Teorema de Sipser–Lautemann
Em teoria da complexidade computacional, o teorema Sipser-Lautemann ou teorema Sipser-Gács-Lautemann estabelece que Bounded-error probabilistic polinomial time (BPP), está contida na hierarquia de tempo polinomial, e, mais especificamente, em Σ2 ∩ Π2.
Em 1983, Michael Sipser mostrou que BPP está contida na hierarquia de tempo polinomial.[1] Péter Gács mostrou que BPP está atualmente inserida em Σ2 ∩ Π2. Clemens Lautemann contribuiu dando uma prova simples de que BPP está contida em Σ2 ∩ Π2, também em 1983.[2] Conjectura-se que, na realidade, BPP = P, que é uma afirmação mais forte do que o teorema de Sipser-Lautemann.
Prova
editarAqui apresentamos a prova de Lautemann,[2] distinguindo as partes acerca da inserção na hierarquia polinomial e em Σ2.
Contenção de BPP na hierarquia polinomial
editarEsta é a primeira parte provada por Michael Sipser.[1] Sem perda de generalidade, uma máquina M ∈ BPP com erro ≤ 2-|x| é escolhida. (Todo problema BPP pode ser amplificado para reduzir a probabilidade de erro de modo exponencial). A ideia básica da prova é definir uma sentença Σ2 ∩ Π2 que é equivalente a dizer que x está na linguagem L definida por M usando um conjunto de transformações das variáveis aleatórias de entrada.
Desde que a saída de M dependa de uma entrada aleatória, assim como a entrada x, é útil definir que cadeias aleatórias produzem a saída correta como A(x) = {r | M(x,r) aceita}. A chave da prova é notar que quando x ∈ L, A(x) é muito grande e quando x ∉ L, A(x) é muito pequena. Usando paridade bit a bit, ⊕, um conjunto de transformações pode ser definido como A(x) ⊕ t={r ⊕ t | r ∈ A(x)}. O primeiro lema principal da prova mostra que a união de um pequeno número finito destas transformações irá conter todo o espaço de cadeias de entrada aleatórias. Utilizando este fato, uma sentença Σ2 e uma sentença Π2 podem gerar verdadeiro, se somente se, x ∈ L (ver corolário).
Lema 1
editarA ideia geral do primeiro lema é provar que se A(x) cobre uma grande parte do espaço aleatório então existe um pequeno conjunto de traduções que cobrirá todo o espaço aleatório. Em uma linguagem mais matemática:
- se , então , quando tal que
Prova. Escolha aleatoriamente t1, t2, ..., t|r|. Faça (a união de todas as transformações de A(x)).
Então, para todo r em R,
A probabilidade de existir pelo menos um elemento em R e não em S é,
Portanto,
Então existe uma seleção para cada tal que
Lema 2
editarO teorema anterior mostra que A(x) pode cobrir todos os pontos possíveis no espaço usando um pequeno conjunto de traduções. Complementarmente a isto, para x ∉ L apenas uma pequena fração do espaço é coberta por A(x). Portanto, o conjunto de cadeias aleatórias que torna M(x,r) uma aceitação não pode ser gerado por um conjunto pequeno de vetores ti.
R é o conjunto de todas as cadeias aleatórias de aceitação, “ou-exclusivadas” com vetores ti.
Corolário
editarUm corolário importante dos lemas mostra que o resultado da prova pode ser expresso como uma Σ2, como segue.
Isto é, x está em uma linguagem L, se e somente se, existem vetores binários |r|, onde para todos os vetores de bit aleatórios r, a MT M aceita pelo menos um vetor aleatório ⊕ ti.
A expressão acima está em Σ2 de modo que ela é primeiro quantificada existencialmente e depois universalmente. Portanto, BPP ⊆ Σ2. Como BPP é fechada sob complemento isto prova que BPP ⊆ Σ2 ∩ Π2.
BPP está contida em Σ2
editarEsta parte é a contribuição de Lautemann para o teorema.
Lemma 3
editarBaseado na definição de BPP nós mostramos o seguinte:
se L está em BPP, então, existe um algoritmo A tal que para todo x,
quando m é o número de bits aleatórios e A executa em tempo .
Proof: Seja A' um algoritmo BPP para L. Para todo x, . A' usa m'(n) bits aleatórios onde n = |x|.Faça k(n) repetições de A' e aceite se, e somente se, pelo menos k(n)/2 execuções de A' aceitam. Defina esse novo algoritmo como A. Então A usa k(n)m'(n) bits aleatórios e,
Podemos então achar k(n) com tal que,
Teorema 1
editarProva: Seja L em BPP e A como no Lema 3. Queremos mostrar que
Onde m é o número de bits aleatórios usados por A com entrada x. Dado , então,
Assim,
Assim existe.
Reciprocamente, suponha . Então
Assim,
Assim, existe um z tal que para todo
Versão Mais Forte (Fortalecimento da Versão)
editarReferências
editar- ↑ a b Sipser, Michael (1983). «A complexity theoretic approach to randomness». ACM Press. Proceedings of the 15th ACM Symposium on Theory of Computing: 330–335
- ↑ a b Lautemann, Clemens (1983). «BPP and the polynomial hierarchy». Inf. Proc. Lett. 17. 17 (4): 215–217. doi:10.1016/0020-0190(83)90044-3
- ↑ Canetti, Ran (1996). «More on BPP and the polynomial-time hierarchy». Elsevier. Information Processing Letters. 57 (5): 237–241. doi:10.1016/0020-0190(96)00016-6
- ↑ Russell, Alexander; Sundaram, Ravi (1998). «Symmetric alternation captures BPP». Birkhäuser Verlag. computational complexity. 7 (2): 152–162. ISSN 1016-3328. doi:10.1007/s000370050007