Nota: Para o oficial do começo do século VI, veja Sitas (decarco).
 Nota: Não confundir com Citas.

Sitas (em grego: Σίττας; m. 538), também mencionado nas fontes como Ztítas (Ζτίττας), Tzíta(s) (Τζί(τ)τα(ς)), Zitas (Ζίττας) ou Zetas, foi um oficial militar bizantino do século VI ativo durante o reinado dos imperadores Justino I (r. 518–527) e Justiniano (r. 527–565). Aparece pela primeira vez na década de 520, quando serviu como doríforo (guarda-costas) na guarda do futuro imperador Justiniano. Em 527, no contexto da Guerra Ibérica, realizou duas expedições contra a Armênia ao lado do general Belisário; na primeira conseguiram muito butim, mas na segunda foram derrotados por Arácio e Narses.

Sitas
Nascimento século V
Morte 538
Armênia
Nacionalidade Império Bizantino
Cônjuge Comito
Filho(a)(s) Sofia (?)
Ocupação General
Título
Religião Catolicismo

Em 528, Sitas casou-se com Comito, irmã mais velha da imperatriz Teodora, e foi nomeado, antes de agosto, ao recém-criado posto de mestre dos soldados da Armênia. Em 528 ou 529, repeliu uma invasão dos tzanos e perseguiu-os em seu país, onde derrotou-os e obrigou-os a converterem-se ao cristianismo e servirem ao exército imperial. Em 530, foi nomeado como mestre dos soldados na presença com sede na Armênia e defendeu Teodosiópolis e Satala de invasores persas. Em 531, substituiu Belisário no comando das tropas do Oriente e conseguiu convencer os persas que estavam sitiando Martirópolis a se retirarem.

Sitas reaparece nas fontes em 535, quando foi nomeado patrício e lutou contra um exército búlgaro (huno?) na Mésia, derrotando-o no rio Iatro. Em 536, foi nomeado cônsul honorário e por 538/9, foi enviado à Armênia para combater uma revolta decorrentes da alta tributação da província. Devido às más condições do terreno, teve de dispersar suas tropas e acabaria sendo assassinado por Artabanes, o líder da revolta, ou por outro armênio chamado Salomão.

Biografia editar

 
Soldo de Justino I (r. 518–527)
 
Dracma de Cavades I (r. 488–496; 499–531)

A origem de Sitas é obscura. Bizantinistas têm sugerido que seu nome é gótico ou trácio, mas sua ascendência de godos ou trácios não é mencionada em fontes primárias. Aparece pela primeira vez nas fontes na década de 520, ainda durante o reinado do imperador Justino I (r. 518–527), quando serviu como doríforo (guarda-costas) na guarda de Justiniano, então mestre dos soldados do Oriente. Por estes anos foi encarregado de pacificar os montanheses tzanos, uma tribo do Cáucaso, que lideraram raides ocasionais nas áreas vizinhas.[1]

Em 526 ou 527, no contexto da Guerra Ibérica (527–532) entre Justino e o xá sassânida Cavades I (r. 488–496; 499–531), liderou uma expedição ao lado do general Belisário à Armênia, provavelmente como forma de aliviar a pressão persa sobre o Reino da Ibéria;[2] eles conseguiram muito butim decorrente de seus saques. No mesmo ano, mas antes de agosto quando Justiniano seria coroado, realizaram nova expedição à Armênia, mas foram derrotados por um exército sassânida liderado por Arácio e Narses.[1]

Segundo João Malalas, em 528 Sitas casou-se com Comito, irmã mais velha da imperatriz Teodora (r. 527–548). Talvez era o pai da futura imperatriz Sofia (r. 565–578).[1] No mesmo ano, Sitas foi nomeado para o recém-criado ofício de mestre dos soldados da Armênia, tendo sido seu primeiro titular. Segundo João Malalas e Teófanes, o Confessor, recrutou seus escriniários (oficiais administrativos) entre a população armênia, já que os considerava mais familiarizados com o território.[3] Em 528 ou 529, segundo Procópio de Cesareia, repeliu um ataque dos tzanos, os perseguiu até seu país, os converteu do paganismo ao cristianismo e recrutou os antigos bandidos para o exército bizantino.[4]

 
Soldo de Justiniano (r. 527–565)
 
Dracma de Cosroes I (r. 531–579)

Em 530, foi nomeado ao ofício de mestre dos soldados na presença (praesentalis) como sede na Armênia. Manteve o controle sobre o exército armênio, bem como sobre Doroteu, o recém-nomeado mestre dos soldados da Armênia. No mesmo anos, ambos os oficiais lideraram as tropas estacionadas na província contra uma força sassânida que dirigia-se para Teodosiópolis para sitiá-la. Derrotaram os invasores e saquearam o acampamento deles antes de retornarem. Mais adiante no mesmo ano, Sitas defendeu com sucesso a cidade de Satala contra outro exército persa ao atacar os inimigos pela retaguarda e forçá-los a se retirar.[5] A invasão foi cancelada e os sassânidas recuaram à Pérsia após as duas derrotas.[6]

Em 531, Sitas ainda estava na Armênia quando Belisário foi decisivamente derrotado na Batalha de Calínico de 19 de abril. Quando o último foi reconvocado por Justiniano, Sitas assumiu sua posição na campanha contra os persas. Atravessou a fronteira e capturou várias posições persas antes de atravessas as montanhas armênias, provavelmente o Antitauro em direção à Samósata; nessa expedição foi acompanhado pelo rei Aretas V (r. 528–569) dos gassânidas. Em agosto ou setembro do mesmo ano, quando os sassânidas sitiaram Martirópolis pela segunda vez, Sitas, ao lado de Hermógenes, avançou em direção a Atacas (aproximados 32 quilômetros ao norte) e acampou ali.[7]

Do acampamento deles, avançaram para Amida e então para Martirópolis, onde chegaram em outubro.[7] Neste ponto as fontes divergem. Segundo Malalas, ao ouvirem os rumores da aproximação dos inimigos, os persas levantaram cerco e retiraram-se. Segundo Procópio, entretanto, Sitas e Hermógenes foram incapazes de ajudar a cidade e enviaram emissários oferecendo reféns para que os persas se retirassem enquanto fossem realizadas as negociações de paz. Os últimos aceitaram a oferta e retiraram-se de Martirópolis, especialmente após saberem da morte de Cavades I e da ascensão de seu filho Cosroes I (r. 531–579), bem como devido ao espalhar de boatos de um ataque dos hunos sabires por um espião persa subornado pelos bizantinos.[8] Ainda de acordo com o autor, um dos reféns concedidos aos sassânidas era Senécio.[9]

 
Fronteira romano-persa entre os séculos IV-VII

Cosroes I, que estava interessado em estabilizar sua posição interna pelo momento, começou as negociações de paz. Após longas discussões ambas as potências assinaram a chamada Paz Eterna em setembro de 532,[a] que pretendia concluir definitivamente o conflito entre os impérios, o que permitiria a Sitas retornar à capital imperial de Constantinopla. Ele, no entanto, só deve ter chegado na cidade após os eventos da Revolta de Nica, pois não é mencionado nas fontes.[9] Sua próxima menção ocorre em 535, quando adquire o título honorífico de patrício e derrota, de acordo com Conde Marcelino, um exército búlgaro (huno?) que invadiu a Mésia no rio Iatro. Em 536, foi nomeado como cônsul honorário e em 538/9 foi enviado à Armênia para enfrentar uma revolta decorrente da alta tributação. Fracassando em negociar a paz, começou um combate ativo. Na Batalha de Enocalco, a natureza do terreno forçou ambos os exércitos a lutarem em grupos dispersos em vez de forças unificadas. Procópio registra que Sitas foi morto por Artabanes, o líder da revolta, ou por outro armênio chamado Salomão.[9]

Ver também editar

Precedido por
Criado
Mestre dos soldados da Armênia
528 — 529/30
Sucedido por
Doroteu

Notas editar

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Sittas», especificamente desta versão.
[a] ^ A "Paz Eterna" (que afinal durou apenas 10 anos) foi assinada em setembro de 532. Nos seus termos, todos os territórios bizantinos perdidos sob o governo do imperador Justiniano deveriam ser retornados e os bizantinos pagariam pesado tributo em troca da paz. A Ibéria permaneceu sob controle sassânida.[10][11]

Referências

  1. a b c Martindale 1992, p. 1160.
  2. Greatrex 2002, p. 83.
  3. Greatrex 2002, p. 83-84.
  4. Martindale 1992, p. 1160-1161.
  5. Greatrex 2002, p. 91.
  6. Martindale 1992, p. 1161.
  7. a b Martindale 1992, p. 1161-1162.
  8. Greatrex 2002, p. 96.
  9. a b c Martindale 1992, p. 1162.
  10. Greatrex 2002, p. 96-97.
  11. Mass 2005, p. 488.

Biografia editar

  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Mass, Michael (2005). The Cambridge Companion to the Age of Justinian. Desperta Ferro. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8