Tiroxina

grupo de estereoisômeros
Tiroxina
Alerta sobre risco à saúde[1]
Identificadores
Número CAS 51-48-9
PubChem 5819
DrugBank APRD00235
MeSH Thyroxine
Código ATC H03AA01
SMILES
Propriedades
Fórmula molecular C15H11I4NO4
Massa molar 776.87
Ponto de fusão

231–233 °C [2]

Solubilidade em água pouco solúvel (0,105 mg·l-1 a 25 °C) [3]
Riscos associados
Frases R -
Frases S S22, S24/25
Compostos relacionados
Compostos relacionados Triiodotironina (tri-iodado)
Tironina (sem iodo)
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

A tiroxina, também chamada tetraiodotironina (T4), é um dos hormônios sintetizados na tireoide lançado na corrente sanguínea, junto com o T3 - tri-iodotironina.[4] Cerca de 80% dos hormônios liberados pela tireoide consiste, normalmente, de tiroxina (T4), enquanto a tri-iodotironina (T3) corresponde aos outros 20%. Os dois, tanto o T3 e o T4 servem para regular o metabolismo.

A tireoide armazena quantidade suficiente de hormônios T3 e T4 para suprir o organismo humano cerca de 30 dias sem nenhuma síntese de novos hormônios. Além disso, existe uma grande reserva de T4 no corpo, pois esse hormônio apresenta baixa reciclagem e se encontra principalmente na circulação. Os sintomas de um hipotireoidismo, portanto, só aparecem cerca de um mês depois do início do problema. Cerca de 1/3 da tiroxina (T4) produzida é convertida em tri-iodotironina (T3) antes de atuar no metabolismo das células.[5]

Funções editar

A tiroxina é composta pela união de aminoácidos iodados. A sua função é estimular o metabolismo basal das células através de vários mecanismos. Dentre eles, temos:

  1. Aumento do número e tamanho das mitocôndrias, o que disponibiliza mais ATP para as células
  2. Aumento no transporte de íons, principalmente através da bomba Na/K ATPase, o que consome ATP e, portanto, aumenta o calor liberado pelas células
  3. Um maior metabolismo necessita de mais energia, dessa forma há um aumento no catabolismo (degradação) de carboidratos e lipídeos, aumentando, conseqüentemente o apetite.
  4. Uma maior transcrição gênica leva à formação de mais enzimas, o que acelera o metabolismo e aumenta a necessidade de vitaminas (coenzimas) pelo corpo.
  5. Uma maior necessidade de energia leva a um maior fluxo cardíaco, freqüência cardíaca, contratilidade cardíaca e pressão arterial o que, portanto, aumenta o aporte de oxigênio para as células
  6. Um maior aporte de oxigênio leva a uma necessidade de melhor oxigenação do sangue, portanto ocorrerá um aumento na freqüência e profundidade das respirações
  7. Há um aumento da motilidade gastrointestinal
  8. Há uma excitação nervosa, aumentando a ansiedade e o estado de alerta
  9. Geralmente a secreção das glândulas endócrinas são estimuladas.

Esses são alguns dos efeitos, outros como tireotoxicose.

Síntese da tiroxina editar

A tireóide sintetiza este hormônio combinando iodo oxidado (na forma de I3):

  • Monoiodotironina + Diiodotironina = Triiodotironina (T3)
  • Diiodotironina + Diiodotironina = Tiroxina (T4)[6]

Inicialmente, as células foliculares da tireoide sintetizam moléculas de tiroglobulina, que são secretadas para o coloide do folículo da tireoide. Nesse processo, partes da molécula de tireoglobulina (em específico o aminoácido tirosina) são fixadas com iodo oxidado, formando a monoiodotirosina e a diiodotirosina. Dessa maneira, a tiroxina, assim como a triiodotironina, são formadas dentro da molécula de tireoglobulina, que é armazenada na glândula. Posteriormente, essa molécula é clivada e os hormônios T3 e T4 são liberados separadamente.[5] A clivagem ocorre através de enzimas peroxidases encontradas nos lisossomos das células tireóideas, para que haja a liberação do hormônio para a corrente sangüínea.

Tanto a síntese como a secreção dos hormônios tireóideos são reguladas pelo hormônio estimulante da tiróide, ou tireotropina (TSH), secretada pela hipófise anterior, ou adeno-hipófise. É transportada pelo sangue, formando um complexo com as proteínas do plasma (liga-se 99% às proteinas plasmáticas, principalmente a globulina tireóidea) e é degradada no fígado.

História editar

A tiroxina foi isolada pela primeira vez em 1919 e sintetizada em 1927. Atualmente utiliza-se tiroxina sintética para tratar doenças causadas por deficiências da tiróide, como o cretinismo (hipotireoidismo congênito) e o bócio endêmico. Os medicamentos indicados para reposição hormonal como o Puran T4 e o Synthroid são composto de levotiroxina sódica.

Ver também editar

Referências

  1. Datenblatt für L-Thyroxine – Sigma-Aldrich 8. September 2008
  2. Harington in: Biochem. J. 1926, 20, 310.
  3. (en) « Tiroxina » em ChemIDplus
  4. Krukemberghe Fonseca. «Tiroxina e Tri-iodotironina». R7. Brasil Escola. Consultado em 23 de junho de 2013 
  5. a b GUYTON, A.C. Tratado de Fisiologia Médica. 1997. Capítulo 76.
  6. Kierszenbaum. [S.l.: s.n.] 2016