Pedro IV da Bulgária

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Teodoro (Todor) foi o imperador da Bulgária entre 1185 e 1197 adotando o nome de Pedro IV (em búlgaro: Петър IV; romaniz.:Petăr IV). Junto com seu irmão, João Asen, foi o responsável pela restauração do Império Búlgaro depois de quase 170 anos de domínio bizantino. A troca de nomes era uma tentativa de legitimar seu governo ligando seu nome ao do santo imperador Pedro I, algo que já havia sido tentado pelos dois governantes rebeldes durante o período da conquista já haviam tentado (em 1040 por Pedro II e novamente em 1072 por Pedro III). O também nome aparece engrandecido como Slavopetăr ("glorioso Pedro") e Kalopetăr ("bom Pedro") em algumas fontes.

Pedro IV da Bulgária
Imperador da Bulgária
Antecessor(a) Conquista bizantina (antes Pedro III (Constantino Bodin)
Sucessor(a) Joanitzes
Morte 1197
  Tarnovo
Dinastia Asen

Líder revolucionário editar

 Ver artigo principal: Revolta de Asen e Pedro

Em 1185, Teodoro e seu irmão mais novo, João Asen (Ivan Asen), se apresentaram ao imperador bizantino Isaac II Ângelo em Cípsela para requisitar uma pronoia, mas o pedido dos dois foi negado e João Asen ainda recebeu um tapa no rosto durante a discussão. Insultados, os irmãos voltaram para a Mésia e, aproveitando-se do descontentamento geral por causa dos altos impostos cobrados pelo imperador bizantino para financiar suas guerras contra Guilherme II da Sicília e para celebrar seu casamento com Margarida da Hungria, iniciaram uma revolta contra o governo bizantino.

Eles não conseguiram de imediato capturar Preslav, a capital histórica da Bulgária, e, por isso, os revoltosos fundaram uma nova em Tarnovo, o provável centro da revolta. Em 1186, os rebeldes sofreram uma derrota, mas Isaac não soube se aproveitar dela e voltou para Constantinopla. Com a ajuda da população majoritariamente cumana da região ao norte do Danúbio, Pedro IV e João Asen recuperaram suas posições e atacaram a Trácia bizantina. Quando Isaac II invadiu novamente a Mésia em 1187, ele não conseguiu capturar nem Tarnovo e nem Lovech e acabou sendo obrigado a assinar um tratado reconhecendo efetivamente o Segundo Império Búlgaro.

Imperador da Bulgária editar

Durante a Terceira Cruzada, conforme as relações entre Isaac II Ângelo e Frederico I se deterioraram, Pedro IV e João Asen ofereceram ajuda aos germânicos em Nísibis (1189). No ano seguinte, Isaac conseguiu avançar sobre Tarnovo novamente e a cercou, mas foi forçado a se retirar por causa do avanço de reforços cumanos vindos do norte. Durante o recuo, o imperador bizantino foi emboscado por João Asen, que havia tomado os passos de montanha balcânicos, e o imperador bizantino escapou por pouco da Batalha de Tryavna, deixando para trás a maior parte do seu exército e do seu tesouro.

Pedro IV aparentemente já havia corado o irmão coimperador em 1189 e a vitória sobre os bizantinos deu-lhe proeminência. Deixando João encarregado de Tarnovo e das campanhas contra os bizantinos, Pedro se retirou para Preslava, mas não abdicou ao trono. Depois do assassinato do irmão em 1196, ele retornou para Tarnovo, cercou Ibanco, o assassino, e forçou-o a buscar refúgio no Império Bizantino. Por volta de um ano depois, em 1197, Pedro também foi assassinado e foi sucedido por seu irmão mais novo, também chamado João (Ivan), que era chamado de Joanitzes ("João, o Bom") ou Ivanica/Ioanica, que, aparentemente, já havia sido proclamado coimperador em 1196.

Origem disputada editar

 
Segundo Império Búlgaro de 1185 a 1196 durante o reinado de Pedro IV e João Asen I.
 Mais informações sobre a controversa origem dos Asen: Dinastia Asen

Enquanto Pedro IV permanece sendo uma figura enigmática e pouco conhecida, a natureza étnica da revolta que ele liderou com seus irmãos tem sido tema de um acalorado debate marcado por forte nacionalismo. Historiadores búlgaros insistem na origem búlgara da revolta e de seus líderes enquanto que os romenos insistem que eles seriam proto-romenos valáquios.

A principal fonte para a restauração do Segundo Império Búlgaro é o historiador bizantino Nicetas Coniates, que se refere ao povo de Pedro e João Asen como "os bárbaros que viviam perto do Monte Hemo, chamados antes de misos (mysoi), e agora chamados de blaquos (blachoi)"[1]. O termo misos é derivado do nome da província romana da Mésia (Moesia) que corresponde ao território entre a cordilheira dos Balcãs (Haimos) e o baixo Danúbio.

O termo tem sido utilizado para designar os búlgaros pelos historiadores búlgaros de "viés clássico" desde Leão, o Diácono, na segunda metade do século X[a]. Aumentando a confusão, em outros pontos da história de Coniates, os súditos de Pedro IV e João Asen I são chamados de "mésios", "valáquios" ou das duas formas juntas, "o povo [génos] dos búlgaros e valáquios"[2]. O cronista germânico contemporâneo de Coniates, Ansberto, menciona "o valáquio Calópetro e seu irmão Assânio" (33) e chama Pedro de "blacorum et maxime partis Bulgarorum in hortis Tracie dominus" ("governante dos valáquios e de grande parte dos búlgaros nos campos da Trácia" (58).

O eminente historiador búlgaro Vasil Zlatarski lembrou que, sob o jugo bizantino, a Bulgária propriamente dita estava dividida entre o Tema da Bulgária no ocidente e um outro tema chamado Parístrio (Paradounabion/Paristrion) - posteriormente Mésia - no oriente. Como Coniates afirma explicitamente que "os mésios...são agora chamados valáquios", Zlatarsky conclui que a conjunção dos termos "búlgaros" e "valáquios" encontrados em algumas fontes indicam que a extensão do controle dos irmãos Asen se estendia sobre as populações dos dois temas, da Bulgária e da Mésia.

Enquanto é certo que a área entre o Danúbio e os Cárpatos, de população majoritariamente cumana, ficou sob a suserania búlgara depois da restauração do império, a Valáquia propriamente dita ainda não existia (ela seria fundada apenas no século XIII). Isto significa que o termo "valáquio" nos títulos de "rei/imperador dos búlgaros e valáquios" ou "rei/imperador da Bulgária e da Valáquia" encontrado nas correspondências entre os sucessores de Pedro IV, João I, e o papa Inocêncio III é provavelmente ainda uma referência aos temas bizantinos. Deve-se também notar que estes títulos jamais aparecem em fontes búlgaras e são encontrados apenas nestas correspondências, estrangeiras e escritas em latim. O título búlgaro é "imperador e autocrata dos búlgaros", posteriormente expandido para incluir "todos os búlgaros e gregos [bizantinos]".

A origem étnica de Pedro IV, João Asen I e João I tem sido sujeita à mesma controvérsia nacionalista. Nas mesmas correspondências com Inocêncio, João I seguiu a sugestão elogiosa do papa e chamou os antigos imperadores búlgaros Simeão I, Pedro I e Samuel de seus "ancestrais". Esta descendência muito provavelmente não passa de uma ficção legitimadora. A origem "valáquia" dos irmãos atestada nas fontes pode simplesmente confirmar o que já se sabe, que eles viviam na Mésia. Nada nas evidências nos permite identificá-los como especificamente búlgaros ou valáquios. Porém, o nome não-cristão de João Asen I (Ivan Asen) e seu epíteto Belgun parece indicar uma origem turca, provavelmente cumana. A teoria é possível por que um grande número de cumanos havia se assentado na Mésia no século XII e continuaram a chegar no XIII. Se for correta, a controvérsia nacionalista se torna obsoleta, uma vez que os cumanos são um povo extinto e que foi incorporado tanto por búlgaros quanto romenos.

Ver também editar

Pedro IV da Bulgária
Nascimento:  ? Morte: 1197
Vago
Último detentor do título:
Pedro III (Constantino Bodin)
Imperador da Bulgária
1185–1197
com João Asen I (1189–1196)
Sucedido por:
Joanitzes

Notas editar

[a] ^ Nesta mesma veia clássica, os autores bizantinos chamam os ruses de "citas" e os sérvios de tribálios.

Referências

  1. Nicetas Coniates, 482 [p. 368 van Dieten]
  2. Nicetas Coniates, 485 [p. 371 van Dieten])

Bibliografia editar

 
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  • John V. A. Fine, Jr., The Late Medieval Balkans, Ann Arbor, 1987.

Ligações externas editar