de Queiróga (XIX)
- Pires de Morais (XIX)
- Monteiro Falcão (XIX)
Houve ao longo dos anos inúmeras ligações familiares com as aldeias vizinhas, nomeadamente com Soutelo, Calvão e Redondelo.
Algumas das gentes de Sanjurge que mereceram visibilidade pública, foram (lista não exaustiva):
- Manuel Dias Fernandes (1880-1961): referido nas "Ordens do Exército" pelo seu papel em avisar a cidade de Chaves (Regimento de Infantaria Nº 19), no dia 8 de Julho de 1912, do ataque eminente das forças monárquicas de Paiva Couceiro que se aproximavam da cidade pelo lado norte, vindos de Espanha (a 2ª incursão monárquica que é derrotada em Chaves em 1912).[5]
- João Batista Martins (1923-2007): funcionário público das finanças, historiador e escritor, vereador da Câmara de Chaves.
Sites externosEditar
Alguns sites externos relevantes para a vida e gentes de Sanjurge são:
Referências
- ↑ Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013.
- ↑ Martins, João Batista, 1982/11/19, artigo publicado no "Notícias de Chaves"
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ Faustino, José Alfredo P., 2009. Crises de Mortalidade em Chaves entre 1760 e 1880, Relatório produzido no âmbito do Projecto PTDC/HIS-HIS/099228/2008
- ↑ de Carvalho, Tenente Coronel Augusto (1912). A Defeza de Chaves: no Dia 8 de Julho de 1912. Subsidios para a História do Regimento d’infantaria n.º 19. [S.l.: s.n.] ISBN Publicação Auctorizada pelo Ministerio da Guerra. Lisboa, Typ. da Coop. Militar Verifique
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