Santanachelys é um gênero fóssil de tartaruga marinha da família Protostegidae do Cretáceo Inferior do Brasil. Há uma única espécie descrita para o gênero Santanachelys gaffneyi. É a mais antiga tartaruga marinha já descoberta.[1]

Santanachelys
Intervalo temporal: Cretáceo Inferior
112 Ma
Classificação científica edit
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Ordem: Testudines
Subordem: Cryptodira
Família: Protostegidae
Gênero: Santanachelys
Hirayama, 1998
Espécies:
S. gaffneyi
Nome binomial
Santanachelys gaffneyi
Hirayama, 1998

Seus primeiros restos fósseis foram encontrados na formação Santana no estado do Ceará e datados do Albiano com cerca de 110 milhões de anos.[2]

Existem dois fósseis conhecidos deste animal, um localizado no Japão, e outro repatriado para o Brasil em 2023, após passar décadas na Suíça.[3]

A etimologia do gênero é em homenagem ao local de descoberta do fóssil, a formação Santana, enquanto o epíteto específico homenageia o cientista Eugene S. Gaffney.[1]

Holótipo no Japão editar

O holótipo está depositada na Waseda University, no Japão, sob número de tombo THUg1386.[3] Foi descrito em 1998.[2]

O governo brasileiro tenta reaver o fóssil pelo menos desde 2012. Segundo o procurador do Ministério Público Federal do Ceará, o governo japonês havia sinalizado pretensão de devolver o fóssil, mas não havia formalizado sua resposta.[4][5] Até 2023, o fóssil não havia retornado ao Brasil.

Fóssil repatriado editar

O segundo fóssil conhecido tem origem na Chapada do Araripe, como parte da Formação Romualdo. Não há informações adicionais sobre situação de descoberta e localização estratigráfica, o que é comum em fósseis traficados e prejudica o conhecimento científico. Tem 18 cm de comprimento e 11 de largura.[3]

Contrariando a legislação brasileira de fósseis, o material estava fora do Brasil, no Palaeontological Institute, em Zurique, Suíça (inicialmente catalogado como PIMUZ A/III 619), identificado apenas como "Testudines indet.", ou seja, "tartaruga indeterminada", sem ser descrito há pelo menos três décadas.[3]

Este fóssil foi analisado por tomografia computadorizada, que revelou que a metade inferior do material não possuía ossos, e provavelmente havia sido acrescentada artificialmente por traficantes de fósseis para aumentar seu valor comercial. Enquanto a maior parte do fóssil pertence à espécie S. gaffneyi, a parte inferior possui ossos de outra espécie, possivelmente do gênero Araripemys.[3]

Paleontólogos europeus encontraram o fóssil na coleção e entraram em contato com brasileiros para realizar a descrição e repatriação do fóssil. Participaram do estudo professores da Universidade Federal Rural de Pernambuco e da Universidade Federal de Viçosa, além de pesquisadores da Suíça e da Alemanha.[3][6]

Em 2023, o fóssil foi repatriado para o Brasil, sendo depositado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (número de tombo UFRPE 5061). Um molde de gesso foi mantido na Universidade de Zurique, e uma imagem 3D do fóssil foi disponibilizada na internet.[3][6]

Referências

  1. a b Oliveira, Gustavo Ribeiro de; Romano, Pedro Seyferth R. (2007). «Histórico dos Achados de Tartarugas Fósseis do Brasil». Arquivos do Museu Nacional (1). ISSN 0365-4508. Consultado em 31 de maio de 2023 
  2. a b Hirayama, R. (1998). «Oldest known sea turtle». Nature. 392 (6677): 705–708. doi:10.1038/33669 
  3. a b c d e f g Scheyer, Torsten M.; Oliveira, Gustavo R.; Romano, Pedro S. R.; Bastiaans, Dylan; Falco, Lisa; Ferreira, Gabriel S.; Rabi, Márton (5 de maio de 2023). «A forged 'chimera' including the second specimen of the protostegid sea turtle Santanachelys gaffneyi and shell parts of the pleurodire Araripemys from the Lower Cretaceous Santana Group of Brazil». Swiss Journal of Palaeontology (1). 6 páginas. ISSN 1664-2384. PMC PMC10163108  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 37163143 Verifique |pmid= (ajuda). doi:10.1186/s13358-023-00271-9. Consultado em 31 de maio de 2023 
  4. Miranda, Giuliana (16 de julho de 2012). «Brasil tenta repatriar seu primeiro fóssil». Folha de S.Paulo. Consultado em 31 de maio de 2023 
  5. Oliveira, Elida (6 de maio de 2012). «Brasil tenta repatriar fóssil pela primeira vez». VEJA. Consultado em 31 de maio de 2023. Cópia arquivada em 31 de maio de 2023. (pede subscrição (ajuda)) 
  6. a b «Professor da UFV participa de repatriação de fóssil de uma das mais antigas tartarugas marinhas do mundo». Multicampi UFV. 30 de maio de 2023. Consultado em 31 de maio de 2023 

Ligações externas editar

 
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