Terreiro do Paço no século XVII

pintura de Dirk Stoop

Terreiro do Paço no século XVII é um quadro a óleo do pintor holandês Dirk Stoop, pintor na corte portuguesa. Inscrita no quadro encontra-se a assinatura do pintor, o ano de execução (1662), e a palavra "Londres", facto que leva a crer que terá sido provavelmente executada ou concluída nessa cidade.

Terreiro do Paço no século XVII
Terreiro do Paço no século XVII
Autor Dirk Stoop
Data 1662
Género Pintura
Técnica Óleo sobre tela
Dimensões 123[1] × 172,5[1] 
Localização Museu da Cidade, Lisboa

É uma obra de grande importância iconográfica, constituindo uma das mais relevantes vistas do Terreiro do Paço e do Paço da Ribeira em meados do século XVII. A obra foi identificada como sendo uma eventual representação pictórica da chegada a Lisboa de D. Francisco de Melo e Torres (Embaixador Extraordinário de Portugal em Londres), após a assinatura do Tratado de Whitehall de 1661 com que se ultimaram as negociações para o casamento de Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra. Deste modo, a composição sintetiza momentos-chave dos acontecimentos que antecederam a partida da Infanta para Inglaterra.[2]

Como pano de fundo de toda a composição, encontra-se o Paço da Ribeira, destacando-se o torreão de Filippo Terzi, a Casa da Rainha, e a Galeria das Damas; ao fundo, sobressai o Convento de São Francisco da Cidade. Na praça, encontra-se um importante testemunho para o conhecimento da sociedade da época: deambulam crianças, cavaleiros, fidalgos, criados, homens do clero e diversos tipos populares (negros, criadas, e vendedoras). Junto ao chafariz no centro do quadro, encimado com uma estátua representando Apolo, alguns aguadeiros enchem bilhas enquanto outros se envolvem numa briga.[2]. Igualmente, junto à arcaria do antigo Palácio da Ribeira, vêem-se soldados portugueses a praticar tiro pois estava-se então em plena Guerra da Restauração.

Os cavaleiros em primeiro plano não estão positivamente identificados, embora se levante a possibilidade de o que se encontra mais destacado ser o encomendador da obra. A figura que se encontra no maior dos coches é D. Francisco de Melo e Torres, ostentando uma capa com a Cruz de Cristo; ao lado direito da composição, a guarda real presta honras militares à sua chegada. No centro da composição, próximo do chafariz de Apolo e passando quase despercebidas surgem as figuras centrais da narrativa pictórica: D. Catarina de Bragança, passeando com a sua mãe, D. Luísa de Gusmão, e uma dama de companhia vestida de monja (possivelmente D. Isabel da Madre de Deus). Junto ao rio, à esquerda, representa-se o embarque do dote de D. Catarina, supervisionado por ingleses.[2]

Referências