Submarino nuclear é uma embarcação movida pela energia produzida por um reator nuclear capaz de submergir e emergir quando desejável. Portanto, não se trata necessariamente de uma embarcação capaz de transportar e lançar armas nucleares.[1] O uso da propulsão nuclear traz grandes vantagens nestes tipos de embarcação pois possibilita que o submarino permaneça por longos períodos de tempo totalmente submerso, o que não é possível quando é movido pelo sistema diesel-elétrico pela necessidade de ar ou movido a energia elétrica pois as baterias não possuem longa duração.

Um submarino da Classe Virgínia, da marinha dos Estados Unidos.

História editar

O 1° submarino desse tipo foi o USS Nautilus, da marinha estadunidense, lançado ao mar em 1954.[2]

Atualmente seis países dominam a tecnologia militar de construção de submarinos nucleares:

Países que dominam a tecnologia de construção de submarinos nucleares
Posição 1ª Embarcação Data de lançamento
  USS Nautilus 21 de janeiro de 1954[3]
   K-3 Leninsky Komsomol 9 de agosto de 1957
  HMS Dreadnought (S101) 21 de outubro de 1960[4]
  Redoutable (S 611) 29 de março de 1967[5]
  Changzheng 1 (401) 26 de dezembro de 1970
  INS Arihant 26 de julho de 2009[6]

O Brasil desenvolve o projeto do Submarino de propulsão nuclear brasileiro desde 1976, com expectativa de lançamento da embarcação para meados de 2029 e seu comissionamento entre 2033 e 2034.[7][8] A Austrália ingressou no pacto AUKUS, que prevê o desenvolvimento de um submarino nuclear até o final da década de 2030.[9]

O único caso registrado de emprego de um submarino nuclear em uma situação de combate real, ocorreu durante a Guerra das Malvinas (1982), quando o HMS Conqueror da Inglaterra, foi responsável pelo Afundamento do Cruzador General Belgrano da Marinha Argentina.

Embora os submarinos nucleares de caça (SSN - submarinos nucleares de ataque),[10] ou seja, destinados à perseguir e destruir outros submarinos ou navios de superfície sejam considerados estratégicos para as marinhas de guerra das grandes potências, os submarinos mais importantes são os SSBN's (submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos) capazes de lançar mísseis balísticos com ogivas nucleares.

Geralmente os submarinos nucleares são bem maiores do que os submarinos convencionais, o que exige um desenvolvimento em termos de engenharia e capacidade tecnológica muito maior do que o necessário para fabricar submarinos convencionais. Isto porque o casco destes submarinos tem que ser muito maior e mais resistente, além da enorme quantidade de equipamentos eletrônicos e de vigilância, que necessariamente devem ser bem mais silenciosos do que o normal, para manter a característica furtiva destes submarinos. O primeiro submarino nuclear, o USS Nautilus tinha um deslocamento de 3 500 toneladas, quando a média dos submarinos convencionais tinha menos de 1 000 toneladas de deslocamento. Atualmente os principais submarinos nucleares no mundo têm mais de 5 000 toneladas de deslocamento.

Submarinos nucleares nas principais marinhas do mundo editar

Lançamento do USS Nautilus (EUA), primeiro submarino com propulsão nuclear, em 21 de Janeiro de 1954.[2]
Desenho mostrando os danos na proa do SSBN russo Kursk, que resultaram no seu naufrágio em 12 de Agosto de 2000.[11]

Na Marinha dos Estados Unidos existem 3 tipos de o submarino de caça em uso, o da Classe Los Angeles, com deslocamento de cerca de 7 mil toneladas, o da classe Seawolf de 9 100 toneladas e, o submarino da classe Virgínia 7 900 t, todos com capacidade para lançar mísseis guiados de cruzeiro. O SSBN (submarino nuclear lançador de mísseis balísticos), da classe Ohio, tem deslocamento de 18 750 toneladas, podendo transportar 24 mísseis balísticos Trident II, de longo alcance, ou 154 mísseis Tomahawk na versão do submarino adaptada para lançador de mísseis guiados de cruzeiro.

Na Marinha russa estão ativos submarinos de caça como o Shchuka (Akula "shark" - tubarão na denominação da OTAN), com deslocamento de 8 000 a 12 770 toneladas, o Delta IV com 10 mil toneladas e o Oscar I e II, com 16 500 a 19 400 toneladas, sendo que este último também tem capacidade para lançar até 24 mísseis de cruzeiro. O maior submarino nuclear lançador de mísseis balísticos já construído, da classe Akula (classe Typhoon na denominação da Otan) tem deslocamento de 33 800 a 48 000 mil toneladas e capacidade para 20 mísseis balísticos de longo alcance do tipo R-39 Rif (SS-N-20 Sturgeon). O novo submarino russo da classe Borei deve ter 24 mil toneladas de deslocamento e capacidade para levar 16 mísseis balísticos intercontinentais do tipo RSM-56 Bulava (SS-NX-30).

Tanto a Marinha da França como a da Inglaterra possuem submarinos nucleares com capacidade para lançamento de mísseis balísticos, no caso da França, Classe Le Triomphant, com deslocamento de 14 mil toneladas, e o submarino inglês Vanguard, com deslocamento de 17 560 toneladas de deslocamento.

A Marinha da China possui três tipos de submarinos nucleares de caça, o 09-I (Type 091 Han) de 5 500 toneladas, o 09-III (Type 093 Shang class) de 7 000 t, e está testando o novo (Type 095 class), que terá capacidade para lançar mísseis de cruzeiro guiados HY-4. A China possui ainda dois submarinos nucleares com capacidade para lançar mísseis balísticos de médio alcance, o 09-II (Type 092 Daqingyu), com 7 000 toneladas e o novo 09-IV (Type 094) com 9 000 toneladas de deslocamento e capacidade para lançar 12 mísseis balísticos de médio alcance JL-2.

A Índia está testando seu primeiro submarino nuclear, de 6 000 toneladas de deslocamento, projetado para ser um submarino de caça, mas com capacidade para lançar um número reduzido de mísseis de cruzeiro ou mísseis balísticos K-15 Sagarika, de curto alcance (700km).

O projeto do Submarino Nuclear Brasileiro remonta a década de 1970. Em um périplo de, aproximadamente, 20 anos, a Marinha do Brasil dominou o ciclo do combustível nuclear e pôde dar início a construção do reator nuclear que será comportado no submarino. O trabalho de Projeto, que foi iniciado no dia 6 de julho de 2012, percorrerá um longo caminho. Serão três anos para alcançar o projeto básico do submarino de propulsão nuclear, para então ter início a fase do projeto detalhado, simultaneamente com a construção do submarino, em 2016, no estaleiro da Marinha que está sendo construído na cidade de Itaguaí.

Em 15 de Setembro de 2021, Os Estados Unidos e Reino Unido anunciaram um acordo tripartite com a Australia (AUKUS) com o objetivo de conter o expansionismo da China no Indo-Pacífico.[12] Este acordo inclui a total transferência de tecnologia para construção de submarinos nucleares a Australia, tornando-a a 7ª (ou 8ª) nação do mundo a deter este tipo de tecnologia.[13]

Infografia editar

 
Diagrama do sistema de propulsão (reator e gerador de vapor para a turbina) de um submarino nuclear.

Ver também editar

Referências

  1. «Como funciona o submarino nuclear? | Mundo Estranho». Consultado em 26 de setembro de 2016 
  2. a b Naval History and Heritage Command (12 de agosto de 2015). «Nautilus IV (SSN-571). 1954 1980.». History.navy.mil (em inglês). Consultado em 29 de julho de 2021 
  3. INS (20 de fevereiro de 1954). «Um fato em foco». O Cruzeiro, ano XXVI, edição 19, páginas 62-63/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  4. BNS (4 de novembro de 1960). «Grã-Bretanha lança ao mar o primeiro submarino nuclear e sua missão será de caça». O Jornal, ano XXXIX, edição 12319, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  5. UPI-JB (30 de março de 1967). «França lança seu primeiro submarino atômico». Jornal do Brasil, ano LXXVI, edição 73, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  6. Reuters (26 de julho de 2009). «Índia lança o seu primeiro submarino nuclear». G1. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  7. Luiz Padilha (2 de julho de 2021). «"Projeto para construção de submarino nuclear brasileiro está adiantado", diz Chefe do Estado-Maior da Armada na ACSP». Defesa Aérea e Naval. Consultado em 7 de julho de 2023 
  8. Alexandre Galante (12 de janeiro de 2020). «Programas da MB em 2019: PROSUB». Poder Naval. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  9. Alexandre Schossler (14 de março de 2023). «O que é o pacto militar Aukus, que irrita a China». Deutsche Welle. Consultado em 7 de setembro de 2023 
  10. Guias de Armas de Guerra: Submarinos Nucleares e com Mísseis Balísticos. Nova Cultural, 1986, página 07.
  11. Will Knight (26 de julho de 2002). «Torpedo fuel leak sank Kursk». New Scientist (em inglês). Consultado em 29 de julho de 2021 
  12. «Pact with U.S., Britain, will see Australia scrap French sub deal-media». Reuters (em inglês). 16 de setembro de 2021. Consultado em 12 de outubro de 2021 
  13. «Aukus: UK, US and Australia launch pact to counter China». BBC News (em inglês). 16 de setembro de 2021. Consultado em 12 de outubro de 2021 
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