Teredo
O teredo[1] (Teredo sp.), também conhecido como turu, gusano, busano[2] ou cupim-do-mar,[3] é um molusco bivalve da família dos teredinídeos. Apresenta aspecto vermiforme semelhante a uma minhoca, tendo numa das extremidades valvas com sulcos providos de dentes, os quais são utilizados para abrir galerias em madeiras submersas, formando aí as suas colónias.
Turu | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Os turus vivem principalmente em manguezais, alimentando-se dos seus troncos ou em árvores podres e caídas na água. Conseguem devorar a madeira através de seus dentículos na cabeça. São como cupins de madeira molhada, pois são encontrados nos cascos das embarcações, causando-as prejuízos. Sua carne é comestível e pode ser consumida na forma crua, cozida ou em sopas. Tal iguaria é parte das culinárias paraense e amazónica, principalmente na ilha de Marajó e arredores, sendo também apreciado no Maranhão e no Amapá.[4] É um alimento rico em cálcio e ferro, cujo sabor é descrito como semelhante ao de mariscos como as ostras. Na Epopeia de Gilgamesh (2700 A.C.) se falava da necessidade de proteger as embarcações contra ataque dos teredos. Uma das espécies é o Teredo navalis.[5]
Alimento ameríndio editar
Os ameríndios apreciavam alimentar-se do turu, o qual denominavam teredo, assim como faziam com vários outros animais invertebrados[6] Nos escritos do Padre João Daniel (1722–1776) consta o seguinte relato:
- «Turu é a peste das embarcações do Amazonas, ainda que não é só do Amazonas. É semelhante à minhoca, e propriamente é minhoca da água, é branca, mui delgada, e tão mole, e flexível, como uma tripa delgada; e faz admirar como um tão desprezível bichinho tenha tanta força, e atividade que roa, passe, e fure as embarcações, e qualquer madeiro, pondo-o como um crivo! (...) serem bichos tão desprezíveis, e os índios do Amazonas tão nojentos, fazem dessas minhocas, ou lombrigas, pratinhos de muita estimação, e apreço, e ainda muitos brancos; para o que vão nas vazantes pelas praias de lodo, abrem os paus podres, de que estão cheios os rios, e em breve espaço de tempo enchem pratos, ou cuias, que levam para casa, guisam, e se regalam.»[7]
Referências
- ↑ S.A, Priberam Informática. «Consulte o significado / definição de teredo no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, o dicionário online de português contemporâneo.». dicionario.priberam.org. Consultado em 25 de fevereiro de 2019
- ↑ Houaiss, Antônio (2001). Dicionário Houaiss da língua portuguesa 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva. pp. 533 e 1499. ISBN 857302383X
- ↑ «Você sabia que no mar há Cupins?». Conquiliologistas do Brasil. 2001–2013. Consultado em 23 de junho de 2013
- ↑ Nelson, Chada (2008). Animais e Plantas. conhecidas e utilizadas pelas populações tradicionais da Amazónia 1ª ed. Belém (PA): PUBLIT, Soluções editoriais. 264 páginas. ISBN 8577732169
- ↑ Rosenberg, Gary (2010). Teredo navalis Linnaeus, 1758. [S.l.: s.n.] 141607
- ↑ CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
- ↑ DANIEL, João (1722-1776) (2004). Tesouro descoberto no máximo rio Amazonas. [S.l.]: Contraponto. 600 páginas