Órgãos históricos da Basílica de Mafra

Os órgãos históricos da Basílica de Mafra são um conjunto de órgãos de tubos, único no mundo, composto por seis instrumentos concebidos e construídos ao mesmo tempo, para tocarem juntos.

Um dos seis órgãos da Basílica de Mafra

São denominados de Evangelho, Epístola (ambos na Capela-Mor), Sacramento, São Pedro de Alcântara (ambos no transepto norte), Conceição e Santa Bárbara (ambos no transepto sul).

Foram construídos pelos dois mais importantes organeiros portugueses da época, António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes, e foram concluídos entre 1806 e 1807, por ordem do Príncipe Regente. Os dois últimos foram inaugurados em 4 de Outubro de 1807. Nesse ano foram escritas e tocadas várias composições envolvendo todos os seis órgãos[1].

As Invasões Francesas e a consequente transferência da corte portuguesa para o Brasil, ocorridos logo após a sua conclusão, levaram à deterioração dos órgãos por falta de manutenção. Uma década depois, possivelmente na expectativa do retorno da Família Real portuguesa — os seis órgãos foram submetidos a uma grande intervenção. O objectivo desses trabalhos, realizados por Machado e Cerveira, não era apenas reparar os instrumentos, mas também aumentá-los. Infelizmente, os trabalhos foram interrompidos alguns anos depois (Machado e Cerveira morreu em 1828) e vários itens, como a remontagem do órgão de São Pedro de Alcântara, ficaram inacabados [1].

Até 1998, os órgãos apenas foram objecto de pequenos reparos. Nesse ano, iniciou-se o restauro global do conjunto, que ficou concluído em 2010. Este projecto incluiu a reconstrução do órgão São Pedro de Alcântara, incorporando todos os materiais recuperados desde a sua desmontagem, ocorrida por volta de 1820[2].

Os seis órgãos, embora diferentes, têm várias características comuns, típicas da escola de Cerveira e Fontanes[3].

Todo o conjunto encontra-se, atualmente, em funcionamento, sendo realizados anualmente vários concertos de órgãos por iniciativa do Palácio Nacional de Mafra e da Câmara Municipal de Mafra. São igualmente tocados nas celebrações religiosas da paróquia de Mafra, nomeadamente nas missas que antecedem as procissões da Quaresma de Mafra.

Património Mundial da Humanidade editar

Os órgãos, juntamente com todo o Real Edifício de Mafra, foram declarados em 2019, como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.[4]

Referências

  1. a b Doderer, Gerhard. (2002) "Subsídios novos para a História dos órgãos da Basílica de Mafra", Revista Portuguesa de Musicologia. p. 12.
  2. Vaz, João. (2002) "The Six Organs in the Palace of Mafra: a Restoration". Modus, Fasc. 5 (1998-2001).
  3. Vaz, João (2013) "Dynamics and Orchestral Effects in late Eighteenth-Century Portuguese Organ Music: The Works of José Marques e Silva (1782-1837) and the Organs of António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828)", in Interpreting Historical Keyboard Music. John Kitchen and Andrew Woolley (ed.). Ashgate.
  4. «UNESCO World Heritage Centre - nominations to be examined at the 43rd session of the World Heritage Committee (2019)». UNESCO World Heritage Centre (em inglês). Consultado em 7 de julho de 2019 

Ligações externas editar

 
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  Os Órgãos históricos da Basílica de Mafra estão incluídos no sítio "Real Edifício de Mafra - Palácio, basílica, convento, Jardim do Cerco e Tapada", Património Mundial da UNESCO.