Tikhon I de Moscou

São Tikhon de Moscou (português brasileiro) ou de Moscovo (português europeu) (em russo: Тихон; Klin, Império Russo, 31 de janeiro calendário juliano: 19 de janeiro de 1865Moscou, União Soviética, 7 de abril de 1925), nascido Vasiliy Ivanovicch Bellavin (em russo: Василий Иванович Беллавин) foi o décimo-primeiro Patriarca de Moscou, seu pontificado correspondendo aos primeiros anos da União Soviética, de 1917 a 1925.

Tikhon I de Moscou
Santo
Patriarca de Moscou e Toda Rússia
Info/Prelado de Igreja Oriental
Atividade Eclesiástica
Diocese Patriarca de Moscou e Toda Rússia
Nomeação 5 de novembro de 1917
Predecessor Platão de Moscou
Sucessor Sérgio I de Moscou
Mandato 1917 -1925
Ordenação e nomeação
Ordenação presbiteral 3 de janeiro de 1892
Ordenação episcopal 19 de outubro de 1897
Nomeado arquieparca 14 de setembro de 1898
Patriarcado
Santificação
Canonização 1 de novembro de 1981 (Igreja Ortodoxa Russa no Exterior)
9 de outubro de 1989 (Igreja Ortodoxa Russa)
Veneração por Igreja Ortodoxa
Igreja Episcopal dos Estados Unidos
Principal templo Mosteiro de Donskoy, Moscou, Rússia
Festa litúrgica 7 de abril/25 de março
Dados pessoais
Nome secular Vasily Ivanovich Bellavin
Nascimento Klin, Império Russo
31 de janeiro de 1865
Morte Moscou, União Soviética
7 de abril de 1925 (60 anos)
Progenitores Pai: Yoann Belavin
Funções exercidas -Bispo de Lublin (1897-1898)
-Arcebispo da América do Norte (1898-1907)
-Arcebispo de Yaroslavl (1907-1913)
-Arcebispo de Vilnius (1913-1917)
Portal:Igreja Ortodoxa
Projeto Cristianismo

Biografia editar

Vasiliy era filho do Padre Yoann Belavin, sacerdote rural de Klin, no distrito de Toropets, então no Governorado de Pskov, mas atualmente no oblast de Tver. Foi seminarista em Pskov e em São Petersburgo, graduando-se nesta cidade como leigo em 1888, fazendo votos monásticos em 27 de dezembro (14 de dezembro no calendário juliano) de 1891, aos 26 anos, tomando o nome Tikhon em homenagem a São Tikhon de Zadonsk.[1] O novo monge Tikhon foi ordenado hierodiácono já no dia seguinte, e hieromonge em 3 de janeiro de 1892 (22 de dezembro de 1891).[2]

Em 19 de outubro de 1897, foi consagrado Bispo de Lublin, sendo no ano seguinte entronado Bispo dos Aleútes e do Alasca, transformada Diocese dos Aleútes e da América do Norte em 1900 e elevada ao status arquidiocesano em 1905, sendo movido para Nova Iorque com bispos vigários no Alasca e no Brooklyn, engendrando o que hoje é a Igreja Ortodoxa Americana.[1] Em Nova Iorque, participou no movimento pan-eslavista e tomou parte em diálogos ecumênicos, além de melhorar relações entre diferentes populações ortodoxas, dando especial atenção a fiéis de origem antioquina, que se organizariam sob o Bispo São Rafael do Brooklyn até o caos eclesial da Revolução Russa os mover a retornar ao Patriarcado de Antioquia.

A partir do fim de seu pontificado nos Estados Unidos, muitos católicos romanos de rito bizantino se juntaram à Igreja Ortodoxa Russa, principalmente por conta das restrições impostas pelo Papa Pio X em sua carta apostólica Ea Semper e do governo autoritário de John Ireland, Arcebispo de Saint Paul, totalizando 163 paróquias e 100 mil fiéis uniatas convertidos à altura de 1916.[3] Em 1907, presidiu a Arquidiocese de Yaroslavl, fazendo-se Arcebispo de Vilnius em 1914 após problemas com as autoridades locais de sua diocese anterior.

Após a queda do Czar Nicolau II, durante a Revolução de Fevereiro, ele liderou esforços da Igreja para ter independência em relação ao Estado russo, sendo anunciado no dia 5 de novembro de 1917 como o primeiro Patriarca de Moscou desde os tempos do Czar Pedro I nomeado pela Igreja Ortodoxa. Suas tentativas de reforma foram sufocadas, no entanto: por um lado pela a resistência interna; por outro, pelo contexto da Revolução de Outubro.

Tanto por seus contatos na Igreja no Exterior quanto pela recusa em vender objetos religiosos, o Patriarca Tikhon foi preso e levado para a Lubyanka em 1922, depois sendo levado ao Mosteiro de Donskoy, em Moscou, onde decidiu por permanecer mesmo após ser libertado em 1923, quando a chamada Igreja Viva, uma hierarquia formada por bispos comunistas, o declarou deposto em evento conhecido como Concílio Vermelho.[4] Em 1924, no entanto, foi hospitalizado, ainda que retornasse constantemente ao mosteiro para ofícios, onde serviu sua última liturgia em 23 de abril de 1925.[1]

Sua morte, em 25 de abril de 1925, deu origem a suspeitas de envenenamento. Foi canonizado em 1981 pela Igreja Ortodoxa Russa no Exterior, e pela Igreja Ortodoxa Russa propriamente dita em 1989, com o jugo comunista tendo aliviado a Igreja em decorrência da perestroika. Seus restos mortais permanecem no Mosteiro de Donskoy, onde foram encontrados parcialmente incorruptos em fevereiro de 1992.

Ver também editar

 
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Referências

  1. a b c Orthodox Church in America: His Grace, Bishop Tikhon (Belavin) of Moscow (em inglês)
  2. Vostryshev, M. N. (2005). Патриарх Тихон 3 ed. Moscou: Молодая гвардия. pp. 12–13 
  3. Mark Stokoe and the Very Rev. Leonid Kishkovsky, Orthodox Christians In North America: 1794-1994, Chapter 2: "Immigration and Conversion".
  4. "Красный" Собор por M. Sotnikov (em russo)

Precedido por
Nicolau (Ziorov)
Primaz da Igreja Ortodoxa na América
1898 - 1907
Sucedido por
Platão (Rozhdestvenski)
Precedido por
Adriano
 
Patriarca de Moscou e Toda Rússia

1917 - 1925
Sucedido por
Sérgio