Solidéu (em latim Pileolus), zucchetto (em italiano [dzukˈketto]), yarmulke (em iídiche יאַרמלקע, yarmlke, do polonês jarmułka, que significa "boina") é um pequeno barrete usado na cabeça por motivos religiosos. Seu nome provém do latim soli Deo tollitur, ou seja "só por Deus é tirado (da cabeça)".

Judaísmo editar

 
Solidéus à venda como quipás (kipót) em Jerusalém

O solidéu popularizou-se entre os judeus, desde o século XIX, como forma mais comum de quipá. A popularização foi tal que por vezes o solidéu passou a ter a designação de «chapeuzinho de judeu» e o sinônimo de quipá[1].

O solidéu é utilizado como quipá em lembrança da soberania divina e como símbolo da identidade cultural judaica. Não há padrão de materiais ou de feitio. É normalmente feito de tricô, seda, veludo ou tecidos sintéticos e cosido em gomos ou numa única peça.

Catolicismo editar

Na Igreja Católica, o solidéu foi adotado inicialmente por razões práticas — manter a parte tonsurada da cabeça aquecida em igrejas frias ou úmidas —, acabando por sobreviver como item tradicional do vestuário clerical com o significado de pertença total a Deus. Consiste em oito partes costuradas, com um pequeno talo no topo.[2]

 
Solidéu branco usado pelos Papas.

Todos os membros ordenados presbíteros da Igreja Católica podem usar o solidéu. Como grande parte da indumentária eclesiástica, a cor do solidéu denota o grau hierárquico do portador: o solidéu do Papa é branco, o dos cardeais é vermelho e designa-se por barrete cardinalício e o dos bispos, abades territoriais e prelados territoriais é violeta.

Monsenhores usam solidéu negro com algumas linhas violetas. Padres usam solidéu negro, embora não seja comum o uso do solidéu por padres (com exceção dos abades).

Todos os clérigos que possuem caráter episcopal retêm o solidéu durante a maior parte da missa, removendo-o no início do cânon e recolocando-o depois de concluída a comunhão. Os demais clérigos podem não usá-lo fora da liturgia.

Protestantismo editar

 
Bispo e teólogo protestante Johan Amos Comenius com solidéu
 
Arcebispo anglicano Desmond Tutu com solidéu.

No Protestantismo, entre os séculos XVI e XVIII, era comum o porte de solidéus por ministros e teólogos. O uso de vestimentas distintivas para o clero protestante não é praticado por todas as denominações. Em algumas, há ainda a proibição de o homem orar com a cabeça coberta. A partir do século XVIII, o solidéu praticamente desapareceu dos paramentos clericais. Hoje, o costume de usar solidéu limita-se praticamente aos anglicanos. O pastor brasileiro Caio Fábio costuma aparecer de solidéu.

Islamismo editar

 
muçulmano com taqiyah

Também no islamismo há o uso de solidéus, normalmente feitos de crochê, chamados taqiyah. Há vários modelos e materiais, como topi, tubeteika, doopa, kufi. Embora não haja mandamentos corânicos para o seu porte, tornou-se costumário. As orações de sexta-feira e os serviços nas mesquitas são ocasiões para o uso da taqiyah. Alguns muçulmanos usam o taqiyah diariamente.

Ver também editar

Referências

  1. Steele, Valerie. The Berg Companion to Fashion, p. 451
  2. McCloud, Henry (1948), Clerical Dress and Insignia of the Roman Catholic Church, Milwaukee: The Bruce Publishing Company
 
Commons
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