Taieiras são grupos formados em sua maioria por mulheres (geralmente de características afrodescendentes), que dançam e cantam predominantemente em homenagem a São Benedito e Nossa Senhora do Rosário.

Taieiras

Taieiras de Lagarto (SE).

Descrição editar

A primeira referência às Taieiras é feita por Francisco Calmon, ao descrever a festa realizada na vila de Nossa Senhora da Purificação e Santo Amaro, na Bahia, em 1760, na Relação das Faustissimas Festas, que celebrou a Câmera da Villa de N. Senhora da Purificação, e Santo Amaro da Comarca da Bahia [1]. Todavia o primeiro verso de breve descrição das taieiras só é fornecido por Sílvio Romero em 1883 [2]. Posteriormente, diversos outros pesquisadores da cultura popular, folclore e etnomusicologia têm se dedicado ao estudo dessa manifestação popular, sejam poucas linhas em estudos gerais sobre o folclore brasileiro [3][4][5][6][7][8][8][9][10][11][12] , ou capítulos e livros inteiros sobre grupos específicos de Taieiras. [13][14][15][16][17][18]

Os grupos de Taieiras se incluem entre os reinados (Ver Melo, 1908: 53 [5]; e Andrade, 1982: 53 [19]), onde estão também os Congos, Congadas e Maracatu. São formados pelo Rei e pela Rainha (às vezes são duas), acompanhantes dos mesmos, as taieiras (dançarinas com vestidos brancos enfeitados de fitas coloridas), e instrumentistas. Esses são geralmente compostos por um tocador de tambor, e ganzás manipulados pelas taieiras, mas isto pode variar a depender do grupo, havendo grupos que utilizam o acompanhamento de trio de pífano [18].

As Taieiras fazem parte dos grupos originários no Ciclo do Natal, e geralmente se apresentam no dia 06 de Janeiro (Dia de Reis). Todavia, nem todos os grupos de Taieiras estão atrelados somente às datas festivas do calendário católico. “Festivais de cultura”, “encontros folclóricos” e festas particulares também se tornaram um bom pretexto para os grupos de Taieiras se apresentarem.

Ver também editar

Referências

  1. Calmon, Francisco. 1982 (1762) Relação das Faustissimas Festas. Reprodução fac-similar da edição de 1762. Introdução e notas de Oneyda Alvarenga, Transcrição de Ronaldo Menegaz. Rio de Janeiro: Funart.
  2. Romero, Silvio. 1883. Cantos Populares do Brasil. 2 vols. Acompanhados de introdução e notas comparativas por Teophilo Braga. Lisboa: Nova Livraria Internacional.
  3. Moraes Filho, Mello. 1900 Cantares Brasileiros – Cancioneiro Fluminense no Quarto Centenário (parte musical). Rio de Janeiro: Jacintho Ribeiro dos Santos (Livraria Cruz Coutinho).
  4. Moraes Filho, Mello. 1946 Festas e Tradições Populares do Brasil. Rio de Janeiro: F. Briguet & Cia..
  5. a b Melo, Guilherme Pereira de. 1908 A Música no Brasil: Desde os Tempos Coloniais até o Primeiro Decênio da República. Bahia: Typographia de S. Joaquim.
  6. Alvarenga, Oneyda. 1950 Música Popular Brasileira. Porto Alegre: Globo
  7. Carneiro, Édison. 1965 (1950) Dinâmica do Folclore. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
  8. a b Carvalho-Neto, Paulo de. 1994 Folclore Sergipano. Aracaju: Sociedade Editorial de Sergipe.
  9. Cascudo, Luís da Câmara. 1979 (1954) Dicionário do Folclore Brasileiro. 5o ed. Revista e aumentada. São Paulo: Melhoramentos.
  10. Cascudo, Luís da Câmara.2001 (1956) Antologia do Folclore Brasileiro. 5° ed. São Paulo: Global.
  11. Andrade, Mário de. 1982 (1959) Danças Dramáticas do Brasil. Vol. 1,2 e 3, 2a ed. Organização de Oneyda Alvarenga. Belo Horizonte: Itatiaia.
  12. Andrade, Mário de. 1989 Dicionário Musical Brasileiro. Coordenação de Oneyda Alvarenga 1982-84 e Flávia Camargo Toni 1984-89. Belo Horizonte: Itatiaia.
  13. Dantas, Beatriz Góis. 1972 A Taieira de Sergipe: Pesquisa Exaustiva Sobre uma Dança Tradicional do Nordeste. Petrópolis: Vozes.
  14. Dantas, Beatriz Góis. Taieiras – Cadernos de Folclore no 4. Rio de Janeiro: Ministério de Educação e Cultura, Departamento de Assuntos Culturais. Fundação Nacional de Artes.
  15. Bezerra, Felte. 1954 “Notas Sobre um Folguedo em Aracaju”. Boletim da Comissão Catarinense de Folclore, Santa Catarina, n° 17-19.
  16. Brandão, Théo. 1976. Folguedos Natalinos – Taieira. Coleção Folclórica da UFAL, no 29. Maceió: Universidade Federal de Alagoas.
  17. Calasans, José. 1951. “Cantigas de Cacumbis e Taieiras de Sergipe”. In Revista de Aracaju, Ano IV, no 4. Direção de Mário Cabral. Aracaju. 1970
  18. a b Ribeiro, Hugo L. 2008. As Taieiras. Aracaju: Editora da Universidade Federal de Sergipe.
  19. Andrade, Mário de. 1982 (1959) Danças Dramáticas do Brasil. Vol. 1. 2a ed. Organização de Oneyda Alvarenga. Belo Horizonte: Itatiaia.

Bibliografia editar

  • Dantas, Beatriz Góis. 1972 A Taieira de Sergipe: Pesquisa Exaustiva Sobre uma Dança Tradicional do Nordeste. Petrópolis: Vozes.
  • Dantas, Beatriz Góis. 1988. Vovó Nagô e Papai Branco: Usos e Abusos da África no Brasil. Rio de Janeiro: Graal.
  • Ribeiro, Hugo L. 2008. As Taieiras. Aracaju: Editora da Universidade Federal de Sergipe.
  • Dantas, Beatriz Gois (1972). A Taieira de Sergipe. uma dança folclórica 2 ed. Petrópolis: Vozes 

Ligações externas editar