Santanadactylus

Gênero de pterossauro brasileiro

Santanadactylus (que significa "dedo da Formação Santana") foi um gênero de pterossauro pterodactilóide da Formação Romualdo, datado do andar Albiano do Cretácea Inferior, em Barra do Jardim, Chapada do Araripe, Ceará, Brasil. A espécie-tipo é denominada Santanadactylus brasilensis.

Santanadactylus
Intervalo temporal: Cretácea Inferior
112 Ma
Classificação científica e
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Ordem: Pterosauria
Subordem: Pterodactyloidea
Clado: Pteranodontoidea
Gênero: Santanadactylus
De Buisonjé, 1980[1]
Espécie-tipo
Santanadactylus brasilensis
Buisonjé, 1980
Espécies
  • S. pricei? Wellnhofer, 1985
  • S. spixi? Wellnhofer, 1985

Foram descobertas em 1980 pelo paleontólogo holandês Paul de Buisonjé. Quatro espécies foram nomeadas, mas hoje não são consideradas congenéricas entre si. Era um pterossauro bastante grande.

História da descoberta editar

O gênero foi nomeado em 1980 pelo paleontólogo holandês Paul de Buisonjé. A espécie-tipo é S. brasilensis, nome específico referente ao Brasil. É baseado no holótipo UvA M 4894 (Instituto Geológico da Universidade de Amsterdã), uma parte superior do úmero direito e um escapulacoracoide direito. O UvA M 4895, composto por duas vértebras cervicais de um indivíduo diferente, foi designado como parátipo, referido por ter sido encontrado no mesmo lote de 25 nódulos de giz comprados de colecionadores.[2] Restos adicionais, incluindo um notário (vértebras fundidas que sustentam o ombro) foram posteriormente encaminhados ao táxon por Wellnhofer et al. (1983) e Wellnhofer (1991).[3][4]

Em 1985, Peter Wellnhofer, um paleontólogo alemão que escreveu inúmeras publicações científicas sobre pterossauros, nomeou três espécies adicionais: S. araripensis, S. pricei e S. spixi.[5] S. araripensis, nomeado em homenagem ao Planalto do Araripe, era uma espécie de grande porte baseada no BSP 1982 I 89, com restos incluindo um crânio parcial (sem a extremidade das mandíbulas) e braços; a seção do crânio preservada não tinha crista. S. pricei, em homenagem a Llewellyn Ivor Price, era a menor das três espécies; foi baseado no BSP 1980 I 122, uma asa esquerda do cotovelo para baixo, e material de braço adicional foi referido a ele ao longo dos anos.[4]

Ao longo dos anos, as espécies deste táxon foram reavaliadas. Chris Bennett sugeriu que o hipodigma de S. brasilensis era uma quimera de um pteranodontídeo e algo mais (na medida em que o holótipo e parátipo pertenciam a formas diferentes), S. araripensis e S. pricei eram pteranodontídeos, e S. spixi era um membro de Dsungaripteridae.[6] Wellnhofer (1991) também removeu S. spixi do gênero.[4] Kellner e Campos (1992) concordaram que S. spixi não era congenérico com S. brasiliensis, sugerindo se tratar de um tapejarideo.[7] Unwin (2003) propôs que "Santanadactylus" spixi era uma espécie de Tupuxuara com base na comparação com espécimes deste gênero.[8] Averianov (2014) considerou Santanadactylus spixi um nomen dubium provavelmente sinônimo de Tupuxuara longicristatus, e também indicou que o parátipo de S. brasiliensis provavelmente se referia a T. longicristatus.[9] Kellner (1990) renomeou S. araripensis para Anhanguera araripensis,[10] seguido por Wang et al. (2008), embora Veldmeijer (2003) o tenha incluído ao gênero Coloborhynchus. Um estudo recente, no entanto, considera o S. araripensis duvidoso.[11]

Classificação editar

De Buisonjé primeiro atribuiu Santanadactylus a Criorhynchidae (hoje Ornithocheiridae). Wellnhofer (1991) considerou-o um membro dos Ornithocheiridae com base na estrutura do úmero, mas observou que o alongamento das vértebras cervicais do parátipo o distinguia de outros táxons do clado.[12] Bennett (1989) atribuiu S. brasilensis (apenas o holótipo) a Pteranodontidae. Kellner (1990), concluindo que poderia encontrar apenas uma única autapomorfia para Santanadactylus brasilensis, a margem ventral reta da parte proximal da crista deltopeitoral, atribuiu o gênero a Pterodactyloidea como incertae sedis, mas posteriormente (Kellner e Tomida 2000) atribuiu-o a ao clado Pteranodontoidea. S. pricei segundo Kellner pertencia a um clado descendente do último ancestral comum de Istiodactylus e Anhangueridae. O mesmo ocorreu em sua análise para o Araripesaurus, um gênero do qual ele pensava anteriormente que S. pricei era um sinônimo júnior.[13]

Paleobiologia editar

Santanadactylus é considerado um grande pterossauro, Wellnhofer para as várias espécies indicando uma envergadura de 2,9–5,7 metros.[12] De Buisonjé pensou que Santanadactylus brasilensis tinha uma envergadura de 6 metros.[14] Pode ter sido adaptado para planar sobre voo de bater asas.[15]

Notas

Referências

  1. P. H. Buisonjé. 1980. Santanadactylus brasilensis nov. gen., nov. sp., a long-necked, large pterosaurier from the Aptian of Brasil. Proceedings of the Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen, B 83:145-172
  2. De Buisonjé, P.H. (1980). Santanadactylus brasilensis nov. gen. nov. sp. a longnecked, large pterosaur from the Aptian of Brazil. Proceedings of the Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen B 83(2):145-172.
  3. Wellnhofer, P., Buffetaut, E., and Gigase, P. (1983). A pterosaurian notarium from the Lower Cretaceous of Brazil. Paläontologische Zeitschrift 57147-157.
  4. a b c Wellnhofer, P. (1991). Weitere Pterosaurierfunde aus der Santana-Formation (Apt) der Chapada do Araripe, Brasilien. Palaeontographica A 215:43–101. {em alemão)
  5. Wellnhofer, P. (1985). Neue Pterosaurier aus der Santana-Formation (Apt) der Chapada do Araripe, Brasilien. Paläontographica A 187:105-182. {em alemão)
  6. Bennett, S.C. (1989). A pteranodontid pterosaur from the Early Cretaceous of Peru, with comments on the relationships of Cretaceous pterosaurs. Journal of Paleontology 63:669-677.
  7. Kellner, A.W.A., and Campos, D. de A. (1992). A new tapejarid from the Santana Formation (Lower Cretaceous) from the Araripe Basin, Northeastern Brasil. Journal of Vertebrate Paleontology 12(Supplement to 3):36–37A.
  8. Unwin, David M. (2003). "On the phylogeny and evolutionary history of pterosaurs". In Buffetaut, Eric; Mazin Jean-Michel (eds.). Evolution and Palaeobiology of Pterosaurs. Geological Society Special Publication 217. London: Geological Society. pp. 139–190. ISBN 1-86239-143-2.
  9. Averianov A (2014) Review of taxonomy, geographic distribution, and paleoenvironments of Azhdarchidae (Pterosauria). ZooKeys 432: 1-107. https://doi.org/10.3897/zookeys.432.7913
  10. Kellner AWA (1990) Os répteis voadores do Cretáceo brasileiro. Anuário do Instituto de Geociências 12: 86-106.
  11. Pinheiro FL, Rodrigues T. (2017) Anhanguera taxonomy revisited: is our understanding of Santana Group pterosaur diversity biased by poor biological and stratigraphic control? PeerJ 5:e3285 https://doi.org/10.7717/peerj.3285
  12. a b Wellnhofer, Peter (1996) [1991]. The Illustrated Encyclopedia of Pterosaurs. New York: Barnes and Noble Books. 124 páginas. ISBN 978-0-7607-0154-6 
  13. Kellner AWA, Tomida Y (2000) Description of a new species of Anhangueridae (Pterodactyloidea) with comments on the pterosaur fauna from the Santana Formation (Aptian-Albian), northeastern Brazil. National Science Museum Monographs 17: 1-135.
  14. Buisonjé, P. H. de. (1981) "Santanadactylus brasilensis: Skelet-reconstructie van een vliegend reptiel met zes meter vlucht", Gea, 14(2): 37-48
  15. Glut, D.F. (2006). Santanadactylus In: Glut, D.F. Dinosaurs: The Encyclopedia. Supplement 4. McFarland & Company, Inc.:Jefferson, North Carolina, 628-629. ISBN 0-7864-2295-5.
  Este artigo sobre pterossauro é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.