Dodona (em grego clássico: Δοδών(η); romaniz.:Dodón(e)) é um sítio arqueológico e santuário grego do Epiro, na Grécia, celebrado por seu oráculo de Zeus, o mais antigo da Hélade. Era um dos centros dos pelágios, os povos pré-gregos, e Zeus dodonense era cultuado por eles. O oráculo gozou de muito prestígio de início, mas por sua grande distância dos principais Estados gregos, foi suplantado por Delfos. Apesar disso, manteve alta reputação e foi reconhecido mais tarde como um dos três oráculos maiores, os outros dois sendo o de Delfos e o de Zeus Amom na Líbia.[1]

Dodona
Δοδών(η)
Dodona
1: Acrópole — 2: Teatro — 3: Estádio — 4: Buleutério — 5: Casa dos sacerdotes — 6 e 7: Pritaneu e anexos — 8: Templo de Afrodite — 9: edifício romano — 10: Templo de Têmis — 11: Casa Coroada (Ἱερά Οἰκία) — 12 e 13: Novo e antigo templo de Dione — 14 e 15: Templo e altar de Hércules — 16: Basílica cristã — 17: muro oeste — 18 e 19: portões novo e antigo

Vista geral do sítio
Localização atual
Dodona está localizado em: Grécia
Dodona
Vista geral do sítio
Coordenadas 39° 32' N 20° 47' E
País Grécia
Unidade regional Janina

História editar

Dodona era um centro pelágio do Epiro, no distrito de Tesprócia. Sua primeira menção ocorre na Ilíada (II.748; XVI.233) e na Odisseia (XIV.327; XIX.296) de Homero. Aquiles teria ido ali para louvar Zeus antes da Guerra de Troia, do mesmo modo em que Ulisses visitou o santuário para consultar seu oráculo. Homero chamou seus sacerdotes de selos (selloi), os "de pés não lavados, dormindo no chão", enquanto Píndaro de helos (helloi), e eles provavelmente eram uma tribo. O país circundante, chamado Helópia (Ελλοπίη), foi descrito por Hesíodo como terra fértil com ricos pastos. Aristóteles colocou a mais antiga Hélade "nas partes em torno de Dodona e Aqueloo" e acrescentou que a enchente de Deucalião ocorreu ali, que "era habitado à época por selos e por povos então chamados Gregos, mas agora Helenos." Heródoto deu a inverosímel origem egípcia, ligando o oráculo ao templo de Tebas no Egito e Zeus Amom na Líbia.[2]

Dizia-se que o deus em Dodona residia no caule dum carvalho, em cuja cavidade sua estátua provavelmente foi colocada nos tempos mais antigos, e que era a princípio seu único templo. O deus revelou sua vontade dos galhos da árvore, quiçá pelo farfalhar do vento e parece que os sacerdotes tinham que interpretar. No tempo de Heródoto e Sófocles, os oráculos foram interpretados por três (Sófocles diz duas) mulheres idosas, nomeadas peleiades, pois se dizia que pombos trouxeram o comando para fundar o oráculo. Heródoto cita o nome de três sacerdotisas, talvez introduzidas no lugar dos selos quando a adoração de Dione estava ligada à de Zeus em Dodona; e os beócios eram as únicas pessoas que continuavam recebendo os oráculos de sacerdotes masculinos.[3]

Conforme Delfos ganhava importância, o oráculo de Dodona era consultado sobretudo pelas tribos vizinhas, como os etólios, acarnanos e epirotas, mas ainda manteve certa fama. Creso da Lídia enviou inquérito ao oráculo; Píndaro compôs peã em honra ao deus pela estreita ligação entre Tebas e Dodona, enquanto Ésquilo e Sófocles falam do oráculo com a mais alta reverência; e Cícero diz que os espartanos, em assuntos importantes, estavam acostumados a pedir o conselho dos oráculos, quer de Delfos, Dodona ou Zeus Amom. Os atenienses também parecem ter consultado com o oráculo, quiçá por suspeitarem da pítia em Delfos na Guerra do Peloponeso (431–404 a.C.). Assim, dizem que foram ordenados pelo deus dodonense a fundar uma colônia na Sicília; Demóstenes cita vários oráculos de Dodona; e Xenofonte recomenda aos atenienses que enviem conselhos. Sob os reis molossos, que gradualmente estenderam seu poder sobre todo o Epiro, Dodona provavelmente voltou a ter importância. As moedas deles frequentemente carregam as cabeças de Zeus e Dione, ou apenas de Zeus, dentro de uma guirlanda de carvalho.[3]

Em 219 a.C., Dodona recebeu um golpe do qual nunca se recuperou. Naquele ano, os etólios sob Dorímaco, que estavam em guerra com Filipe V (r. 221–179 a.C.), devastaram a Etólia e arrasaram o templo do deus. Estrabão, ao descrever a condição arruinada das cidades do Epiro em sua época, diz que o oráculo também quase falhou; mas posteriormente se recuperou, e Pausânias menciona o templo e o carvalho sagrado como objetos dignos do aviso do viajante. Em outros lugares, fala do carvalho de Dodona como a árvore mais antiga de toda a Hélade, ao lado dos lygos de Hera, em Samos. A cidade continuou a existir muito depois. Os nomes de vários bispos de Dodona ocorrem nos Atos dos Concílios: segundo Leake, o último foi no ano de 516. Dodona é mencionado por Hiérocles no século VI.[3]


Referências

  1. Long 1870, p. 781.
  2. Long 1870, p. 781-782.
  3. a b c Long 1870, p. 782.

Bibliografia editar

  • Long, George (1870). «Dodona». In: Smith, William. Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology Vol. 2. Boston: Little, brown and Company 

Ligações externas editar

 
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  • Dodona — Ministério Helênico da Cultura