O musaranho-de-dentes-vermelho (Sorex granarius) é uma espécie de musaranho pertencente ao género Sorex. É um mamífero insectívoro endémico da Península Ibérica.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMusaranho-de-dentes-vermelhos

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia
Ordem: Soricomorpha
Família: Soricidae
Género: Sorex
Espécie: S. granarius
Nome binomial
Sorex granarius
Miller, 1910
Distribuição geográfica

Descrição física

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O musaranho-de-dentes-vermelhos tem um tamanho médio dentro das espécies do género Sorex (Innes, 1994), com comprimento cabeça-corpo de cerca de 63,2 mm, a cauda comprida (40,4mm) e tem um peso médio de 6,3 gramas (García-Perea et al., 1997). Nos adultos, a pelagem do dorso é geralmente tricolor, com pelos cinza, castanhos e brancos, ficando mais clara nos flancos. O ventre é cinza-claro. Os juvenis possuem a pelagem mais pálida e é notável a diferença de pelagem entre a parte dorsal e as partes laterais. A cauda é bicolor (cinza e negra) e as patas são ocres (Madureira e Ramalhinho, 1981).

Distribuição geográfica

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Mapa do Atlas de Mamíferos de Portugal, 2ª edição (2019)

[1] O musaranho-de-dentes-vermelhos é uma espécie endémica da Península Ibérica, onde ocorre na faixa litoral a norte do rio Tejo em Portugal (Mira et al., 2003; Cabral et al., 2005), e no centro de Espanha, nas Serras de Gredos e Guadarrama (Mitchell-Jones et al. 1999; Cabral et al., 2005). Esta espécie pode ocorrer desde o nível do mar até aos 2.000 metros de altitude (Palomo e Gisbert, 2002).

Habitat e ecologia

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O musaranho-de-dentes-vermelhos ocorre em áreas com clima tipicamente atlântico, com faias (nativas), carvalhos, pinheiros, eucaliptos e áreas húmidas com vegetação arbustiva densa. Também é encontrado em campos agrícolas, margens de rios e áreas rochosas perto de zonas agrícolas (Palomo et al., 2008). Prefere locais húmidos e com densa cobertura do solo (Mathias, 1999), desde que a precipitação anual seja superior a 600mm (García-Perea et al., 1997; Palomo e Gisbert, 2002; Cabral et al., 2005). A sua dieta alimentar é essencialmente composta por invertebrados, nomeadamente minhocas, insectos, aracnídeos e moluscos (Madureira e Ramalhinho, 1981). Esta espécie é uma presa muito comum na dieta de aves de rapina como a coruja-das-torres (Tyto alba), e de alguns carnívoros como o gato-bravo (Felis silvestris) e o gato-doméstico (Felis silvestris catus) (Cabral et al., 2005).

Reprodução

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A informação sobre a reprodução desta espécie ainda é escassa, no entanto, já foram registadas fêmeas 6 embriões no ventre na Serra de Gredos, Espanha (Gisbert e García-Perea, 1988).

Factores de Ameaça

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Em Portugal, esta espécie pode ser afectada negativamente pela destruição e perda do seu habitat. Também, o uso de pesticidas na agricultura provoca a diminuição da abundância dos invertebrados, alimento primordial dos musaranhos (Cabral et al., 2005). No entanto, apesar de não ser conhecida a tendência populacional do musaranhode- dentes-vermelhos em Portugal, esta espécie não é considerada uma espécie ameaçada (Palomo et al., 2008).

Conservação

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O musaranho-de-dentes-vermelhos está classificado como Pouco Preocupante (LC) pela IUCN pois apesar de a população não estar quantificada, a extensão da sua ocorrência é bastante grande e não há graves ameaças a esta espécie (Palomo et al., 2008). Esta espécie encontra-se listada no Apêndice III da Convenção de Berna, ocorrendo em várias áreas protegidas da sua distribuição geográfica. Dado que representa um endemismo ibérico, Portugal e Espanha são particularmente responsáveis pela sua conservação. Assim, é necessário a realização de estudos que permitam avaliar o estado real das populações para definir futuramente acções de conservação ao musaranho (Cabral et al., 2005).

Referências

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  • Cabral, M. J., Almeida, J., Almeida, P. R., Dellinger, T., Ferrand de Almeida, N., Oliveira, M. E., Palmeirim, J. M., Queiroz, A. I., Rogado, L. e Santos-Reis, M. (2005). Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. Instituto da Conservação da Natureza, Lisboa.
  • Garcia-Perea, R., Ventura, J., Lopez-Fuster, M. J. e Gisbert, J. (1997). Mammalian Species: Sorex granarius. 554: 1-4.
  • Gisbert e García-Perea (1988). Los mamíferos de las Sierras de Gredos. Boletín Universitario, 7:103-114.
  • Hausser (1990). Sorex Granarius (Miller 1910), Iberische Waldspitzmaus, Handbuch der Saugetiere Europas. Aula Verlag, Wiesbaden, Germany.
  • Hausser, J. (1999). Sorex granarius. Em: J. Niethammer e F. Krapp (eds), Handbuch der Säugetiere Europas. Band 3/I, Insectivora, Primates, pp. 287-294. Aula-Verlag, Wiesbaden, Germany.
  • Innes L. (1994). Life histories of Soricidae: a review. Special Publications of the Carnegie Museum of Natural History, 18:111-136.
  • Madureira e Ramalhinho (1981). Notas sobre a distribuição, diagnose e ecologia dos Insectivora e Rodentia portugueses. Arquivos do Museu Bocage, 1:165-263
  • Mathias, M. L., Santos-Reis, M., Palmeirim, J., e Ramalhinho, M. G. (1999). Guia dos mamíferos terrestres de Portugal continental, Açores e Madeira. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa.
  • Mira A, Ascenção F e Alcobia S. (2003). Distribuição das espécies de roedores e insectívoros. Relatório final. Estudo integrado no projecto de Conservação da Natureza “Livro Vermelho dos vertebrados de Portugal – Revisão”. Unidade da Biologia da Conservação, Universidade de Évora.
  • Mitchell-Jones, A. J., Amori, G., Bogdanowicz, W., Krystufek, B., Reijnders, P. J. H., Spitzenberger, F., Zima, J. (1999). The atlas of European mammals. London.
  • Palomo, L. J. e Gisbert, J. (2002). Atlas de los mamíferos terrestres de España. Dirección General de Conservación de la Naturaleza. SECEM-SECEMU, Madrid.
  • Palomo, L.J., Amori, G. e Hutterer, R. (2008). Sorex granarius. Em: IUCN 2013. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.2. <www.iucnredlist.org>. Acedido a 10 de Abril de 2014.
  1. Joana Bencatel, Helena Sabino-Marques, Francisco Álvares, André E. Moura & A. Márcia Barbosa (eds.). Atlas de Mamíferos de Portugal – uma recolha do conhecimento disponível sobre a distribuição dos mamíferos no nosso país. [S.l.: s.n.] ISBN 978-989-8550-80-4. Consultado em 4 de junho de 2020