Os Satyros

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A Companhia de Teatro Os Satyros é um grupo teatral brasileiro essencialmente experimental, fundado em São Paulo em 1989, pelo paranaense Ivam Cabral e o paulista Rodolfo García Vázquez.[1]

História editar

A primeira montagem da Companhia foi Sades ou Noites com os Professores Imorais, adaptação de textos do Marquês de Sade, e foi quando assumiram a revitalização do Teatro Bela Vista, e iniciaram um período de forte intervenção cultural que duraria até o ano de 1992, com a transferência da companhia para a Europa.[2]

Na Europa, participaram de festivais em Portugal, na Espanha, na Escócia, na Inglaterra e na França, e foram considerados pela critica internacional como a "sensação do Edinburgh Festival". Foram também a primeira companhia de teatro brasileira a se apresentar na Ucrânia, depois da queda do muro de Berlim.

Pelo fato de possuir integrantes provenientes do Paraná, a companhia tinha contato estreito com a produção cultural daquele estado, a ponto de criar na capital paranaense, em 1995, uma sede, onde mantém atividades regulares até hoje. Apesar disso, a companhia ficou sediada em Lisboa até o ano de 1999.

De volta ao Brasil, instalaram sua nova sede (com duas unidades) na Praça Roosevelt, um local que até então se encontrava abandonado e passando por um momento de extrema decadência, promovendo ali significativa ação de revitalização cultural.

Segundo o Anuário de Teatro de Grupo da Cidade de São Paulo - 2004, "desde o período passado em Portugal, Os Satyros vem desenvolvendo sua própria teoria e práxis teatral, chamada Teatro Veloz". Graças a uma pesquisa ininterrupta de soluções estéticas, elaboraram um teatro crítico em processo contínuo de reconstrução e que usa como principais fontes de referência teóricos como Antonin Artaud, Nietzsche, Adorno e Walter Benjamin, entre outros. No ano de 2004, juntou-se ao grupo a presença significativa do ator, teórico e ex-crítico teatral Alberto Guzik.

Lançamento da Coleção Aplauso "Os Satyros - um palco visceral" de Alberto Guzik

Hoje o grupo é formado pelos atores Cléo de Páris, Ivam Cabral,Gustavo Ferreira, Phedra D. Córdoba, Henrique Mello, Sabrina Denobile, Julia Bobrow, Fabio Penna, Robson Catalunha, André Lu, Eduardo Chagas e outros. Vários outros atores de prestígio integram o grupo como convidados de suas montagens, como por exemplo as atrizes Norma Bengell e Helena Ignez.

Cronologia editar

A cronologia, bem como a geografia de suas montagens, divide-se entre São Paulo, Lisboa e Curitiba, havendo montagens simultâneas nas três capitais num mesmo período:

  • 1989 - Sades ou Noites com os Professores Imorais, adaptação de textos do Marquês de Sade.
  • 1991 - A Proposta, inspirada em obra de Anton Tchekhov
  • 1991 - Folias Teatrais, evento em que o teatro fica aberto ininterruptamente durante quatro dias e quatro noites, recebendo artistas de várias partes do país.
  • 1991 - Saló, Salomé, espetáculo em que começam a ser delineados os caminhos de pesquisa da companhia; até 1993 participam de festivais por toda a Europa.
  • 1992 - Viva a Palhoça, fantasia musical antropofágica e tropicalista.
  • 1994 - É criado em Lisboa o Curso Livre de Interpretação para Teatro.
  • 1994 - Duas montagens: Sappho de Lesbos, de Ivam Cabral e Patrícia Aguille, e Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues.
  • 1994 - Os Cantos de Maldoror, inspirado na obra de Lautréamont.
  • 1995 - De Profundis, de Ivam Cabral, e Quando Você Disse Que Me Amava, de Rodolfo García Vázquez.
  • 1996 - Primeira parte da Trilogia Grécia Virtual: Prometeu Agrilhoado, inspirado em texto homônimo de Ésquilo.
  • 1997 - Segunda parte da Trilogia Grécia Virtual: Electra.
  • 1997 - Killer Disney, de Philip Ridley.
  • 1997 - Divinas Palavras, de Ramón del Valle-Inclán.
  • 1998 - Última parte da Trilogia Grécia Virtual: Medea.
  • 1998 - Woyzeck, de Georg Büchner e Hamlet-Machine, de Heiner Müller.
  • 1998 - Urfaust, baseado no Fausto, de Goethe.
  • 1999 - A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente.
  • 1999 - Coriolano, de William Shakespeare.
  • 1999 - A Mais Forte, de August Strindberg.
  • 2000 - A Dança da Morte, de August Strindberg
  • 2000 - Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte, de Ramón del Valle-Inclán.
  • 2001 - Quinhentas Vozes, de Zeca Corrêa Leite, dirigido por Rodolfo García Vázquez.
  • 2001 - Sappho de Lesbos e Romeu e Julieta.
  • 2002 - De Profundis, texto de Ivam Cabral e direção de Rodolfo García Vázquez, baseado em Oscar Wilde.
  • 2003 - A Filosofia na Alcova.
  • 2003 - Antígona.
  • 2004 - Kaspar ou A Triste História do Pequeno Rei do Infinito Arrancado de Sua Casca de Noz, de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez.
  • 2004 - Trilogia Transex.
  • 2005 - Uivos, Latidos e Fúria dos Cães da Praça Roosevelt.
  • 2005 - Trilogia A Vida na Praça Roosevelt.
  • 2006 - Joana Evangelista.
  • 2006 - Os 120 Dias de Sodoma.
  • 2006 - Inocência.
  • 2007 - E se fez a Praça Roosevelt em 7 Dias.
  • 2007 - Divinas Palavras.
  • 2008 - Vestido de Noiva. (Itaú Cultural - São Paulo)
  • 2008 - A Fauna.
  • 2008 - Liz (em Cuba)
  • 2009 - Cansei de Tomar Fanta.
  • 2009 - Monólogo da Velha Apresentadora.
  • 2009 - Justine.
  • 2009 - Solidão Também Acompanha.
  • 2009 - Liz (na Praça Roosevelt)
  • 2010 - Hipóteses para o Amor e a Verdade.
  • 2010 - Roberto Zucco.
  • 2011 - Cabaret Stravaganza.
  • 2012 - Trilogia Satyros' Satyricon.
  • 2012 - Vestido de Noiva. (Prêmio Funarte - Rio de Janeiro)

Curiosidades editar

No início dos anos 1990, ainda na sede do Teatro Bela Vista, o grupo realizava verdadeiras maratonas teatrais que duravam 78 horas ininterruptas. O mesmo espírito continua a perpassar a atividade do grupo em suas duas unidades da Praça Roosevelt, em que o repertório da companhia é exibido em maratonas, como as Satyrianas, evento que reúne mais de 10 mil pessoas, e que convidam ainda outros grupos da cidade e demais grupos da Praça.[carece de fontes?]

Os primeiros espetáculos da companhia, especialmente Sades e Saló, Salomé exploravam cenas de sexo e escatologia, que dividiam a crítica e o público da época.

Filme "Satyrianas, 78 horas em 78 minutos" editar

Em 2012, foi lançado o filme "Satyrianas, 78 horas em 78 minutos"[3], que faz uma narrativa ficcional com ares de documentário durante o evento Satyrianas, promovido pelo grupo Os Satyros. O filme chegou a disputar o Festival do Rio[4]. Dirigido pelo cineasta Fausto Noro, participam do filme: Rodolfo Gárcia Vázquez, Rubens Ewald Filho, Marici Salomão, Mário Bortolotto, Evaldo Mocarzel, Rubens Rewald, Gero Camilo, Roberto Alvim, Elias Andreato, Hugo Possolo, Raul Barreto, Laís Bodanzky, Bráulio Montovani, José Carlos Machado, Zé Celso Martinez, Phedra de Cordoba, Pera Tantiña, Ivam Cabral.[5]

Referências

  1. Romagnolli, Luciana (11 de dezembro de 2010). «A memória visual dos Satyros». Caderno G - Gazeta do Povo. Consultado em 6 de abril de 2024 
  2. «Os Satyros». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 6 de abril de 2024 
  3. «Satyrianas, o Filme - 78 horas em 78 Minutos». IMDB. Consultado em 6 de abril de 2024 
  4. «'Satyrianas, 78 horas e 78 minutos' diverte e provoca reflexão». O Globo. 3 de outubro de 2012. Consultado em 6 de abril de 2024 
  5. «Satyrianas: 78 horas em 78 minutos». Papo de Cinema. Consultado em 6 de abril de 2024 

Ligações externas editar