Terror Branco (Grécia)

Terror Branco (em grego: Λευκή Τρομοκρατία) é o termo usado na Grécia, análogo aos casos semelhantes, para descrever o período de perseguição de antigos membros da organização de resistência EAM-ELAS da era da Segunda Guerra Mundial em 1945-46, antes do início da Guerra Civil Grega.

Tanques e tropas do 5º (Escocês) Batalhão de Pára-quedas, 2ª Brigada de Pára-quedas, durante operações contra membros da ELAS em Atenas, Grécia.

Contexto editar

Durante a ocupação da Grécia pelo Eixo, o EAM-ELAS, dominado pelos comunistas, tornou-se a principal organização dentro do movimento da resistência grega. No verão de 1944, com uma filiação estimada entre meio e dois milhões, e com cerca de 150 mil combatentes, ofuscava seus adversários não-comunistas mais próximos, EDES e EKKA.[1][2][3] As crescentes tensões entre os grupos rivais, divididos pela ideologia, bem como a ambição da EAM-ELAS de ser o único instrumento de "libertação nacional", levaram a repetidos confrontos em 1943-44, no que mais tarde foi chamado de "primeira fase" da guerra civil.[4] Ao mesmo tempo, o EAM-ELAS era atacadi pelos "Batalhões de Segurança" do governo colaboracionista.

Na época da liberação da Grécia em outubro de 1944, o EAM-ELAS dominava o país, com exceção das grandes cidades, especialmente Atenas, onde as forças britânicas apoiavam o governo grego no exílio. A latente rivalidade entre o governo apoiado pelos britânicos e o  EAM-ELAS resultou nos confrontos de Dekemvriana em Atenas (dezembro de 1944 - janeiro de 1945), onde o EAM-ELAS foi derrotada e, em seguida, desarmada no Tratado de Varkiza (fevereiro de 1945).[5]

Terror Branco e a eclosão da Guerra Civil editar

Com o EAM-ELAS neutralizado, seus membros tornaram-se presa fácil para a perseguição de vários grupos de direita em retaliação ao "terror vermelho" precedente.[6] Entre os membros estavam ex-membros dos Batalhões de Segurança colaboracionistas e os serviços de segurança paramilitares do governo, principalmente a Gendarmaria Grega e a Guarda Nacional, agindo com o apoio tácito do governo. Como resultado, "em outras partes da Europa, as prisões foram inundadas por fascistas e seus colaboradores; na Grécia, a maioria dos prisioneiros eram membros de organizações de resistência esquerdistas". De acordo com a Missão Legal Britânica na Grécia, dos 16.700 presos em 1º de outubro de 1945, 7.077 eram criminosos de direito consuetudinário, 6.027 eram de esquerda presos após o Dekemvriana e apenas 2.896 eram colaboradores.[7] A campanha de perseguição durou até 1945 e grande parte de 1946, e foi um elemento crítico na radicalização e polarização do clima político no país;[8] levando à formação de tropas de autodefesa esquerdistas, ao boicote da esquerda na eleição de 1946 e, finalmente, à retomada da guerra com a eclosão da segunda fase, ou fase principal, da Guerra Civil Grega, na primavera de 1946.

Veja também editar

Referências editar

  1. Tucker 2013, p. 155.
  2. Stavrakis 1989, pp. 11–14.
  3. Clogg 1979, p. 150.
  4. Stavrakis 1989, pp. 14–15.
  5. Rajak 2010, pp. 203–204.
  6. Rajak 2010, p. 204.
  7. Voglis 2004, pp. 143ff..
  8. Close 1995, pp. 150ff..

Fontes editar

  • Clogg, Richard (1979). A Short History of Modern Greece. [S.l.: s.n.] ISBN 0521295173 
  • Close, David H. (1995). The Origins of the Greek Civil War. [S.l.: s.n.] ISBN 0582064716 
  • Rajak, Svetoslav (2010). «The Cold War in the Balkans, 1945–1956». The Cambridge History of the Cold War, Volume I. [S.l.: s.n.] ISBN 0521837197 
  • Stavrakis, Peter J. (1989). Moscow and Greek Communism, 1944-1949. [S.l.: s.n.] ISBN 080142125X 
  • Tucker, Spencer C. (2013). Encyclopedia of Insurgency and Counterinsurgency: A New Era of Modern Warfare. [S.l.: s.n.] ISBN 1610692802 
  • Voglis, Polymeris (2004). «Becoming Communist: Political Prisoners as a Subject during Greek Civil War». The Greek Civil War: Essays on a Conflict of Exceptionalism and Silences. [S.l.: s.n.] ISBN 0754641317