Bete-ombro

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 Nota: Para outros significados de Bete, veja Bete (desambiguação).

O bete-ombro, também conhecido como bete, bets, tacobol, bets-lombo[1], taco, jogo de taco ou pau na lata[2], é um esporte que descende do críquete. O objetivo principal do jogo para a equipe rebatedora é fazer pontos cruzando os tacos no meio do campo, enquanto para a equipe lançadora é tentar derrubar um dos alvos da equipe adversária, assim se trocando de posição com a equipe lançadora.[3] Existem várias versões sobre a origem do taco. Uma é que o jogo foi criado por jangadeiros no Brasil durante o século XVIII; outra é que ele era praticado por ingleses que jogavam críquete nos porões do navio durante suas viagens pelos oceanos. Uma possível origem do nome betes seria quando a expressão "at bat". Para "bente-altas", como é chamado em partes de Minas Gerais, a expressão seria derivada de "bat's out".

Jogadores de bete-ombro com garrafas plásticas representando os wickets.

O certo é que a expressão inglesa bet on bro (de i bet on brother) significa aposto no irmão que no caso é o companheiro de equipe de quem brada advertencia.

O jogo editar

Equipamento editar

Para jogar betes, são necessários dois tacos, dois alvos e uma bola pequena.[4] Os tacos, também chamados de bets, são geralmente feitos de madeira e são planos, seu tamanho varia, tendo aproximadamente entre 70 e 80 cm de comprimento. Os alvos são constituídos de um tripé de madeira que é facilmente derrubado com o impacto da bola. Popularmente os alvos de madeira são substituídas por garrafas ou latas em caso de perda ou desgaste do material. A bola é feita de borracha e tem o tamanho próximo ao da bola de tênis. Assim como os alvos pode ser substituídos por objetos do cotidiano, a bola pode ser trocada por uma bola de tênis ou uma "bola de meia". Não existe equipamento de proteção próprio para este esporte.

Campo editar

Não existe tamanho padrão para o campo, podendo esse possuir ou não limites. É comum que o campo tenha dimensões delimitadas por obstáculos físicos, que dificultariam o jogo desnecessariamente, como muros e rios. O terreno do campo pode variar dependendo da localização, sendo comum o esporte ser praticado na grama, asfalto e areia.

Na região central do campo se dispõem as bases, distantes uma da outra. A distancia entre base varia conforme o campo, normalmente sendo entre 2 e 10 metros. No centro da base é colocado o alvo. Existem regiões onde é desenhado uma circunferência de 60 centímetros de diâmetro em volta do alvo para indicar a base.

Jogadores editar

Este jogo é praticado por duas duplas, sendo que uma detém os tacos (os rebatedores) e a outra a bola (os lançadores). Cada rebatedor fica posicionado perto de um alvo, com o taco tocando o chão dentro da base. Esta posição é referenciada como "taco no chão". Os lançadores se posicionam fora do espaço entre as bases, normalmente atrás dos alvos. Eles podem entrar no espaço entre as bases para pegar a bola, mas os lançamentos devem sempre ser efetuados de trás da base de seu lado do campo.

Desenvolvimento do jogo editar

A dupla de lançadores tem por objetivo derrubar o alvo do lado oposto do campo através do lançamento da bola. Ao conseguir derrubar o alvo adversário, alternam-se os papéis, os lançadores tornam-se rebatedores, conquistando a oportunidade de pontuar, e os rebatedores tornam-se lançadores.

A dupla de rebatedores procura defender o alvo dos arremessos adversários, podendo rebater a bola o mais longe possível. Quando a bola é rebatida, um dos arremessadores deve pegar a bola e voltar para trás do alvo, continuando o jogo. Durante o tempo em que a dupla adversária corre atrás da bola, a dupla de rebatedores pode alternar de lado no campo, batendo os tacos no meio da quadra, para marcar o ponto, e encostando o taco na base oposta. Pode se repetir o processo até que um arremessador volte para trás do alvo com a bola. Se os lançadores chegarem antes dos rebatedores na base, podem tentar atingir o alvo com a bola.[4]

Regras editar

Entre as regras mais comuns estão:

  1. Enquanto um rebatedor mantiver o taco encostado na área da base, a base está "protegida", impedindo o lançador que está atrás da base de derrubar este alvo. Tirar o taco da área da base enquanto a bola não for arremessada permite que o lançador derrube o alvo de seu próprio lado do campo usando a bola.[3]
  2. Quando os lançadores derrubam o alvo o jogo para e as equipes trocam os papéis.[3]
  3. O jogo acaba quando uma das duplas conseguir marcar um determinado número de pontos, e cruzar os tacos no meio do campo. A contagem final é geralmente de 10 pontos, ou 5 pontos para jogos mais curtos. Em algumas regiões cada ponto ou corrida equivale a 2 ou 10 pontos e a pontuação necessária para a vitória sobe para 12 ou 24 e 100 pontos.[3]
  4. Você pode tirar o taco do chão desde que peça licença para realizar essa ação.[3]
  5. Quando o jogador pegar a bola no alto sem ela quicar no chão, os adversários perdem o taco ou perdem o jogo (dependendo das regras combinadas).[3]
  6. Regra da Vitória. A regra consiste em pegar a bola rebatida no ar e dá vitória automática à dupla de lançadores.[4]
  7. Se a bola rebatida cair em local de difícil acesso (pátio de prédio com portão trancado ou com cão ou ainda terreno baldio com mato fechado), a dupla de rebatedores só poderá marcar pontos até que a outra dupla grite "pátio" ou "bolinha perdida" e haja, claro, comum acordo quanto à dificuldade de acesso. Em geral, quando a bola é isolada a um local de difícil acesso, a dupla de rebatedores ganha pontos adicionais por causa da interrupção ou até mesmo decreta-se sua vitória.[4]

Regionalidades editar

Como o esporte é amplamente difundido entre diversas regiões , é inevitável que exista discrepância entre as regras de uma região para outra,alguns exemplos são:

Quem começa no taco editar

Para decidir quem começa com os tacos, pode-se tirar "par ou ímpar", ou "molhado ou seco" (onde um dos participantes molha um lado do taco e deixa o outro lado seco, cada time escolhe se quer molhado ou seco, e joga-se o taco para cima para saber quem começa). No interior de São Paulo também é utilizado o "último palmo". Para este artifício, basta pegar um dos tacos e um integrante de cada dupla. Um por vez deve fechar a mão em volta do taco, uma mão em cima da outra. O integrante que conseguir segurar o taco por último, não dando chances para o adversário segura-lo mais, deve balança-lo, como se fosse um pêndulo, para o lado por 10 segundos utilizando apenas a mão que segura o taco da maneira em que o obteve direito. Se conseguir ficar os 10 segundos, a dupla começa com os tacos.

A contagem de pontos pode ser feita de 10 em 10, com o máximo de pontos sendo 100, ou menos, ou até mais, e quando os rebatedores completam o máximo de pontos, e rebatem a bola, eles devem cruzar os tacos e ficar de pé sobre eles, e os lançadores devem tentar queimá-los antes de cruzarem os tacos, se não terá de lançar a bola de onde ela parou, com a finalidade de acertar os rebatedores que estarão de pé em cima dos tacos, se acertarem o jogo continua, e os rebatedores perdem 50, mas continuam rebatendo, porém se o lançador errar, seu time perde.

Regra da Vitória editar

Também conhecida como "Pedro Vitória", "Maria Vitória", "contar vitória", "vitória 1, 2, 3" ou simplesmente "vitória". No interior de São Paulo, quando a equipe consegue apanhar a bola no ar, deve gritar "vitória bete, entregue o taco", porém a equipe da bola não recebe a vitória e sim, somente o taco para continuar a jogar. No interior de Goiás esse artifício é conhecido como "caju". No sul de Minas Gerais, era também popular a palavra-chave "escabada", onde a equipe jogando atrás da casinha ao espalmar ou pegar a bola no ar, deve gritar "Vitória Escabada!" e assim ter o direito de pegar o taco (ou bet como é chamado em Minas Gerais).

E em muitos lugares de São Paulo a dupla que pegar a bolinha no alto além de ganhar a posse do taco, ganha também 2 pontos, assim como o "cruza", cada cruzada de taco que a dupla rebatedora conquista, ganha 2 pontos.

No Distrito Federal, mais precisamente na cidade de Sobradinho, é aceito como regra de vitória total à dupla cujo lançador conseguir pegar a bola no ar, sem deixar que a mesma escape e toque ao chão. Esta regra também é muito usada no Paraná, principalmente em Curitiba e em Cascavel, em Fortaleza, e também em algumas partes do Rio Grande do Sul.

O jogo encerra-se imediatamente após o cruzamento dos tacos mesmo que o lançador já tenha lançado a bola e esta derrube a casinha.[4]

Regra da reta editar

Se a bolinha for rebatida e não passar da casinha do outro rebatedor, ou seja, ficar entre as duas casinhas os lançadores podem pedir "reta" ou "tudo": O que arremessou a bola pode pegar a bolinha e arremessar de onde ela parou. Se antes disso o rebatedor pedir "nada", o arremessador terá que pegar a bola e voltar para trás da base e lançar a bola normalmente.[4]

Regra da lancha (ou carne) editar

Se o rebatedor do lado oposto do lançador encostar na bolinha com o pé (ou outra parte do corpo) conta "uma na lancha".Também pode ser chamado de "shot" ("um/uma shot", "2 shot", "3 shot"), e se a bola atingir e machucar o rebatedor, a vítima pode ter um tempo de recuperação ou descanso infinito, ou finito, dependendo a regra.

Se os rebatedores marcarem "3 na lancha" eles perdem os tacos. No Paraná, principalmente no sudoeste do estado, se for marcado "3 na lancha" a equipe não perde os tacos, perdem apenas 4 pontos.

Uma estratégia usada para conseguir os tacos é em vez de tentar acertar a casinha tentar acertar o rebatedor com um tiro direto. Esta estratégia tem a desvantagem de facilitar uma rebatida. No sul, principalmente no Rio Grande do Sul, existe ainda uma variação em que se a bola toca no pé do rebatedor é cobrada uma espécie de pênalti, onde o arremessador pode tentar acertar a casinha a alguns passos de distância do rebatedor.

Às vezes, ainda se a bolinha encostar no rebatedor, seja ele, o oposto ou o que está rebatendo, os batedores podem até perder o taco.[4]

Regra do "pra trás" editar

Se a bolinha encostar no taco e for para trás do círculo do rebatedor, é contado "uma para trás".

Quando for contado "3 para trás" os rebatedores perdem os tacos.

Se a dupla estiver com duas para trás, por exemplo, e marcar pontos, são descontadas as vezes que a bolinha foi para trás.

Exemplo: se a dupla estava com 10 pontos e marcou mais 2 e tinham duas para trás, as vezes que foi para trás contam como 12 pontos e nenhum para trás.

Quando os batedores estiverem com 24 pontos e fizer 3 para trás, os batedores perdem os tacos, assim os rivais vão para os tacos.[4]

Pedido de time, tempo ou "bete morto" editar

No interior de São Paulo, o jogo só pode ser paralisado se houver pedido de tempo, ou time (em inglês), também conhecido como "licença bets" ou "bets-tempo", como também "bets-empacotado" e "licença para um". Caso contrário, os jogadores podem derrubar a casinha adversária se um dos jogadores se ausentar da partida sem solicitar time. No sudoeste do Paraná, também é conhecido como "frio-bets".

Time-para-dois é a expressão utilizada quando é necessário pausar o jogo. Assim que for solicitado o Time-para-dois, conta-se até 100. Se o jogador ausente não voltar nesse período, os adversários podem começar a contar os betes até que o jogador volte. Quando uma dupla solicita time-para-dois, ele recebe "uma para trás". Em Brasília, chama-se LB2("licença bet dois").

Em Vicentinópolis SP, diz-se "Licença para 1", ou "Pra 1", "Licença para 2", ou "Pra 2".

No Rio de Janeiro, a regra de descanso é falado "taco-para-dois" se for para os dois jogadores ou todos eles, e "taco-para-um" se só for um jogador com o taco.

Na Bahia, para pausar o jogo é dito "Licença bets", não tem contagem de tempo, na maioria das vezes a pausa do jogo é solicitada quando o taco quebra, escapole ou algo que impeça o andamento da partida aconteça(como sumir a bola).[4]

Regras Diversas editar

Quando a bola tocar no taco e ela for para trás é contado "uma para trás". Caso isso ocorra três vezes seguidas, perde-se a posse dos tacos.

Ao chegar no limite dos pontos, dependendo das regras, não se tem trás, sendo assim permitido rebater para trás na pontuação máxima.

Se o time que estiver com a pontuação máxima e perder o taco, a contagem dos pontos da dupla cai para a metade.

Quando atingir os pontos necessários deverá derrubar a casinha em que seu parceiro está e cruzar os tacos. Mas se você estiver usando garrafas ou algo que pode ser destruído não é obrigatório "estourar" ou "derrubar" o objeto em questão.

Na cultura editar

Uma expressão comum no estado do Paraná é "largar os betes" ou "entregar os betes", que significa desistir de algo ou indignação.[5] Por exemplo: "Se Tropa de elite não ganhar o Oscar, bom, aí eu largo os betes."

Ver também editar

Referências

  1. «Portal do Professor - Jogando Bete Alta». portaldoprofessor.mec.gov.br. Consultado em 22 de junho de 2016 
  2. «Jogo e Cultura» (PDF). Universidade de Brasília. Consultado em 24 de outubro de 2020 
  3. a b c d e f «O jogo de bets praticado pelas crianças de Itambé, Paraná: aprendizagem, regras e fundamentos». www.efdeportes.com. Consultado em 1 de maio de 2016 
  4. a b c d e f g h i «Betes - Bete Ombro - Taco - Disciplina - Educação Física». www.educacaofisica.seed.pr.gov.br. Consultado em 1 de maio de 2016 
  5. Ribas, Dafne Veiga. «Torneio de bets em Maracaju foi um sucesso e ainda ajudou com o lar do idoso | Maracaju Hoje». Consultado em 19 de setembro de 2020 

Bibliografia editar

 
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