Sebastião Salgado
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior OMC (Aimorés, 8 de fevereiro de 1944) é um fotógrafo brasileiro.
Sebastião Salgado | |
---|---|
Sebastião Salgado em 2016 | |
Nome completo | Sebastião Ribeiro Salgado Júnior |
Nascimento | 8 de fevereiro de 1944 (79 anos) Aimorés, Minas Gerais |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Lélia Wanick Salgado |
Filho(a)(s) | Juliano (n. 1974) Rodrigo (n. 1979) |
Ocupação | fotógrafo |

BiografiaEditar
Nasceu na vila de Conceição do Capim, viveu sua infância em Expedicionário Alício. Graduou-se em Economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1964-1967).[1] Realizou mestrado na Universidade de São Paulo e doutorado na Universidade de Paris, ambos também em Economia.[2]
Casou-se com a pianista Lélia Deluiz Wanick. Salgado inicialmente trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC). Em suas viagens de trabalho para a África, muitas vezes encomendado conjuntamente pelo Banco Mundial, fez sua primeira sessão de fotos, nos anos 70, com a Leica da sua esposa.[3] Fotografar o inspirou tanto que logo depois ele tornou-se independente em 1973, como fotojornalista e, em seguida, voltou para Paris.
Em 1979, depois de passagens pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum. Encarregado de uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, Salgado documentou o atentado a tiros cometido por John Hinckley, Jr. contra o então presidente dos Estados Unidos, no dia 30 de março de 1981, em Washington.[4] A venda das fotos para jornais de todo o mundo permitiu ao brasileiro financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à África.[5]
Seu primeiro livro, Outras Américas,[6] sobre os pobres na América Latina, foi publicado em 1986. Na sequência, publicou Sahel: O "Homem em Pânico" (também publicado em 1986), resultado de uma longa colaboração de doze meses com a organização não governamental Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África. Entre 1986 e 1992, ele concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome "Trabalhadores rurais", um feito monumental que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha. De 1993 a 1999, ele voltou sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, que resultou em Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000 e aclamados internacionalmente.
Na introdução de Êxodos, escreveu: "Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…". Trabalhando inteiramente com fotos em preto e branco, o respeito de Sebastião Salgado pelo seu objeto de trabalho e sua determinação em mostrar o significado mais amplo do que está acontecendo com essas pessoas criou um conjunto de imagens que testemunham a dignidade fundamental de toda a humanidade ao mesmo tempo que protestam contra a violação dessa dignidade por meio da guerra, pobreza e outras injustiças.
Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem contribuído generosamente com organizações humanitárias incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Com sua esposa, Lélia Wanick Salgado, apoia atualmente um projeto de reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais (Instituto Terra).
Em setembro de 2000, com o apoio das Nações Unidas e do UNICEF, Sebastião Salgado montou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo. Essas impressionantes fotografias prestam solene testemunho a 30 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria delas crianças e mulheres sem residência fixa. Em outras colaborações com o UNICEF, Sebastião Salgado doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança e para ilustrar um livro da moçambicana Graça Machel, atualizando um relatório dela de 1996, como Representante Especial das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados sobre as Crianças. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, ele está documentando uma campanha mundial para a erradicação da poliomielite.
Sebastião Salgado foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, As Imagens da Amazônia, que representa o fotógrafo e seu trabalho. Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros, fixaram residência em Paris. O casal tem dois filhos, Juliano Salgado, nascido em 1974, e Rodrigo, nascido em 1979, que tem síndrome de Down.[7] Juliano é cineasta e dirigiu, juntamente com o também fotógrafo Wim Wenders, o documentário O Sal da Terra, sobre o trabalho de seu pai.[8] que foi indicado ao Oscar 2015 de melhor documentário.[9]
Em 6 de dezembro de 2017, tomou posse da cadeira n.º 1, das quatro cadeiras de fotógrafos da Academia de Belas Artes da França, substituindo Lucien Clergue, que morreu em 2014. Na cerimônia oficial de posse como imortal da Academia, recebeu o fardão e a espada, sendo o primeiro brasileiro a integrar o rol de imortais da instituição.[7]
“ | A França é muito importante para mim. Passei mais tempo aqui do que no Brasil, que é minha origem, minha raiz. A composição dessas duas nações fez o que sou hoje. | ” |
— Sebastião Salgado, em entrevista à RFI Brasil, na cerimônia de posse.
|
PrêmiosEditar
- Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, 1998.
- Prêmio Eugene Smith de Fotografia Humanitária.
- Prêmio World Press Photo
- The Maine Photographic Workshop ao melhor livro foto-documental.
- Eleito membro honorário da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos
- Prêmio pela publicação do livro Trabalhadores.
- Medalha da Inconfidência.
- Medalha de prata Art Directors Oub nos Estados Unidos.
- Prêmio Overseas Press Oub oí America.
- Alfred Eisenstaedt Award pela Magazine Photography.
- Prêmio Unesco categoria cultural no Brasil.
- 40º Prêmio Jabuti de Literatura: categoria reportagem[10][11]
- Prêmio Muriqui
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo (2016)
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidade Federal do Acre (2016)
- Prêmio da Paz do Comércio Livreiro Alemão (2019)[12] (O Prêmio da Paz é concedido desde 1950 e é dotado de 25 000 euros)[12]
- Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Harvard (2021)[13]
- Praemium Imperiale (2021)
ObrasEditar
- Trabalhadores (1996) ISBN 8571645884
- Terra (1997) ISBN 8420428744
- Serra Pelada (1999) ISBN 2097542700
- Outras Américas (1999) ISBN 8571649030
- Retratos de Crianças do Êxodo (2000) ISBN 8571649359
- Êxodos (2000) ISBN 8571649340
- O Fim do Pólio (2003) ISBN 8535903690
- Um Incerto Estado de Graça (2004) ISBN 9722109839
- O Berço da Desigualdade (2005) ISBN 8576520389
- África (2007) ISBN 3822856223
- Gênesis (2013) ISBN 3836538725
- Perfume de Sonho (2015) ISBN 9788869656255
Referências
- ↑ «Ex-estudante da Ufes, Sebastião Salgado é homenageado no Oscar 2015». Ufes. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ «Sebastião Salgado». International Center of Photography. 2 de fevereiro de 2019. Consultado em 1 de junho de 2021
- ↑ Laura Greenhalgh (13 de setembro de 2009). «Fotógrafo andarilho de um planeta não revelado». O Estadao de S.Paulo. Arquivado do original em 27 de maio de 2017
- ↑ «Sebastiao Salgado y la foto del atentado contra Reagan». Consultado em 29 de julho de 2013. Arquivado do original em 25 de junho de 2013
- ↑ O atentado que ligou Reagan, Jodie Foster e Sebastião Salgado. Último Segundo, 30 de março de 2011
- ↑ Outras Américas na página da Companhia das Letras
- ↑ a b Patricia Moribe (6 de dezembro de 2017). «Sebastião Salgado vira imortal das artes na França». RFI Brasil. Consultado em 7 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2017
- ↑ «O Sal da Terra – Festival do RJ 2014, Raphael Camacho, 23/09/2014». Consultado em 20 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 29 de setembro de 2015
- ↑ Do G1, em São Paulo (15 de janeiro de 2015). «Documentário sobre Sebastião Salgado é indicado ao Oscar». G1, Globo.com. Consultado em 15 de janeiro de 2015
- ↑ Folha de S. Paulo (13 de março de 1998). «Câmara Brasileira do Livro anuncia vencedores do Jabuti». Consultado em 30 de outubro de 2012
- ↑ Prêmio Jabuti. 50 anos. São Paulo: Câmara Brasileira do Livro e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 2008. ISBN 978-85-7060-647-1
- ↑ a b «friedenspreis - home». www.boersenverein.de. Consultado em 20 de junho de 2019
- ↑ «Harvard to recognize seven with 2021 honorary degrees». Harvard Gazette. 27 de maio de 2021. Consultado em 1 de junho de 2021
Ligações externasEditar
- Amazonas Images A agência de notícias de Sebastião Salgado
- Lista de prêmios e distinções conquistadas pelo fotógrafo.
- Instituto Terra Instituto de Educação Ambiental e Reflorestamento da Mata Atlântica criado por Sebastião Salgado e sua mulher, Lélia Wanick Salgado, presidente da instituição.
- A História da Fotografia Sebastião Salgado.