Margarida de Antioquia

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 Nota: Para outras santas de mesmo nome, veja Santa Margarida.

Margarida de Antioquia (Antioquia da Pisídia,? – ?, 304 d.C.), também conhecida como Santa Margarida, é uma santa cristã, virgem e mártir, inscrita no grupo dos Catorze santos auxiliares, cuja celebração litúrgica se situa, tal como na Igreja Anglicana, a 20 de julho. Na Igreja Ortodoxa é venerada como Marina de Antioquia, três dias antes, a 17 de julho. A sua veracidade histórica não está comprovada. De facto, o papa Gelásio I declarou-a como apócrifa em 494, mas a devoção Ocidental a esta personagem foi reavivada com as Cruzadas. A sua reputação incluía indulgências muito poderosas para todos quanto escrevessem ou lessem a sua vida, ou invocassem a sua intercessão. Não há dúvidas que isto contribuiu decisivamente para o alastramento do seu culto.[1]

Santa Margarida (Marina)
Margarida de Antioquia
Santa Margarida, por Francisco de Zurbarán (ca. 1631).
Grande Mártir; Virgem
Nascimento desconhecida
Antioquia (na Pisídia).
Morte 304
Veneração por Igreja Católica, Igreja Ortodoxa.
Festa litúrgica 20 de Julho, 17 de Julho nas Igrejas orientais
Atribuições Jovem saindo de um dragão com um crucifixo ou Bíblia na mão
Padroeira Mulheres grávidas, nefrologia e problemas renais
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Biografia editar

Segundo a Legenda Áurea, Margarida (ou Marina) nasceu em Antioquia da Pisídia e era filha de um sacerdote pagão chamado Aedesius. Renegada pelo pai por causa da sua fé, foi viver com uma mãe adoptiva na Ásia Menor, actual Turquia, acabando a guardar ovelhas. Olybrus, o governador, fascinado com a beleza da jovem, propôs-lhe casamento, em troca da sua renúncia ao cristianismo. Não ocultando que era cristã, o governador decidiu então entregá-la aos cuidados de uma mulher nobre. Detinha a esperança que esta a convenceria a renegar Cristo. Mas Margarida manteve-se firme e negou-se a oferecer um sacrifício aos ídolos. Encarcerada por não aceder aos pedidos do prefeito, submeteram-na então às mais terríveis torturas, entre as quais se contam o açoitamento com varas, o cortar do seu corpo com tridentes, o cravar de cravos e a sua laceração por meio de um gancho. Contam-se então alguns episódios; Um relata que, sobrevivendo milagrosamente, conseguiu, mediante o sinal da cruz, expulsar de si mesma um demónio da sua garganta. Noutro momento, diz-se que, engolida por Satanás (que assumira a forma de um dragão), ela rasgou a pele do mesmo com um crucifixo que possuía, saindo então, de dentro do animal. Ora, curiosamente, num momento atípico de cepticismo, a própria Legenda Aurea descreve este último incidente como "apócrifo e que não deve ser levado a sério." (trans. Ryan, 1.369) Seja isto verdade ou não, Margarida é então condenada à morte no ano de 304.

A sua lenda, descrita pelos cruzados diz que morreu decapitada, sem precisar se teria perdido a sua virgindade, mas permaneceu no imaginário popular como modelo de virgem consagrada.

As suas relíquias encontravam-se em Constantinopla até à tomada da cidade pelos cruzados no ano de 1204. O braço de Santa Margarida encontra-se no monte Atos no Mosteiro de Vatopedi. A Igreja Ortodoxa conhece Margarida como Santa Marina, e celebra-a no dia 17 de julho. Não confundir com Marina de Bitínia, também venerada como Santa Marina, por outras igrejas.

Tem sido, de igual modo, identificada com Santa Pelagia — sendo "Marina" o equivalente latino ao nome grego "Pelagia" — a qual, segundo a lenda, também se chamava Margarida. Não possuímos documentos históricos que distingam uma da outra. A "Marina" grega é natural de Antioquia, na Síria (em oposição a Antioquia da Pisídia). Todavia, no mundo ocidental perdeu-se a distinção entre os dois locais homónimos.

Sendo reconhecida como santa pela Igreja Católica, a sua festa litúrgica foi colocada no Martirológio Romano a 20 de julho.[2] Do século XII ao século XX, ela fora incluída entre os santos celebrados onde quer que se celebrasse o rito romano.[3] Porém, dado o carácter completamente fictício (juntamente com a falta de comprovação e veracidade) das suas histórias, a sua entrada foi removida do supracitado calendário. [4] Margarida é ainda uma dos catorze santos auxiliares, e é um dos santos que teria falado com Joana d'Arc.

Margarida teria aparecido para Joana d'Arc, junto com Santa Catarina de Alexandria e São Miguel, para ajudarem Joana a salvar a França dos ingleses. Santa Barbara e Santa Catarina foram uma das 14 santos auxiliares, com a adição de Santa Doroteia elas formam o grupo das Virgens capitais, as importantes virgens.

Representações e atributos editar

É tida como padroeira da gravidez. O seu principal atributo é o dragão que leva preso ou que jaz a seus pés; por vezes é representada guardando o seu rebanho ou sustém uma cruz entre as mãos e um rosário de pérolas.

Ver também editar

Referências

  1. "Margaret of Antioch" The Oxford Dictionary of Saints. David Hugh Farmer. Oxford University Press 2003. Oxford Reference Online. Oxford University Press. Accessed 16 June 2007
  2. Martyrologium Romanum (Libreria Editrice Vaticana, 2001 ISBN 88-209-7210-7)
  3. vd. Calendário Geral Romano de 1954
  4. Calendarium Romanum (Libreria Editrice Vaticana, 1969), p. 130

Bibliografia editar

  • Acta Sanctorum, July, v. 24—45
  • Bibliotheca hagiographica. La/ma (Brussels, 1899), n. 5303—53r3
  • Frances Arnold-Forster, Studies in Church Dedications (London, 1899), i. 131—133 and iii. 19.
  • Brugada, Martirià (2008). Santa Margarita. [S.l.]: Barcelona: Editorial Centro de Pastoral Litúrgica 

Ligações externas editar

 
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